Profª Lina Sue Matsumoto Psicóloga e Psicoterapeuta Psicóloga colaboradora no Programa de Ansiedade – AMBAN-IPq-HC-FMUSP (Jan/2013) Psicóloga colaboradora no Programa de Atenção aos Transtornos Alimentares – PROATA–UNIFESP-EPM (Set/2012) Professora de TCC, Construtivismo, Psicoterapia Cognitiva Narrativa e Psicologia Positiva no CETCC-SP (Jan/2011) Psicóloga colaboradora do Programa de Transtornos Alimentares - AMBULIM-IPq-HC-FMUSP (Jan/2008 a Abr/2010) Professora de Psicologia Cognitiva e Construtivismo, PPB e Teste de Rorschach na UNIP-SP (Jan/2009 a Dez/2010) Aprimorada em Transtornos Alimentares pelo AMBULIM-IPq-HC-FMUSP (2008) E-mail: [email protected] Celular (11) 9866-01234 1 Construtivismo: Um momento de síntese ou uma nova tese? 2 FERREIRA,R.F. Construtivismo: um momento de síntese ou uma nova tese? C.Psicologia, R.Preto, v.4, n.1, p.27-39, 2001. 1. A ciência moderna, a realidade e o conhecimento. Ciência Moderna mundo = ordem única; Construção Conhecimento homem = poder + controle + domínio; Natureza Conhecimento representação/cópia do mundo real; Ciência linguagem matemática = a verdade contida nos fatos; 3 FERREIRA,R.F. Construtivismo: um momento de síntese ou uma nova tese? C.Psicologia, R.Preto, v.4, n.1, p.27-39, 2001. Profª Lina (11) 9866.01234 Meta Ciência desenvolvimento de representações da realidade; 1. A ciência moderna, a realidade e o conhecimento. (Henrique A. da Silva) 4 FERREIRA,R.F. Construtivismo: um momento de síntese ou uma nova tese? C.Psicologia, R.Preto, v.4, n.1, p.27-39, 2001. Profª Lina (11) 9866.01234 “A revolução científica que se iniciava tinha como traço mais característico seu MÉTODO EXPERIMENTAL, buscando suas verdades independentemente da metafísica e da fé e tendo como pretensão descrever uma realidade objetiva”. 2. A ciência moderna e o sujeito do conhecimento. Ciência Moderna Método Científico; Distanciamento entre o conhecedor e o objeto do conhecimento; Cientista fica ausente do seu próprio discurso; Método Científico Galileu = formulação de testes de hipóteses; 5 FERREIRA,R.F. Construtivismo: um momento de síntese ou uma nova tese? C.Psicologia, R.Preto, v.4, n.1, p.27-39, 2001. Profª Lina (11) 9866.01234 Ciências da Natureza Ciências Humanas (séc. XIX). “A ciência seria a busca da certeza, da verdade objetiva. Nesse contexto, a atividade científica seria concebida como a descoberta dessas leis da natureza (da realidade), e o homem seria apenas um observador passivo, capaz de captar fenômenos que ocorrem sem a sua interferência”. (Henrique A. da Silva) 6 FERREIRA,R.F. Construtivismo: um momento de síntese ou uma nova tese? C.Psicologia, R.Preto, v.4, n.1, p.27-39, 2001. Profª Lina (11) 9866.01234 2. A ciência moderna e o sujeito do conhecimento. 3. A pós-modernidade e a crise do paradigma da ciência moderna. Consenso Momento de transição = Revolução científica; Ciência Moderna limite? Questão Universo constituído de regularidades? Verdade múltipla e contextual; 7 FERREIRA,R.F. Construtivismo: um momento de síntese ou uma nova tese? C.Psicologia, R.Preto, v.4, n.1, p.27-39, 2001. Profª Lina (11) 9866.01234 Impossibilidade Reduzir a natureza a uma linguagem única, matematizável e decifrável pela experimentação; 3. A pós-modernidade e a crise do paradigma da ciência moderna. (Henrique A. da Silva) 8 FERREIRA,R.F. Construtivismo: um momento de síntese ou uma nova tese? C.Psicologia, R.Preto, v.4, n.1, p.27-39, 2001. Profª Lina (11) 9866.01234 “A ciência começava a se interessar por fenômenos que não poderiam mais ser explicados por simples relações de causa e efeito (...) as certezas dão lugar a possibilidades e probabilidades, e o futuro deixa de ser totalmente previsível (...) esse movimento, esboçado desde o final do século XIX, passa a ser chamado de pós-modernismo”. 4. O paradigma emergente, o sujeito, o objeto e o conhecimento. 1: Idealistas ou Racionalistas pólo do sujeito 2: Empiristas ou Realistas pólo do objeto 3: Interacionistas superar a dicotomia sujeito X objeto Papel do observador = Participação construtiva (Não se pode mais eliminar de cena o observador). 