65 A PEDAGOGIA FRENTE AOS DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM Cristina Alves Moreira1 Josiani Alves Moreira1 RESUMO Estudo que buscou conhecer os diferentes e mais frequentes distúrbios de aprendizagem presentes no meio acadêmico, focando o profissional pedagogo. O objetivo principal foi conhecer os principais distúrbios de aprendizagem, correlacionados com a intervenção pedagógica. Utilizou-se como metodologia a revisão bibliográfica, com base em artigos que tratam sobre o assunto e embasam o pedagogo no trato com esses alunos. Compreendeu-se, portanto, a importância do profissional de pedagogia em conhecer esse problema, e saber incentivar e o aluno com qualquer tipo de dificuldade a possuir uma aprendizagem satisfatória, de forma a estimula-lo, e proporcionar um aprender menos doloroso. Palavra chave: Dificuldade de aprendizagem, pedagogia e aprendizagem, distúrbios na aprendizagem. ABSTRACT Study that aimed to know the different and most common learning disorders present in academia, focusing on the professional educator. The main objective was to understand the main learning disorders, correlated with educational intervention. Was used as the literature review methodology, based on articles that deal with the subject and underpin the teacher in dealing with these students. It was understood, therefore, the importance of professional pedagogy in learning about this issue, and encourage learning and the student with any type of difficulty to have a satisfactory learning in order to stimulate it, and provide a less painful to learn. Keyword: Difficulty in learning, teaching and learning, on learning disorders. 1 Pedagoga (UNIVAR). Especialização Lato Sensu em Docência Multidisciplinar na Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Docente nas Faculdades Unidas do Vale do Araguaia. E-mail: [email protected]. 1 Pedagoga (Unesp), graduada em Letras (UFMT), especialista em Informática e Educação (UFLA) e mestranda em Educação pela UDE, Montevidéu/UY e Docente da Faculdades Unidas Do Vale do Araguaia – UNIVAR. [email protected]. 1. INTRODUÇÃO Ao se observar uma turma de alunos em sala de aula, seja de crianças ou de adultos percebe-se que algumas dificuldades podem aparecer no que tange o desenvolvimento da aprendizagem, o que torna imprescindível ao professor conhecer e vivenciar a problemática de seus alunos e elaborar maneiras efetivas para solucionar ou amenizar essas dificuldades. As Dificuldades na Aprendizagem podem estar relacionadas a desordens que assolam o aluno de várias formas, sendo na leitura, na escrita, no raciocínio lógico e rápido ou mesmo na aprendizagem simples de cálculos e equações, sendo que estas podem ser de cunho genético, emocional e/ou social. Dentre as principais dificuldades na aprendizagem estão os Distúrbios de Aprendizagem, uma das principais causas de encaminhamento de alunos para avaliação psicológica (FIGUEIREDO et al 2007). Os Distúrbios de Aprendizagem as descritos como problemas de origens diferentes que afetam o modo pelo qual seus portadores com inteligência média, ou acima da média, recebem, processam ou On-line http://revista.univar.edu.br ISSN 1984-431X expressam informações e que se mantém por toda a vida. Isto prejudica a destreza para aprender habilidades básicas em leitura (dislexia), escrita (disgrafia) ou matemática (discalculia) (ZORZI 2004). Nessa conjuntura entra a pedagogia, responsável por investigar a natureza, as finalidades e os processos necessários às práticas educativas com o objetivo de propor a realização desses processos nos vários contextos em que essas práticas ocorrem. Constitui-se, sob esse entendimento, em um campo de conhecimento que possui objeto, problemáticas e métodos próprios de investigação, configurando-se como “ciência da educação” (LISITA 2007). Diante do exposto, esse estudo priorizou conhecer conforme revisão bibliográfica as Dificuldades de Aprendizagem, correlacionado com a Pedagogia, bem como discorrer sobre as possibilidades a serem exploradas com o aluno para o desenvolvimento escolar deste, mesmo com a presença do distúrbio. Acredita-se, portanto, ser indispensável ao professor compreender o processo que relaciona a Dificuldade de Aprendizagem, para assim, perceber com mais facilidade a presença desse distúrbio entre seus alunos e conviver de maneira satisfatória com o Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2012) n.