DANTON SPOHR CORRÊA Estudo do valor prognóstico de fatores clínico-patológicos e moleculares relacionados à regulação do ciclo celular, proliferação e angiogênese em portadores de sarcomas sinoviais de extremidades. Tese apresentada ao Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Ciências. Área de Concentração: Clínica Cirúrgica Orientador: Prof. Dr. Ademar Lopes São Paulo 2005 DANTON SPOHR CORRÊA Estudo do valor prognóstico de fatores clínico-patológicos e moleculares relacionados à regulação do ciclo celular, proliferação e angiogênese em portadores de sarcomas sinoviais de extremidades. Tese apresentada ao Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Ciências. Área de Concentração: Clínica Cirúrgica Orientador: Prof. Dr. Ademar Lopes São Paulo 2005 FICHA CATALOGRÁFICA Preparada pela Biblioteca da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo ©reprodução autorizada pelo autor Corrêa, Danton Spohr Estudo do valor prognóstico de fatores clínico-patológicos e moleculares relacionados à regulação do ciclo celular, proliferação e angiogênese em portadores de sarcomas sinoviais de extremidades / Danton Spohr Corrêa-São Paulo, 2005. Tese(doutorado)--Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Departamento de Cirurgia. Área de concentração: Clínica Cirúrgica. Orientador: Ademar Lopes. Descritores: 1.SARCOMA SINOVIAL 2.SARCOMA SINOVIAL/ fisiopatologia 3.PROGNÓSTICO USP/FM/SBD-328/05 DEDICATÓRIA Aos meus pais, Régis e Maria Luiza, pela educação e exemplo, sem os quais eu nada seria na minha vida. À minha esposa, Anne Claudine, pelo amor, carinho e incentivo, sem os quais eu não teria terminado este trabalho. À minha irmã, Cybele, pelo constante incentivo e por sempre acreditar no meu trabalho. Ao meu filho, João Vitor, por inspirar-me a ser uma pessoa melhor que um dia possa servir-lhe de exemplo, como meus pais foram para mim. Aos meus orientadores e amigos, Dr. Ademar Lopes e Dr. Fernando Augusto Soares, pelo exemplo de seriedade e trabalho, aos quais tenho a ambição de um dia alcançar. AGRADECIMENTOS Aos pacientes do Hospital do Câncer AC Camargo, sem os quais esta tese não teria sido executada. Aos amigos e sócios Dr. Fábio Accioli de Vasconcellos e Dr. Rafael Klee de Vasconcellos, pelo incentivo e auxílio no cuidado de meus pacientes, nos períodos em que me ausentei para que fosse possível concluir este trabalho. Ao Dr. Eugênio Ferreira, professor do Departamento de Cirurgia da FMUSP, pelo incentivo ao desenvolvimento desta tese. Aos Profs. Drs. Ademar Lopes e Fernando Augusto Soares, por terem acreditado na minha capacidade de realização, pela amizade, orientação e incentivo durante o desenvolvimento deste trabalho. À Sra. Hirde Contesine, Chefe do Serviço de Arquivo Médico do Hospital do Câncer AC Camargo, pela ajuda e dedicação durante o levantamento de prontuários. À Dra. Isabela Werneck da Cunha, médica patologista do Hospital do Câncer AC Camargo, pela amizade e incansável auxílio na preparação e análise do material anatomopatológico desta tese. Ao Dr. Roberto Fauzoni, médico patologista consultor em tumores de partes moles do Hospital do Câncer AC Camargo, pela revisão de lâminas da casuística deste estudo. Ao Sr. José Ivanildo Neves, biólogo do Departamento de Anatomia Patológica do Hospital do Câncer AC Camargo, pela realização das reações imuno-histoquímicas da casuística desta pesquisa. À Alexandra Cardozo Longo, secretária do Departamento de Anatomia Patológica do Hospital do Câncer AC Camargo, pela colaboração na organização do processo de obtenção de financiamento à presente tese junto à FAPESP. Ao Dr. André Lopes Carvalho, médico cirurgião do Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital do Câncer AC Camargo, pela orientação e revisão estatística deste estudo, além da revisão do texto final. Ao Dr. Getúlio Rodrigues de Oliveira Filho, médico anestesiologista do Hospital Governador Celso Ramos, Florianópolis, pelas lições de estatística e uso de software durante a elaboração desta tese. À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP processo 02/03008-8), pelo financiamento desta pesquisa. Aos Cirurgiões do Departamento de Cirurgia Pélvica do Hospital do Câncer AC Camargo, pelos ensinamentos de oncologia que recebi. "A mais bela experiência que podemos ter é a do mistério. É a emoção fundamental existente na origem da verdadeira arte e ciência. Aquele que não a conhece e não pode se maravilhar com ela está praticamente morto e seus olhos estão ofuscados". Albert Einstein, (1879-1955). Esta tese está de acordo com: Referências: adaptado de International Committee of Medical Journal Editors (Vancouver) Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. Serviço de Biblioteca e Documentação. Guia de apresentação de dissertações, teses e monografias. Elaborado Poe Anneliese Carneiro da Cunha, Maria Julia de A. L. Freddi, Maria F. Crestana, Marinalva de Souza Aragão, Suely Campos Cardoso, Valéria Vilhena. São Paulo: Serviço de Biblioteca e Documentação; 2004. Abreviaturas dos títulos dos periódicos de acordo com List of Jornals Indexed in Index Medicus. SUMÁRIO Lista de siglas Lista de tabelas Lista de figuras Resumo Summary 1. INTRODUÇÃO......................................................................................02 1.1 Sarcomas de partes moles .........................................................02 1.2 Sarcomas sinoviais.....................................................................08 1.3 Marcadores moleculares ............................................................10 1.3.1 p53..................................................................................11 1.3.2 Ki67 ................................................................................12 1.3.3 EGFR e c-ERB-B2..........................................................13 1.3.4 Neoangiogênese ............................................................14 1.3.5 Óxido nítrico ...................................................................16 2 OBJETIVO ............................................................................................25 3 CASUÍSTICA E MÉTODO ....................................................................27 3.1 Casuística...................................................................................27 3.1.1 Critérios de elegibilidade para o estudo..........................27 3.2 Método .......................................................................................29 3.2.1 Preparo das lâminas.......................................................29 3.1.1.1 Imuno-histoquímica e CISH .............................29 3.2.2 Variáveis estudadas .......................................................32 3.2.3 Descrição das variáveis..................................................32 3.2.3.1 Variáveis demográficas e clínicas....................32 3.2.3.2 Variáveis anatomopatológicas .........................35 3.2.3.3 Variáveis moleculares......................................37 3.2.4 Análise estatística...........................................................44 4 RESULTADOS ......................................................................................48 4.1 Dados demográficos e clínicos...................................................48 4.2 Dados anatomopatológicos ........................................................53 4.3 Dados da análise molecular .......................................................54 4.4 Dados de seguimento.................................................................56 4.5 Sobrevida livre de recidiva local .................................................56 4.6 Sobrevida livre de metástases....................................................60 4.7 Sobrevida doença-específica .....................................................66 4.8 Associação entre variáveis .........................................................70 4.8.1 Associação de variáveis clínicas entre si........................70 4.8.2 Associação entre variáveis clínicas e moleculares .........71 4.8.3 Associação das variáveis moleculares entre si ..............73 3 DISCUSSÃO..........................................................................................75 4 CONCLUSÕES......................................................................................96 5 ANEXO ..................................................................................................98 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................101 LISTA DE SIGLAS AJCC COX 2 CISH c-NOS c-GMP DAB DNA EDRF EGFR EMA e-NOS GTP HRP IFN i-NOS L-NAME LPS MMP 2 mRNA NADPH NO NOS n-NOS PBS SNC SE TIMP TNM UICC VEGF American Joint Committee on Cancer ciclo-oxigenase tipo 2 chromogenic in situ hybridization óxido nítrico sintase constitutiva guanina monofosfato - cíclico diaminobenzidina ácido desoxirribonucleico endothelium derived relaxing factor ou fator de relaxamento derivado do endotélio epidermal growth factor receptor ou receptor de fator de crescimento epidermal epithelial membrane antigen óxido nítrico sintase endotelial guanina trifosfato horse radish peroxidase interferon óxido nítrico sintase induzível N-nitro L-arginina metil éster lipopolissacarídeo matrix metalloproteinase-2 ácido ribonucleico mensageiro nicotinamida adenina dinucleotideo fosfato (forma reduzida) óxido nítrico óxido nítrico sintase óxido nítrico sintase neuronal phosphate buffered saline sistema nervoso central standard error tissue inhibitor of metalloproteinase Tumour, Nodes, Metastasis International Union Against Cancer vascular endothelium growth fator ou fator de crescimento do endotélio vascular LISTA DE TABELAS Tabela 1 Alterações citogenéticas em sarcomas de partes moles .............03 Tabela 2 Anticorpos utilizados, clones, origem e diluição...........................31 Tabela 3 Localização, intensidade e freqüência .........................................42 Tabela 4 Dados demográficos ....................................................................48 Tabela 5 Localização detalhada dos tumores ............................................49 Tabela 6 Dados referentes ao tumor ..........................................................52 Tabela 7 Dados referentes ao tratamento ..................................................53 Tabela 8 Resultados do tratamento............................................................53 Tabela 9 Dados anatomopatológicos .........................................................54 Tabela 10 Distribuição das variáveis moleculares ........................................55 Tabela 11 Sobrevida livre de recidiva local em 5 e 10 anos – variáveis clínicas .........................................................................................57 Tabela 12 Sobrevida livre de recidiva local em 5 e 10 anos – variáveis moleculares..................................................................................58 Tabela 13 Hazard ratios para recidiva local – modelo multivariado pelo método de Cox.............................................................................58 Tabela 14 Sobrevida livre de metástases em 5 e 10 - variáveis clínicas ......62 Tabela 15 Sobrevida livre de metástases em 5 e 10 anos - variáveis moleculares..................................................................................63 Tabela 16 Hazard ratios para metástases – modelo multivariado pelo método de Cox.............................................................................63 Tabela 17 Sobrevida doença específica em 5 e 10 anos - variáveis clínicas .........................................................................................67 Tabela 18 Sobrevida doença específica em 5 e 10 anos - variáveis moleculares..................................................................................68 Tabela 19 Hazard ratios para óbito por câncer – modelo multivariado pelo método de Cox.............................................................................68 Tabela 20 Associação de variáveis clínicas selecionadas entre si ...............71 Tabela 21 Associação entre variáveis clínicas selecionadas e variáveis moleculares..................................................................................72 Tabela 22 Associação entre variáveis moleculares ......................................73 LISTA DE FIGURAS Figura 1 Sarcoma sinovial subtipo histológico bifásico ..............................36 Figura 2 Sarcoma sinovial subtipo histológico monofásico ........................36 Figura 3 Expressão imuno-histoquímica de p53 em sarcoma sinovial avaliada pela coloração dos núcleos em marrom ........................38 Figura 4 Expressão imuno-histoquímica de Ki67 em sarcoma sinovial avaliada pela coloração dos núcleos em marrom ........................39 Figura 5 Expressão imuno-histoquímica de EGFR em sarcoma sinovial avaliada pela coloração de membrana em marrom .....................40 Figura 6 Expressão imuno-histoquímica de c-erb-B2 em sarcoma sinovial avaliada pela coloração de membrana em marrom .....................41 Figura 7 Expressão imuno-histoquímica de CD34 em sarcoma sinovial avaliada pela coloração de células endoteliais em marrom .........42 Figura 8 Expressão imuno-histoquímica de NOS 1 em sarcoma sinovial avaliada pela coloração predominantemente nuclear em marrom.........................................................................................43 Figura 9 Expressão imuno-histoquímica de NOS 2 em sarcoma sinovial avaliada pela coloração citoplasmática em marrom ....................43 Figura 10 Expressão imuno-histoquímica de NOS 3 em sarcoma sinovial avaliada pela coloração predominantemente citoplasmática em marrom.........................................................................................44 Figura 11 Curva de sobrevida livre de recidiva local em meses para os 57 pacientes portadores de sarcoma sinovial de extremidades com doença localizada ao diagnóstico ................................................59 Figura 12 Curva de sobrevida livre de recidiva local em meses, comparando-se os pacientes portadores de sarcoma sinovial de extremidades com doença localizada ao diagnóstico, em função do status local na admissão.........................................................59 Figura 13 Curva de sobrevida livre de recidiva local em meses, comparando-se os pacientes portadores de sarcoma sinovial de extremidades com doença localizada ao diagnóstico, em função da presença ou ausência de expressão nuclear de Ki67 ≥5% ....60 Figura 14 Curva de sobrevida livre de recidiva local em meses para os 57 pacientes portadores de sarcoma sinovial de extremidades com doença localizada ao diagnóstico ................................................64 Figura 15 Curva de sobrevida livre de metástases em meses, comparandose os pacientes portadores de sarcoma sinovial de extremidades com doença localizada ao diagnóstico, em função do status local .............................................................................................64 Figura 16 Curva de sobrevida livre de metástases em meses, comparandose os pacientes portadores de sarcoma sinovial de extremidades com doença localizada ao diagnóstico, em função da presença ou ausência de expressão nuclear de Ki67 ≥5% .........................65 Figura 17 Curva de sobrevida livre de metástases em meses, comparandose os pacientes portadores de sarcoma sinovial de extremidades com doença localizada ao diagnóstico, em função da presença ou ausência de positividade para c-erb-B2..................................65 Figura 18 Curva de sobrevida doença específica em meses para os 57 pacientes portadores de sarcoma sinovial de extremidades com doença localizada ao diagnóstico ................................................69 Figura 19 Curva de sobrevida doença específica em meses, comparando-se os pacientes portadores de sarcoma sinovial de extremidades com doença localizada ao diagnóstico, em função do tamanho do tumor ≤ 8cm ou > 8cm .................................................................69 Figura 20 Curva de sobrevida doença específica em meses, comparando-se os pacientes portadores de sarcoma sinovial de extremidades com doença localizada ao diagnóstico, em função da presença ou ausência de expressão nuclear de Ki67 ≥5% .........................70 RESUMO Corrêa DS. Estudo do valor prognóstico de fatores clínico-patológicos e moleculares relacionados à regulação do ciclo celular, proliferação e angiogênese em portadores de sarcomas sinoviais de extremidades [tese], São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo; 2005. 124p. INTRODUÇÃO: O sarcoma sinovial é um tumor raro e agressivo, representando entre 5 a 10% dos sarcomas de partes moles. Fatores prognósticos clínicos para esta doença são bem estabelecidos, mas pacientes com caractérísticas clínicas similares podem apresentar evoluções distintas. Alterações moleculares relacionadas ao controle do ciclo celular, proliferação e angiogênese podem ser responsáveis por isso. O objetivo deste estudo é testar esta hipótese. MÉTODO: Cinqüenta e sete pacientes com sarcomas sinoviais de extremidades com doença localizada ao diagnóstico tratados entre 1970 e 2001 foram selecionados, assim como os respectivos tecidos em arquivo. Fatores demográficos, clínicos e patológicos foram registrados para análise. Imuno-histoquímica para p53, Ki67, EGFR (epidermal growth factor receptor), c-erbB-2, e sintases do óxido nítrico 1,2 e 3 foram realizadas. A contagem de microvasos e teste para amplificação do gene c-erbB-2 por análise de CISH (chromogenic in situ hybridization) também foram feitas. Os desfechos analisados no estudo foram as sobrevidas livre de recidiva local, livre de metástases e doença específica. RESULTADOS: A recidiva local ocorreu em 17 (30%) pacientes. A sobrevida livre de recidiva local em 5 anos foi de 60,9% ±8,7. Fatores prognósticos negativos na análise multivariada foram apresentação como recidiva (p=0,014) e Ki67 score ≥5% (p<0,001). Metástases a distância ocorreram em 33 (58%) pacientes. A sobrevida livre de metástase em 5 anos foi de 47,3 % ±7,3. Fatores prognósticos negativos para metástases incluíram Ki67 score ≥5% (p<0,001) e positividade para c-erb-B2 (p=0,010). Vinte e nove (51%) pacientes morreram da doença. A sobrevida doença específica em 5 anos foi de 57.9% ±7.5. O único fator prognóstico negativo para óbito por câncer na análise multivariada foi o tamanho do tumor >8cm (p=0,047). Nenhuma associação foi verificada entre as variáveis moleculares. Tumores distais estão associados a maior vascularização (p=0,045); o tamanho do tumor à positividade de c-erb-B2 (p=0,049); a cirurgia preservadora de membros à positividade de EGFR (p=0,036) e NOS2 (p=0,023); tumores bifásicos à positividade de p53 (p=0,029) e c-erbB2 (0,002) e tumores monofásicos à positividade de NOS2 (p=0.002). CONCLUSÃO: Em conclusão, tanto Ki67 como c-erbB2 são marcadores de prognóstico independenes de fatores clínicos. A expressão de p53 e contagem de microvasos não tiveram impacto no prognóstico. A influência do óxido nítrico na progressão tumoral de sarcomas sinoviais não pôde ser provada. A correlação entre positividade para p53, proliferação celular e neovascularização demonstrada em outros estudos não foi confirmada neste trabalho. Descritores: sarcoma sinovial, sarcoma sinovial/fisiopatologia, prognóstico. SUMMARY Corrêa DS. Prognostic Analysis of Clinical, Pathological and Molecular Factors related to Cell Cycle regulation , proliferation and angiogenesis in patients with localized Extremity Synovial Sarcoma [thesis], São Paulo: ¨Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo”; 2005. 