Sara Freitas Definição de DPOC Doença prevenível e tratável com alguns efeitos extra- pulmonares significativos que podem contribuir para a gravidade em doentes individuais. O seu componente pulmonar é caracterizado por limitação ao fluxo aéreo que não é totalmente reversível. A limitação ao fluxo aéreo é geralmente progressiva e associada com uma resposta inflamatória anormal a partículas e gases tóxicos. Epidemiologia A DPOC é uma das principais causas mundiais de morbilidade e mortalidade, e resulta num peso económico e social simultaneamente substancial e progressivo. Os dados de prevalência e morbilidade subestimam a relevância da DPOC dado que a doença não é habitualmente diagnosticada até que surja um quadro clínico aparente e moderadamente avançado. World’s Top Ten Killers 1990 1 3 2 5 4 7 6 10 9 8 Murray and Lopez Lancet 1997 World’s Top Ten Killers 2020 1 3 2 5 4 8 7 6 0 1 9 Murray and Lopez Lancet 1997 Percent Change in Age-Adjusted Death Rates, U.S., 1965-1998 Proportion of 1965 Rate 3,0 3.0 2,5 2.5 Coronary Heart Disease Stroke Other CVD COPD All Other Causes –59% –64% –35% +163% –7% 2.0 2,0 1.5 1,5 1.0 1,0 0,5 0.5 0,0 0 1965 - 1998 1965 - 1998 1965 - 1998 1965 - 1998 1965 - 1998 NHLBI/NIH/DHHS DPOC: Mortalidade por sexo nos EUA 70 60 Men 50 Women 40 30 20 10 0 1980 1985 1990 1995 2000 US Centers for Disease Control and Prevention, 2002 Prevalência da DPOC 4-6% da população adulta tem DPOC clinicamente relevante 1.8 million in Spain 3.0 million in UK 2.7 million in Germany 2.6 million in Italy 2.6 million in France Mais de 10% dos adultos têm evidência de limitação do débito aéreo ERS/ELF. European Lung White Book 2003 Prevalência da DPOC Estudo BOLD1* Estudo multicêntrico para medir a prevalência e o impacto da DPOC em todo o mundo Países participantes: África do Sul, Alemanha, Austrália, Áustria, Canadá, EUA, Filipinas, Islândia, Noruega, Polónia, Portugal, Reino Unido, Suécia Estudo PLATINO2 Inquérito multicêntrico do impacto da DPOC nas cidades principais da América Latina (São Paulo, Brasil; Cidade do México, México; Montevideu, Uruguai; Santiago do Chile, Chile; e Caracas, Venezuela) *Os dados do BOLD estão desenhados a partir de centros urbanos individuais e poderão não representar cada um dos países como um todo. 1. Buist AS, et al. Lancet 2007;370:741-750; 2. Menezes AM, et al. Lancet 2005;366:18751881. ERS/ELF. European Lung White Book 2003 Prevalência da DPOC Prevalence of GOLD Stage > I % 60 14,2 % 47.2 40 30.8 27 18.4 20 11.5 2.6 1.4 9 10.2 21.5 10.6 18.7 14.2 10.5 2 0 40-49 50-59 60-69 Age Barbara et al. Abstract #257374 presented at ERS 2010 70+ TOTAL Prevalência da DPOC Prevalence of GOLD Stage > II % 60 NHANES III equations 7,3 %* 40 20 13 .9 9 .1 0 0 4 .3 6 .6 6 .9 10 .2 18 .3 .2 12 .5 14 .6 9 .1 7 .3 * 5 .8 0 0 40-49 50-59 60-69 Age 70+ TOTAL * Prevalence with local equations: 6.9% Barbara et al. Abstract #257374 presented at ERS 2010 DPOC: Realidade Sub Prevalência NHANES III 60 50 Rate (%) 40 30 20 10 0 30-34 35-39 40-44 45-49 50-54 55-59 60-64 Age Group (years) 65-69 70-74 75-80 NHANES III Prevalência NHANES III 60 50 Rate (%) 40 COPD Gap 30 20 10 0 30-34 35-39 40-44 45-49 50-54 55-59 60-64 Age Group (years) 65-69 70-74 75-80 NHANES III Factores de Risco para DPOC •Exposição a partículas ●Tabaco ●Poeiras ocupacionais, orgânicas e inorgânicas ●Poluentes do ambiente interior ●Poluentes do ambiente exterior •Factores intrínsecos •Genes •Crescimento e desenvolvimento pulmonar •Stress Oxidativo •Sexo •Idade •Infecções Respiratórias •Status Socioeconómico •Nutrição •Co-morbilidades Patogénese e Patofisiologia Mecanismos de Limitação do Débito Aéreo na DPOC