º8 Vol – 3 p. 65 -69 66 mesmo, possibilitando ao discente o desenvolvimento possível da aprendizagem. melhor 2. MATERIAIS E MÉTODOS Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica, que tem por objetivo recuperar o conhecimento científico acumulado sobre a temática apresentada (RODRIGUES 2007). Restringiu-se às publicações em língua inglesa, espanhola e portuguesa, entre os anos de 1975 a 2004. Foi dada especial atenção aos artigos de revisão. Produção científica considerável sobre o tema foi encontrada, assim, foram selecionados dezessete artigos considerados de grande impacto segundo os seguintes critérios: artigos sistematicamente citados pelos demais artigos e autores e artigos que incluem discussões conceituais sobre a temática. Foi utilizada a consulta a periódicos eletrônicos, sendo estes, o Scielo, Medline e Lilacs. A seleção buscou artigos nas línguas inglesa e portuguesa, que abordassem de forma indefectível o assunto abordado, bem como o pioneirismo e impacto na literatura científica. Assim, selecionaram-se estudos sobre o papel da pedagogia, distúrbios de aprendizagem e a contribuição do pedagogo ao aluno com algum distúrbio de aprendizagem. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Ao se falar em distúrbio de aprendizagem dever ser claro os diversos aspectos que podem tanger essa problemática, já que existem fatores internos aos alunos, como uma disfunção genética, bem como fatores externos, estando inseridos nestes as dificuldades familiares, sociais e econômicas. Compreendendo esses fatores este estudo priorizou os distúrbios de aprendizagem de ordem genéticas ou pessoais ao aluno, sem a intercorrência de aspectos externos. 3.1. Distúrbios de Aprendizagem A noção de distúrbio de aprendizagem está diretamente ligada ao desempenho acadêmico. É exatamente nesta situação escolar, de ensino formalizado, baseado em programas e em controles, via procedimentos de avaliação, que os problemas de aprendizagem podem mais claramente se manifestar. Caracterizados por dificuldades principalmente na aquisição da linguagem falada, da escrita e do cálculo, os distúrbios ou transtornos de aprendizagem colocam-se como um grande desafio para a educação e para os profissionais da área do desenvolvimento infantil (ZORZI 2004). Outra definição clara é que este é um termo genérico que refere-se a um grupo heterogêneo de desordens, manifestadas por dificuldades na aquisição e no uso da audição, fala, escrita e raciocínio matemático. Essas desordens são intrínsecas ao indivíduo e presume-se ser uma disfunção de sistema nervoso central (TULESKI et al 2007). Embora possam ocorrer concomitantemente com outras deficiências, como retardo mental, problemas neurológicos, emocionais e sócio econômicos, não são resultado direto dessas condições ou influências (FIGUEIREDO et al 2007). De acordo com o CID-10 (1999), os distúrbios de aprendizagem são definidos com “Transtornos Específicos do Desenvolvimento das Habilidades Escolares”, sendo que correspondem a “transtornos nos quais as modalidades habituais de aprendizado estão alteradas desde as primeiras etapas do desenvolvimento”. No entanto, causas extrínsecas ao distúrbio de aprendizagem devem ser consideradas, principalmente as relacionadas ao contexto escolar (método pedagógico e relação professor-aluno), bem como familiares e condições de pobreza (FIGUEIREDO et al 2007). A pessoa com distúrbio de aprendizagem, apesar do nível de inteligência preservado, requer uma estimulação com características mais amplas, englobando a linguagem compreensiva e expressiva, oral e escrita, a formação de conceitos numéricos e o desenvolvimento de habilidades metalinguísticas, como a consciência fonológica (ZORZI 2004). Assim, os transtornos e distúrbios de aprendizagem podem acontecer: - Na leitura: caracterizando-se por dificuldades específicas em compreender palavras escritas, quadro denominado como Dislexia; - Na escrita: quando percebemos inabilidades quanto à ortografia, caligrafia e capacidade em compor textos, o que identificamos como quadros de Disgrafia ou Disortografia; - Na matemática: quando nos deparamos com dificuldades específicas em manejar números, aquisição