UNIDADE 6 . A procura agregada e a política fiscal Políticas fiscais Indicadores da economia portuguesa A despesa pública e a política fiscal Os impostos O défice e a dívida pública (Contém notas de apresentação da comunicação do prof Miguel Cadilhe no 2º congresso da O Economistas) Carlos Arriaga Economia política 1 CONCEITOS DA UNIDADE 7: . Indicadores da economia Portuguesa (o estado da economia…) . Para que se destinam as políticas fiscais . O orçamento do Estado . O papel do estado na economia: como evoluiram as despesas públicas em Portugal Carlos Arriaga Economia política 2 Politicas fiscais Política fiscal é administração das receitas e despesas do governo. Se a receita é maior que a despesa, temos superávit orçamental. No inverso temos déficit orçamental. Tal política afecta o nível de demanda ao influir na renda disponível que os indivíduos poderão destinar para consumo e poupança. Tal prática pode ser expansionista ou restritiva. Em uma política fiscal restritiva temos diminuição dos gastos públicos e elevação dos impostos, com objectivo de reduzir a demanda agregada e o consumo privado. Numa política fiscal expansionista, temos aumento nos gastos públicos e corte nos impostos, com o objectivo aumentar a demanda agregada e o consumo privado. Economia política Carlos Arriaga 3 Carga fiscal em Portugal Portugal foi o terceiro país da OCDE e o primeiro na União Europeia a Quinze a apresentar um maior acréscimo da carga fiscal durante os últimos 20 anos. De acordo com os dados publicados pela OCDE, entre 1985 e 2004, a soma das receitas fiscais e das contribuições sociais em percentagem do PIB aumentou 9,3% em Portugal, passando Carlos Arriaga Economia política 4 de 25,2% para 34,5%. Carga Fiscal em Portugal É de notar, contudo, que Portugal partiu, em 1985, de carga fiscal muito abaixo da média. Há duas décadas atrás, Portugal era o quarto país da OCDE com um menor peso dos impostos na economia, apenas superando o México, Turquia e Coreia do Sul. A carga fiscal portuguesa era, nessa altura, mais baixa do que nos Estados Unidos. E mesmo agora, Portugal continua a apresentar um peso da receita fiscal e das contribuições sociais no PIB inferior à média dos países pertencentes a esta organização e à União Europeia a Quinze. Carlos Arriaga Economia política 5 Carga Fiscal em Portugal Países como a Suécia, França e Alemanha já apresentavam em 1985 valores da carga fiscal próximos ou acima de 40% do PIB e mantêm, actualmente valores idênticos. A descida portuguesa da tributação sobre as empresas registada a partir da segunda metade dos anos 90 não evitou Carlos Arriaga Economia política 6 esta aproximação. Políticas fiscais: a que se destinam? Políticas de emprego Políticas de estabilização económica Combater desigualdades sociais Carlos Arriaga Economia política 7 POLÍTICA DE EMPREGO OBJECTIVOS: - Combater o Desemprego; - Assegurar a formação profissional; - Melhorar a produtividade; Reconverter os recursos; Assegurar boas condições de trabalho (físicas e monetárias) Proteger os trabalhadores. INSTRUMENTOS: Subsídios (trabalhadores e empresas); Isenções fiscais e de contribuições; Ensino; Negociação e fiscalização. Carlos Arriaga Economia política 8 POLÍTICAS ECONÓMICAS E/OU SOCIAIS CONJUNTURAIS OU DE ESTABILIZAÇÃO POLÍTICA DE PREÇOS OBJECTIVOS: - Controlar a inflação; Assegurar o acesso aos bens; Incentivar o investimento INSTRUMENTOS: Preços; Moeda; Salários. MECANISMOS Fixação de preços de bens essenciais (Pão, electricidade….); Controlo da concorrência a fim de manter os preços baixos; Produção a custos controlados de certos bens (SEE; Habitação) Carlos Arriaga Economia política 9 Políticas económicas de combate ás desigualdades sociais Políticas de redistribuição do rendimento. Combate á exclusão social Pobreza é um assunto complexo, não havendo uma só causa para a pobreza (Sen, 1981). Em que medida a regulamentação pode contribuir para a redução da pobreza? Carlos Arriaga Economia política 10 Regulamentação e promoção do crescimento Promoção do crescimento Recursos naturais Trabalho Infraestruturas Instituições políticas Barreiras ao comércio Regulamentação Carlos Arriaga Economia política 11 PRINCÍPIOS DE UM SISTEMA TRIBUTÁRIO 1. 