9 FERREIRA,R.F. Construtivismo: um momento de síntese ou uma nova tese? C.Psicologia, R.Preto, v.4, n.1, p.27-39, 2001. Profª Lina (11) 9866.01234 4: sujeito + objeto resultados de processos de construção construções sócio-históricas = Independente do conhecedor, nenhum objeto existe identificado como tal na realidade. “O papel do observador adquire uma nova dimensão, pois não há mais observação desprovida de interferência. Todo contato com outro ser humano provoca inevitavelmente interferência e modifica o objeto da observação... não há mais somente um observador, e sim um participante do processo”. (Henrique A. da Silva) 10 FERREIRA,R.F. Construtivismo: um momento de síntese ou uma nova tese? C.Psicologia, R.Preto, v.4, n.1, p.27-39, 2001. Profª Lina (11) 9866.01234 4. O paradigma emergente, o sujeito, o objeto e o conhecimento. 5. Uma ciência articulada com as necessidades da pósmodernidade. Ciência atender as necessidades da pósmodernidade; Superação das rupturas realizadas pelas ciências modernas: conhecimento científico X conhecimento senso-comum ciências naturais X ciências humanas pesquisa qualitativa X pesquisa quantitativa 11 FERREIRA,R.F. Construtivismo: um momento de síntese ou uma nova tese? C.Psicologia, R.Preto, v.4, n.1, p.27-39, 2001. Profª Lina (11) 9866.01234 sujeito X objeto “O homem não é uma natureza, e sim uma história... Os seres humanos não terminam em suas próprias peles... A essência de sua existência é a relação... Um ser que se relaciona com o mundo, e não apenas se localiza neste... Os processos básicos da mente originam-se na vida social... A atividade cognitiva humana não é algo a priori, porque se estabelece no processo de desenvolvimento histórico e social, sendo codificada pela linguagem.” (Henrique A. da Silva) 12 FERREIRA,R.F. Construtivismo: um momento de síntese ou uma nova tese? C.Psicologia, R.Preto, v.4, n.1, p.27-39, 2001. Profª Lina (11) 9866.01234 5. Uma ciência articulada com as necessidades da pósmodernidade. “É enfatizada a natureza ativa de toda percepção, aprendizagem e memória, vistos como fenômenos a refletirem tentativas contínuas do corpo e do cérebro em organizar (e continuamente reorganizar) seus próprios padrões de ação e experiência” (Mahoney) 13 FERREIRA,R.F. Construtivismo: um momento de síntese ou uma nova tese? C.Psicologia, R.Preto, v.4, n.1, p.27-39, 2001. Profª Lina (11) 9866.01234 6. Pós-modernidade, psicologia e construtivismo. “Em uma relação terapêutica, significa considerar de extrema importância a interpretação que o próprio paciente tem sobre suas experiências, sobre seu mundo e sobre si mesmo... Não se trata mais de descobrir os significados ocultos, mas de conhecer os processos de sua construção... Cada um é criador de sua própria rede de significados, sendo participante ativo nesse processo... Na ausência de uma coerência interna, a vida transforma-se em um composto de experiências dissociadas que não podem ser compreendidas, nem na sua singularidade, nem na sua sequência...” (Henrique A. da Silva) 14 FERREIRA,R.F. Construtivismo: um momento de síntese ou uma nova tese? C.Psicologia, R.Preto, v.4, n.1, p.27-39, 2001. Profª Lina (11) 9866.01234 6. Pós-modernidade, psicologia e construtivismo. 7. Ser construtivista. As referências teóricas do psicólogo consideradas simplesmente como metáforas suas = não revelando nem a “verdade” do outro e tampouco um “padrão verdadeiro” a ser atingido. É, efetivamente, o profissional estar aberto à alteridade. É articular-se na complexidade, apesar da angústia causada. 15 FERREIRA,R.F. Construtivismo: um momento de síntese ou uma nova tese? C.Psicologia, R.Preto, v.4, n.1, p.27-39, 2001. Profª Lina (11) 9866.01234 É desenvolver uma subjetividade aberta e efetivamente interessada em compreender a singularidade do outro, tendo como base as construções de realidade dele, mesmo que aparentemente estranhas. “as ideias tornam-se verdadeiras na medida em que nos ajudam a manter relações satisfatórias com outras partes da nossa experiência... ou seja, temos a tendência de aceitar melhor aquilo que está de acordo com nossas crenças e, ao aceitar, nós o validamos como verdadeiro... Na vida cotidiana, “verdadeiro” é apenas um adjetivo que qualifica uma crença, um julgamento ou um fato como sendo coerente com o que já conhecemos” (Henrique A. da Silva) 16 FERREIRA,R.F. Construtivismo: um momento de síntese ou uma nova tese? C.Psicologia, R.Preto, v.4, n.1, p.27-39, 2001. Profª Lina (11) 9866.01234 7. Ser construtivista. 