de conceitos matemáticos e limitações quanto ao pensamento lógico-matemático, caracterizando o quadro de Discalculia (KUSE et al 2011). Sendo considerada uma alteração de aprendizagem, a dislexia caracteriza-se por dificuldades específicas na realização da leitura e da escrita, havendo, de maneira geral, dois tipos de dislexia: a dislexia de desenvolvimento e a dislexia adquirida. A primeira refere-se a alterações no aprendizado da leitura e escrita com origem institucional, ou seja, ambiental, referente à forma de aprendizado escolar. Já na dislexia adquirida, o aprendizado da leitura e da escrita, que foi adquirido normalmente, é perdido como resultado de uma lesão cerebral (SCHIRMER et al, 2004). A disgrafia é uma alteração da escrita geralmente relacionada a problemas de percepção e movimento ocorridos enquanto o desgráfico escreve. Suas principais características são os traços imprecisos e sem controle, grafismos semelhantes na forma e no tamanho, pressão ou traços fortes demais, escrita desorganizada e ás vezes incorreta (KUSE et al 2011). Na disortografia ocorre uma dificuldade de aprendizado e de desenvolvimento da escrita. Suas principais características são a troca de grafemas, falta 67 de vontade de escrever, dificuldade em perceber parágrafos, pontuação e acentuação, textos muito pequenos, separação indevida de palavras, entre outros (KUSE et al 2011). No caso da discalculia trata-se de um agravo cerebral com predisposição genética, que promove uma incapacidade na aquisição de habilidade aritmética. Sua predominância é mais em mulheres que nos homens, o que pode refletir somente a grande vulnerabilidade a influência ambiental ou o acréscimo da predisposição biológica (LEO et al 2009). Nesse contexto, promove uma dificuldade em lidar com conceitos lógicomatemáticos, considerando a capacidade cognitiva, escolarização e faixa etária, que interferem diretamente em situações de vida diária (KESE et al 2011). Nesse contexto torna-se imprescindível chegar a um diagnóstico de distúrbio de aprendizagem o mais rápido possível para iniciar as intervenções adequadas. O diagnóstico deve ser feito por uma equipe multidisciplinar composta por um Psicopedagogo, Fonoaudiólogo, Psicólogo e em casos mais complicados um Neurologista, para um encaminhamento correto (JACINTO 2005). Assim percebe-se a importância do pedagogo na inserção da aprendizagem na vida de alunos que possuem algum tipo de distúrbio/dificuldade em aprender. 3.2 O Pedagogo Aprendizagem Frente aos Distúrbios de Os problemas escolares deveriam ser entendidos de forma ampla dentro de um conjunto complexo de fatores educacionais, sociais, culturais e econômicos que refletem a política governamental para o setor social (SILVA 2004). Entende-se, que os problemas relativos à aprendizagem manifestam-se fundamentalmente em situações mais formais de ensino, principalmente no ambiente escolar e se refletem, em geral, na diminuição do desempenho acadêmico, principalmente na área da linguagem escrita e do cálculo, podendo levar até mesmo ao completo fracasso escolar (ZORZI 2004). O aluno com dificuldades de aprendizagem apresentam modos de enfrentamento inadequados frente às situações cotidianas e às relações interpessoais, predominando condutas que sugerem baixa capacidade de auto regulação, hostilidade e resistência às normas (Medeiros & Loureiro, 2004). Assim, surge a psicopedagogia, que estuda a identificação, análise, elaboração de uma metodologia de diagnóstico e tratamento das diversas formas de dificuldades de aprendizagem (FIALE 2012). A pedagogia visa à condução à cultura, ao conhecimento, ao processo de formação cultural. E pedagogo é aquele que possibilita o acesso à cultura, organizando no processo de formação do conhecimento, aquele que domina as formas, os procedimentos, os métodos através dos quais se chega ao domínio do patrimônio cultural acumulado pela humanidade (SOUSA 2007). Cabe à pedagogia, assim, ampliar e subsidiar a formação ampla e contínua do professor para a educação, que atenda às demandas sócio culturais dos programas voltados ao aluno ressaltando uma postura ética e comprometida, que agregue ousadia para conseguir efetivar na prática as conquistas obtidas nos aspectos legais em relação ao atendimento à infância brasileira. Significa, pois, saber