Patogénese e Patofisiologia Limitação do débito aéreo DÉBITO AÉREO NORMAL Patogénese e Patofisiologia No pulmão obstruído, será libertado um menor volume de ar por unidade de tempo. Patogénese e Patofisiologia Air trapping e Hiperinsuflação na DPOC (Pequenas Vias Aéreas) Patogénese e Patofisiologia Air trapping e Hiperinsuflação na DPOC (Pequenas Vias Aéreas) Capacidade Pulmonar Total (CPT) Volume Residual (VR) Capacidade Residual Funcional (CRF) Capacidade Inspiratória (CI) Volume de Reserva Inspiratória (VRI) Dispneia de esforço Tolerância ao exercício Patogénese e Patofisiologia Patogénese Patogénese e Patofisiologia Patogénese A inflamação das vias aéreas compreende: Aumento do número e activação de células inflamatórias neutrófilos, monócitos/macrófagos, linfócitos CD8+ Elevação de mediadores inflamatórios IL-8, TNFα, LTB4 e oxidantes Desequilíbrio protease/anti-protease Stress oxidativo Patogénese e Patofisiologia Patogénese As alterações estruturais envolvem: Destruição alveolar Hiperplasia epitelial Hipertrofia glandular Metaplasia de células caliciformes Fibrose da via aérea Aumento da massa de músculo liso Patogénese e Patofisiologia Patogénese A disfunção muco-ciliar envolve: Hipersecreção de muco Aumento da viscosidade do muco Redução do transporte mucociliar Dano da mucosa Patogénese e Patofisiologia Patogénese A limitação do débito aéreo compreende: Contracção do músculo liso Aumento do tónus colinérgico Hiperreactividade brônquica Perda de elasticidade Hiperinsuflação dinâmica Patogénese e Patofisiologia Patogénese O componente sistémico abrange: Músculo esquelético disfuncionante – fraqueza, desgaste Status nutricional pobre IMC reduzido Características Fisiopatológicas/Clínicas Obstrução Vias Aéreas Inflamação Alterações Estruturais Limitação do Fluxo Aéreo Componente Sistémico Diminuição da Função Pulmonar Sintomas/Exacerbações Deterioração Qualidade Vida Disfunção Muco-ciliar Cigarette smoke Allergens Ep cells Mast cell CD4+ cell (Th2) Eosinophil Bronchoconstriction AHR Alv macroph Ep cells CD8+ cell (Tc1) Neutrophil Small airway narrowing Alveolar destruction Airflow Limitation Patologia Vias aéreas centrais Parênquima pulmonar DPOC Vascularização pulmonar Vias aéreas periféricas Patologia Enfisema Definido como um alargamento anómalo dos espaços aéreos distais aos bronquíolos terminais Pode ocorrer na DPOC, mas não é exclusivo Como resultado, há uma significativa perda de ligações alveolares, o que contribui para um colapso aéreo periférico Patologia Existem dois tipos principais de enfisema, de acordo com a distribuição dentro do ácino: • Centrolobular: envolve dilatação e destruição dos bronquíolos respiratórios; é o tipo mais comum de enfisema na DPOC e é mais proeminente nos andares superiores do pulmão. • Panacinar: envolve destruição de todo o ácino; predomina nos pacientes com déficit de α 1-antitripsina e é mais evidente nos andares inferiores. Alterações no parênquima pulmonar Destruição da parede alveolar Perda de elasticidade Destruição do leito capilar pulmonar ↑ células inflamatórias macrófagos, linfócitos T CD8+ Hipertensão Pulmonar na DPOC Morte Diagnóstico de DPOC O diagnóstico de DPOC deve ser considerado em qualquer paciente que apresente: Tosse persistente Expectoração Dispneia História de exposição a factores de risco para a doença Diagnóstico de DPOC Indicadores Chave Dispneia Tosse crónica Expectoração crónica Exposição a factores de risco Características dos indicadores chave • Agravamento progressivo • Geralmente agravada com o exercício • Persistente (presente todos os dias) • Pode ser intermitente e pode ser não produtiva • Qualquer padrão