124p. INTRODUCTION: Synovial sarcoma is a rare and aggressive tumor, representing between 5 to 10% of soft tissue sarcomas. Clinical prognostic factors for this disease are well established, but patients with similar clinical characteristics may still have distinct outcomes. Molecular alterations related to cell cycle regulation, proliferation and angiogenesis may account for that. The aim of this study is to test this hypothesis. METHOD: Fifty-seven patients with localized extremity synovial sarcoma surgically treated between 1970 and 2001 were selected as well as the correspondent archive tissues. Demographic, clinical and pathological variables were recorded for analysis. Immunohistochemestry for p53, Ki67, EGFR (epidermal growth fator receptor), c-erbB-2, and the nitric oxide synthases 1, 2 and 3 were done. Analysis of microvessel counts and testing for the amplification of the c-erbB2 gene by CISH (chromogenic in situ hybridization) analysis were also performed. The end points of the study were local recurrence free, metastasis free and disease specific survival. RESULTS: Seventeen (30%) patients developed local recurrence. The 5 year local recurrence- free survival was 60.9% ±8.7. Negative prognostic factors for local recurrence on multivariate analysis were local status as recurrent tumor (p=0.014) and Ki67 score ≥5% (p<0.001). Distant metastasis occurred in 33 (58%) patients. The 5 year metastasis-free survival was 47.3 % ±7.3. Negative prognostic factors for metastasis on multivariate analysis included Ki67 score ≥5% (p<0.001) and positive c-erb-B2 (p=0.010). Twenty nine (51%) patients died of their disease. The 5 year disease-specific survival was 57.9% ±7.5. The only negative prognostic factor on multivariate analysis was tumor size >8cm (p=0.047). No association was detected among molecular markers. Distal tumors were associated to increased vascularity (p=0.045); tumor size to positive c-erb-B2 expression (p=0.049); limb sparing procedures to positive EGFR (p=0.036) and NOS2 (p=0.023) expression; bifasic tumors to positive p53 (p=0.029) and c-erb-B2 (0.002) expression and monofasic tumors to positive NOS2 (p=0.002) expression. CONCLUSIONS: In conclusion, both Ki67 and c-erbB2 are prognostic factors independent of clinical variables. The p53 and EGFR expression as well as the microvessel count had no impact on prognosis. The influence of nitric oxide in tumor progression in synovial sarcomas could not be proven. Also, its correlation with p53 status, proliferation rate and vascularity, described previously in other studies, could not be shown. Keywords: synovial sarcoma, synovial sarcoma/physiopathology, prognosis. INTRODUÇÃO Introdução 1 INTRODUÇÃO 1.1 Sarcomas de partes moles 2 Os sarcomas de partes moles são neoplasias malignas raras, compreendendo menos de 1% das neoplasias sólidas no adulto. Devido a este fato, são tumores pouco conhecidos pela classe médica não especializada, o que acarreta em retardo diagnóstico e, muitas vezes, em um tratamento inicial mal conduzido. Por isso, são um problema de grande importância na oncologia atual (Lopes et al., 1999). Os sarcomas de partes moles são um grupo heterogêneo de tumores, com mais de 50 subtipos descritos (Coindre et al., 2001). Apesar da heterogeneidade, originam-se de uma célula mesenquimal primitiva comum, que se diferencia nos diversos subtipos histológicos. Sua nomenclatura deriva do tecido ao qual o tumor se assemelha. Deste modo, se o tumor assemelha-se a tecido gorduroso chama-se lipossarcoma, se a tecido muscular esquelético, rabdomiossarcoma, e assim sucessivamente (Lopes et al., 1999; Graadt van Roggen et al., 1999). Mais recentemente, alterações genéticas específicas de alguns deles foram descritas, facilitando esta classificação (Graadt van Roggen et al., 1999; Fletcher et al., 1991) (Tabela 1). Diferenças no comportamento entre os diversos subtipos, antes não apreciadas por estudos em que eram analisados como um todo, tem se tornado mais evidentes à medida que instituições de referência com bancos Introdução 3 de dados prospectivos aumentam sua casuística e permitem tal análise (Koea et al., 2003). Apesar destas diferenças, em sua maioria os sarcomas de partes moles ainda são tratados como uma entidade única (Lawrence et al., 1987; Cormier e Pollock, 2004). Tabela 1 - Alterações citogenéticas em sarcomas de partes moles Sarcomas de partes moles subtipos histológicos Característica citogenética Freqüência Sarcoma de células claras t(12;22)(q13;q12) >75% Dermatofibrosarcoma protuberans Cromossomo em anel 17 >75% Sarcoma de Ewing t(11;22)(q24;q12) 95% Condrosarcoma mixóide extraesquelético t(9;22)(q31;q12) 50% Liposarcoma mixóide t(12;16)(q13;p11) 75% Liposarcoma, bem diferenciado Cromossomo em anel 12 80% Rabdomiosarcoma alveolar t(2;13)(q35;q14) 80% Sarcoma sinovial t(X;18) 95% Levando-se em conta suas características em comum, os sarcomas de partes moles apresentam-se como uma tumoração de crescimento lento, por vezes dolorosa, que progressivamente infiltra os tecidos adjacentes (Lawrence et al., 1987). Originam-se em qualquer parte do corpo, embora sejam mais comuns nas extremidades, principalmente membros inferiores (Lawrence et al., 1987; Cormier e Pollock, 2004). Apresentam com freqüência metástases a distância, disseminadas por via hematogênica, sendo os pulmões o sitio mais acometido (Gadd et al., 1993). Metástases linfonodais são raras (Fong et al., 1993). O tratamento dos sarcomas de partes moles é multidisciplinar, com a cirurgia sendo a principal modalidade (Pisters, 1998). A utilização da Introdução 4 radioterapia e quimioterapia isoladamente ou associadas, antes ou após a cirurgia, permitiu que ressecções mais conservadoras fossem possíveis, inaugurando a era da cirurgia preservadora de membros (Tierney et al., 1997; Henshaw et al., 2001; Pisters et al., 2002; Ottaiano et al., 2002; O’Sullivan et al., 2002; Sadoski et al., 1993). No passado, devido aos altos índices de recidiva local, as amputações eram bastante freqüentes (Abbas et al., 1981). Atualmente, com o tratamento multimodal, os índices de recidiva são semelhantes com ou sem amputação (Rosenberg et al., 1982). Apesar disto, na ausência de drogas quimioterápicas eficazes no tratamento de metástases a distância, a sobrevida permanece a mesma (Rosenberg et al., 1982). Metástases a distância quando com tumor primário controlado e passível de ressecção completa, ainda permitem sobrevida em 5 anos em torno de 30% (Billingsley et al., 1999). Recentemente, a utilização de quimioterapia em altas doses sem radioterapia associada no período préoperatório tem mostrado índices de necrose tumoral de até 95%, sendo a mais nova tendência no tratamento destas neoplasias (Eilber et al., 2001; Ottaiano et al., 2002). Apesar destes avanços, os índices de mortalidade específica dos sarcomas de partes moles são de duas a dez vezes maiores que as de tumores malignos com incidências semelhantes, mostrando a falta de efetividade dos tratamentos atualmente disponíveis para doença sistêmica (Weitz et al., 2003). O estadiamento dos sarcomas de partes moles é motivo de controvérsia (Wunder et al., 2000). O sistema mais utilizado é o que leva em consideração características do tumor primário, comprometimento linfonodal Introdução 5 e metástases a distância, conhecido como sistema AJCC/UICC TNM (Greene et al., 2002). Os parâmetros do tumor primário avaliados são o tamanho, a invasão de planos profundos e o grau histológico. O acometimento linfonodal regional e de sítios distantes é computado como presente ou ausente (Quadro 1). Tumores maiores que 5cm, profundos e de alto grau possuem maior chance de apresentar metástases e, portanto, tem pior prognóstico (Gaynor et al., 1992). Obviamente, pacientes com metástases linfonodais ou a distância ao diagnóstico possuem pior evolução e são marcadores tardios da agressividade tumoral. Ainda assim, estudo recente acredita ser um erro de categorização considerar comprometimento linfonodal como estadio IV, já que a sobrevida destes pacientes assemelha-se aos do estadio III (Riad et al., 2004). Apesar de o estadiamento fornecer importantes informações com relação ao prognóstico, pacientes dentro de um mesmo estadio podem apresentar evoluções distintas. Falhas nítidas no sistema contribuem para este fato. Por exemplo, um tumor de 4.9cm não é diferente em comportamento de um tumor de 5.1cm, apesar de ambos possuírem estadiamentos diferentes. Além disso, mesmo quando tumores são totalmente comparáveis em tamanho, histologia, grau, comprometimento local e disseminação a distância, ainda assim estes podem possuir comportamentos diversos. Outros sistemas de estadiamento foram propostos levando em conta diferentes fatores, porém com limitações semelhantes (Wunder et al., 2000). Os fatores responsáveis por isso são pouco conhecidos e parecem estar relacionados tanto a características Introdução 6 clínicas e anatomopatológicas não levadas em conta no estadiamento como a alterações genéticas que tornam o tumor mais ou menos agressivo. Um estadiamento molecular que leve em conta estas alterações e tenha uma acurácia maior que 50% pode ser uma ferramenta importante na identificação do paciente de alto risco (O’Sullivan e Pisters, 2003). Quadro 1 - Estadiamento TNM para sarcomas de partes moles T - Tumor Primário Tx Tumor primário não pode ser avaliado TO Não há evidência de tumor primário T1 Tumor com 5cm ou menos em sua maior dimensão T1a = tumor superficial T1b = tumor profundo T2 Tumor com mais de 5cm em sua maior dimensão T2a = tumor superficial T2b = tumor profundo N - Linfonodo Regionais NX Linfonodo regionais não podem ser avaliados NO Ausência de metástase em linfonodos regionais N1 Metástase em linfonodos regionais M - Metástases a distância MX Presença de metástases a distância não pode ser avaliada MO Ausência de metástase a distância M1 Metástase a distância G - Grau Histológico de Malignidade Gx Grau de diferenciação não pode ser avaliado G1 Bem diferenciado G2 Moderadamente diferenciado G3-4 Pouco diferenciado/indiferenciado Agrupamento por Estadios Estadio IA G1,2 G1,2 T1a T1b NO NO MO MO Estadio IB G1,2 T2a NO MO Estadio IIA EstadioIIB G1,2 G3,4 G3,4 T2b T1a T1b NO NO NO MO MO MO Estadio IIC Estadio III Estadio IV G3,4 G3,4 Qualquer G Qualquer G T2a T2b Qualquer T Qualquer T NO NO N1 Qualquer N MO MO MO M1 Introdução 7 Fatores prognósticos, além dos avaliados pelo estadiamento, estão relacionados a aspectos clínicos, patológicos e terapêuticos. Idade acima de 50 anos, localização proximal no membro, apresentação como recidiva local, subtipos histológicos leiomiossarcoma e tumor maligno da bainha nervosa periférica e margens cirúrgicas microscópicas comprometidas são os principais (Pisters et al., 1996). O uso de transfusão de hemoderivados também parece afetar adversamente o prognóstico (Heslin et al., 1984; Rosenberg et al., 1995). Fatores que interferem com a sobrevida livre de recidiva local podem não ser os mesmos que interferem com a sobrevida livre de metástases e sobrevida doença-específica. Por exemplo, idade acima de 50 anos e tipo histológico fibrossarcoma são fatores prognósticos para sobrevida livre de recidiva local, mas não para sobrevida livre de metástases ou doença-específica (Pisters et al., 1996). Entre todos os fatores prognósticos, o que melhor define o comportamento dos sarcomas de partes moles é o grau histológico de malignidade (Coindre et al., 1996; Coindre et al., 2001). A definição do grau histológico é dependente do número de mitoses, diferenciação celular e extensão da necrose, separando os tumores em bem (G1), moderadamente (G2) e pouco diferenciados (G3), podendo ser incluído outro grupo chamado de sarcomas indiferenciados (G4) (Russell et al., 1977). Do ponto de vista prático, são divididos em baixo e alto grau (Lewis e Brennan, 1996). Alguns tipos histológicos são considerados de alto grau de malignidade por definição. Por possuírem esta característica uniformizada, servem como bons modelos para análise de fatores prognósticos que Introdução 8 independam do grau. Neste estudo, escolhemos o sarcoma sinovial como foco de nossa investigação (Fisher, 1998). 1.2 Sarcomas sinoviais Os sarcomas sinoviais são tumores raros, compreendendo aproximadamente 5 a 10% dos sarcomas de partes moles (Bergh et al., 1999). São mais comuns em extremidades, embora possam originar-se em qualquer parte do corpo sem qualquer relação com membranas sinoviais (Weiss e Goldblum, 2001). Acometem principalmente adultos jovens e apresentam-se como uma massa dolorosa de crescimento lento próxima a uma grande articulação, especialmente a região do joelho (Weiss e Goldblum, 2001). Histologicamente podem ser de dois tipos, monofásico e bifásico, baseados na presença ou ausência de diferenciação glandular epitelial junto a células tumorais fusiformes (Brodsky et al., 1992; Singer et al., 1996; Deshmukh et al., 2004). Apresentam uma translocação característica entre o cromossomo 18 e o X, t(X;18)(p11; q11), presente em mais de 90% deles, o que pode auxiliar no diagnóstico em casos não característicos (Sreekantaiah et al., 1994; Kawai et al., 1998). São tumores agressivos, recidivando localmente em torno de 12 a 31%, mesmo com tratamento adequado e a distância entre 39 e 54% dos casos (Mullen e Zagars, 1994; Bergh et al., 1999; Lewis et al., 2000). Metastatizam principalmente para pulmões e em torno de 3-7%, para linfonodos (Spillane et al., 2000 e Trassard et al., 2001; Paulino, 2004; de Silva et al., 2004; Behranwala et al., 2004; Riad et al., 2004). Apresentam índices mais altos de Introdução 9 resposta à quimioterapia do que o restante dos sarcomas em adultos (Kampe et al., 1993; Rosen et al., 1994; Van Glabbeke et al., 1999) e índices de sobrevida doença-específica, em 5 anos, de 57 a 63% (Bergh et al., 1999; Spillane et al., 2000; Trassard et al., 2001). Fatores prognósticos específicos para sarcomas sinoviais têm sido estudados em separado. Em uma série de 112 sarcomas sinoviais somente com tumores de extremidade intactos, o tamanho do tumor e a invasão de estruturas ósseas ou neurovasculares tiveram impacto negativo na sobrevida (Lewis et al., 2000). Estudos envolvendo pacientes com sarcoma sinovial também em outras localizações e com manipulação prévia identificaram outros fatores adversos: sexo masculino (Wright et al., 1982; Trassard et al., 2001), idade acima de 25 anos (Mullen e Zagars, 1994; Bergh et al., 1999; Paulino, 2004; de Silva et al., 2004), ocorrência de recidiva (Bergh et al., 1999; Spillane et al., 2000; Deshmukh et al., 2004), localização proximal no membro (Moberger et al., 1968; Oda et al., 1993), amputação (Skytting, 2000), margem microscópica comprometida (Singer et al., 1996; Trassard et al., 2001) e subtipo monofásico (ZIto, 1984; Cagle et al., 1987; Paulino, 2004). Estes fatores não são tão claros, havendo discordâncias na literatura. Entre todos, o tamanho parece ser o mais importante (Mullen e Zagars, 1994; Singer et al., 1996; Bergh et al., 1999; Lewis et al., 2000; Deshmukh et al., 2004; Paulino, 2004; de Silva et al., 2004). Recentemente, foram identificados 2 tipos de transcritos relacionados com a translocação entre o cromossomo 18 e o X (Kawai et al., 1998). A Introdução 10 translocação funde o gene SYT do cromossomo 18 com um dos genes altamente homólogos do cromossomo X, SSX1 e SSX2. O produto SYTSSX1 está associado ao subtipo histológico bifásico e o SYT-SSX2 ao subtipo monofásico. Pacientes com o produto de fusão SYT-SSX2 parecem ter um período de sobrevida livre de metástase mais longo que os pacientes com o produto SYT-SSX1(Ladanyi et al., 2002). 1.3 Marcadores moleculares Fatores moleculares que atuem como marcadores de agressividade tem sido estudados em vários tipos tumorais (Hanahan e Weinberg, 2000), inclusive nos sarcomas de partes moles (Bell et al., 1999; Levine, 1999). Proteínas envolvidas no processo de transcrição, diferenciação e proliferação celular, reparo de DNA e apoptose ou ainda em processos de neovascularização tumoral foram identificadas, suas alterações estudadas e relacionadas a prognóstico. Apesar da presença de algumas destas alterações realmente conferir à célula tumoral um fenótipo mais agressivo, a sua significância do ponto de vista prático não foi apreciada (Borden et al., 2003). Nos sarcomas de partes moles, nenhuma delas provou-se ser um fator prognóstico tão importante que resultasse em mudanças no estadiamento ou na prática clínica. Apesar disto, o seu estudo levou a uma melhor compreensão no processo de progressão tumoral. Neste contexto, alterações na proteína p53, proliferação celular e neovascularização são descritas a seguir, assim como o possível papel de uma pequena molécula, o óxido nítrico, na interação entre estes fatores. Introdução 11 1.3.1 p53 O p53 é um gene supressor de tumor localizado no cromossomo 17 que codifica uma fosfoproteína com mútiplas funções, entre elas a parada do ciclo celular em G1 para reparo de DNA ou eventual apoptose (Levine et al., 1991). A mutação deste gene é o defeito genético mais comumente encontrado em neoplasias malignas humanas (Hollstein et al., 1991). O acúmulo nuclear da proteína denota uma maior meia vida desta, sugerindo que mutações no DNA que a codificam ocorreram e permitiram a detecção imuno-histoquímica dela (Finlay et al., 1988). O papel da mutação do p53 na carcinogênese difere entre os diversos tipos tumorais, podendo ser uma alteração precoce detectada em células pré-malignas até uma das mutações que desencadeia a tranformação de um tumor benigno em maligno (Nigro et al., 1989). A presença de mutações no gene p53 provou-se ter influência no prognóstico de alguns tipos tumorais (Thor et al., 1992; Horio et al., 1993; Thorlacius et al., 1993; Sarkis et al. 1993), inclusive nos sarcomas de partes moles (Drobnjak et al., 1994; Hieken e Das Gupta, 1996; Taubert et al., 1996; Nakanishi et al., 1997). Nos sarcomas, esta mutação pode estar presente em até 60% dos casos e correlacionar-se tanto com o intervalo livre de doença como com a sobrevida doença específica (Hieken e Das Gupta, 1996). Tanto a proporção de sarcomas mostrando a mutação como a correlação com o prognóstico é variável de acordo com o subtipo histológico. No caso do sarcoma sinovial, o percentual de expressão alterada da proteína variou de 16-67%. A relação com prognóstico foi controversa, não Introdução 12 havendo consenso entre os estudos (Oda et al., 2000; Antonescu et al., 2000 e Barbashina et al., 2002). 