8. Construtivismo: continuidade ou ruptura? Considero, sim, ser uma ruptura com a concepção objetivista. Mudança = um processo gradual = a coexistir as duas concepções: explicação de fenômenos que tendem a manter uma regularidade no tempo X CONSTRUTIVISTA compreensão de fenômenos históricos e irreversíveis, como os fenômenos humanos. 17 FERREIRA,R.F. Construtivismo: um momento de síntese ou uma nova tese? C.Psicologia, R.Preto, v.4, n.1, p.27-39, 2001. Profª Lina (11) 9866.01234 OBJETIVISTA “Ser construtivista não se reduz a uma simples opção teórica ou técnica, mas é a assunção de outra epistemologia que, em última análise, implica na constituição de uma nova subjetividade pelos profissionais, portanto, uma transformação enquanto indivíduos” (Ricardo Franklin Ferreira) 18 FERREIRA,R.F. Construtivismo: um momento de síntese ou uma nova tese? C.Psicologia, R.Preto, v.4, n.1, p.27-39, 2001. Profª Lina (11) 9866.01234 8. Construtivismo: continuidade ou ruptura? “Acredito ser a concepção construtivista, (...) o terreno no qual a ciência virá a apoiar-se, no futuro (...) Talvez, esta concepção de conhecimento passe a constituir as subjetividades e, futuramente, deixe de haver a necessidade de darem-se adjetivos à ciência – ciência moderna, ciência pós-moderna – para, já com a subjetividade transformada, as pessoas passem a se referir a ela como, simplesmente, ciência” (Ricardo Franklin Ferreira) 19 FERREIRA,R.F. Construtivismo: um momento de síntese ou uma nova tese? C.Psicologia, R.Preto, v.4, n.1, p.27-39, 2001. Profª Lina (11) 9866.01234 9. Conclusão Grandesso, M. A. Sobre a reconstrução do significado: uma análise epistemológica e hermenêutica da prática clínica. São Paulo: Casa do Psicólogo,2000. 20 21 A CONVERSAÇÃO TERAPÊUTICA Terapia = prática social = tipo especial de discurso Conversação terapêutica = dialógica = dilemas Criação de um contexto facilitador para a construção de novos significados, edificados em novas narrativas, ampliando o seu sentido de autoria e suas possibilidades existenciais. Prática colaborativa que se constrói no momento presente e a partir de dentro do próprio contexto dos participantes = deixa de lado os conceitos de patologia, normalidade e terapeuta como expert. 22 A CONVERSAÇÃO TERAPÊUTICA “...Cada cliente é considerado único nas suas circunstâncias... Cada sistema terapêutico e cada relação terapeuta-cliente são também idiossincráticos... Portanto, se uma depressão não é igual a outra depressão, a experiência que o terapeuta acumula é a habilidade de desconstruir sua escuta fechada, estar em diálogo, de criar um contexto conversacional gerador de novos significados mais libertadores, o que implica, necessariamente, uma atitude de respeito e humildade “ 23 A CONVERSAÇÃO TERAPÊUTICA Um encontro que se dá na linguagem, um evento linguístico no qual pessoas com diferentes tipos de experiências, uma das quais, se define como terapeuta, interagem a partir de um interesse comum que os coloca juntos. A terapia constitui-se de pessoas que se relacionam na e por meio da linguagem, em torno dos dramas de diferentes complexidades que restringem as suas alternativas existenciais. 24 A CONVERSAÇÃO TERAPÊUTICA Prática conversacional = não é uma conversação trivial. Novos significados devem emergir, reescrevendo a experiência vivida a partir de novos marcos de sentido. Natureza terapêutica = não apenas as histórias mudam, mas as próprias pessoas que as narram. O espaço dialógico = conversações externas entre os participantes = internas dentro de cada participante a possibilidade da expressão do ainda não-dito. Dizer e expandir o não-dito e o ainda por ser dito = diálogo = novos significados. 25 A CONVERSAÇÃO TERAPÊUTICA A mudança do cliente decorre do contar histórias sobre sua vida. Terapeuta = bom editor = contar e recontar Criação de contextos exploratórios para as histórias de vida dos clientes procurando por narrativas da experiência, referendadas pelos clientes, revelando recursos, competências e habilidades veladas pelos recortes feitos na experiência, por meio de narrativas dominantes, edificadas em torno de problemas. 