de produção crónica de expectoração poderá indicar DPOC •Fumo do tabaco •Poeiras e químicos ocupacionais •Fumo de cozinhas e combustíveis de aquecimentos “A espirometria é necessária para se estabelecer um diagnóstico de DPOC.” Rabe K et al. GOLD 2007. Am J Respir Crit Care Med 2007; 176:532-555 Diagnóstico de DPOC O diagnóstico de DPOC é baseado na história clínica de exposição a factores de risco e na presença de limitação do débito aéreo não totalmente reversível, com ou sem a presença de sintomas. Para o diagnóstico e avaliação da DPOC, a espirometria é o gold standard. A presença de VEMS/CVF < 70% e VEMS < 80% previsto pós- broncodilatação confirma a presença de limitação do débito aéreo não totalmente reversível. Espirometria: Normal e DPOC VEMS=FEV1; CVF=FVC DPOC - Espirometria Espirometria: VEMS/CVF<70% Volume (L) Estudo Funcional Ventilatório Alterações características: VEMS/CVF <0.7 (ou <70%) pós-broncodilatação Diminuição VEMS Aumento VR ou VGIT Possível aumento CPT Diminuição DLCO Espirometria: relação com clínica Os sintomas geralmente surgem normalmente após uma redução significativa do VEMS (VEMS<50%). 100 Symptoms Severe FEV1 (% of predicted) 50 Asymptomatic 20 Lung function normal Lung function reduced Mild Axis of Progression Sutherland ER and Cherniack RM. New Engl J Med 2004; 350: 2689-2697. Espirometria Classificação espirométrica da DPOC Estadio Características (Pós-broncodilatação) Ligeiro VEMS ≥ 80% previsto II Moderado 50% ≤ VEMS < 80% previsto III Grave 30% ≤ VEMS < 50% previsto IV Muito Grave VEMS < 30% previsto VEMS/CVF < 70% I Rabe K et al. GOLD 2007. Am J Respir Crit Care Med 2007; 176:532-555 Imagiologia RX tórax: pouco sensível; escassa informação Insuflação Espessamento de paredes brônquicas Associação patologia cardíaca TC tórax: mais sensível nas alterações observadas Bolhas enfisematosas Áreas de rarefacção parenquimatosa Espessamento de paredes brônquicas Sinais indirectos de HTP Diagnóstico diferencial DPOC ASMA • Início na idade adulta (meia- • Início na infância ou adolescência idade) • Sintomas variam dia-a-dia • Sintomas lentamente • Sintomas nocturnos e madrugada progressivos • Longa história de hábitos tabágicos • Dispneia durante o exercício • Limitação de débito aéreo maioritariamente irreversível • Alergia, rinite, e/ou eczema também presentes • História familiar de asma • Limitação de débito aéreo maioritariamente reversível Diagnóstico diferencial Insuficiência cardíaca Fervores finos bibasais na AP RXT com cardiomegália e edema pulmonar Função respiratória com restrição Bronquiectasias Broncorreia purulenta Infecções frequentes AP com fervores grosseiros RX e TAC com alterações características DPOC e Co-Morbilidades Na DPOC, as co-morbilidades são comuns e devem ser activamente identificadas. Os pacientes com DPOC apresentam risco aumentado de: • • • • • • EAM, angina Osteoporose Infecção respiratória Depressão Diabetes Mellitus Cancro do pulmão DPOC – História Natural Evolução Clínica da DPOC DPOC Limitação do Débito Aéreo Expiratório Exacerbações Air Trapping/Hiperinsuflação Dispneia Perda de condição física Qualidade de vida Relacionada com a Saúde (QVRS) Inactividade Reduzida Capacidade de Exercício Incapacidade Ferro TJ, Schartz DB. Clynical Pulmonary Medicine 2005. Decramer M. Eur Respir rev 2006. Progressão da Doença e Consequências Sistémicas Mortalidade DPOC – História Natural Respiração em repouso em doentes com DPOC DPOC – História Natural Respiração durante o exercício em doentes com DPOC DPOC – História Natural Variação média da Actividade Física na Vida Diária de Doentes Idosos com DPOC vs Indivíduos Idosos saudáveis