1.3.2 Ki-67 O Ki-67 é uma proteína nuclear e nucleolar que está altamente associada à proliferação celular (Endl e Gerdes, 2000). Durante a interfase, pode exclusivamente ser detectada dentro do núcleo. Durante a mitose, a proteína se relocaliza na superfície cromossomal. O fato de a proteína Ki-67 estar presente durante todas as fases ativas do ciclo celular (G1, S, G2 e M), mas estar ausente em células em repouso (G0), faz dela um excelente marcador para determinar a chamada fração de crescimento de uma determinada população celular. Embora a caracterização molecular desta proteína esteja bem determinada, seu significado funcional no ciclo celular ainda não é claro. Existem indícios, no entanto, que a sua presença é de fundamental importância para a progressão de uma célula pelas fases do ciclo de divisão (Scholzen e Gerdes, 2000). Anticorpos desenvolvidos contra esta proteína pavimentaram a via para a determinação imuno-histoquímica da fração de crescimento celular, utilizada em numerosos estudos para determinação de valor prognóstico em várias neoplasias humanas. Os melhores exemplos neste contexto são os carcinomas de mama e próstata (Bubendorf et al., 1998; Caly et al., 2004). Para estes tipos tumorais, o valor prognóstico para sobrevida e recidiva tumoral foi repetidamente demonstrado em análises uni e multivariadas. A significância prognóstica deste marcador em sarcomas de partes moles também foi determinada em Introdução 13 alguns estudos. Em um deles, envolvendo sarcomas de alto grau de vários subtipos histológicos, o Ki-67 mostrou ser um marcador prognóstico independente para sobrevida livre de metástases e doença específica (Heslin et al., 1998). Já em outro estudo, envolvendo apenas fibrohistiocitomas malignos, este valor não foi demonstrado (Choong et al., 1995). No caso dos sarcomas sinoviais, o maior índice proliferativo determinado pelo Ki-67 parece estar associado a um pior prognóstico (Lopes et al., 1998; Antonescu et al., 2000). 1.3.3 Receptor de fator de crescimento epidermal (EGFR) e c-erb-B2 O receptor de fator de crescimento epidermal (EGFR) e seu homólogo c-erbB-2 são receptores transmembrana com atividade tirosina-quinase relacionada à transdução de sinal (Ciardiello e Tortora, 2003; Menard et al., 2004). Sua ativação em células normais está relacionada ao crescimento, diferenciação, motilidade e adesão celular. Alterações em sua função e relação com prognóstico foram estudadas em vários tipos tumorais, principalmente em carcinomas mamários (Slamon et al., 1987; Harris et al., 1989; Pierce et al., 1991; Salomon et al., 1995). A sinalização nuclear alterada leva a uma maior proliferação e invasividade celular, assim como formação de novos vasos sangüíneos (Menard et al., 2004). O uso destes receptores como alvos terapêuticos através do seu bloqueio com anticorpos monoclonais ou inibição de sua atividade proteína-quinase foi idealizado e encontra-se em prática clínica (Baselga et al., 1996; Baselga e Averbuch, 2000). A expressão de EGFR e c-erbB2 também foi descrita em sarcomas, Introdução 14 mas com papel na progressão tumoral duvidoso (Gusterson et al., 1985; Beech et al., 1998; Foster et al., 2003; Sato et al., 2003; Potti et al., 2004). Da mesma forma, a expressão de EGFR e c-erbB-2 foi relatada em sarcomas sinoviais, e sua relação com prognóstico também não está totalmente esclarecida. Os estudos foram realizados com número muito pequeno de pacientes, portanto com conclusões limitadas (Barbashina et al., 2002; Nuciforo et al., 2003). 1.3.4 Neoangiogênese Angiogênese é a formação de vasos sangüíneos a partir de um leito vascular pré-existente, e é fundamental para o crescimento tumoral, invasão e metástases (Folkman, 1990). O crescimento de tumores sólidos além de 1 a 2 mm em tamanho não é possível sem ela, quando a difusão sozinha de oxigênio não é suficiente para manter um nível de oxigenação tecidual adequado. As células de um tumor em fase pré-vascular podem replicar-se tão rápido quanto às de um tumor bem vascularizado em crescimento, mas sem a formação de novos vasos o número de células em proliferação atinge um equilíbrio com o número de células que morrem (Hanahan et al., 1996; Skobe et al., 1997). O processo de formação de novos vasos sangüíneos é complexo e depende de um balanço local entre vários fatores próangiogênicos e antiangiogênicos, liberados tanto por células tumorais como do hospedeiro, incluindo células estromais adjacentes e células do sistema imune. Este processo consiste em uma série de passos interligados, incluindo a separação de células endoteliais dos pericitos, invasão e Introdução 15 migração através da membrana basal e subseqüente extensão para dentro da massa tumoral (Fox et al. 2001). Vasos formados sob a influência destas vias são anormais, com alterações de permeabilidade e fluxo (Jain, 2000; Fox et al., 2001). Como resultado, apesar de novos vasos terem sido formados, a oferta sangüínea e conseqüentemente de oxigênio não se dá de forma adequada se comparada a tecidos normais. Este novo ambiente pode levar à seleção genética de células resistentes a drogas e à radiação. A determinação da quantidade de vascularização em um tumor e a sua relação com prognóstico foi primeiro mostrada por Weidner et al., em 1991 em casos de carcinoma mamário. O número de vasos neoformados no tumor correlacionou-se com o estadio da doença e mostrou-se ser um fator de prognóstico independente dos normalmente utilizados. Desde então, uma série de estudos tem demonstrado uma correlação significativa entre a densidade de microvasos tumoral e prognóstico em uma variedade de outros tumores, como carcinomas do trato gastrointestinal, melanoma, carcinoma prostático, ovariano, de bexiga e outros (Weidner e Folkman, 1996). Embora a densidade vascular tenha se mostrado útil como fator prognóstico em carcinomas, o mesmo não aconteceu com sarcomas (Saenz et al., 1998; Tomlinson et al., 1999). Estes estudos incluíram todos os subtipos histológicos sem distinção, inclusive sarcomas sinoviais, e sugerem que a angiogênese não desempenha um papel importante no mecanismo de metástases deste tipo tumoral. Em estudo fase II, não foi identificada resposta a um agente antiangiogênico utilizado em pacientes com sarcomas de partes moles em estadio avançado (Heymach et al., 2004). Apesar disto, Introdução 16 estudos preliminares com drogas antiangiogênicas mostraram resultados também em pacientes com sarcomas, lançando dúvida sobre esta primeira conclusão (Heymach, 2001). 1.3.5 Óxido nítrico O óxido nítrico (NO) é uma das 10 menores moléculas existentes e também uma das mais antigas, já que se pensa que foi primeiro formada na atmosfera primitiva deste planeta durante a sua resfriação (Moncada e Martin, 1993). Apesar do seu tamanho, ela está envolvida em uma ampla variedade de funções biológicas, muitas das quais pouco compreendidas. O estudo do seu papel nestas funções começou em 1980, quando Furchgott e Zadawaski descreveram o endotélio como a fonte de uma substância capaz de provocar relaxamento da musculatura lisa vascular, o EDRF (endothelium derived relaxing factor). Em 1986, foi proposto por Ignarro et al. que o EDRF seria o óxido nítrico, o que se confirmou no ano seguinte. Entre 1987 e 1988, Palmer et al. também confirmaram esta hipótese. Também em seu laboratório, descreveu-se a via sintética desta molécula, que é produzida a partir da L-arginina por uma enzima, a óxido nítrico sintase (NOS). Nos últimos 10 anos, outras duas isoformas do óxido nítrico sintase foram descritas além da endotelial. A isoforma neuronal, identificada em tecidos neurais (principalmente cérebro) e a isoforma induzível, produzida por macrófagos ativados por lipopolissacarídeos ou citocinas (Moncada, 1999). Nos últimos anos, mais de 20 mil artigos foram escritos sobre o óxido nítrico e suas ações no sistema cardiovascular e neural, assim como seu papel na Introdução 17 inflamação e imunologia (Singh e Evans, 1997). Ele está implicado na patogênese das mais diversas doenças, como hipertensão, asma, choque séptico e demência (Shinde et al., 2000). Atualmente, seu papel na biologia tumoral tem sido extensamente investigado (Lala e Chakraborty, 2001). Três isoformas da NOS foram identificadas como já descrito acima: endotelial (e-NOS ou tipo 3) e neuronal (n-NOS ou tipo 1) que são expressas constitutivamente e são denominadas em conjunto NOS constitutivas (cNOS); e uma forma derivada de macrófagos que não é normalmente expressa, mas é induzida (i-NOS ou tipo2) por citotoxinas e mediadores inflamatórios, como as citocinas. Os genes que codificam estas isoformas estão localizados nos cromossomos 7 (e-NOS), 12 (n-NOS) e 17 (i-NOS). As enzimas constitutivas produzem quantidades limitadas de NO e são ativadas por cálcio e calmodulina. Agonistas ativam as c-NOS através de um rápido aumento na concentração de cálcio intracelular, resultando na liberação de óxido nítrico em segundos ou minutos. A e-NOS localiza-se na membrana celular e foi identificada em células endoteliais, plaquetas, endocárdio e miocárdio. A n-NOS é citossólica e é achada em musculatura esquelética e em tecidos nervosos. Ambas c-NOS também já foram identificadas em neutrófilos e mastócitos. A i-NOS tem 50% de homologia com as cNOS , é citossólica e cálcio- independente. Foi descrita inicialmente em macrófagos murinos tratados com lipopolissacarídeos e interferon gama, mas desde então foi identificada em vários tipos celulares, incluindo musculatura lisa vascular, endotélio vascular, endocárdio, miocárdio, hepatócitos, fibroblastos, astrócitos e células imunes. Após um estímulo apropriado, Introdução 18 como interferon gama, interleucina 1 beta, fator de necrose tumoral alfa, endo ou exotoxinas, a i-NOS é produzida pelo tipo celular relevante através de transcrição gênica, provavelmente através do fator de transcrição nuclear kappa B. A i-NOS é capaz de gerar até 1000 vezes mais NO que as cNOS, e a produção celular pode continuar por horas. Os efeitos do NO produzidos pela iNOS são então mais pronunciados e disseminados, o que pode determinar sua ação benéfica ou maléfica, dependendo das circunstâncias clínicas (Wolf, 1997). Devido à sua habilidade única de difundir-se tanto em meio aquoso quanto lipídico, o NO dissemina-se por tecidos vizinhos, independentemente da presença de membranas. Ao contrário de outras moléculas que agem através de receptores específicos, o óxido nítrico funciona através de reações químicas que ora geram radicais livres, ora controlam sistemas enzimáticos (Wolf, 1997). O NO é um radical livre, por ter um elétron não pareado. Isto o faz muito reativo com outros radicais, como o superóxido (Beckman e Crow, 1993). Sua meia vida em concentrações fisiológicas é de segundos, e ele se decompõe em solução aquosa em nitrito (NO2-) e óxido nitroso (NO3-) (Zapol et al., 1994). O ânion superóxido se combina com o NO três vezes mais rápido do que com a superóxido dismutase, levando à formação de peroxinitrito (OONO-), uma molécula instável, pró-oxidante, que causa danos em muitas outras moléculas (ácidos nucleicos, lipídios, proteínas) (Van der Vliet et al., 1994). Por estas reações, o NO participa no mecanismo de dano a células cancerosas ou a bactérias. Os efeitos celulares do NO são atribuídos em parte à sua ligação com a guanylyl Introdução 19 ciclase solúvel. Esta enzima catalisa a conversão de GTP para cGMP, que é um segundo mensageiro. Outros sistemas de segundo mensageiro também parecem ser regulados pelo NO, como a ativação de proteína-kinases, inibição de inositol-trifosfato e outros (Singh e Evans, 1997). Mediante este mecanismo, por exemplo, o óxido nítrico produz relaxamento da musculatura lisa vascular. Outras funções atribuídas ao óxido nítrico são o controle de canais iônicos, transcrição genética e respiração mitocondrial. Fisiologicamente, o NO participa de funções regulatórias em todos os sistemas orgânicos (Wolf, 1997). A mensuração do NO em tecidos é difícil devido à sua curta meia vida em sistemas biológicos, que varia de 0.1 a 5 segundos (Gaston et al., 1994). No entanto, ela pode ser feita usando a quimioluminescência, após reação com ozônio, cromatografia gasosa e técnicas com microeletrodos. Um método mais fácil é verificar indiretamente a sua presença. Em uma das técnicas, um anticorpo monoclonal específico para o seu co-produto, a Lcitrulina, pode ser utilizado em uma reação imuno-histoquímica. Para que esta reação tenha sucesso, o tecido deve ter sido fixado com glutaraldeído e paraformaldeido. No processo de fixação com formalina, a citrulina é retirada dos tecidos, sendo este método ineficaz (Archer, 1993). Outra forma para acessar indiretamente a presença de NO é a utilização deste mesmo método, mas com anticorpos específicos para as diferentes NOS (Springall et al., 1992). Esta técnica permite que tecidos embebidos em formalina sejam corados e detecta a presença das enzimas. No entanto, este ensaio não dá informações a respeito da atividade destas enzimas. Outra técnica Introdução 20 utilizada para localização da NOS nos tecidos é a NADPH diaforase histoquímica. Ela se vale da capacidade da NOS transferir eletrons de NADPH para outros substratos, como os sais de tetrazolium. Estes, após reagirem com a NOS, formam sais insolúvies e visíveis de formazan, permitindo sua localização. No entanto, como outras enzimas também apresentam atividade NADPH diaforase, esta reação é um pouco inespecífica. Uma técnica adicional e que permite a avalição da atividade enzimática, é a hibridização in situ com sondas radiomarcadas contra NOS mRNA (Archer, 1993). O papel do NO no câncer é ambíguo e importante em várias etapas. O NO pode exercer uma função pró-tumoral ou antitumoral dependendo da quantidade, local e tipo celular em que é produzido (Brennan e Moncada, 2002). Apresenta efeito antitumoral quando é produzido por macrófagos em resposta a estímulo antigênico, destruindo células neoplásicas (Li et al., 1991). A sua produção em grande quantidade pelas próprias células neoplásicas também tem efeito inibitório, provocando morte celular (Sveinbjornsson et al., 1995; Xie et al., 1995 b). Além disso, é capaz de induzir apoptose em células com DNA danificado e potencialmente neoplásicas, aumentando a expressão de p53 e ativando o sistema das caspases (Nicotera et al., 1995). Em contrapartida, a presença de níveis persistentemente aumentados de NO em processos inflamatórios crônicos produzidos por um aumento da atividade da iNOS tem sido associada à formação de radicais livres, dano de DNA e mutagênese. Este dano pode tanto ser direto, através de quebras únicas ou duplas nas fitas de DNA ou Introdução 21 trocas de pares de base, como indireto, inativando sistemas enzimáticos de reparo. Na dependência de alguns fatores, como, por exemplo, a presença concomitante de O2- ou a expressão de COX-2, faz com que o NO ao invés de induzir a apoptose impeça o seu acontecimento (Tamir e Tannenbaum, 1996; Tamir et al., 1996). A expressão de NOS pelas células tumorais em quantidades não tão altas que provoquem sua morte tem efeito pró-neoplásico. O NO em concentrações adequadas é capaz de facilitar a migração de células tumorais, degradar matriz extracelular e induzir angiogênese, o que resulta em maior invasividade local e propensão para metástases a distância (Orucevic et al., 1999; Jadeski e Lala, 1999; Jadeski et al., 2000). A superexpressão das NOS e/ou atividade das NOS tem sido positivamente correlacionada com o grau tumoral em câncer ginecológico, de mama, e sistema nervoso central (Thomsen et al., 1994; Thomsen et al., 1995; Cobbs et al., 1995; Duenas-Gonzalez et al., 1997). Em relação à hiperplasia prostática benigna, a expressão de iNOS é maior em carcinoma de próstata (Klotz et al., 1998). A atividade total da NOS também está aumentada em cânceres de laringe, orofaringe, cavidade oral (Gallo et al., 1998) e adenocarcinoma de pulmão quando comparada a tecido normal (Fujimoto et al., 1997). A inibição da NOS com L-NAME (N-nitro L-arginina metil éster) em um modelo experimental de adenocarcinoma de rato demonstrou diminuição da produção de óxido nítrico e do crescimento tumoral. A estimulação da i-NOS com LPS e IFN gama em células murinas de tumor de mama EMT-6 resultou em maior crescimento tumoral e metástases in vivo Introdução 22 (Edwards et al., 1996). A produção de NO por células de câncer de mama C3L5 em uma matriz resultou em sua degradação, devido ao desbalanço entre metaloproteases e seus inibidores, diminuindo a quantidade de mRNA de TIMP 2 e 3 e aumentando a quantidade de mRNA de MMP2. Além disso, quando expostas a L-NAME, a capacidaede migratória in vitro destas células diminuiu (Jadeski et al., 2000). Ainda em outro estudo, a transdução de i-NOS em uma linha celular de adenocarcinoma de cólon resultou em aumento do crescimento tumoral e vascularização quando estas células foram transplantadas para o dorso de camundongos nus (Jenkins et al., 1995; Thomsen et al., 1995). Um possível mecanismo