26 A CONVERSAÇÃO TERAPÊUTICA “As histórias vividas são sempre muito mais ricas que qualquer possibilidade de relato sobre elas... As experiências vividas, quando excluídas das narrativas pessoais, permanecendo nãohistoriadas, não só deixam de ser notadas e, portanto, de fazer diferença para a vida da pessoa, como também permanece fora das possibilidades de compreensão” (Monk, 1997) 27 O PROCESSO TERAPÊUTICO É a compreensão das narrativas pelas quais construímos as histórias da nossa existência, como coautoriadas nos contextos dos quais fazemos parte, tendo como ecos as vozes canônicas da cultura. A metáfora narrativa estabelece que as pessoas vivem e estruturam suas vidas por meio de histórias, cujos efeitos podem tanto ampliar, como restringir as suas possibilidades existenciais. 28 O PROCESSO TERAPÊUTICO Diagnóstico = reconhecer uma doença. Acreditar é ver = encontrar o que procuramos. Acreditar é ouvir = nosso clientes vão tender a apresentar os problemas cuja existência acreditamos. O que obtemos com nossas definições dos problemas = são apenas as nossas próprias descrições e explicações dos problemas. Terapeutas + clientes co-constroem narrativas = preferências temáticas do terapeuta (etnia, minoria, ciclo vital, cultura, perdas e lutos...) 29 O PROCESSO TERAPÊUTICO Qual é? Para quem é? O que é? Porque é ? Significados estruturados em narrativas nas quais as pessoas organizam a experiência de si mesmas e do seu mundo, descrevendo uma empobrecida capacidade de autoria pessoal, como se fossem impotentes diante dos dilemas que as afligem. O problema (dilema) é considerado como um sistema de significados organizado pelo sofrimento, do qual fazem parte todos os que contribuem para esse sistema. Solução Situação de vida (life situation) 30 O PROCESSO TERAPÊUTICO Somente os protagonistas da história podem descrever como tem sido afetados nas suas vidas, nos seus relacionamentos, nas visões sobre si mesmos e nas suas perspectivas de futuro. Cada um localiza o problema no outro, e o outro nega tal coisa, muitas vezes contra-atacando desafio para a construção de um sistema terapêutico colaborativo. 31 O PROCESSO TERAPÊUTICO Clientes que buscam por terapia são pessoas envolvidas em histórias de sofrimentos, mais ou menos dolorosos e alarmantes, de alguma forma, protagonistas de histórias de dificuldades existenciais, em que figuram restrições de autonomia, da condição de autoria e de melhores e mais esperançosas alternativas de vida. Seja qual for o caso, as pessoas costumam recorrer à terapia quando algo abala sua sensação de bem-estar, o reconhecimento de suas competências e a validação de si mesmas como pessoas. 32 O PROCESSO TERAPÊUTICO Seus dilemas existenciais organizam-se em histórias de queixas para as quais, ou não vêm saídas, ou não conseguem colocá-las em prática. Nesse tipo de terapia, os clientes são colocados no lugar de especialistas. Assim, abandonando papéis tradicionais do terapeuta como aquele que sabe, e do cliente como o que não sabe, “terapeutas aprendem e clientes ensinam”. 33 O PROCESSO TERAPÊUTICO A mudança, coerentemente com o conceito de problema, envolve o desenvolvimento de narrativas em primeira pessoa, ou seja, de narrativas do self, favorecendo a compreensão da experiência e dos eventos da vida, de modo que permita: “múltiplas possibilidades no ser e estar no mundo em um dado momento e determinada circunstância, ajudando o cliente a ter acesso, expressar ou exercer a autoria ou agenciamento pessoal”. 34 O PROCESSO TERAPÊUTICO Compreendo que uma terapia bem-sucedida favorece tanto a libertação em relação às histórias saturadas de problemas, e, portanto, opressoras do self, como um sentido de esperança à medida que as histórias mais libertadoras, vindas do acesso e expansão do ainda não-dito, podem construir futuros mais promissores. 35 O PROCESSO TERAPÊUTICO Metáfora da Fogueira Para manter a primeira chama vacilante acesa, necessitase colocar pequenos gravetos no tempo adequado. Se for colocado apenas um, ele rapidamente será consumido e o fogo apagar-se-á; se forem muitos de uma só vez, ou lenha muito pesada, a chama será sufocada. Assim, gentil e habilmente cuidada, a chama pode ser alimentada pelo oxigênio, até que, estabelecida, a fogueira possa receber a lenha mais pesada e seguir por si mesma sua vida. 36 [email protected] – celular (11) 98184-0550 37