Adicionalmente: A intensidade do movimento durante a deambulação é reduzida nos doentes com DPOC comparativamente aos indivíduos idosos saudáveis Pitta F. et al. Am J Respir Crit Care Med 2005; 171:972-977 DPOC – História Natural A Espiral Decrescente Dispneia/Actividade: Os doentes, de forma consciente ou inconsciente, ajustam o seu estilo de vida de forma a evitar sintomas Dispneia durante esforço moderado Limitação Respiratória Maior perda de condição física Evicção de exercício Dispneia durante AVD Perda de condição física AVD - Actividades da Vida Diária Maior evicção Dispneia durante esforço ligeiro DPOC – História Natural DPOC: Impacto na Qualidade de Vida Diminuição da Capacidade de Exercício Exacerbações Insónia, Fadiga QVRS Sobrecarga dos Cuidados Médicos Perda de Independência Isolamento Social, Depressão, Ansiedade Dispneia, Tosse Limitação do Débito Aéreo Avaliação da DPOC: Objetivos • Determinar a gravidade da doença, o seu impacto no estado de saúde do doente e o risco de eventos futuros (por exemplo exacerbações) para orientar a terapêutica. • Considerar isoladamente os seguintes aspetos da doença: • nível actual de sintomas • gravidade espirométrica • frequência de exacerbações • presença de comorbilidades Avaliar os sintomas COPD Assessment Test (CAT): Instrumento composto por 8 items que avalia a limitação do estado de saúde na DPOC (http://catestonline.org). Avaliação da dispneia através do Questionário Modified British Medical Research Council (mMRC): Relaciona-se bem com outras avaliações do estado de saúde e prediz o risco de mortalidade futura. COPD Control Questionnaire: Assenta em 10 itens de controlo clínico do doente com DPOC (http://www.ccq.nl) Questionário MRC (mMRC) modificado Grau Grau de dispneia relacionada com as actividades 0 Tem falta de ar quando realiza exercício intenso? 1 Tem falta de ar quando apressa o passo ou quando sobe escadas ou pequenas inclinações? 2 Precisa de andar mais devagar do que outras pessoas da sua idade ou de parar para respirar quando caminha no seu passo normal? 3 Precisa de parar para respirar depois de caminhar cerca de 100 metros (ou após alguns minutos) em terreno plano? 4 Não consegue sair de casa devido à falta de ar ou tem falta de ar quando se veste ou despe? COPD Assessment Test (CAT) Assenta em 8 itens: Tosse Expectoração Aperto torácico Dispneia ao subir escadas Actividades em casa Confiança para sair de casa Sono Níveis de energia O papel do CAT na abordagem da DPOC: significado da pontuação Intervalo de pontuações possíveis: 0 - 40 Correlação entre a pontuação do CAT e nível de impacto da DPOC: Pontuação CAT Nível de impacto > 30 Muito alto > 20 Alto 10 – 20 Médio < 10 Baixo Healthcare professional user guide - Expert guidance on frequently asked questions. www.CATestonline.org Classificação da Gravidade da Limitação do Débito na DPOC GOLD Características (Pós-broncodilatação) Ligeiro VEMS ≥ 80% previsto 2 Moderado 50% ≤ VEMS < 80% previsto 3 Grave 30% ≤ VEMS < 50% previsto 4 Muito Grave VEMS < 30% previsto VEMS/CVF < 70% 1 Rabe K et al. GOLD 2007. Am J Respir Crit Care Med 2007; 176:532-555 Avaliar o Risco de Exacerbações Usar a história de exacerbações e a espirometria: 2 ou mais exacerbações ou ≥1 exacerbação com internamento durante o último ano ou VEMS < 50 % do valor previsto são indicadores de alto risco 4 (D) (B) 1 3 2 (ou ≥1 exacerbação com internamento) (A) 1 (sem internamento) 0 mMRC 0-1 CAT < 10 mMRC > 2 CAT > 10 Sintomas (score mMRC ou CAT)) (História de Exacerbações) (C) >2 Risco (Classificação GOLD da Limitação do Débito) Risco Avaliação Combinada da DPOC Avaliação Combinada da DPOC Primeiro