pelo qual o NO induz angiogênese foi postulado. A vasodilatação provocada pelo NO aumenta o “alongamento” da célula endotelial, o que aumenta a sensibilidade da célula para um estímulo mitogênico, provocado pelo VEGF (fator de crescimento do endotélio vascular). Por sua vez, a própria produção de VEGF provoca um aumento na produção de óxido nítrico. Os dois agiriam em conjunto provocando angiogênese máxima (Garcia-Cardena e Folkman, 1998). A manipulação do óxido nítrico pode ser realizada in vivo tanto para mais como para menos e, desta forma, influenciar sua ação sobre uma determinada neoplasia. Drogas utilizadas para o tratamento da angina, como o dinitrato ou mononitrato de isossorbida, gliceril trinitrato ou nitroprussiato de sódio, são conhecidos doadores de NO que podem ter algum efeito sobre tumores (Xie et al., 1995 a e b). Ao contrário, inibidores de NOS, como o L-NMMA, também são disponíveis para uso clínico e têm sido usados para tratamento de choque séptico (Petros et al., 1991). Infelizmente, esta inibição não é Introdução 23 enzima específica, afetando a produção de NO pelas 3 isoformas. No entanto, estas drogas também podem ter efeitos antitumorais. O efeito destas modulações nunca foi determinado em seres humanos e representam um grande potencial terapêutico. No momento, aguardam estudos clínicos. A expressão das sintases do óxido-nítrico nunca foi estudada em sarcomas de partes moles, incluindo os sarcomas sinoviais. Não se sabe qual a porcentagem de expressão destas enzimas neste tipo de tumor ou se existe coincidência de disfunção na proteína p53 e a expressão das sintases do óxido-nítrico. O seu papel no processo de ploidia tumoral e neovascularização também é desconhecido, assim como se isso possui algum valor na determinação do comportamento da neoplasia. OBJETIVO Objetivo 2 25 OBJETIVO O objetivo do presente trabalho foi estudar retrospectivamente fatores clínicos e histopatológicos relacionados à sobrevida livre de recidiva local, sobrevida livre de metástases e sobrevida doença específica em sarcomas sinoviais de extremidades, assim como a relação destes com a expressão imuno-histoquímica da proteína do gen supressor de tumor p53, da proteína relacionada a proliferação celular Ki67, dos receptores de fatores de crescimento EGFR (epidermal growth factor receptor) e c-erb-B2, do marcador de células endoteliais CD34 (índice de neovascularização) e das sintases de óxido nítrico. Além disso, foi estudada a associação entre os fatores clínicos e moleculares citados acima entre si. CASUÍSTICA E MÉTODO Casuística e Método 3 CASUÍSTICA E MÉTODO 3.1 Casuística 27 Foram estudados, retrospectivamente, 57 pacientes selecionados entre 89 portadores de sarcoma sinovial de extremidades tratados no Departamento de Cirurgia Pélvica do Hospital do Câncer, Fundação Antônio Prudente, São Paulo, no período de janeiro de 1970 até dezembro de 2001. Os dados foram coletados do Serviço de Arquivo Médico Estatístico (SAME) do referido Hospital e foram sumarizados em formulário padronizado. 3.1.1 Critérios de elegibilidade para o estudo Os pacientes incluídos no estudo obedeceram aos seguintes critérios de elegibilidade: • confirmação anatomopatológica de sarcoma sinovial: blocos de parafina, contendo tecido neoplásico representativo de cada caso foram separados, novas lâminas foram preparadas e revistas por 3 patologistas (Dr. Fernando Augusto Soares, Dr. Roberto Fauzoni e Dra. Isabela Werneck da Cunha). Sempre que possível o tecido utilizado foi o da biópsia inicial. Pacientes sem material disponível para nova análise foram excluídos; • localização em extremidades: pacientes com sarcomas sinoviais de tronco, cabeça e pescoço ou não especificados foram excluídos. A Casuística e Método 28 determinação da localização foi realizada mediante a revisão de prontuários, utilizando as anotações do médico-examinador e descrições cirúrgicas; • todos os pacientes incluídos no estudo foram tratados e acompanhados no Hospital do Câncer A.C Camargo. Casos tratados primeiramente em outro hospital, mas que tiveram tratamento e acompanhamento subseqüentes nesta instituição também fizeram parte do estudo; • pacientes submetidos à neoadjuvância e que não possuíam tecido de biópsia prévia disponível para análise foram incluídos quando o tecido da peça operatória não apresentava alterações morfológicas relacionadas à quimioterapia e à radioterapia. Do grupo inicial de 89 casos, não foi confirmado o diagnóstico de sarcoma sinovial em 17 e, em 8 casos, a quantidade de material disponível não era adequada para nova análise. Dos 64 casos remanescentes, 7 apresentavam doença metastática no momento da admissão, sendo também excluídos do estudo. Dos casos não correspondentes a sarcomas sinoviais, 6 foram identificados pela morfologia e 11 após painel imuno-histoquímico. A análise foi realizada, portanto, nos 57 casos de pacientes com sarcomas sinoviais de extremidades com doença localizada ao diagnóstico. Casuística e Método 3.2 29 Método 3.2.1 Preparo das lâminas Após pesquisa no arquivo do Departamento de Anatomia Patológica, identificaram-se as lâminas histológicas referentes à peça cirúrgica (sarcoma sinovial). Em virtude de haver, em vários casos, mais de uma lâmina representativa do tumor primário, todas elas foram revistas por um único patologista (Prof. Dr. Fernando Augusto Soares, Diretor do Departamento de Anatomia Patológica do Hospital do Câncer A C Camargo), selecionando-se aquela mais representativa da lesão. Após esta seleção inicial, as lâminas foram revistas para confirmação diagnóstica por 2 outros patologistas (Prof. Dr. Roberto Fauzoni e Dra. Isabela Werneck da Cunha). 3.2.1.1 Imuno-histoquímica e chromogenic in situ hybridization Para a realização de imuno-histoquímica, as lâminas utilizadas foram previamente revestidas por solução de 3-aminopripyltriethosy-silano (APTS-Sigma® A3648) diluído a 4% em acetona. Os cortes histológicos foram desparafinizados e preparados por passagens sucessivas por xilol e etanol e submetidos à recuperação antigênica pelo calor com irradiação por panela de pressão, utilizando-se tampão citrato 10mM pH 6.0 por 15 minutos, deixando mais 10 minutos à temperatura ambiente. A seguir, foi feito o bloqueio da peroxidase endógena com solução de peróxido de hidrogênio a 3% (água oxigenada 10 vol.) com três trocas de 5 minutos cada. No caso das sintases de óxido nítrico (NOS), após o bloqueio da Casuística e Método 30 peroxidase, também se fez o bloqueio da avidina/biotina (DAKO® Biotin Blocking System) e proteína (DAKO® Protein Block Serum-Free) 20 minutos cada, com três lavagens de 5 minutos com PBS, entre eles. A seguir, as lâminas foram incubadas com os anticorpos primários pesquisados, diluídos em títulos preestabelecidos (Tabela 2) em tampão PBS, contendo albumina bovina (BSA) 1% (SIGMA, A9647, USA) e azida sódica (NaN3), 0,1% por 2 horas, em câmara úmida, à temperatura ambiente. Após a incubação, as lâminas foram lavadas em tampão PBS com três trocas de 5 minutos cada. A seguir, foram incubadas com o Link (DAKO A/S, K0690, Denmark) por 30 minutos à temperatura ambiente, seguidas por três lavagens de 5 minutos em PBS, e incubação com streptavidina HRP (DAKO A/S, K0690, Denmark) por 30 minutos à temperatura ambiente. Sofreram novas lavagens com PBS (três de 5 minutos) e então, foram reveladas com solução de Diaminobenzidina (DAB, Sigma®) a 60% e contra-coradas com hematoxilina de Harris (Merck®). O protocolo da reação foi executado de forma manual para os anticorpos anti NOS 1, NOS 2, NOS 3, c-erbB2, EGFR e de forma automatizada, utilizando-se a máquina Biogenex i6000 para os anticorpos anti p53, Ki67 e CD34. Nos casos em que foi testada a amplificação do gene HER2/neu pelo método de CISH (chromogenic in situ hybridization), os cortes histológicos foram desparafinizados e preparados por passagens sucessivas por xilol e etanol e submetidos à recuperação antigênica pelo calor com irradiação por panela de pressão, utilizando-se tampão citrato 10mM pH 6.0 por 15 minutos, deixando mais 10 minutos à temperatura ambiente. A seguir, foi feito o bloqueio da peroxidase endógena com solução Casuística e Método 31 de peróxido de hidrogênio a 3% (água oxigenada 10 vol.) com três trocas de 5 minutos cada. Após estas etapas, NucleoDetector HER2 DNA Probe foi aplicado sobre as lâminas de acordo com as instruções do fabricante (BIO SB, Inc, USA). As lâminas foram desnaturadas por 10 minutos a 95°C e a hibridação feita overnight a 37°C. Após a hibridização, as lâminas foram lavadas com tampão e incubadas com HybriWash por 15 minutos a 72°C. Depois, as lâminas foram incubadas por 30 minutos em um bloqueador de proteína. Foi aplicado um anticorpo mouse anti-digoxigenin e incubado por 30 minutos, após lavagem com tampão, foi aplicado um anti-mouse HRP Label por 30 minutos. Por fim, as lâminas foram reveladas com DAB durante 15 minutos (Isola e Tanner, 2004). Controles positivos e negativos foram utilizados em todas as reações. Tabela 2 - Anticorpos utilizados, clones, origem e diluição Antígeno Clone Origem Diluição EMA E29 DAKO 1:400 C-erbB-2 - DAKO 1:100 EGFR H11 Novocastra 1:50 P53 DO-7 DAKO 1:800 Ki67 Ki-S5 DAKO 1:100 CD34 QBEnd10 DAKO 1:50 NOS 1 - Transduction 1:50 NOS 2 6 Transduction 1:25 NOS 3 3 Transduction 1:100 EMA: epithelial membrane antigen; EGFR: epidermal growth factor receptor; NOS: sintase de óxido nítrico. Casuística e Método 32 3.2.2 Variáveis estudadas As variáveis estudadas com o objetivo de verificação de valor prognóstico e papel nos eventos de progressão tumoral foram as seguintes: a) variáveis demográficas e clínicas: sexo, idade, localização na extremidade, tamanho do tumor, comprometimento linfonodal, status na admissão, tipo de ressecção, transfusão de sangue, uso de neoadjuvância e uso de adjuvância; b) variáveis anatomopatológicas: subtipo histológico e margem. Todos os tumores foram considerados de alto grau por definição (Fisher, 1998); c) variáveis moleculares: expressão nuclear de p53 e ki67, expressão dos receptores de membrana c-erbB2 e EGFR, percentual de neovascularização através de contagem de microvasos corados por CD34 e expressão de NOS 1, 2 e 3. 3.2.3 Descrição das variáveis 3.2.3.1 Variáveis demográficas e clínicas Idade: acima e abaixo de 25 anos. O ponto de corte foi escolhido de acordo com literatura precedente (Mullen e Zagars, 1994; Bergh et al., 1999; Paulino, 2004; de Silva et al., 2004). Sexo: masculino e feminino. Localização na extremidade: proximal e distal. A localização proximal foi considerada quando o tumor estava localizado no cotovelo, Casuística e Método 33 braço e ombro ou no joelho, coxa e glúteo. Tumores abaixo do cotovelo ou do joelho foram considerados distais. Tamanho do tumor: Os tumores foram divididos em ≤8cm e > 8cm. O ponto de corte foi estabelecido pelo método de Miller e Siegmund (1982). As dimensões foram estabelecidas como o maior diâmetro mensurado pelo médico examinador ou pelo laudo anatomopatológico quando a informação não estava disponível, exceto nos casos em que foi utilizada neoadjuvância. Em pacientes previamente operados estas informações foram obtidas da mesma maneira quando disponíveis no prontuário. Comprometimento linfonodal: os pacientes foram divididos comprometimento linfonodal ausente ou presente. Pacientes com linfonodos locais ou regionais clinicamente comprometidos foram submetidos a linfadenectomia. Pacientes foram incluídos no grupo comprometimento linfonodal positivo quando houve confirmação anatomopatológica. Pacientes com comprometimento linfonodal em cadeias de drenagem linfática distantes da região do tumor foram considerados como doença metastática e excluídos da análise. Status na admissão: os pacientes foram divididos em primários e recidivados. Os primários incluíram tumores intactos que não sofreram nenhuma forma de manipulação prévia e tumores manipulados, que sofreram algum tipo de biópsia ou ressecção completa ou incompleta até 3 meses antes da admissão. Os recidivados foram operados há mais de 3 meses antes da admissão e apresentavam-se com tumor recorrente. Casuística e Método 34 Tipo de ressecção: o tipo de cirurgia realizada foi dividido em preservação de membro ou amputação. Os pacientes submetidos à cirurgia com preservação de membro incluíram as ressecções amplas e ampliações de margem. Os pacientes submetidos à amputação incluíram qualquer forma de amputação, desde amputação de dígitos até desarticulações. Transfusão de sangue: sim ou não. Toda transfusão no período intra e pós-operatório foi considerada, independentemente do volume. Neoadjuvância: sim ou não. Qualquer forma de tratamento préoperatório foi considerada, independente de combinações entre quimioterapia e radioterapia. Os esquemas quimioterápicos utilizados foram à base de doxorubicina. A radioterapia foi administrada na forma de teleterapia com dose média de 3000 cGy fracionada em 250cGy/dia 5 vezes por semana. Neoajuvância foi aplicada em tumores volumosos ou como protocolo institucional. Adjuvância: sim ou não. Qualquer forma de tratamento pósoperatório foi considerada, independentemente de combinações entre quimioterapia e radioterapia. Os esquemas quimioterápicos utilizados foram à base de doxorubicina. A radioterapia foi administrada na forma de teleterapia ou braquiterapia. As doses foram variáveis. Adjuvância foi aplicada após ressecções de tumores volumosos, margens exíguas ou como protocolo institucional. Casuística e Método 3.2.3.2 35 Variáveis anatomopatológicas Margem anatomopatológica microscópica: livre ou comprometida. Margens exíguas porém livres (tumores aderidos ao feixe vasculonervoso, mas sem invasão deste em cirurgia preservadora de membro) foram classificadas como livres. A margem foi considerada comprometida quando microscopicamente positiva. Subtipo histológico: monofásico ou bifásico. A classificação foi realizada de acordo com a presença ou não de componente epitelial glandular, permeando componente mesenquimal fusiforme. O diagnóstico dos tumores bifásicos foi realizado mediante padrão histológico característico (Figura 1), enquanto os monofásicos tiveram confirmação pela da expressão imuno-histoquímica de EMA (epithelial membrane antigen) (Figura 2). Casuística e Método Figura 1 - Sarcoma sinovial subtipo histológico bifásico Figura 2 - Sarcoma sinovial subtipo histológico monofásico 36 Casuística e Método 3.2.3.3 37 Variáveis moleculares As reações de imuno-histoquímica foram realizadas nos cortes histológicos representativos da neoplasia, pela técnica de complexo estreptavidina-biotina-peroxidase (Santos et al., 1999). Os resultados imunohistoquímicos foram avaliados da forma tradicional, sendo considerado positivo o depósito marrom de DAB (diaminobenzidina). p53: positivo ou negativo. As células foram consideradas p53 positivas quando apresentavam coloração nuclear marrom após reação imuno-histoquímica. Foram contadas células em 5 campos consecutivos de grande aumento em áreas hot spot, com um mínimo de 800 células contadas/caso. Para leitura das lâminas, foi utilizado o software para contagem Axio-Vision 3.1 (Karl Zeiss). Inicialmente, as células positivas foram identificadas e marcadas. O passo seguinte constituiu-se de marcação das células negativas. A quantificação e razão das marcações foram realizadas pelo software sendo expressas em porcentagem de células positivas. Para efeito de resultado, considerou-se a média aritmética dos cinco campos. O resultado foi expresso como porcentagem de núcleos corados e quando esta porcentagem excedeu o valor de 10%, o caso foi considerado como p53 positivo (Oda et al., 2000; Antonescu et al., 2000 e Barbashina et al., 2002) (Figura 3). Casuística e Método 38 Figura 3 - Expressão imuno-histoquímica de p53 em sarcoma sinovial avaliada pela coloração dos núcleos em marrom Ki67: positivo ou negativo. As células foram consideradas ki67 positivas quando apresentavam coloração nuclear marrom, após reação imuno-histoquímica. Foram contadas células em 5 campos consecutivos de grande aumento em áreas hot spot, com um mínimo de 800 células contadas/caso. Para leitura das lâminas, foi utilizado o software para contagem Axio-Vision 3.1 (Karl Zeiss). Inicialmente, as células positivas foram identificadas e marcadas. O passo seguinte constituiu-se de marcação das células negativas. A quantificação e razão das marcações foram realizadas pelo software, sendo expressas em porcentagem de células positivas. Para efeito de resultado, considerou-se a média aritmética dos cinco campos. O resultado foi expresso como porcentagem de núcleos corados e quando esta porcentagem igualou ou excedeu o valor de 5%, o Casuística e Método 39 caso foi considerado como ki 67 positivo (Figura 4). O ponto de corte foi estabelecido pelo método de Miller e Siegmund (1982). Figura 4 - Expressão imuno-histoquímica de Ki67 em sarcoma sinovial avaliada pela coloração dos núcleos em marrom EGFR: positivo ou negativo. As células foram consideradas EGFR positivas quando apresentavam forte marcação marrom de membrana ou citoplasma. Foram contadas células em 5 campos de grande aumento, com um mínimo de 800 células contadas. O resultado foi expresso como porcentagem de membranas/citoplasma corados e quando esta porcentagem excedeu o valor de 10%, o caso foi considerado como EGFR positivo (Barbashina et al., 2002; Potti et al., 2004) (Figura 5). Casuística e Método 40 Figura 5 - Expressão imuno-histoquímica de EGFR em sarcoma sinovial avaliada pela coloração de membrana em marrom c-erbB2: positivo ou negativo. A expressão de c-erbB-2 foi feita de acordo com os critérios especificados pelo HercepTest® sendo 0=sem marcação, (+) = marcação incompleta de membrana, em menos de 10%das células tumorais, (++) = intensidade moderada com completa marcação de membrana em mais que 10% das células tumorais e (+++) = intensidade forte com completa marcação de membrana em praticamente 100% das células tumorais. Foram considerados negativos os escores 0 e 1+ e positivo 2+ e 3+(Barbashina et al., 2002; Nuciforo et al., 2003). Nos casos considerados positivos e, em cinco casos negativos pela imuno- histoquímica, foi testada a amplificação do gene HER2/neu pelo método de CISH (chromogenic in situ hybridization). A interpretação dos resultados do CISH foi feita de acordo com o sistema proposto por Isola e Tanner (2004). Os casos foram divididos em dois