2. 3. Eficácia: carga tributária compatível com modos e níveis de extracção adequados às condições económicas e sociais do país. Neutralidade: como regra geral, impostos com caracteristicas uniformes e sem excepção Equidade: cada cidadão deve contribuir para o financiamento do Estado na medida de sua capacidade económica, expressa pelo seu rendimento Carlos Arriaga Economia política 12 PRINCÍPIOS DE UM SISTEMA TRIBUTÁRIO 4. 5. Competitividade: sistema tributário nacional não deve constituir obstáculo à capacidade do país concorrer num mundo globalizado Simplicidade: o custo de pagar e arrecadar devem ser os menores possíveis: regras gerais, ausência de excepções e de renúncias fiscais Carlos Arriaga Economia política 13 Tipologia de Impostos sobre a produção e importação Impostos sobre produtos e sobre as importações São os impostos pagos por unidade de bem ou serviço produzido (tenha sido criado um excedente ou não). • Outros impostos sobre a produção São todos os impostos excepto os impostos acima mencionados, em que as empresas incorrem como resultado directo da sua actividade produtiva (quer tenha sido criado um excedente ou não). Carlos Arriaga Economia política 14 Indicadores da economia Portuguesa Taxa de desemprego Produtividade Competitividade Bem estar social Carlos Arriaga Economia política 15 Portugal -Taxa de Desemprego (Mín desde 1960: 1966 1,8%); 2001(Máx 4,0% desde (jcs 13,4%)1960: 1986 9,9%) 2002 5,0% (jcs 17,3%) 2003 6,3% (jcs 23,8%) 2004 6,7% (jcs 20,5%) 20057, 6% (jcs 23,7%) 2006 7,7% (jcs 28,4%) 2007 (e)> 8,0% jcs : taxa de desemprego nos jovens com curso superiorMédias anuais Fonte: BP, Relatórios anuais e Séries longas.MC Carlos Arriaga Economia política 16 Portugal –Produtividade do trabalho-versus UE15 - UE15 = 100% Portugal 1995: 62,3% Portugal 2000: 66,7%(Quebra da série estatística em 2003) Portugal 2006: 60,4% Fonte: BP, Relatório anual, 2006, quadro A.3.4 Carlos Arriaga Economia política 17 2006 Portugal –Crescimento real Anos 2001 2002 2003 2004 2005 2006 PIB + 2,0% + 0,8% - 0,8% +1,3% +0,5% +1,3% Média +0,84% INV(FBCF) % + 1,0% - 3,5% -7,4% +0,3% -3,1% -2,0% Média-2,0 Fonte: BP, Relatório anual, 2006Portugal Carlos Arriaga Economia política 18 Portugal –Défice externo Balança corrente em % do PIB Portugal –Défice externo Balança corrente em % do PIB 2001-9,9% 2002-8,1% 2003-6,1% 2004-7,7% 2005-9,7% 2006-9,5% Fonte: BP, Relatório anual 2006 Carlos Arriaga Economia política 19 EconómicoPortugal –Competitividade das exportações-Quotas de mercado e margens do exportador - Em 10 anos (1998 a 2007): Os Exportadores Portugueses perdem 15% de quota de mercado e, conjugadamente,perdem 6% de margem de lucro. Fonte: BP, estimativas e projecções do Boletim Económico Carlos Arriaga Economia política 20 capita real PPC-versus UE25 - “Convergência real”para a média UE25 entre 1991 e 2006: PIB per capita de Portugal divergiu cerca de 1% ao ano [Outros (como Espanha e vários novos Estados-membros) convergiram] Carlos Arriaga Economia política 21 Portugal –Competitividade e Nível de vida PIB per capita real PPC-versus UE15 - UE15 = 100% Portugal 1995: 68% Portugal 2000: 73%(Quebra