avaliar os sintomas (C) (D) (A) (B) mMRC 0-1 CAT < 10 mMRC > 2 CAT > 10 Sintomas (score mMRC ou CAT)) Se mMRC 0-1 ou CAT < 10: Menos Sintomas (A ou C) Se mMRC > 2 ou CAT > 10: Mais Sintomas (B ou D) Avaliação Combinada da DPOC 3 2 (C) (D) >2 (A) (B) mMRC 0-1 CAT < 10 mMRC > 2 CAT > 10 1 Sintomas (score mMRC ou CAT) 1 0 (História de Exacerbações) 4 Risco (Classificação GOLD da Limitação do Débito) Risco Depois avaliar o risco de exacerbações Se GOLD 1 ou 2 e apenas 0 ou 1 exacerbações sem internamento por ano: Baixo Risco (A ou B) Se GOLD 3 ou 4 ou duas ou mais exacerbações por ano ou ≥1 exacerbação com internamento: Elevado Risco (C ou D) Avaliação Combinada da DPOC 3 2 (C) (D) >2 (A) (B) 1 mMRC 0-1 CAT < 10 mMRC > 2 CAT > 10 Sintomas (score mMRC ou CAT) 1 0 (História de Exacerbações) 4 Risco (Classificação GOLD da Limitação do Débito) Risco Usar avaliação combinada O doente está agora numa de quatro categorias: A: Menos sintomas, baixo risco B: Mais sintomas, baixo risco C: Menos sintomas, alto risco D: Mais sintomas, alto risco Objectivos do tratamento da DPOC Aliviar sintomas Melhorar a tolerância ao exercício Melhorar o estado de saúde Reduzir sintomas Prevenir a progressão da doença Prevenir e tratar as exacerbações Reduzir a mortalidade Reduzir risco Componentes do tratamento da DPOC Reduzir os factores de risco Tratamento da DPOC estável • Farmacológico • Não farmacológico Tratamento das exacerbações Componentes do tratamento da DPOC Intervenção em todos os estadios da doença, incluem:1–4 Cessação tabágica Exercício Mudança do estilo de vida Vacina da gripe (e Pneumonia, se aplicável) Prevenção de exacerbações Medicação Nutrição adequada 1Petty TL. Chest 2000;117:326S-331S; 2Anthonisen NR et al. JAMA 1994;272:1497-1505; 3GOLD. Global Strategy for the Diagnosis, Management, and Prevention of Chronic Obstructive Pulmonary Disease. Updated 2008; 4Godtfredsen NS, et al. Eur Respir J 2008;32:844-853. Redução dos factores de risco Cessação tabágica: Estratégia mais rentável e eficaz de evitar o desenvolvimento e progressão da DPOC Adaptado de Fletcher e Peto , BMJ 1977; 1:1645-1648 Redução dos factores de risco Estratégia dos 5 A (intervenção breve) Abordar hábitos Aconselhar a parar Avaliar motivação Ajudar na tentativa Acompanhar evolução Redução dos factores de risco Diminuir exposição laboral, domiciliária e exterior a fumos e poeiras Tratamento da DPOC estável Tratamento Farmacológico Oxigenoterapia Reabilitação pulmonar Nutrição Cirurgia Broncodilatadores Curta duração de acção ß-agonistas (SABA) Salbutamol – 200 mcg SOS Terbutalina 500 mcg SOS Anti-muscarínicos (SAMA) Brometo de ipratrópio 40 mcg SOS Uso em todas as fases da DPOC como terapêutica de alívio Broncodilatadores Longa duração de acção ß-agonistas (LABA) Salmeterol – 50 mcg 2id Formoterol – 12 mcg 2id Anti-muscarínicos (LAMA) Tiotrópio – 18 ou 5 mcg id Glicopirrónio – 50 mcg id Acclidinium – 322mcg 2id Metilxantinas Teofilina Uso em doentes com DPOC classes B-D como terapêutica de manutenção. Corticosteróides inalados Propionato de fluticasona – 500 mcg 2id Budesonido – 320 ou 400 mcg 2id Beclometasona – 50-400 mcg 2id Associados a ß-agonistas de longa acção Quando FEV1 < 60% e exacerbações frequentes Inibidores da Fosfodiesterase-4 (PDE-4) Roflumilast – 500 mcg per os id Ainda sem aprovação em Portugal GOLD 3 ou 4 com perfil de bronquite crónica e exacerbações frequentes Tratamento Terapêutica inalatória é mais eficaz que sistémica Se resposta insatisfatória a um fármaco, tentar alternativa Associar terapêuticas de diferentes classes à medida que a doença evolui Inaladores com associação mais eficazes que componentes