grupos; amplificados e não amplificados. Casuística e Método 41 Foram considerados amplificados os casos que apresentavam pelo menos 6-10 sinais por núcleo em mais de 50% das células tumorais (Figura 6). Figura 6 - Expressão imuno-histoquímica de c-erb-B2 em sarcoma sinovial avaliada pela coloração de membrana em marrom CD34: positivo ou negativo para neoangiogênese. A quantificação da neoangiogênese realizada pela da marcação com CD34 de células endoteliais foi feita através de ocular estequiométrica, no aumento de 400x. Vasos foram definidos como agrupamentos de células endoteliais, independente da presença de lumen vascular ou hemácias. A partir das áreas hot spot, foram contados 10 campos consecutivos. A porcentagem de área vascular de um tumor foi o resultado da média aritmética dos 10 campos. Foram considerados positivos os casos com percentual de área vascular igual ou maior que 15% (Figura 7). O ponto de corte foi estabelecido pelo método de Miller e Siegmund (1982). Casuística e Método 42 Figura 7 - Expressão imuno-histoquímica de CD34 em sarcoma sinovial avaliada pela coloração de células endoteliais em marrom NOS 1,2 e 3: positivo ou negativo. Para avaliação das sintases de óxido nítrico, foi utilizado microscópio óptico comum, sendo considerado o padrão de marcação conforme ilustrado na Tabela 3. Considerados negativos os casos com somatório 0, 1 e 2; positivo fraco 3, 4 e 5 (1 de intensidade e 4 de freqüência) e positivo forte 5 (2 de intensidade e 3 de freqüência), 6 e 7. Para análise, foram considerados positivos apenas os positivos fortes. (Figuras 8, 9 e 10). Tabela 3 – Localização, intensidade e freqüência Localização Membrana Citoplasma Núcleo Intensidade 0=negativo 1=fraco 2=moderado 3=forte Freqüência 0=<1 1=1-10% 2=11-50% 3=51-90% 4=>90% Casuística e Método Figura 8 - 43 Expressão imuno-histoquímica de NOS 1 em sarcoma sinovial avaliada pela coloração predomonantemente nuclear em marrom Figura 9 - Expressão imuno-histoquímica de NOS 2 em sarcoma sinovial avaliada pela coloração citoplasmática em marrom Casuística e Método Figura 10 - 44 Expressão imuno-histoquímica de NOS 3 em sarcoma sinovial avaliada pela coloração predominantemente citoplasmática em marrom 3.2.4 Análise estatística Foi utilizado o programa estatístico SPSS 12.0 for Windows para a digitação e análise estatística dos dados. A análise estatística utilizou os testes de qui-quadrado bi-caudal e exato de Fischer para verificar a associação entre as variáveis de interesse, utilizando-se da categorização das mesmas. Para análise do prognóstico, o tempo de sobrevida livre de recidiva local foi calculado como o período entre o início do tratamento e a data da ocorrência da recorrência tumoral local ou a data do último seguimento (para os casos que não apresentaram recorrências). Para pacientes com tratamento prévio à admissão, foi considerada recidiva local a primeira recorrência após a operação realizada no Hospital AC Camargo, não sendo levado em conta o número de recidivas prévias. O tempo de sobrevida livre Casuística e Método 45 de metástase foi calculado como o período entre o início do tratamento e a data da ocorrência da primeira metástase detectada por exame de imagem ou a data do último seguimento (para os casos que não apresentaram metástases). O tempo de sobrevida doença específica (ou específica por câncer) foi calculado como o período entre o início do tratamento e a data da ocorrência do óbito, decorrente da doença ou a data do último seguimento (para os pacientes vivos ou que faleceram por causa não decorrente da doença). A sobrevida estimada foi calculada pelo método de Kaplan-Meier e a comparação das curvas por meio de teste de Log-rank (Kaplan e Meier, 1958; Cox, 1972). O modelo de regressão de Cox foi utilizado para o cálculo das hazard ratios para recidiva local, metástases a distância e óbito por câncer. A técnica Stepwise foward foi utilizada para construção do modelo multivariado. Nos modelos multivariados, foram utilizadas, de forma selecionada, as variáveis que atingiram significância estatística com p<0,1 na análise univariada. Os critérios de censura para curva de sobrevida pelo método de Kaplan-Meier ou para utilização da regressão de Cox foram: • no cálculo de sobrevida livre de recidiva - pacientes sem recorrência da doença até a data do último seguimento; • no cálculo de sobrevida livre de metástases - pacientes sem metástases até a data do último seguimento; • no cálculo de sobrevida específica por câncer - pacientes vivos na data do último seguimento ou pacientes que foram a óbito e cuja causa Casuística e Método 46 mortis não foi relacionada ao câncer. Todas as variáveis foram analisadas quanto à sua importância em relação ao prognóstico para sobrevida livre de recidiva local, sobrevida livre de metástases e sobrevida doença-específica. Pacientes que não compareceram ao hospital em um período maior do que 2 vezes o período estipulado pelo médico para seu retorno, foram considerados como perdidos de seguimento na data da última informação. Estes pacientes contribuíram para curva de sobrevida até esta data, sendo, então, classificados como sob censura. Optou-se por efetuar a simplificação dos números, utilizando técnicas padronizadas de arredondamento com eliminação de casas decimais para os valores referentes a freqüências. A significância estatística foi determinada para um valor de p<0,05. RESULTADOS Resultados 4 RESULTADOS 4.1 Dados demográficos e clínicos 48 Para os 57 pacientes avaliados, a idade variou de 4 a 73 anos, com mediana de 26 e média de 30,12. Divididos entre maiores ou menores de 25 anos, 24 (42%) eram menores que 25 anos. Com relação ao sexo, 32 pacientes eram do sexo masculino (56%) e, 25, do sexo feminino (44%). Quanto à raça, 45 pacientes eram brancos (79%) e, 12, não-brancos (21%). Os dados demográficos encontram-se sumarizados na Tabela 4. Tabela 4 - Dados demográficos Variável Sexo Idade Raça Categoria n % masculino feminino < 25 anos > 25 anos brancos não-brancos 32 25 24 33 45 12 56 44 42 58 79 21 Levando-se em conta a localização, 5 pacientes apresentavam tumor na região proximal do membro superior (9%); 9, na região distal do membro superior (16%); 25, na região proximal do membro inferior (44 %); e, 18, na região distal do membro inferior (30%). A localização detalhada encontra-se na Tabela 5. Resultados 49 Tabela 5 - Localização detalhada dos tumores Local n % Ombro 2 3 Braço 1 2 Cotovelo 2 3 Antebraço 2 3 Punho 1 2 Mão 5 9 Quirodáctilo 1 2 Coxa 22 38 Joelho 3 5 Perna 4 7 Tornozelo 2 5 Pé 11 19 Pododáctilo 1 2 TOTAL 57 100,0 O sintoma mais comum foi a presença isolada de tumor em 24 pacientes (42%). A presença de dor associada ao tumor ocorreu em 21 pacientes (37%). A associação de dor e tumor à parestesia ocorreu em 6 casos (11%), destes 2, com impotência funcional (4%). A presença de dor e tumor associados à ulceração ocorreu em 2 casos (4%) e a de dor isoladamente em 1 caso (2%). A associação do tumor à trauma local foi referida espontaneamente por 8 pacientes (14%). A duração dos sintomas foi avaliada somente em pacientes intactos ou com biópsias prévias (22 pacientes) e variou de 2 a 144 meses, com média de 19,59 meses e mediana de 8 meses. Resultados 50 No momento da admissão, com relação à manipulação prévia do tumor, 34 (60%) eram primários e, 23, recidivados (40%). Com relação ao tamanho do tumor, 16 tumores (28%) tinham tamanho menor ou igual a 8cm, 16 tumores (28%) eram maiores que 8cm e 25 (44%) tumores tinham o tamanho não avaliável (os pacientes com tumores de tamanho não avaliável apresentaram-se na admissão com tumores recidivados ou previamente operados, impedindo o registro adequado de sua verdadeira dimensão inicial). De acordo com o comprometimento linfonodal, 3 pacientes (5%) apresentavam metástase em linfonodos ao diagnóstico. De acordo com a avaliação clínica quanto à ressecabilidade, 10 pacientes tiveram indicação de amputação desde a primeira avaliação (18%), 19 pacientes foram avaliados como tendo ressecabilidade duvidosa (33%) e, 28 pacientes, como sendo ressecáveis sem amputação (49%). Todos os pacientes com ressecabilidade duvidosa foram submetidos à neoadjuvância, além de 7 outros pacientes com grandes tumores (45%). Destes 26, 4 receberam quimioterapia isolada (15%); 13, quimioterapia associada à radioterapia (50%) e, 9, radioterapia isolada (35%). Após tratamento neoadjuvante, a amputação foi necessária em 7 casos (37%); foi possível a preservação do membro em 12 pacientes (63%). No total, a ressecção ampla foi a cirurgia mais utilizada, possível em 40 pacientes. O reparo da ferida operatória foi primário em 50 casos (88%); em 6 casos, foi necessária a rotação de retalhos (10%) e, em 1 caso, enxerto livre de pele (2%). Resultados 51 Com relação à necessidade de transfusão, esta foi necessária em 10 casos (18%), enquanto 47 pacientes não receberam sangue (82%). Complicações de ferida operatória aconteceram em 13 pacientes (23%). Destes pacientes, 8 receberam alguma forma de neoadjuvância (61,5%). Com relação à terapia adjuvante, 24 pacientes (43,1%) não realizaram nenhuma forma de terapia, enquanto 33 receberam alguma forma de tratamento (56,9%). Destes, 15 pacientes receberam apenas radioterapia (45,4%); 9 pacientes receberam químio e radioterapia (27,3%) e, 9 pacientes, apenas quimioterapia (27,3%). Dos 33, 20 não haviam recebido nenhuma forma de neoadjuvância. Os dados referentes às características tumorais e ao tratamento encontram-se sumarizados nas Tabelas 6, 7 e 8. A recidiva local após admissão no Hospital do Câncer AC Camargo aconteceu em 17 pacientes (30%). O tempo mediano até a primeira recidiva foi de 27 meses. O tratamento da recidiva local foi exclusivamente cirúrgico em 10 casos (59%); cirurgia associada à radioterapia em 4 casos (23%); quimioterapia associada radioterapia em 1 caso (6%) e, quimioterapia exclusiva, em 1 caso (6%). A amputação ou desarticulação foi indicada como tratamento cirúrgico da recidiva em 9 casos (53%), mas foi realizada em 8 pacientes (47%) e, 1 recusou o procedimento. O caso em que foi administrada apenas quimioterapia tratava-se de uma recidiva em coto de amputação associado a metástases pulmonares. Metástases a distância ocorreram em 33 pacientes (58%). O tempo mediano até a primeira metástase foi de 15,9 meses. Os sítios de metástase Resultados 52 mais freqüentes foram pulmões (85%) e ossos (24%). Em 19 pacientes, as metástases eram exclusivamente pulmonares (55,8%). Nestes, 11 foram submetidos à ressecção cirúrgica delas, 7 associados à quimioterapia. No restante, quimioterapia exclusiva ou combinada com radioterapia foi administrada. Em 3 pacientes, nenhum tratamento foi realizado. Tabela 6 - Dados referentes ao tumor Variável Local no membro Sintomas Status local Tamanho do tumor Comprometimento linfonodal Categoria n % MS proximal 5 9 MS distal 9 16 MI proximal 25 44 MI distal 17 30 Tumor 24 42 Tumor +dor 21 37 Outros 12 21 Primário 34 60 recidivado 23 40 ≤8cm 16 28 >8cm 16 28 não 3 5 sim 54 95 MS=membro superior; MI=membro inferior 53 Resultados Tabela 7 - Dados referentes ao tratamento Variável Neoadjuvância Tipo de cirurgia Transfusão Complicações de ferida operatória Adjuvância Categoria n % sim 26 46 não 31 54 preservação de membro 40 70 amputação 17 30 sim 10 18 não 47 82 sim 13 23 não 44 77 sim 33 58 não 24 42 Tabela 8 - Resultados do tratamento Desfecho Recidiva local Metástases Óbito por tumor 4.2 Categoria n % sim 17 30 não 40 70 sim 33 58 não 24 42 sim 29 51 não 28 49 Dados anatomopatológicos As margens foram consideradas microscopicamente livres em 50 pacientes (88%), microscopicamente comprometidas em 3 (5%) pacientes e não avaliáveis em 4 pacientes (7%). Quanto ao subtipo histológico, 29 pacientes tiveram o diagnóstico de sarcomas sinoviais bifásicos (51%) e 28 monofásicos (49%). Os dados são sumarizados na Tabela 9. Resultados 54 Tabela 9 - Dados anatomopatológicos Variável Margem Subtipo histológico 4.3 Categoria n % livre 50 88 comprometida 3 5 não avaliável 4 7 monofásico 29 51 bifásico 28 49 Dados da análise molecular O tecido tumoral mostrou expressão imuno-histoquímica para p53 acima de 10 % em 42 casos (74%) e para Ki67 igual ou maior que 5% em 11 casos (19%); uma forte expressão de membrana ou citoplasmática para EGFR acima de 10% em 18 casos (32%) e uma forte e completa imunoreatividade de membrana para c-erb-B2 em 12 casos (21%). A análise de CISH para amplificação do gene HER2/neu não mostrou 6 a 10 sinais por núcleo em nenhum caso. Amostras tumorais, apresentando áreas vasculares iguais ou acima de 15% estavam presentes em 7 casos (12%). Tecidos tumorais submetidos à imunoreatividade para NOS 1 mostraram um padrão predominantemente nuclear, algumas vezes associado a padrão citoplasmático. Apenas em 5 casos houve apenas marcação citoplasmática. Todos os casos foram positivos para a presença desta enzima. A positividade para NOS 3, foi na maior parte, citoplasmática, alguns casos mostrando marcação nuclear associada. Em 16 casos, houve marcação nuclear exclusiva. Também todos os casos foram positivos para a sua presença. Resultados 55 A imunoreatividade para NOS 2 foi uniformemente citoplasmática em 34 casos (60%) e, em nenhum caso, houve coloração nuclear. Os dados são sumarizados na Tabela 10. Tabela 10 - Distribuição das variáveis moleculares Marcador p53 ki67 EGFR c-erb-B2 CD34 NOS 1 NOS 2 NOS 3 Status n % ≤10% 15 28 >10% 42 72 <5% 46 81 ≥5% 11 19 negativo 39 68 positivo 18 32 negativo 45 79 positivo 12 21 <15% 50 88 ≥15% 7 12 negativo 0 0 positivo 57 100 negativo 23 40 positivo 34 60 negativo 0 0 positivo 57 100 EGFR=epidermal growth factor receptor: NOS=óxido nítrico sintase Resultados 4.4 56 Dados do seguimento O período de seguimento foi calculado a partir da data do início do tratamento e variou de 1 a 334 meses, com média de 59,5 e mediana de 36,4 meses. Ao término do seguimento, 29 pacientes apresentavam-se mortos por câncer (50%), 2 mortos por outras causas (4%), 8 vivos com doença (14%) e, 18 vivos sem doença (32%). O seguimento foi considerado completo em 46 pacientes (81%) e 11 pacientes perderam seguimento (19%). 4.5 Sobrevida livre de recidiva local Dezessete pacientes desenvolveram recorrência local (30%). O tempo mediano para a primeira recorrência foi de 27 meses. A sobrevida mediana livre de recidiva local foi de 70.7 meses. As sobrevidas livres de recidiva local em 5 e 10 anos foram, respectivamente, 60,9% (±8,7) e 46,9% (±9,8). As Tabelas 11 e 12 mostram comparações das sobrevidas em 5 e 10 anos entre as variáveis clínicas e moleculares estudadas com os respectivos valores de significância. Embora não significantes, o status local, tipo de cirurgia e margem chegaram próximos à significância (p=0,069, p=0,052 e p=0,076, respectivamente). O único fator que influenciou o risco de recidiva local na análise univariada foi a expressão nuclear de Ki67 (p<0,001). Quando submetidos à análise multivariada pelo método de Cox, tanto o status local como recidiva quanto a expressão nuclear de Ki67 ≥5% foram significativos (p=0,014 e p<0,001, respectivamente). Os hazard ratios para recidiva local associados à apresentação como recidiva a expressão nuclear Resultados 57 de Ki67 ≥5% foram 4,1 (95%CI 1,3-12,6) e 10,2 (95%CI 2,9-35,9) respectivamente (Tabela 13). A Figura 11 mostra a curva de sobrevida livre de recidiva local. As curvas de sobrevida para os fatores prognósticos significativos são mostradas nos Figuras 12 e 13. Tabela 11 - Sobrevida livre de recidiva local em 5 e 10 anos - variáveis clínicas Sobrevida livre de recidiva local Variável Sexo Idade Local no Membro Status Local Tamanho do Tumor Comprometimento Linfonodal Cirurgia Margem Transfusão Neoadjuvância Adjuvância Subtipo Histológico SE=Standard error n(%) 5 anos (%) ±SE 10 anos (%) ±SE mascuilino 32 (56) 56,3 ± 12,6 56,3 ± 12,6 feminino 25 (44) 66,5 ± 11,7 41,6 ± 13,5 < 25 anos 24 (42) 58,0 ± 14,0 48,4 ±14,6 > 25 anos 33 (58) 63,4 ± 11,0 45,3 ±13,3 proximal 30 (53) 72,0 ± 11,4 41,1 ± 14,9 distal 27 (47) 48,3 ± 12,9 48,3 ± 12,9 primário 34 (60) 70,7 ± 10,4 55,0 ± 12,7 recidivado 23 (40) 45,3 ± 14,7 - ≤8cm 16(28) 65±14,8 65±14,8 >8cm 16(28) 65,6±20,8 65,6±20,8 não 54 (95) 59,3 ± 9,0 44,5 ± 10 sim 3 (5) 100 - preservação 40 (70) 53,2 ± 9,9 35,5 ± 10,6 amputação 17 (30) 94,1 ± 5,7 94,1 ± 5,7 livre 50 (88) 65± 9,1 59,1± 10 comprometida 3 (5) 66,6 ± 2,2 - sim 10 (18) 100 - não 47 (82) 52,8 ± 9,9 47,5 ± 10,2 sim 26 (46) 72,8 ± 12,0 58,3 ± 16,2 não 31 (54) 52,0 ± 11,7 39,0 ± 11,9 sim 33 (58) 57,3±10,8 43,0±11,9 não 24 (42) 70,7 ± 13,0 56,5 ± 16,3 monofásico 28 (49) 57,1 ± 14,2 57,1 ± 14,2 bifásico 29 (51) 65,1 ± 10,9 40,7 ± 13,0 p (Log Rank) 0,825 0,721 0,458 0,069 0,773 0,314 0,052 0,076 0,362 0,219 0,600 0,924 Resultados 58 Tabela 12 - Sobrevida livre de recidiva local em 5 e 10 anos -variáveis moleculares Sobrevida livre de recidiva local Variável p53 Ki67 EGFR c-erbB2 CD34 NOS2 n(%) 5 anos(%) ±SE 10 anos(%) ±SE p (Log Rank) positivo 42(74) 54,6 ± 10,9 46,8 ± 11,8 0,8208 negativo 15(26) 73,8 ± 13,8 49,2 ± 16,9 positivo 11(19) 28,6 ± 21,9 - negativo 46(81) 67,4 ± 9,3 56,2 ± 10,6 positivo 18(32) 52,7 ± 16,6 - negativo 39(68) 65,4 ± 4,8 52,3 ± 11,4 positivo 12(21) 75,7 ± 15,6 50,5 ± 23,0 negativo 45(79) 55,9 ± 10,3 44,7 ± 10,9 positivo 7(12) 64,2 ± 21,0 - negativo 50(88) 60,4 ± 9,6 42,3 ± 11,0 positivo 34(60) 49,1 ± 15,7 49,1 ± 15,7 negativo 23(40) 64,8 ± 10,8 43,2 ± 12,5 0,0002 0,6839 0,4290 0,5455 0,6971 EGFR=epidermal growth factor receptor: NOS=óxido nítrico sintase. SE=Standard error Tabela 13 - Hazard ratios para recidiva local – modelo multivariado pelo método de Cox. Variável Categoria hazard ratio Intervalo de Confiança (95%) status local Ki67 recidiva ≥5% 4,1 10,2 1,3-12,6 2,9-35,9 p 0,014 <0,001 Resultados 59 1,0 sobrevida (%) 0,8 0,6 0,4 0,2 n=57 0,0 0 30 60 90 120 150 180 210 240 tempo de seguimento (meses) Figura 11 - Curva de sobrevida livre de recidiva local em meses para os 57 pacientes portadores de sarcoma sinovial de extremidades com doença localizada ao diagnóstico 1,0 status local primário (n=34) recidiva (n=23) primáriocensoreados 0,8 sobrevida (%) recidivacensoreados 0,6 0,4 0,2 p=0.069 0,0 0 30 60 90 120 150 180 210 240 tempo de seguimento (meses) Figura 12 - Curva de sobrevida livre de recidiva local em meses, comparando-se os pacientes portadores de sarcoma sinovial de extremidades com doença localizada ao diagnóstico em função do status local na admissão Resultados 1,0 60 Ki67 <5% (n=46) ≥5% (n=11) <5%-censoreados sobrevida (%) 0,8 ≥ 5%-censoreados 0,6 0,4 0,2 p<0,001 0,0 0 30 60 90 120 150 180 210 240 tempo de seguimento (meses) Figura 13 - Curva de sobrevida livre de recidiva local em meses, comparando-se os pacientes portadores de sarcoma sinovial de extremidades com doença localizada ao diagnóstico, em função da presença ou ausência de expressão nuclear de Ki67 ≥5% 4.6 Sobrevida livre de metástases Metástases a distância ocorreram em 36 pacientes (63%). O tempo mediano para ocorrência da primeira metástase foi 17,6 meses. A sobrevida mediana livre de metástases foi de 33,1 meses. As sobrevidas livres de metástases em 5 e 10 anos foram, respectivamente, 41,2 % ±7,2 e 22,1 % ± 6,9. As Tabelas 14 e 15 mostram comparações das sobrevidas em 5 e 10 anos entre as variáveis clínicas e moleculares estudadas com os respectivos valores de significância. Os fatores que influenciaram o risco de metástase na análise univariada foram o status local (p=0,036), expressão nuclear de Ki67 (p<0,001) e o status do receptor de membrana c-erb-B2 (p=0,007). Resultados 61 Foram considerados fatores adversos: a apresentação como recorrência, a expressão nuclear de ki67 ≥5% e a ausência de expressão do receptor de membrana c-erb-B2. Os demais fatores estudados não atingiram níveis de significância para valores de p<0,05. Quando submetidos à análise multivariada pelo método de Cox, tanto a expressão nuclear de ki67 ≥5% como a ausência de expressão do receptor de membrana c-erb-B2 permaneceram significativos (p<0,001 e p=0,010 respectivamente). Os hazard ratios para metástases associados à expressão nuclear de ki67 ≥5% e positividade para c-erb-B2 foram 4,6 (95%CI 2,1-10) e 0,2 (95%CI 0,060,68) respectivamente (Tabela 16). A Figura 14 mostra a curva de sobrevida livre de metástase. As curvas de sobrevida para os fatores prognósticos significativos são mostradas nas Figuras 15, 16 e 17. 