da série estatística em 2003) Portugal 2006: 65% Fonte: BP, Relatório anual, 2006, quadro A.3.4 Carlos Arriaga Economia política 22 Portugal: o peso do Estado Despesas Públicas totais em relação ao PIB (ver apresentação de Miguel Cadilhe n0 2º congresso da ordem dos economistas) Receitas públicas (ver apresentação de Miguel Cadilhe no 2º congresso da ordem dos economistas) Carlos Arriaga Economia política 23 O novo Pacto de 2005 Mais gradualismo e mais flexibilidade• “OMP”= Défice não superior a 1% do PIB em tendência, com melhorias anuais de pelo menos 0,5 pp do rácio (Velho Pacto: “OMP”= não défice) •Heterogeneidade de cada país; diversidade de trajectórias pluri-anuais para chegar aos “OMP” •Não às “medidas temporárias” OMP: orçamento de médio prazo Carlos Arriaga Economia política 24 nº1055/2005 -Altera o Regulamento (CE) nº1466/97 Artigo 2ºA «Cada Estado-membro terá um OMP diferenciado(…). Estes OMP(…) permitirão progredir rapidamente na sustentabilidade orçamental e, tendo em conta este aspecto,proporcionarão uma margem de manobra orçamental, em especial para (…) investimento público. (…) Será especificado um intervalo de variação(…) para os OMP entre –1 % do PIB e uma situação de equilíbrio ou excedentária,em termos corrigidos de variações cíclicas e líquidos de medidas pontuais e temporárias. Os OMP (…) poderão ser revistos sempre que seja implementada uma reforma estrutural importante(…).» Carlos Arriaga Economia política 25 O novo Pacto e o ‘prociclicismo’…-Regulamento (CE) nº1055/2005 -Altera o Regulamento (CE) nº1466/97 Artigo 5º«(…) o Conselho analisaráse o Estado-membro prossegue a melhoria anual do seu saldo, em termos corrigidos de variações cíclicas e líquidos de medidas pontuais ou temporárias,para alcançar o seu OMP,tendo 0,5 % do PIB (entenda-se, 0,5 pp de melhoria do rácio) como valor de referência. O Conselho tomará em consideração se os esforços de ajustamento são maiores em períodos de conjuntura económica favorável,podendo ser mais limitados em períodos desfavoráveis. (…) O Conselho tomaráem conta as reformas estruturais importantesaplicadas (…). Deve ser dada especial atenção às reformas dos sistemasde pensões(…) sistema em vários pilares que inclua um pilar obrigatório de capitalização integral.»(…) Carlos Arriaga Economia política 26 Portugal -Défice público total em % do PIB Anos 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Carlos Arriaga Défice oficial -4,3% -2,9% -2,9% -3,3% -6,1% -3,9% Economia política Défice estrutural (c.c.m.t.) -5,3% -4,7% -4,8% -5,1% -5,6% -3,4% 27 Peso do SPA (Despesa Total) 65,0 60,0 55,0 50,0 45,0 40,0 35,0 30,0 1986-90 1991-95 Dinamarca Carlos Arriaga 1997 1998 Portugal Irlanda Economia política 1999 Finlândia 2000 EUA 2001 UE 28 Mas, como temos um dos PIB per capita mais baixos da EU, considerando a norma deveríamos ter um peso cerca de 8-10 p.p. abaixo do actual Peso SPA e PIB per capita Suécia Dinamarca 55,0 França Portugal Bélgica 50,0 Itália Finlândia Alemanha 45,0 Holanda Espanha Reino Unido 40,0 35,0 Irlanda 30,0 25,0 12.000 13.000 Carlos Arriaga 14.000 15.000 16.000 17.000 18.000 Economia política 19.000 20.000 21.000 22.000 29 Financiamento do SPA Ano - 1997 Em % do PIB Aplicações 1.Défice do SPA (registado) 2.Regularização de dívidas 3.Aumentos de capital 4.Diferenças entre as receitas registadas e recebidas 5.Necessidades de financiamento do SPA (1+2+3+4) 6.Outros 7.Total Carlos Arriaga Recursos 2,7% 8.Emissão de dívida pública 0,2% 9.Receitas das privatizações 1,1% 10.Diferenças entre as despesas registadas e pagas 1,1% 11.Redução de activos 5,2% 0,0% 5,2% 12.Total do financiamento do SPA Economia política 0,6% 4,4% 0,2% 0,0% 5,2% 30 