isolados Tratamento Doente Primeira escolha Escolha alternativa A SAMA sos ou SABA sos LAMA ou LABA ou SABA and SAMA Teofilina B LAMA ou LABA LAMA e LABA SABA e/ou SAMA Teofilina LAMA e LABA ou LAMA e Inibidor PDE-4 ou LABA e Inibidor PDE-4 SABA e/ou SAMA Teofilina ICS + LABA e LAMA ou ICS+LABA e Inib-PDE4 ou LAMA e LABA ou LAMA e inib-PDE4 Carbocisteína SABA e/ou SAMA Teofilina C D ICS + LABA ou LAMA ICS + LABA e/ou LAMA Outros tratamento possíveis Tratamento PRIMEIRA ESCOLHA ICS + LABA ou LAMA GOLD 3 GOLD 2 GOLD 1 D ICS + LABA e/ou LAMA A >2 B SAMA sos ou SABA sos mMRC 0-1 CAT < 10 LABA ou LAMA mMRC > 2 CAT > 10 1 0 Exacerbações por ano GOLD 4 C Tratamento GOLD 4 C GOLD 3 GOLD 2 GOLD 1 LAMA e LABA ou LAMA e Inibidor PDE-4 ou LABA e Inibidor PDE-4 ICS + LABA e LAMA D ou ICS+LABA e Inib-PDE4 ou LAMA e LABA ou LAMA e inib-PDE4 A >2 B LABA ou LAMA ou SABA e SAMA mMRC 0-1 CAT < 10 LAMA e LABA mMRC > 2 CAT > 10 1 0 Exacerbações por ano SEGUNDA ESCOLHA Tratamento ESCOLHAS ALTERNATIVAS SABA e/ou SAMA Teofilina GOLD 3 GOLD 2 D Carbocisteína SABA e/ou SAMA Teofilina A >2 B Teofilina GOLD 1 SABA e/ou SAMA Teofilina 1 0 mMRC 0-1 CAT < 10 mMRC > 2 CAT > 10 Exacerbações por ano GOLD 4 C Tratamento farmacológico o o o o Antibióticos: só usados no tratamento de exacerbações infecciosas da DPOC Agentes Antioxidantes: a n-acetilcisteína não tem efeito na frequência de exacerbações, excepto em pacientes não tratados com corticóides inalados Agentes Mucolíticos, Antitússicos, Vasodilatadores: não recomendados na DPOC estável O tratamento crónico com glucocorticóides sistémicos deve ser evitado dada a relação desfavorável benefício/risco (Evidência A). Oxigenoterapia de longa duração A Oxigenoterapia de longa duração (OLD) melhora a sobrevida, a tolerância ao exercício, o sono e o desempenho cognitivo. Prescrita a doentes com DPOC GOLD IV com: PaO2 arterial < 55 mmHg ou SatO2 < 88% com ou sem hipercápnia PaO2 entre 55 a 60 mmHg ou SpO2 de 88% se Sinais de hipertensão pulmonar ou de insuficiência cardíaca Policitémia (hematócrito > 55%) Reabilitação pulmonar Deve ser considerada em pacientes com dispneia ou outros sintomas respiratórios, tolerância ao esforço reduzida, restrição nas actividades diárias ou depauperação do estado geral. Todos os pacientes beneficiam de programas de treino de exercício, melhorando quer a tolerância ao exercício quer os sintomas de dispneia e fadiga (Evidência A). Reabilitação pulmonar A Actividade Física Regular Altera o Declínio da Função Pulmonar Relacionado com o Tabaco e Reduz o Risco de DPOC População do Copenhagen City Heart Study, Fumadores Activos VEMS/CVF < 70%, n=6790 Garcia-Aymerich et al. Am J Resp Crit Care Med 2007; 175:458-463. Nutrição Perda ponderal e deplecção na massa muscular podem ser observadas em pacientes com DPOC estável. IMC<21 kg·m-2 está associado a um aumento do risco de mortalidade. Critérios para definir perda ponderal (PP): PP >10% nos últimos 6 meses ou >5% no último mês. A terapia nutricional pode apenas ser eficaz se combinada com exercício ou outro estímulo anabólico. Cirurgia na DPOC Remoção de bolhas e cirurgia de redução de volume pulmonar podem resultar numa melhoria da espirometria, do volume pulmonar, da capacidade de exercício, da dispneia, da qualidade de vida e, possivelmente, da sobrevida. Transplantação pulmonar resulta numa melhoria da função pulmonar, da capacidade de exercício, da qualidade de vida e, possivelmente, da sobrevida. Exacerbação de DPOC A exacerbação de DPOC define-se como uma alteração aguda na dispneia, tosse e/ou expectoração basais do doente para além duma variabilidade diária, suficiente para garantir uma