62 Resultados Tabela 14 - Sobrevida livre de metástases em 5 e 10 - variáveis clínicas. Sobrevida livre de metástases Variável Sexo Idade Local no Membro Status Local Tamanho do tumor Comprometimento Linfonodal Cirurgia Margem Transfusão Neoadjuvância Adjuvância Subtipo histológico SE=Standard error n(%) 5 anos (%) ±SE 10 anos (%) p (Log ±SE Rank) masculino 32 (56) 34 ± 9,3 22,7 ± 9 feminino 25 (44) 49,7 ± 11,0 23,3 ± 10,6 <25 anos 24 (42) 43,6 ± 10,9 31,1 ± 10,7 >25 anos 33 (58) 40 ± 9,6 17,1 ± 8,5 proximal 30 (53) 51,3 ± 9,8 35,2 ± 11,7 distal 27 (47) 32,2 ± 9,8 13,8 ± 7,3 primário 34 (60) 55,7 ± 9,4 37,6 ± 10,7 recidivado 23 (40) 23,9 ± 9,3 9,5 ± 6,4 ≤8cm 16(28) 57,4±13,5 34,4±14,9 >8cm 16(28) 35,8±14,8 35,8±14,8 não 54 (95) 39,1 ± 7,2 20,1 ± 6,7 sim 3 (5) 100 - preservação 40 (70) 47,2 ± 8,7 24,7 ± 8,7 amputação 17 (30) 27 ± 12,1 18 ± 10,9 livre 50 (88) 41,4 ± 7,8 29,3 ± 8,1 comprometida 3 (5) 33,3 ± 27,2 - sim 10 (18) 44,0 ± 8,1 23,3±7,3 não 47 (82) 44,4 ± 16,5 - sim 26 (46) 41,3 ± 10,3 10,3 ± 9,3 não 31 (54) 42,3 ± 9,9 29,0 ± 9,9 sim 33 (58) 48,3 ± 9,2 27,1 ± 9,5 não 24 (42) 30,6 ± 11,0 16,3 ± 9,6 monofásico 28 (49) 23,4 ±8,8 23,4 ±8,8 bifásico 29 (51) 59,3 ±10,1 16,0 ± 9,9 0,271 0,533 0,243 0,036 0,131 0,121 0,119 0,562 0,896 0,272 0,322 0,131 Resultados 63 Tabela 15 - Sobrevida livre de metástases em 5 e 10 anos - variáveis moleculares Sobrevida livre de metástases Variável p53 10% Ki67 5% EGFR c-erbB2 CD34 15% NOS2 n(%) 5 anos(%) ±SE 10 anos(%) ±SE p (Log 0,415 positivo 42(74) 42,1± 8,4 18,9 ± 7,9 negativo 15(26) 40,6 ± 13,6 30,4 ± 13,5 positivo 11(19) 9,0 ± 8,6 - negativo 46(81) 49,9 ± 8,3 29,7 ± 8,6 positivo 18(32) 39,3 ± 12,2 29,5± 12,5 negativo 39(68) 42,7± 8,9 19,5 ± 8,1 positivo 12(21) 85,7 ± 13,2 42,8 ± 22,4 negativo 45(79) 29,9 ± 7,4 17 ± 6,4 positivo 7(12) 28,5 ± 17 - negativo 50(88) 46 ± 7,9 23,7 ± 7,7 positivo 34(60) 32,9 ± 9,8 26,3 ± 9,8 negativo 23(40) 51,2 ± 10,5 19,9 ± 9,7 Rank) <0,001 0,954 0,007 0,213 0,266 EGFR=epidermal growth factor receptor: NOS=óxido nítrico sintase. SE=Standard error Tabela 16 - Hazard ratios para metástases – modelo multivariado pelo método de Cox Variável Categoria hazard ratio Intervalo de Confiança (95%) p c-erb-B2 positivo 0,2 0,06-0,68 0,010 Ki67 ≥5% 4,6 2,1-10 <0,001 Resultados 64 1,0 sobrevida (%) 0,8 0,6 0,4 0,2 n=57 0,0 0 30 60 90 120 150 180 210 240 tempo de seguimento (meses) Figura 14 - Curva de sobrevida livre de recidiva local em meses para os 57 pacientes portadores de sarcoma sinovial de extremidades com doença localizada ao diagnóstico 1,0 status local primário (n=34) recidivado (n=23) primáriocensoreados 0,8 sobrevida (%) recidivadocensoredos 0,6 0,4 0,2 p=0,036 0,0 0 30 60 90 120 150 180 210 240 tempo de seguimento (meses) Figura 15 - Curva de sobrevida livre de metástases em meses, comparando-se os pacientes portadores de sarcoma sinovial de extremidades com doença localizada ao diagnóstico em função do status local Resultados 1,0 65 Ki67 <5%(n=46) ≥5%(n=11) <5%-censoreados sobrevida (%) 0,8 0,6 0,4 0,2 p<0,001 0,0 0 30 60 90 120 150 180 210 240 tempo de seguimento (meses) Figura 16 - Curva de sobrevida livre de metástases em meses, comparandose os pacientes portadores de sarcoma sinovial de extremidades com doença localizada ao diagnóstico, em função da presença ou ausência de expressão nuclear de Ki67 ≥5% 1,0 C-erb-B2 negativo (n=45) positivo (n=12) negativocensoreados 0,8 sobrevida (%) positivocensoreados 0,6 0,4 0,2 p=0,007 0,0 0 30 60 90 120 150 180 210 240 tempo de seguimento (meses) Figura 17 - Curva de sobrevida livre de metástases em meses, comparandose os pacientes portadores de sarcoma sinovial de extremidades com doença localizada ao diagnóstico, em função da presença ou ausência de positividade para c-erb-B2 Resultados 4.7 66 Sobrevida doença específica O óbito por tumor ocorreu em 29 pacientes (51%). O tempo mediano para ocorrência do óbito foi 36,3 meses. A sobrevida mediana doençaespecífica foi de 72,6 meses. As sobrevidas doença-específica em 5 e 10 anos foram, respectivamente, 57,9% ±7,5 e 26,8% ±8,2. As Tabelas 17 e 18 mostram comparações das sobrevidas em 5 e 10 anos entre as variáveis clínicas e moleculares estudadas com os respectivos valores de significância. Os fatores que influenciaram o risco de óbito por tumor na análise univariada foram o tamanho do tumor (p=0,034) e a expressão nuclear de Ki67 (p=0,032), sendo considerados como fatores adversos quando > 8cm e ≥5%, respectivamente. Os demais fatores estudados não atingiram níveis de significância para valores de p<0,05. Quando submetidos à análise multivariada pelo método de Cox, o tamanho do tumor permaneceu significativo (p=0,043). O hazard ratio para óbito por tumor associado a tumores >8cm é 2.9 (95%CI 1.0-8.5)(Tabela 19). A Figura 18 mostra a curva de sobrevida doença específica. As curvas de sobrevida para os fatores prognósticos significativos são mostradas nas Figuras 19 e 20. Resultados 67 Tabela 17 - Sobrevida doença específica em 5 e 10 anos -variáveis clínicas Sobrevida doença-específica Variável n(%) 5 anos (%) ±SE 10 anos (%) ±SE p (Log Rank) masculino 32 (56) 47,3 ± 10,1 19,1 ± 9,2 0,153 feminino 25 (44) 70,5 ± 10,5 36,2 ± 14,2 < 25 anos 24 (42) 64,9 ± 11,9 38,9 ± 13,7 > 25 anos 33 (58) 52,7 ± 9,7 18,0 ± 9,8 Local no Membro proximal 30 (53) 59,9 ± 10,0 46,2 ± 11,6 distal 27 (47) 56,4 ± 11,0 13,7 ± 8,7 Status Local primário 34 (60) 66 ± 9,4 24,3± 10,2 recidivado 23 (40) 46,4 ± 11,7 34,8 ± 11,3 ≤8cm 16 (28) 81,4 ± 11,9 18,6 ± 16,2 >8cm 16 (28) 40 ± 14,9 15± 12,7 não 54 (95) 57,8 ± 7,7 29,4 ± 8,4 sim 3 (5) 66,6 ± 27,2 - preservação 40 (70) 65,1 ± 8,6 32,4 ± 10,1 amputação 17 (30) 38,7 ± 14,2 12,9 ± 11,5 livre 50(65) 57.2± 8 28.2± 8.9 comprometida 3 (28) - - sim 10 (18) 66,6 ± 15,7 33,3 ± 24,8 não 47 (82) 56,1 ± 8,4 25,4 ± 8,6 sim 26 (46) 59,8 ± 11,3 21,8 ± 12,6 não 31 (54) 56,5 ± 10,0 28,2 ± 10,6 sim 33 (58) 60,2 ± 9,5 26,9 ± 10,4 não 24 (42) 53,5 ± 12,3 25,5 ± 13,4 monofásico 28 (49) 41,5 ± 10,7 29,0 ± 10,6 bifásico 29 (51) 72,4 ± 9,7 20,8 ± 11,7 Sexo Idade Tamanho do Tumor Comprometimento Linfonodal Cirurgia Margem Transfusão Neoadjuvância Adjuvância Subtipo Histológico SE=Standard error 0,098 0,481 0,419 0,034 0,576 0,107 0.434 0,848 0,598 0,756 0,443 Resultados 68 Tabela 18 - Sobrevida doença específica em 5 e 10 anos - variáveis moleculares Sobrevida doença-específica Variável p53 10% Ki67 5% EGFR c-erbB2 CD34 15% NOS2 n(%) 5 anos(%) ±SE 10 anos(%) ±SE p (Log Rank) 0,105 positivo 42(74) 50,8 ± 8,9 14,6 ± 8,6 negativo 15(26) 78,5 ± 10,9 53,8 ± 16,4 positivo 11(19) 40,0 ± 17,3 - negativo 46(81) 61,7 ± 8,2 31,3 9,4 positivo 18(32) 56,8 ± 13,4 39,0 ± 14,0 negativo 39(68) 58,5 ± 9,0 23,3 ± 9,4 positivo 12(21) 85,7 ± 13,2 42,8 ± 22,4 negativo 45(79) 50,6 ± 8,4 23,2 8,2 positivo 7(12) 53,5 ± 20 - negativo 50(88) 58,8 ± 8,0 34,9 ± 9,2 positivo 34(60) 37,1 ± 10,6 22,2 ± 10,3 negativo 23(40) 80,8 ± 8,6 33,5 ± 12,6 0,032 0,746 0,104 0,292 0,150 EGFR=epidermal growth factor receptor: NOS=óxido nítrico sintase. SE=Standard error Tabela 19 - Hazard ratios para óbito por câncer – modelo multivariado pelo método de Cox Variável Categoria hazard ratio Intervalo de Confiança (95%) p Tamanho do tumor >8cm 2,9 1,0-8,5 0,043 Resultados 69 1,0 sobrevida (%) 0,8 0,6 0,4 0,2 n=57 0,0 0 30 60 90 120 150 180 210 240 tempo de seguimento Figura 18 - Curva de sobrevida doença específica em meses para os 57 pacientes portadores de sarcoma sinovial de extremidades com doença localizada ao diagnóstico 1,0 tamanho do tumor ≤8cm (n=16) >8cm (n=16) ≤8cm-censoreados sobrevida (%) 0,8 >8cm-censoreados 0,6 0,4 0,2 p=0,034 0,0 0 30 60 90 120 150 180 210 240 tempo de seguimento (meses) Figura 19 - Curva de sobrevida doença específica em meses, comparando-se os pacientes portadores de sarcoma sinovial de extremidades com doença localizada ao diagnóstico, em função do tamanho do tumor ≤ 8cm ou > 8cm Resultados 1,0 70 Ki67 <5% (n=11) ≥5% (n=46) <5%-censoreados sobrevida (%) 0,8 ≥5%-censoreados 0,6 0,4 0,2 p=0,032 0,0 0 30 60 90 120 150 180 210 240 tempo de seguimento (meses) Figura 20 - 4.8 Curva de sobrevida doença específica em meses, comparando-se os pacientes portadores de sarcoma sinovial de extremidades com doença localizada ao diagnóstico, em função da presença ou ausência de expressão nuclear de Ki67 ≥5% Associações entre variáveis 4.8.1 Associação de variáveis clínicas entre si As variáveis clínicas utilizadas na análise foram o local no membro, o tipo de cirurgia, o uso de transfusão sangüínea, o uso de neoadjuvância e o subtipo histológico. A localização proximal do tumor associou-se com preservação de membro (p=-0,001) e subtipo bifásico (p=0,047). Os tumores distais associaram-se com amputação (p=-0,001), e subtipo monofásico (p=0,047). O uso de neoadjuvância associou-se com 71 Resultados necessidade de transfusão (p= 0,032) e subtipo bifásico (p= 0,035). Os resultados estão resumidos na Tabela 20. Tabela 20 - Associação de variáveis clínicas selecionadas entre si local prx Local dst amp prx 27(47) 3(5) dst 13(23) 14(25) 25(44) prv Cirurgia amp p 0,001 27(47) 13(23) 3(5) 14(25) 0,001 22(39) 25(44) 35(61) 12(21) não 8(14) 2(4) 0,083 sim neoadjv não sim 5(9) não 22(39) 8(14) 14(25) 16(28) 2(4) 17(30) 10(18) 0,083 subtipo mnf bif 11(19) 19(33) 17(30) 10(18) 0,217 0,047 35(61) 5(9) 22(39) 18(32) 14(25) 26(46) 12(21) 5(9) 9(16) 14(25) 3(5) 0,145 sim p Neoadj transf prv p Transf cirurgia 8(14) 0,886 29(51) 18(32) 5(9) 2(4) 0,145 8(14) 0,001 25(44) 22(39) 3(5) 7(12) 0,032 0,297 sim 14(25) 17(30) 22(39) 9(16) 29(51) 2(4) 19(33) 12(21) não 16(28) 10(18) 18(32) 8(14) 18(32) 8(14) 9(16) 17(30) p mnf Subtipo bif p 0,217 0,886 0,032 11(19) 17(30) 14(25) 14(25) 25(44) 19(33) 10(18) 26(46) 0,047 3(5) 0,001 3(5) 0,045 19(33) 9(16) 22(39) 7(12) 12(21) 17(30) 0,297 transf=transfusão; neoadj=neoadjuvância; prx=proximal; amp=amputação; mnf=monofásico; bif=bifásico 0,045 dst=distal; prv=preservação, 4.8.2 Associação entre variáveis clínicas e moleculares As variáveis clínicas utilizadas na análise foram: local no membro, status local, tamanho do tumor, comprometimento linfonodal, tipo de cirurgia e subtipo histológico. Todas as variáveis moleculares foram utilizadas, sendo categorizadas como expressão positiva ou negativa de acordo com os critérios já citados. Tumores distais associaram-se à área vascular do tumor ≥ 15% (p=0,045); tamanho do tumor >8cm à expressão positiva de C-erb-B2, 72 Resultados cirurgia preservadora de membros associou-se à expressão positiva de EGFR (p=0,036) e NOS 2 (p=0,023); tumores bifásicos associaram-se à expressão positiva de p53 (p=0,029) e c-erb-B2 (p=0,002); e tumores monofásicos a expressão positiva de NOS 2 (p=0,002). Os resultados estão sumarizados na Tabela 21. Tabela 21 - Associação entre variáveis clínicas selecionadas e variáveis moleculares P53 Local CD34 NOS2 + - + - + - + - + - + n(%) n(%) n(%) n(%) n(%) n(%) n(%) n(%) n(%) n(%) n(%) N(%) 8(14) 29(51) 1(2) 4(7) 21(37) 6(11) 10(18) 17(30) 7(12) 23(40) 25(44) dst 8(14) 19(33) 21(37) 6(11) 21(37) 0.590 5(9) 0.596 18(32) 12(21) 22(39) 6(11) 0.149 23(40) 0.273 0.045 13(23) 17(30) 0.629 prm 9(16) 25(44) 28(49) 6(10) 24(42) 10(18) 25(44) 9(16) 29(51) 5(9) 15(26) 19(33) rcr 6(10) 17(30) 18(32) 3(5) 21(37) 2(3) 8(14) 1 5(9) 0.742 15(26) 8(14) 0.774 20(35) 0.223 0.498 15(26) 0.586 ≤8 4(12) 12(38) 14(44) 2(6) 9(28) 7(22) 9(28) 7(22) 12(38) 4(12) 5(16) 11(34) >8 3(9) 13(41) 14(44) 2(6) 12(38) 4(12) 14(44) 2(6) 14(44) 7(22) 9(28) p Prs Tipo de cirurgia CerbB2 - p Tamanho do tumor EGFR prx p Status local Ki67 amp p mnf Subtipo histológico bif p 0.669 1 0.458 0.049 0.365 10(18) 30(53) 33(58) 7(12) 24(42) 16(28) 29(51) 11(19) 37(65) 5(9) 12(21) 13(23) 0.751 4(7) 0.717 15(26) 0.036 11(19) 17(30) 20(35) 8(14) 19(33) 4(7) 25(44) 26(46) 0.029 3(5) 0.081 2(4) 20(35) 16(28) 1(2) 0.085 13(23) 3(5) 4(7) 0.180 0.716 20(35) 20(35) 3(5) 14(25) 0.023 9(16) 27(47) 25(44) 3(5) 6(11) 9(16) 18(32) 11(19) 25(44) 4(7) 17(30) 12(21) 0.928 1(2) 2(6) 0.002 1 22(39) 0.007 prx=proximal; dst=distal; prm=primário; rcr=recorrente prv=preservação, amp=amputação; mnf=monofásico; bif=bifásico; EGFR=epidermal growth factor receptor; NOS=óxido nítrico sintase 73 Resultados 4.8.3 Associação das variáveis moleculares entre si Todas as variáveis moleculares foram utilizadas na análise sendo categorizadas como expressão positiva ou negativa de acordo com os critérios já citados. Não houve associação das variáveis moleculares entre si com valores de p<0,05. Os resultados são sumarizados na Tabela 22. Tabela 22 - Associação entre variáveis moleculares P53 - Ki67 + n(%) n(%) p53 - + n(%) - 12 (21) + 34(60) - EGFR + 1 - 12(21) 27(47) + - 14(25) 31(54) 1(2) 11(19) p 0,152 - 12(21) 38(67) + p NOS2 15(26) 0,342 CerbB2 + CD34 3(5) 3(5) 3(5) 4(7) + - + 1(2) 8(14) 8(14) 27(47) 15(26) 31(54) 11(19) 38(67) 4(7) 15(26) 27(47) 0,152 0,365 5(9) 6(11) 10(18) 1(2) 6(11) 10(18) 0,426 1(2) 1 5(9) 32(56) 7(12) 33(58) 6 (11) 12(21) 6(10) 13(23) 5(9) 17(30) 1(2) 0,084 35(61) 0,489 10(18) 32(56) 13(23) 11(19) 1(2) 0,426 40(70) 7(12) 5(9) 0,413 6(11) 1 1(2) 0,413 8(14) 10(18) 0,669 6(11) 6(11) 0,517 21(37) 29(51) 1(2) 2(4) 1 5(9) 0,689 18(32) 5(9) 15(26) 17(30) 6(11) 21(37) 2(4) + 7(12) 27(47) 28(49) 6(11) 24(42) 10(18) 28(49) 6(11) 29(51) 5(9) 0,669 15(26) 15(42) 17(30) 28(49) 15(26) 0,742 6(11) 1(2) 8(14) 0,358 8(14) 5(9) 6(11) 1 6(11) 18(32) 28(49) 11(19) 0,489 1(2) 0,232 39(68) 10(18) 33(58) 17(30) 39(68) 11(19) 6(11) 7(12) 0,742 34(60) - p + 3(5) 0,342 14(25) 34(60) 12(21) 35(61) 11(19) 40(70) 0,365 - 12(21) 0,084 p - NOS2 12(21) 8 (14) p + CD34 3 (5) 12(21) 34(60) 3 (5) - CerbB2 n(%) n(%) n(%) n(%) n(%) n(%) n(%) n(%) n(%) 1 p ki67 EGFR 0,517 0,689 EGFR=epidermal growth factor receptor: NOS=óxido nítrico sintase DISCUSSÃO Discussão 4 75 DISCUSSÃO O objetivo do presente trabalho foi estudar fatores clínicos e histopatológicos relacionados à sobrevida livre de recidiva local, sobrevida livre de metástases e sobrevida doença específica em sarcomas sinoviais de extremidades, assim como a relação destes com a expressão imunohistoquímica da proteína p53, índice de proliferação celular, expressão dos receptores de membrana EGFR e c-erb-B2, índice de neovascularização e sintases de óxido nítrico. Além disso, nos propusemos a estudar a associação dos fatores clínicos e moleculares entre si, buscando uma maior compreensão do comportamento e do mecanismo de progressão tumoral neste tipo de neoplasia. A idade mediana da população em estudo foi 26 anos. Isto confirma a impressão de estudos prévios de que este é um tumor de adultos jovens (Pack e Ariel, 1950; Spillane et al., 2000; Weiss e Goldblum, 2001; Trassard et al., 2001). Houve uma leve predileção pelo sexo masculino nesta casuística, coincidente com descrições clássicas (Weiss e Goldblum, 2001). Tentativas de associação da idade ou sexo do paciente com prognóstico são conflitantes. Parece haver uma tendência ao melhor prognóstico em paciente jovens (< 20-25 anos) (Mullen e Zagars, 1994; Bergh et al., 1999; Paulino, 2004; de Silva et al., 2004) e do sexo feminino (Wright et al., 1982; Trassard et al., 2001), mas este dado não se confirmou em análise multivariada de um estudo com casuística mais consistente (Lewis et al., Discussão 76 2000). Nosso estudo é concordante com este último dado, não mostrando relação de sexo ou idade com prognóstico. O sarcoma sinovial tem sido descrito como mais freqüente, próximo a grandes articulações, principalmente joelho (Weiss e Goldblum, 2001). A localização mais freqüente em nosso estudo foi a proximal do membro inferior (43,2%), sendo que de 25 tumores, 23 eram em coxa e 2 em proximidade ao joelho. Isso é coincidente com referência a sarcomas em geral, mas seria de se esperar que as lesões próximas ao joelho fossem mais comuns, em se tratando de sarcomas sinoviais. Levando-se em conta que o conceito de que o sarcoma sinovial se origina de tecido sinovial articular é errôneo, este resultado não surpreende (Haagenson e Stout, 1944). Outro autor já chamou a atenção a este fato, mostrando a inconsistência desta afirmação (Spillane et al., 2000). Alguns estudos fazem menção de que tumores proximais teriam pior prognóstico que tumores distais pela sua tendência a serem maiores e pela maior dificuldade de obtenção de margens livres (Moberger et al., 1968; Oda et al., 1993). Esta afirmativa não tem consenso na literatura (Mandard et al., 1989; de Silva et al., 2004). Em