utilizar os conhecimentos socialmente produzidos para estabelecer transposições didáticas adequadas e de qualidade para o cuidado e educação das crianças (FRUHLING et al 2007). Um pedagogo e/ou psicopedagogo pode ajudar nos Distúrbios de Aprendizagem, incentivando a elevação da auto estima do aluno, valorizando suas atividades, descobrindo qual processo de aprendizagem mais facilmente compreendido pelo aluno (SAMPAIO 2012). Sabe-se que toda prática de ensino contém uma teoria de aprendizagem predominante, explicitada de forma consciente ou inconsciente pelo professor. Contudo, nenhuma teoria sozinha explica como acontece o processo de aprendizagem. Mesmo aquele que assume conscientemente uma teoria, deve reconhecer um elevado grau de indeterminação na aprendizagem e nas interações, pois tanto o docente como o discente se envolvem de forma particular numa situação cuja dinâmica é difícil de prever (SALVAN 2004). A metodologia de ensino deve centrar-se mais no desenvolvimento de habilidades que estimulem uma aprendizagem permanente, levando os alunos a aprender a aprender, aprender a pensar e aprender a construir o conhecimento de forma autônoma. Deve propiciar atividades sustentadas numa metodologia tecnicamente consistente e eticamente correta, visando uma aprendizagem compartilhada, cooperativa e solidária na resolução de problemas. O professor deve reconhecer que o conflito faz parte do processo de aprendizagem (SALVAN 2004). Assim, a intervenção pedagógica propõe melhorar a imagem que a pessoa com Distúrbio de Aprendizagem tem de si mesma, valorizando as atividades nas quais ela se sai bem; descobrir como é o seu próprio processo de aprendizagem, às vezes, estabelecendo uma lógica particular que foge ao usual e a partir daí trabalhar uma série de exercícios neuro motores e gráficos que vão ajudá-la na seriação, classificação, habilidades psicomotoras, habilidades espaciais, contagem, grafia e ortografia (KUSE et al 2011). A maioria dos educadores realiza seu trabalho de forma tradicional sem se preocupar com o conhecimento que o educando apresenta, infelizmente não valorizam o processo de aprendizagem da criança, nem percebem as dificuldades, interferindo assim, negativamente em seu aproveitamento e acentuando as dificuldades (SALVAN 2004). Outro fator indispensável é a compreensão da família frente às dificuldades encontradas pelo indivíduo com distúrbio de aprendizagem, uma vez que é nesse ambiente que ele vai buscar conforto para os 68 seus possíveis problemas. Procurar observar e estar ao lado acompanhando os processos que o aluno passa até chegar ao seu desenvolvimento pleno é um dever familiar, principalmente se esta se encontra com dificuldades em qualquer âmbito, necessitando de maiores auxílio e atenção (ALMEIDA 2006). 4. CONCLUSÃO O trabalho possibilitou a compreensão acerca dos distúrbios de aprendizagem mais frequentemente encontrados em sala de aula, bem como na importância efetiva do pedagogo frente a esses distúrbios. Foi possível conhecer as elucidações de diferentes autores sobre a temática, observando os aspectos fundamentais que tanges os distúrbios de aprendizagem e assim fixar uma linha de pensamento que enfoque a ação do pedagogo nesse contexto. O estudo tem relevância, já que possibilita ao professor compreender as manifestações mais frequentes de distúrbios em alunos frente a aprendizagem, assim como a necessidade de serem criadas formas alternativas de incentivo ao aprendizado desses alunos, sendo aberto um leque de indagações a respeito dessa problemática. Conclui-se ser indispensável ao docente/pedagogo conhecer e vivenciar os problemas que envolvem a aprendizagem, e estar atento aos alunos, lidando com eles como um todo, porém respeitando a individualidade e dificuldade apresentada por cada um. 5. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, Cínthia Sores. Dificuldades de aprendizagem em Matemática e a percepção dos professores em relação a fatores associados ao insucesso nesta área. UCB [online] 2006. BARROS, Patrícia. Dificuldades de aprendizagem. 2012. Disponível em: <http://www.infanciaeadolescencia.com.br/materiais/D ificuldades%20de%20aprendizagem%20jan%202010 %20[Modo%20de%20Compatibilidade].pdf>. FIALE, Luciana Amaral. 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