mudança terapêutica. As causas da exacerbação podem ser infecciosas e não- infecciosas. A terapêutica médica envolve broncodilatadores, corticoesteróides, antibióticos e oxigenoterapia suplementar. Exacerbação de DPOC História Clínica Sinais de Gravidade ECD Gravidade espirométrica da DPOC Uso de músculos acessórios Gasometria arterial Duração do agravamento ou novos sintomas Movimentos torácicos paradoxais Radiografia torácica Nº de episódios prévios (total/hospitalizações) Agravamento/aparecimento de cianose central Comorbilidades Desenvolvimento de edema periférico Regime terapêutico actual Instabilidade hemodinâmica Recurso prévio a ventilação mecânica Deterioração do estado de consciência ECG Hemograma (leucocitose, policitémia) Bioquímica Exacerbação de DPOC Indicações para avaliação hospitalar ou internamento Aumento acentuado da intensidade dos sintomas, como dispneia em repouso súbita DPOC grave Aparecimento de novos sinais ao exame físico (ex. cianose, edema periférico) Falência de resposta a terapêutica médica inicial Presença de comorbilidades graves (ex. IC ou arritmias de novo) Exacerbações frequentes Idade avançada Suporte domiciliário insuficiente Exacerbação de DPOC Broncodilatadores •Aumentar dose e/ou frequência de broncodilatadores de curta duração de acção •Combinar β2 agonistas com anticolinérgicos •Usar spacers ou nebulizadores de ar comprimido Corticóides orais ou IV O2 ABT se sinais de infecção GSA seriadas Avaliar gravidade dos sintomas, GSA, RX tórax Abordagem da exacerbação grave mas sem risco de vida Monitorizar: •Balanço hídrico e nutrição •Considerar heparina baixo peso molecular •Identificar e tratar condições associadas •Condição clínica do paciente Exacerbação de DPOC Antibioterapia Se 3 sintomas cardinais: aumento da dispneia, do volume e purulência da expectoração Se 2 sintomas cardinais desde que tenha purulência da expectoração Se ventilação mecânica invasiva 5-10 dias de tratamento Microrganismos mais frequentes: Streptococcus pneumoniae Haemophilus influenzae Moraxella catarrhalis Se GOLD 3 ou 4 – Pseudomonas aeruginosa Exacerbação de DPOC Indicações para admissão em UCI Dispneia grave com má resposta à terapêutica inicial Alteração do estado de consciência Hipoxémia persistente ou agravada (pO2<40mmHg) e/ou acidose respiratória grave ou agravada (pH <7,25) apesar do O2 suplementar e VNI Necessidade de ventilação mecânica invasiva Instabilidade hemodinâmica – necessidade de vasopressores Exacerbação de DPOC Indicações para VNI Indicações para VI Intolerância ou falência da VNI Paragem cardíaca ou respiratória Acidose respiratória (pH ≤7.35 e/ou pCO2 ≥45mmHg) Pausas respiratórias com perda de consciência Nível de consciência diminuído, agitação psicomotora inadequadamente controlada com sedação Incapacidade persistente para remover secreções respiratórias FC<50/min com diminuição do estado de vigília Dispneia grave com sinais de fadiga dos músculos respiratórios e/ou aumento do trabalho respiratório Instabilidade hemodinâmica grave sem resposta a fluidos ou vasopressores Arritmias ventriculares graves Hipoxémia refractária em pacientes intolerantes à VNI Ventilação não invasiva Ventilação mecânica não invasiva (VMNI) deve ser disponibilizada a todos os pacientes com exacerbações em que, após optimização da terapêutica médica e oxigenação, persista uma acidose respiratória (pH <7.36) e/ou dispneia excessiva. A VMNI nas exacerbações melhora a acidose respiratória, aumenta o pH, diminui a necessidade de entubação endotraqueal, e reduz a PaCO2 , a frequência respiratória, a gravidade da dispneia, a duração do internamento e a mortalidade (Evidência A).