nossa casuística, tumores proximais tiveram associação significativa com margem inadequada, enfatizando este aspecto. Em relação a prognóstico, não houve diferença entre tumores proximais e distais. A sintomatologia de presença isolada de tumor e de tumor associado à dor foram as mais comuns e são coincidentes com referências prévias (Pack e Ariel, 1950; Meis-Kindblom e Enzinger, 1996; Bergh et al., 1999; Weiss e Goldblum, 2001; Paulino, 2004). Aparentemente, a dor associada Discussão 77 ao tumor é mais freqüente em sarcomas sinoviais do que em outros tipos de sarcoma (Meis-Kindblom e Enzinger, 1996). O tempo mediano entre o aparecimento de sintomas e a apresentação foi de 8 meses, o que reflete o crescimento lento do tumor apesar de o mesmo ser de alto grau. O período mais longo nesta série foi de 144 meses. Este período é variável na literatura e também existem relatos de pacientes que apresentaram após períodos tão longos quanto vários anos após o início de sintomas (Weiss e Goldblum, 2001). A relação com trauma foi referida por 8 pacientes (13,7%). Outros estudos já tentaram mostrar esta correlação sem sucesso (Scully et al., 1999; Deshmukh et al., 2004). Aparentemente, o trauma só chama a atenção para um tumor já existente no local. A maior parte dos tumores nesta série já haviam sofrido manipulação prévia e ou já eram recidivados. Isto parece ser um fator de mau prognóstico (Bergh et al., 1999; Deshmukh et al., 2004), embora alguns autores discordem desta opinião (Evans, 1993; Ueda et al., 1997). O fato é que incisões de biópsia mal posicionadas, tentativas de exérese sem diagnóstico prévio com margens inadequadas, violação de planos anatômicos entre outras falhas de técnica, se não pioram o prognóstico, com certeza dificultam o trabalho do cirurgião que recebe o caso em um centro de referência. Neste estudo, a apresentação como tumor recidivado teve impacto tanto na sobrevida livre de recidiva local como na sobrevida livre de metástases. Isso pode ser explicado pela possibilidade de desdiferenciação tumoral após recidivas, processo já descrito em literatura (Popov et al., 2001). A ocorrência de óbito por tumor não foi influenciada por este fator, Discussão 78 possivelmente por alguns pacientes com metástases a distância ainda encontrarem-se vivos e em seguimento nesta série. O tamanho do tumor parece ser o fator prognóstico mais consistente na maior parte das séries (Mullen e Zagars, 1994; Singer et al., 1996; Bergh et al., 1999; Lewis et al., 2000; Deshmukh et al., 2004; Paulino, 2004; de Silva et al., 2004). Tumores maiores que 5cm possuem pior prognóstico, e permanecem como variável independentemente de prognóstico após análise multivariada. Nesta casuística, a maior parte dos tumores avaliáveis eram maiores que 5cm (T2), e quase metade dos tumores T2 eram maiores que 10cm. Isso é condizente com o período longo entre o início de sintomas e a apresentação. Apesar dos grandes tamanhos tumorais neste estudo, a sobrevida doença específica é comparável à de séries com menores tumores (Bergh et al., 1999; Spillane et al., 2000). O tamanho do tumor influenciou a sobrevida doença específica em nossa análise, permanecendo como único fator significativo após análise multivariada. Isso corrobora os dados de literatura. Outro estudo mostrou prognóstico adverso em tumores pequenos, indicando que não só o tamanho é importante na determinação da agressividade tumoral (Spillane et al., 2000). O comprometimento linfonodal ao diagnóstico estava presente em apenas 3 pacientes. No sistema de estadiamento TNM, a presença de linfonodos comprometidos já é considerada como estadio IV. Nos sarcomas sinoviais, metástases linfonodais são consideradas mais freqüentes que em outros tipos de sarcoma, entre 3 a 7% (Brodsky et al., 1992; Spillane et al., 2000; Trassard et al., 2001; Behranwala et al., 2004; Riad et al., 2004). Discussão 79 Destes 3 pacientes, 2 vieram a falecer após 2 e 9 anos de seguimento. Apesar destes números não permitirem maior análise, parecem corroborar a impressão da literatura que linfonodos comprometidos são marcadores de doença a distância. A simples ressecção de sarcomas de partes moles resultou no passado em índices inaceitáveis de recidiva, tão altos quanto 65% (Abbas et al., 1981). Tentativas de melhora destes resultados passaram por amputações e compartimentectomias, mas ainda com falha local em 20 a 30% dos pacientes (Simon e Enneking, 1976). Nas últimas 2 décadas, avanços no uso de terapia multimodal resultou em índices de controle local de 95% e amputações em menos de 10% dos casos (Karakousis et al., 1995). Além disso, a sobrevida entre pacientes amputados versus preservação de membros não difere (Rooser et al., 1989; Lewis et al., 2000; de Silva et al., 2004). Neste estudo, 17 (29,3%) pacientes foram submetidos à amputação, 7 deles após tentativa de redução do tumor com neoadjuvância. Isso reflete a alta incidência de tumores T2 volumosos em nossa casuística, além da inclusão de casos pré-era de tratamento multimodal. Em contrapartida, a preservação foi possível em 12 pacientes que no passado teriam sido amputados. O tipo de cirugia não influenciou prognóstico em nossa série, corroborando achados de estudos prévios. Apesar disso, nível próximo de significância foi atingido para sobrevida livre de recidiva local. A maior parte dos pacientes não necessitou transfusão sangüínea, embora tenha havido uma associação significativa entre uso de Discussão 80 neoadjuvância e uso de hemoderivados. Isso possivelmente se deve a alterações locais de vascularização e fibrose, dificultando dissecção adequada, levando a um maior sangramento. Alguns estudos sugerem que a transfusão de hemoderivados é um fator de mau prognóstico, não estando claro se por motivos imunológicos ou como reflexo de grandes volumes tumorais, necessitanto cirurgias mais alargadas com conseqüente perda sangüínea maior (Rosenberg et al., 1985; Heslin et al., 1994). Em nossa casuística, não se observou diferença em sobrevida em pacientes transfundidos. Outros fatores de mau prognóstico consistentes na literatura são a presença de margem microscópica comprometida e invasão de feixe neurovascular ou estrutura óssea (Singer et al., 1996; Trassard et al., 2001). Estes fatores, como o tamanho tumoral, permanecem significativos, mesmo após análise multivariada nestas séries. A proximidade a estruturas neurovasculares ou ósseas não é incomum: 16 de nossos pacientes estavam nesta situação, 3 dos quais não foi possível a obtenção de margem livre. Dos 13 com margem exígua, 4 recidivaram e, dos 3, com margem comprometida, 2 tiveram recidivas locais. Isto corrobora a importância da margem no controle local da doença mesmo com o uso de tratamento multimodal. A presença de margem comprometida não afetou prognóstico em nossa série, possivelmente pelo pequeno número de casos. Ainda assim, valor de p próximo à significância foi atingido para sobrevida livre de recidiva local. Discussão 81 O subtipo histológico tem sido amplamente avaliado como fator prognóstico na literatura. Embora existam descrições de que o tipo monofásico seria mais agressivo (Zito, 1984; Cagle et al., 1987; Paulino, 2004), a maioria dos autores discorda deste fato e não vê diferença entre eles (Mullen e Zagars, 1994; Moberger et al., 1968; Bergh et al., 1999; Lewis et al., 2000). Em nossa casuística, cada subtipo representou metade da série. O número de recidivas locais e a distância encontrava-se igualmente distribuído entre os subtipos. Não houve relação do subtipo histológico com prognóstico em nosso estudo. Houve uma associação significativa entre o subtipo e o local no membro, tumores bifásicos possuindo localização predominantemente proximal e monofásicos distal. O subtipo monofásico também associou-se a maiores índices de amputação. As complicações de ferida operatória aconteceram em 22,4% dos pacientes. Destes, 61,5% receberam alguma forma de neoadjuvância. Complicações de ferida são mais freqüentes em pacientes recebendo radioterapia pré-operatória. O’Sullivan et al. (2002) descrevem uma freqüência de 35% de complicações locais quando utilizada radioterapia préoperatória comparado com 17% quando a radioterapia é pós-operatória. Eilber et al., (1988) descrevem um índice de complicação local de 26% com o uso de quimioterapia e radioterapia associadas no período pré-operatório. Nosso índice de complicações é compatível com tais estudos. A terapia adjuvante foi utilizada em 56,9% dos pacientes. Embora a radioterapia pós-operatória tenha um papel bem definido no controle local da doença (Habrand e Pechoux, 2004) e a quimioterapia neoadjuvante venha Discussão 82 ganhando mais adeptos (Eilber et al., 1988; Henshaw et al., 2001; Ottaiano et al., 2002) o uso da quimioterapia adjuvante é mais controverso. Vários estudos não conseguiram mostrar benefício em seu uso nos sarcomas sinoviais, mas aparentemente quando utilizada em um subgrupo de pacientes com tumores maiores do que 5cm e em pacientes com mais de 20 anos pode haver ganho de sobrevida (Tierney, 1997). Pelo menos 1 estudo mostra potencial para neoadjuvância/adjuvância em sarcomas sinoviais, embora apenas em 14 pacientes (Kampe et al., 1993). Nosso critério de seleção para o uso de quimioterapia foi variável, dependendo do protocolo institucional da época, o que torna difícil a análise de tais fatores. O uso de neoadjuvância ou adjuvância não mostrou relação com prognóstico em nosso estudo. Apesar do controle local dos sarcomas de partes moles ter melhorado após o advento da terapia multimodal (Rosenberg et al., 1982; Lewis e Brennan, 1996), infelizmente a cirurgia inicial inadequada é ainda freqüente antes do encaminhamento a centros de referência. Isso resulta em altos índices de recidiva local, em torno de 50-60%. Mesmo após uma operação radical, a recorrência local ocorre em 5 a 10% dos pacientes (Abbas et al., 1981). O impacto disto na sobrevida permanece incerto. Alguns autores indicam a recidiva como um grave fator prognóstico; outros não concordam (Evans, 1993; Ueda et al., 1997; de Silva et al., 2004). Evans (1993) destaca a diferença entre persistência de doença e recidiva local verdadeira. Dessa forma, a persistência de doença seria um evento inocente quando tratada com nova ressecção adequada. A recidiva local aconteceu em 27,6% dos Discussão 83 pacientes de nossa série e a sobrevida livre de recidiva local em 5 anos foi de 62,28%. O resgate cirúrgico foi possível em 87,5%, 56,2% dos quais com amputação. Stojadinovic et al. (2001) descrevem em uma série de 1178 pacientes, com vários tipos histológicos de sarcomas, um índice de recidiva local de 17%, 9% necessitando amputação para resgate, índices bem mais baixos que os nossos. No entanto, esta série não incluiu tumores de dígitos, pés e mãos e pacientes que já se apresentavam como recidiva. Isto explica a diferença. Concluindo, acreditamos que a recidiva representa um marcador de agressividade, mas que raramente é o responsável pelo óbito do paciente. Metástases a distância aconteceram em 58,6% e a sobrevida livre de metástases em 5 anos foi de 46,56%. Em mais da metade as metástases foram exclusivamente pulmonares, 57,8% sendo submetidos a metastasectomia cirúrgica. Outros estudos mostram índices de metástases a distância entre 40 e 50%, principalmente para pulmões, tendo como fatores preditivos o tamanho do tumor e invasão de estrutura óssea ou neurovascular (Lewis et al., 2000; Trassard et al., 2001; Deshmukh et al., 2004; Paulino, 2004; de Silva et al., 2004). A maioria de nossos pacientes possuíam grandes tumores e os com invasão óssea ou neurovascular fizeram parte do grupo amputados. Dos pacientes com tumores maiores que 8cm, 25% apresentaram metástases, assim como 65% dos amputados. Embora existam evidências de que os sarcomas sinoviais tenham melhor resposta à quimioterapia que outros tipos histológicos (Rosen et al., 1994), sobrevida a longo termo em pacientes com estadio IV só é possível em Discussão 84 casos selecionados de ressecção completa de metástases pulmonares exclusivas (Billingsley et al., 1999). Apenas 1 de nossos 11 pacientes com ressecção pulmonar de metástases permanece livre sem doença. Desde o artigo clássico publicado em 1944 por Haagenson e Stout, descrevendo uma série de 104 casos de sarcoma sinovial com sobrevida de apenas 3 pacientes em 5 anos, vários outros estudos foram publicados com melhoras progressivas neste índice. Hadju et al. (1977) obtiveram 40% de sobrevida em 5 anos, Brodsky et al., (1992) obtiveram 56% e, Singer et al., atingiram 60% em 1996, exemplificando esta evolução. O aprimoramento na técnica cirúrgica associado ao uso de tratamento multimodal provavelmente teve participação na melhora dos resultados. Outro possível motivo é a inclusão em algumas séries de tumores como sarcomas epitelióides ou de células claras, que possuem pior prognóstico e, na realidade, não são sarcomas sinoviais (Pack e Ariel, 1950; Hadju et al., 1977; Brodsky et al., 1992). O estabelecimento de critérios diagnósticos mais específicos permitiu que isso fosse corrigido em publicações mais recentes (Preasant et al., 1986). A presente série reflete uma experiência de mais de 30 anos no tratamento desta doença em nossa instituição, com todos os casos incluídos, preenchendo critérios atuais de diagnóstico de sarcoma sinovial. A sobrevida doença-específica em 5 anos atingida foi a de 56,78%. Este índice é comparável aos obtidos atualmente em centros de referência para tratamento de sarcoma, que infelizmente não tem melhorado (Bergh et al., 1999; Spillane et al., 2000; Trassard et al., 2001). Apesar de existirem séries com melhores resultados, isto ocorreu pela inclusão apenas de pacientes Discussão 85 intactos e com tumores menores (Lewis et al., 2000). Nosso estudo ilustra uma série de pacientes com sarcoma sinovial tratados em um longo período e enfatiza a agressividade de tais tumores, sua forma de apresentação, tratamento, padrões de recorrência e sobrevida. É importante ressaltar a necessidade de tratamento em centros especializados e dedicados ao tratamento desta rara doença, para que, assim, melhores resultados possam ser obtidos em termos de preservação de membros, recidiva local e sobrevida. A inclusão de pacientes de alto risco em protocolos de quimioterapia adjuvante deve ser encorajada. Nosso estudo buscou, por meio de fatores moleculares relacionados ao tumor melhor selecionar estes pacientes. O gene p53 localizado no cromossomo humano 17p13 codifica uma fosfoproteína nuclear envolvida na regulação transcricional, controle translacional, reparo de DNA, controle do ciclo celular, diferenciação celular e apoptose (Levine, 1999). A maior parte das mutações de p53 são mutações missense que produzem uma proteína alterada (Finlay et al., 1988). A proteína p53 mutada não somente perde o efeito supressor de tumor da proteína wild type, mas também parece agir como um oncogene (Levine, 1999). Devido ao seu efeito na apoptose e reparo de DNA, o p53 também pode estar envolvido em mecanismos de resistência a drogas antineoplásicas (Levine, 1999). O gene p53 é o gene mais freqüentemente mutado em tumores sólidos (Nigro et al., 1989) e tem sido estudado extensivamente em sarcomas (Drobnjak et al., 1994; Hieken e Das Gupta, 1996; Taubert et al., 1996; Nakanishi et al., 1997). Mutação ou inativação Discussão 86 funcional do gene p53 foi relatada em vários tipos de sarcomas de partes moles e parece correlacionar-se com pior prognóstico em alguns subtipos histológicos (Hieken e Das Gupta, 1996; Taubert et al., 1996). Corroborando este fato, a restauração da proteína wild type mediante terapia gênica pode retardar o crescimento tumoral em sarcomas (Milas et al., 2000). Quando alterada, a proteína tem sua meia vida aumentada e acumula-se no núcleo, podendo ser detectada imuno-histoquimicamente (Finlay et al., 1988). Estudos especificamente em sarcoma sinovial também foram feitos (Oda et al., 2000; Antonescu et al., 2000; Barbashina et al., 2002). O percentual de expressão alterada da proteína variou de 16-24%. Um dos estudos mostrou expressão em 67%, destoando dos outros dois. A relação com prognóstico foi controversa, sendo positiva em dois e, negativa, em outro estudo. Associação entre proteína p53 wild type e supressão de angiogenese também foi descrita (Zhang et al., 2000), assim como a associação de expressão nuclear imuno-histoquímica da proteína p53 e tamanho do tumor (Antonescu et al., 2000). Em nosso estudo, a expressão nuclear da proteína foi alta, em 73% dos casos. Não houve relação com prognóstico e não encontramos associação entre a expressão nuclear de p53, tamanho do tumor ou neovascularização. Em contrapartida, encontramos uma associação significativa entre a expressão nuclear da proteína p53 e o subtipo histológico bifásico, sugerindo diferentes vias de progressão tumoral entre os dois subtipos. O Ki67 é um antígeno nuclear presente durante a maior parte do ciclo celular e é usado como um marcador de proliferação, mostrando ter Discussão 87 valor prognóstico em vários tipos tumorais (Gerdes, 1990). Apesar de uma melhor compreensão de sua estrutura, localização e valor diagnóstico e prognóstico, pouco avanço foi feito com relação ao esclarecimento de sua função na última década (Brown e Gatter, 2002). Muitos estudos investigaram o seu papel em sarcomas (Choong et al., 1994; Drobnjak et al., 1994; Choong et al., 1995; Heslin et al., 1998; Lopes et al., 1998; Huuhtanen et al., 1999). A sua alta expressão correlacionou-se com outros marcadores diretos ou indiretos de alta proliferação, como a fração de células na fase S, tamanho, grau e necrose tumorais (Choong et al., 1994; Drobnjak et al., 1994; Huuhtanen et al., 1999). Quando levados estes fatores em consideração, o seu papel prognóstico perde potência estatística. Ainda assim, em um estudo somente com sarcomas de alto grau, Heslin et al., (1998) demonstraram um risco aumentado para metástase e óbito por tumor que persistiu após análise multivariada. Tanto a expressão aumentada como o papel prognóstico foi dependente do subtipo histológico em alguns destes estudos (Drobnjak et al., 1994; Choong et al., 1995). A expressão em sarcoma sinovial é variável nos trabalhos publicados na literatura, um estudo mostrando ser este o tipo que mais expressa e, outro, mostrando o oposto (Drobnjak et al., 1994; Heslin et al., 1998). O seu