Financiamento do SPA Ano - 1998 Em % do PIB Aplicações 1.Défice do SPA (registado) 2.Regularização de dívidas 3.Aumentos de capital 4.Diferenças entre as receitas registadas e recebidas 5.Necessidades de financiamento do SPA (1+2+3+4) 6.Outros 7.Total Recursos 2,3% 8.Emissão de dívida pública 0,2% 9.Receitas das privatizações 0,9% 10.Diferenças entre as despesas registadas e pagas 0,5% 11.Redução de activos 3,9% 0,0% 3,9% 12.Total do financiamento do SPA 1,1% 2,5% 0,8% -0,4% 3,9% Nota: O sistema bancário português financiou infra-estruturas rodoviárias no montante de 172,6 Milhões de EUROS (0,2% do PIB) Carlos Arriaga Economia política 31 Financiamento do SPA Ano - 1999 Em % do PIB Aplicações 1.Défice do SPA (registado) 2.Regularização de dívidas 3.Aumentos de capital 4.Diferenças entre as receitas registadas e recebidas 5.Necessidades de financiamento do SPA (1+2+3+4) 6.Outros 7.Total Recursos 2,1% 8.Emissão de dívida pública 0,8% 9.Receitas das privatizações 0,4% 10.Diferenças entre as despesas registadas e pagas 0,6% 11.Redução de activos 3,9% -0,1% 3,8% 12.Total do financiamento do SPA 2,8% 1,4% 0,4% -0,8% 3,8% Nota: O sistema bancário português financiou infra-estruturas rodoviárias no montante de 812,5 Milhões de EUROS (0,7% do PIB) Carlos Arriaga Economia política 32 Financiamento do SPA Ano - 2000 Em % do PIB Aplicações 1.Défice do SPA (registado) 2.Regularização de dívidas 3.Aumentos de capital 4.Diferenças entre as receitas registadas e recebidas 5.Necessidades de financiamento do SPA (1+2+3+4) 6.Outros 7.Total Recursos 1,4% 8.Emissão de dívida pública 1,0% 9.Receitas das privatizações 1,2% 10.Diferenças entre as despesas registadas e pagas 0,6% 11.Redução de activos 4,1% 0,4% 4,5% 12.Total do financiamento do SPA 1,9% 2,0% 0,5% 0,2% 4,5% Nota: O sistema bancário português financiou infra-estruturas rodoviárias no montante de1119,1 Milhões de EUROS (1,0% do PIB) Carlos Arriaga Economia política 33 Politicas económicas fiscais Portugal não conseguirá criar emprego nos próximos oito anos e terá o segundo menor crescimento dos 30 países da organização com sede em Paris. Portugal será o segundo país da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) com o menor crescimento entre 2011 e 2017 e os portugueses continuarão a afastar-se do nível de vida ostentado pelos países da Zona Euro. O país, a confirmarem-se as previsões de médio prazo, não conseguirá criar emprego nos próximos oito anos, nem atingir o equilíbrio orçamental. De acordo com as projecções ontem divulgadas pela OCDE, o crescimento médio anual da economia portuguesa não irá além de 1,4%. Apenas o Japão está atrás do desempenho português, com 1,2%, enquanto a Zona Euro cresce 2,1% e o conjunto dos 30 países da OCDE registam uma expansão de 2,6%. Em 2017, a taxa de desemprego será de 7,4% em Portugal, maior que a prevista para o conjunto das 30 nações (6%), mas inferior à indicada para a Zona Euro (8,5%). Nas contas públicas, depois de um défice de 7,8% do PIB em 2011 (ver tabela), o país alcançará um desequilíbrio de 1,4% em 2017, enquanto a dívida pública estará nos 106% da produção final. Carlos Arriaga Economia política 34 Conclusão As políticas fiscais devem ter em conta o pacto de estabilidade. Política orçamental: O mal (não) necessário do “prociclicismo”. Todavia, o PIB Potencial: Em afrouxamento, que traduz uma questão estrutural… PIB Efectivo: Em afrouxamento. Abaixo do potencial desde 2003, inclusive. Investimento, problema da composição do PIB. Competitividade:Em perda relativa. Exportações em perda relativa. O orçamento geral de Estado é um dos instrumentos mais importantes da actuação dos governos. Carlos Arriaga Economia política 35