valor prognóstico em sarcoma sinovial também foi descrito previamente e nosso estudo confirma este fato (Skytting et al., 1999). Este estudo é concordante com o de Heslin et al., (1998), mostrando ser possível estratificar populações de baixo e alto risco em um grupo de sarcomas de alto grau. Discussão 88 O receptor de fator de crescimento epidermal tem sido um alvo bastante investigado para terapia anticâncer devido à sua expressão em altos níveis, em uma variedade de tumores sólidos e por ele estar relacionado ao controle de processos-chave na progressão tumoral, como a proliferação, a diferenciação e a migração celular e angiogênese (Ciardiello e Tortora, 2003; Menard et al., 2004; Roskoski, 2004). Apesar do fato que a expressão destes receptores pode estar associada a pior prognóstico em alguns tumores como os de mama e cabeça e pescoço, isto nem sempre é o caso (Ciardiello e Tortora, 2003). Da mesma forma, o inibidor de tirosinaquinase comercialmente disponível que bloqueia a ação deste receptor, o gefitinib, não funciona para todos os tumores que expressam o receptor. Isto também é verdade para o anticorpo monoclonal que bloqueia seu domínio externo, o IMC-C225 ou Erbitux. Estas drogas, no momento, encontram-se aprovadas para uso clínico em câncer de pulmão não-pequenas células e câncer colorretal, exemplificando este fato (Roskoski, 2004). Sua expressão em sarcomas já foi descrita e aparentemente é mais expresso em sarcomas com diferenciação epitelial, como o sarcoma epitelióide e o sarcoma sinovial (Barbashina et al., 2003; Potti et al., 2004). Em dois estudos de sarcomas sinovias com 19 e 38 pacientes, a expressão foi de 68 e 55,3% respectivamente. Apenas o primeiro estudo investigou a relação com prognóstico, que foi negativa. Nossa série mostrou positividade para este receptor em 32% dos casos e nenhuma relação com prognóstico. Interessantemente, a presença do receptor associou-se significativamente com cirurgia preservadora de membros. Discussão 89 O receptor de membrana c-erbB2 codificado pelo gene HER2/neu, localizado no cromossomo 17 é da mesma família de receptores que o EGFR, exercendo função semelhante ao mesmo (Menard et al., 2004). Embora alterações em seu funcionamento estejam implicadas no processo de progressão tumoral de vários tipos de neoplasias sólidas, o receptor ganhou notoriedade por ter se tornado um alvo terapêutico eficaz em pacientes portadoras de câncer de mama (Baselga et al., 1996). Apesar de representar um fator de mau prognóstico neste tipo de neoplasia, o uso de um anticorpo monoclonal comercialmente disponível capaz de bloquear o receptor, o trastuzumab, tem efeito antineoplásico (Baselga et al., 1996; Slamon et al., 1987). Infelizmente, nem sempre isso é verdade para outros tipos tumorais. A expressão deste receptor em sarcomas é descrita e a relação com prognóstico não é muito clara: um dos estudos mostra nenhuma relação, enquanto o outro, refere-se a um pior prognóstico (Foster et al., 2003; Sato et al., 2003). Levando-se em conta apenas os sarcomas sinoviais, isto é ainda mais controverso. Barbashina et al. (2002) mostraram expressão em 52% de seus e nenhuma relação com prognóstico. Nuciforo et al. (2003) mostraram expressão alterada em 23% dos casos, relacionada a menor índice de recidiva. Nenhum de seus pacientes que expressaram c-erbB2, desenvolveram metástases. No entanto, ambas as séries possuem um número muito pequeno de pacientes. Em uma série um pouco maior, Thomas et al. (2005) mostraram 52,6% de expressão do receptor exclusivamente em pacientes portadores da translocação SYT/SSX1, com nenhum caso mostrando amplificação. A associação entre a expressão de Discussão 90 EGFR e de c-erbB2 aconteceu em 34,2% dos casos. Em nossa casuística, a expressão de c-erbB2 aconteceu em 21% dos pacientes e a associação com EGFR aconteceu em 9% dos casos (p=0,489). Nenhum de nossos pacientes mostrou amplificação. Confirmando impressão prévia de Nuciforo et al., (2003) nossos pacientes expressando c-erbB2 tiveram uma melhor sobrevida, livre de metástase tanto na análise univariada como na multivariada. Ao contrário de pacientes com câncer de mama, a presença do receptor é um fator de bom prognóstico e isso provavelmente invalida o seu uso como alvo terapêutico. Houve uma associação significativa entre expressão de c-erbB2 e tumores bifásicos, mostrando que a biologia dos 2 subtipos é diferente. A angiogênese é um fator essencial para que ocorra progressão neoplásica, facilitando os processos de crescimento tumoral, invasão e metástases (Folkman, 1990; Weidner et al., 1991; Hanahan et al., 1996; Skobe et al., 1997; Jain, 2000; Fox et al., 2001). O aumento da neovascularização tumoral mostrou correlacionar-se com mau prognóstico em tumores sólidos (Weidner e Folkman, 1996). A angiogênese tumoral, ou formação de novos vasos sangüíneos, é regulada por um balanço entre fatores proangiogênicos, como o fator de crescimento vascular endotelial (VEGF) e fatores antiangiogênicos, como a endostatina (Fox et al., 2001). Um estudo em sarcomas de partes moles mostrou uma correlação entre níveis séricos de VEGF e tamanho tumoral, assim como de níveis altos de endostatina com menor prevalência de metástases (Yoon et al., 2004). Em contrapartida, a contagem de microvasos em outro estudo não mostrou Discussão 91 correlação com prognóstico (Saenz et al., 1998). No caso do sarcoma sinovial, um estudo em 54 pacientes também não foi capaz de correlacionar densidade de microvasos e prognóstico, ou relação entre expressão imunohistoquímica de VEGF e densidade de microavasos (Kawauchi et al., 1999). Em nosso estudo, a área vascular tumoral ≥15% não teve relação com os desfechos de sobrevida avaliados. Também não houve associação com a expressão de outros marcadores estudados. Aparentemente, se o processo de neoangiogênese faz parte do processo de progressão tumoral no sarcoma sinovial, este não pode ser avaliado pela contagem de microvasos. Interessantemente, nosso estudo mostrou que tumores com localização distal tendem a ser mais vascularizados. Durante a última década, o papel do óxido nítrico (NO) em vários processos fisiológicos e patológicos se tornou aparente, embora muitos deles não tenham sido completamente compreendidos (Wink et al., 1998). Este radical livre parece ser crítico em muitas funções, como vasodilatação, neurotransmissão e imunidade mediada por macrófagos (Xu et al., 2002). A família dos óxido nítrico sintases (NOS) compreende a NOS induzível (i-NOS ou NOS 2), a NOS endotelial (e-NOS ou 3) e a NOS neuronal (n-NOS ou 1) (Wolf, 1997). Seu papel na biologia tumoral recentemente tem sido extensivamente estudado, mas ainda não completamente elucidado (Brennan et al., 1999; Lala e Chakraborti, 2001). Vários estudos mostram que as 3 isoformas podem participar da promoção ou inibição de processos neoplásicos (Xu et al., 2002). O óxido nítrico parece ter efeitos promotores ou inibidores da progressão tumoral de acordo com a sua concentração Discussão 92 dentro do tumor (Brennan e Moncada, 2002). Altos níveis de expressão de NOS (como os produzidos por macrófagos ativados) parecem ser citostáticos ou citotóxicos para células neoplásicas por meio de dano direto ou apoptose, enquanto níveis baixos têm o efeito oposto e promovem crescimento tumoral (Xu et al., 2002). O papel do óxido nítrico na tumorigênese é multifatorial. Ele pode participar desde fases precoces, provocando dano em DNA como mais tardiamente pela promoção de angiogênese pela seleção de células p53 mutantes e aumento da produção de VEGF (Tamir et al., 1996; Garcia-Cardena e Folkman, 1998). A atividade das NOS foi detectada em células tumorais de várias origens histológicas e tem sido associada a grau tumoral e a índice de proliferativo (Thomsen et al., 1994; Thomsen et al., 1995; Cobbs et al., 1995; Duenas-Gonzales et al., 1997; Fujimoto et al., 1997; Klotz et al., 1998; Gallo et al., 1998). Poucos estudos foram realizados em sarcomas, mostrando que evidências da expressão das NOS neste tipo tumoral são controversas. Um deles mostrou que a i-NOS pode ser ativada em células de sarcoma osteogênico em cultura pelo estímulo com citocinas (Tachibana et al., 2000). Outro estudo mostrou que em sarcomas de Kaposi a presença das NOS relaciona-se com vasos sangüíneos e macrófagos teciduais, mas não com as células estromais tumorais (Weninger et al., 1998). Com relação à função do óxido nítrico nos sarcomas, um estudo mostrou que a citotoxidade mediada por macrófagos em células de sarcoma em cultura ocorre por apoptose (Sveinbjornsson et al., 1996). Em outro estudo, usando um modelo experimental de metástases hepáticas de sarcoma, a ativação da i-NOS nas Discussão 93 células tumorais pelo uso de lipossomos contendo lipopeptideo CGP 31362 foi capaz de induzir regressão destas (Xie et al., 1995a). Estes estudos mostram novamente o papel controverso da ação desta molécula no processo de progressão tumoral também em sarcomas. Em nossa série, foi possível demonstrar a expressão das 3 isoformas das sintases de óxido nítrico em sarcomas sinoviais. Enquanto as NOS 1 e 3 foram uniformemente expressas, a NOS 2 ou induzível foi expressa em 60% dos tumores, mas sem relação com prognóstico. Isto aparentemente também invalida o uso desta molécula como alvo terapêutico neste tipo de tumor. Também não foi possível mostrar associação de sua expressão com a expressão de p53 ou aumento da porcentagem de área vascular tumoral, sugerindo que estes processos não sejam mediados pelo óxido nítrico no sarcoma sinovial. Outra hipótese, já que a mensuração da presença de óxido nítrico no tumor foi feita indiretamente pela expressão de suas sintases, é a de que talvez o método utilizado não reflita a real presença da molécula. Houve uma associação entre cirurgia preservadora de membros e tumores monofásicos e expressão de NOS2. Apesar deste subtipo histológico ser descrito como mais agressivo, isso não parece ser em decorrência da expressão desta enzima. Com o número crescente de estudos na literatura sobre sarcomas sinoviais, não só analisando fatores clínicos mas também moleculares, uma melhor compreensão da biologia deste tumor vem sendo atingida. Embora isto ainda não tenha sido traduzido em aplicação clínica direta, acreditamos que esta meta esteja próxima. A seleção de pacientes para protocolos de adjuvância é um processo muitas vezes difícil. O perfil de toxicidade das Discussão 94 drogas, atualmente disponíveis para tratamento de sarcomas sinoviais, não é baixo. A busca de alterações moleculares que possam servir como alvo terapêutico ou como marcadores de agressividade é cada vez mais descrita na literatura. Apesar de não termos identificado nenhum possível alvo terapêutico, acreditamos ter melhorado o conhecimento existente sobre a biologia dos sarcomas sinoviais. A expressão das sintases do óxido nítrico por este tumor não havia sido descrita. O papel prognóstico da expressão do Ki67, embora descrito, não havia mostrado correlação com a maior possibilidade de recidiva local. O papel do c-erb-B2 na agressividade deste tumor era ambíguo nos poucos e pequenos estudos existentes, e ganhou maior clarificação com nosso estudo. Corroboramos os achados de outros autores com relação ao EGFR e neovascularização e mostramos que correlações entre alterações moleculares descritas in vitro nem sempre se comprovam em tecidos de arquivo. Associações entre expressão de p53 e c-erbB2 com o subtipo bifásico e da expressão da NOS 2 com o subtipo monofásico mostra que os mesmos possuem diferentes vias de transformação. Do ponto de vista clínico, acreditamos que o Ki67 e o c-erbB2 somam valor prognóstico aos critérios clínicos já conhecidos e possam ser utilizados na melhor seleção de pacientes para neoadjuvância ou adjuvância. CONCLUSÕES Conclusões 5 96 CONCLUSÕES Nas condições do presente estudo, podemos concluir que em relação aos sarcomas sinoviais: 1. a apresentação do tumor como recidiva e a expressão nuclear de Ki67 ≥5% são fatores prognósticos independentes para recidiva local; 2. a expressão nuclear de Ki67 ≥5% e a positividade para o receptor de membrana c-erbB2 são fatores prognósticos independentes para metástases a distância; 3. o tamanho do tumor >8cm é fator prognóstico independente para morte por tumor; 4. a localização proximal do tumor associou-se com preservação de membro e subtipo bifásico. Os tumores distais associaram-se com amputação e subtipo monofásico. O uso de neoadjuvância associouse com necessidade de transfusão e subtipo bifásico; 5. os tumores distais associaram-se à área vascular do tumor ≥ 15%; a cirurgia preservadora de membros associou-se à expressão positiva de EGFR e NOS 2; os tumores bifásicos associaram-se à expressão positiva de p53 e c-erb-B2 e os tumores monofásicos à expressão positiva de NOS 2; 6. entre as variáveis moleculares estudadas entre si, não houve associação significativa. ANEXO 7 ANEXO - Planilha utilizada para a realização da análise estatística v_idade 26 31 71 26 19 24 27 16 27 49 21 53 62 17 28 15 26 19 26 26 42 21 28 23 16 26 41 27 28 21 44 14 30 31 18 20 15 19 35 11 73 43 22 35 15 27 19 37 43 56 34 60 4 24 71 14 21 c_idade 2 2 2 2 1 1 2 1 2 2 1 2 2 1 2 1 2 1 2 2 2 1 2 1 1 2 2 2 2 1 2 1 2 2 1 1 1 1 2 1 2 2 1 2 1 2 1 2 2 2 2 2 1 1 2 1 1 local 2 1 2 1 1 2 2 1 2 1 1 2 2 2 1 1 1 2 1 2 1 1 2 1 2 2 1 2 1 1 1 2 1 2 2 1 1 2 2 1 2 1 2 1 2 1 1 1 2 2 1 2 2 1 2 1 1 1=masculino v.conínua 1<25 anos 1=proximal 2=feminino 2>25 anos 2=distal v_tamanho c-tamanho c_sts local 15 2 1 1 2 15 2 1 15 2 1 2 2 24 2 1 2 20 2 1 2 2 15 2 1 5 1 1 2 12 2 1 2 2 40 2 1 2 15 2 1 7 1 2 10 2 1 7 1 2 2 20 2 1 1 9 2 1 5 1 1 8 1 1 10 2 1 5 1 1 16 2 1 2 2 2 6 1 1 5 1 1 3 1 2 6 1 1 2 8 1 1 2 1 1 11 2 1 8 1 1 1 1 2 2 2 7 1 2 7,5 1 1 1 15 2 1 2,5 1 1 2 1 v.conínua 1≤ 8cm 2>8cm 1=primário 2=recidivado cirurgia 2 1 1 1 1 2 1 2 1 1 2 2 2 2 1 2 1 1 1 2 1 1 2 1 2 2 1 2 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 1 2 1 1 2 1 1 1=preservação 2=amputação c_transfusão linfonodo 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0=não 1=sim c_tipo 2 2 1 1 1 2 2 2 2 1 2 2 2 2 2 1 2 1 1 2 2 2 2 1 2 1 2 2 1 1 1 1 1 2 1 2 1 1 2 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 1 2 2 2 margem 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0=negativo 1=bifásico 1=livre 1=positivo 2=monofásico 2=comprometida neoadjuvância adjuvância v_p53 0 0 62,31732777 1 0 0 0 0 31,30333592 1 1 23,39261286 0 0 13,632287 0 1 0 1 0 62,00294551 1 0 0 0 0 15,92442645 0 1 84,68468468 1 0 64,15384615 0 1 28,32394976 1 0 38,35920177 1 0 32,50773994 0 1 12,89712557 1 1 54,63659148 1 1 88,60103627 1 1 35,2238806 0 0 28 0 1 36,2764884 1 0 0 0 1 45,40295119 1 1 81,32322536 1 0 10,06060606 0 0 0 1 1 87,54464286 0 1 40,23332336 0 1 0 1 1 77 1 0 47,78046812 0 1 44,19448476 1 0 0 0 1 40,91370558 0 0 46,01487779 1 1 67,11281071 0 1 22,37026648 1 1 23,05574673 0 1 63,63040629 0 0 0 1 1 55,07152146 0 0 0 1 1 60,12345679 0 1 31,63841808 1 1 71,6953317 1 0 33,11802701 0 1 48,80239521 0 0 0 1 1 0 0 1 74,86772487 1 0 24,94736842 0 1 25,57193696 0 1 31 0 1 0 1 0 61,77836762 0 0 8,113879004 0 1 80,71833648 0 1 0 0=não 1=sim 0=não 1=sim Anexo 98 sexo 1 2 1 1 1 1 1 1 2 1 2 2 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1 2 1 2 2 1 2 2 1 1 2 1 2 2 2 2 2 2 1 1 2 1 2 2 2 2 1 1 2 1 1 2 1 1 2 v.conínua continua v_ki67 0 10,2 0,03 7,53 0,61 7,5 1,71 0 0,91 0 0 9,67 20,2 19,14 10,2 0,61 0,25 6,75 4,92 0 0,81 1,15 1,25 0 0 0 20,2 0 0 0,91 0,03 2,5 0 0,25 1,25 0,27 1,51 0,11 9,92 0,61 0,98 0,7 1,68 1,71 0 5,6 2,8 0 0,8 1,15 1,1 0 0,27 0 0 3,87 0 c_Ki67 0 1 0 1 0 1 0 0 0 0 0 1 1 1 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 EGFR 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 1 1 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 1 0 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38,96666667 49,86666667 53,13333333 54,76666667 56,3 59,13333333 60,83333333 64,6 65,53333333 65,8 65,86666667 67,73333333 72,53333333 85,03333333 97,73333333 107,3666667 109,8666667 141,8 183,5333333 320,2333333 334,0666667 INT_recidiva local 20,4 16,36666667 1,066666667 49,43333333 1,166666667 2,233333333 26,4 2,966666667 3,6 42,1 18,16666667 12,06666667 38,6 7,133333333 5,366666667 12,6 10,16666667 9,533333333 9,7 18,06666667 21,7 29,16666667 15,73333333 23,13333333 30,26666667 88,4 15,63333333 25,7 25,8 29,13333333 27,06666667 96,36666667 30,06666667 34,46666667 21,9 101,2 38,96666667 50,66666667 9,466666667 54,76666667 31,53333333 59,13333333 48 64,6 16,8 65,46666667 70,73333333 68 17,7 87 97,73333333 107,3666667 109,8666667 141,8 183,5333333 56,4 334,0666667 intervalo em meses entre cirurgia e evento intervalo em meses entre cirurgia e evento OUT_metástase OUT_morte por câncer OUT_recidiva local 1 1 0 1 1 0 0 0 0 1 1 1 0 0 0 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 1 1 0 1 1 0 1 1 0 1 1 0 1 0 0 1 1 1 1 1 0 1 1 0 1 0 0 0 1 0 1 1 0 1 1 0 1 1 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 1 1 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 0 0 0 0 1 1 0 1 1 1 1 0 0 0 0 0 1 1 1 1 0 1 0 0 0 1 1 1 0 0 0 1 1 1 0 0 0 1 1 1 1 1 1 0 0 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 desfecho 1=metástase desfecho 1=morte por câncer desfecho 1=recidiva local 99 0=negativo v.conínua 0=negativo 0=negativo 0=negativo v.conínua 0=negativo 0=negativo intervalo em meses 1=positivo 1=positivo 1=positivo 1=positivo 1=positivo 1=positivo entre cirurgia e evento INT_morte por câncer 20,4 16,36666667 1,066666667 62,06666667 1,166666667 14,33333333 36,36666667 2,966666667 3,6 42,1 18,16666667 12,06666667 38,6 7,133333333 31,7 12,6 10,16666667 9,533333333 9,7 18,06666667 21,7 29,16666667 15,73333333 23,13333333 30,26666667 88,4 26 25,7 25,8 29,13333333 34,26666667 96,36666667 30,06666667 34,46666667 58,83333333 101,2 38,96666667 56,83333333 82,23333333 54,76666667 81,76666667 59,13333333 109,5 64,6 66,46666667 78,23333333 65,86666667 137,1333333 72,6 87 97,73333333 107,3666667 109,8666667 141,8 183,5333333 322,7333333 334,0666667 Anexo c_p53 1 0 1 1 1 0 1 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 1 0 0 1 1 0 1 1 1 0 1 1 1 1 1 1 0 1 0 1 1 1 1 1 0 0 1 1 1 1 0 1 0 1 0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Referências Bibliográficas 8 101 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Abbas JS, Holyoke ED, Moore R, Karakousis CP. 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