Dra Luana Suzano Lelis R1 Cardiologia Produção de Hemocomponentes Sangue total – fracionamento – centrifugação Hemocomponentes: produzido por centrifugação (plasma, plaquetas, hemácias) Hemoderivados: industrializado a partir do plasma (albumina, imunoglobulina, fatores de coagulação) Concentrado de Hemácias Sangue total com plasma retirado Volume 220 a 320 ml Validade 35 dias Armazenamento 2 a 6°C 1 unidade eleva Hb em 1 a 1,5 g/dl e Ht 3 a 4% Indicações de Concentrado de Hemácias Hemorragia aguda: Perda volêmica > 30% (> 1500 ml pct 70 Kg) Perda volêmica > 15% (> 750 ml pct 70Kg) com instabilidade hemodinamica, anemia pre existente, hemorragia persistente ou comorbidades. Pré operatório: Hb < 8 g/dl ou HT < 24% se Perda sanguinea prevista > 250 ml/h ou > 1l Disturbio da hemostasia Hb < 10 g/dl ou Ht < 30% se Pacientes com comorbidades Hb < 7g/dl ou Ht < 21% em todos outros casos Anemia: Hb < 7 g/dl ou HT < 21% nos pcts previamente hígidos e com anemia descompensada Hb < 9 g/dl ou Ht < 27% nos pcts com comorbidades (doença cardiorrespiratória ou cerrebrovascular) Plasma Fresco Congelado Volume 180 a 200 ml Validade 1 ano Armazenamento – 30°C Contem níves hemostáticos de todos os fatores de coagulação (inclusive fator V e VIII), fibrinogênio, proteínas, sais minerais e carboidratos Dose terapêutica: 10 a 20 ml/Kg Pct de 60 Kg – 600 a 1200 ml (3 a 6 bolsas/dia) devido sobrecarga volêmica Indicações de PFC Nas seguinte situações, se houver sangramento ativo ou se o pct for submetido a procedimento invasivo e tiver INR > 1,5 ou TTPa > 55 seg Intoxicação por cumarínicos Insuficiência hepática CIVD PTT (púrpura trombocitopênica trombótica) Coagulopatias hereditárias (exceto hemofilia A) Contra indicações do PFC Expansor de volume ou como fonte de proteínas Sangramento sem coagulopatia Imunodeficiências Sepse Concentrado de Plaquetas Cada unidade aumenta a contagem plaquetária em 5000/ml em pct de 70 Kg Dose: 1 unidade a cada 10 Kg de peso, variando de 6 a 10 unidades Validade 5 dias Transfusões repetidas podem gerar formação de anticorpos “anti-plaquetas” Contra indicado na PTT por aumentar formação de microtrombos Indicações Terapêuticas de Concentrado de Plaquetas Presença de sangramento ativo e pelo menos um dos abaixo: Plaq < 50000/mm3 Disfunção plaquetária provável (TS > 12 seg, uso de antiplaquetários) Pós operatório de cirurgia cardíaca com CEC + plaq < 150000/mm3 Indicações Profiláticas de Concentrado de Plaquetas Procedimento invasivo com plaq < 50000/mm3 Neurocirurgia ou cirurgia oftalmológica com plaq < 100000/mm3 Pcts pós quimioterapia ou com leucemia ou anemia aplasica Plaq < 10000/mm3 sem febre ou pequenos sinais hemorrágicos Plaq < 20000/mm3 com febre ou pequenos sinais hemorrágicos Aumento inadequado da plaquetometria pós tranfusional Armazenamento inadequado Destruição auto imune Esplenomegalia – sequestro esplênico Febre durante a infusão de plaq Formação de aloanticorpos contra antigenos HLA plaquetários (transfusão repatidas) Crioprecipitado Derivado do PFC Concentrado rico de fibrinogênio, fator VIII, FvWB, fator XIII e fibronectina 10 a 20 ml de volume Validade 1 ano Armazenado a – 20°C Dose 1 unidade/10 Kg Indicações do Crioprecipitado CIVD com fibrinogênio < 100 mg/dl e sangramento ativo Deficiência do fator XIII Hipofibrinogenemia (< 100 mg/dl) ou disfibrinogenemia congenita nos sangramentos ativos ou nos procedimentos invasivos/cirurgicos Reações Transfusionais Agudas Reação Hemolítica Aguda: Incompatibilidade ABO Quadro clínico: febre, calafrio, ansiedade, dor torácica e lombar, hemoglobinemia/hemoglobinúria (IRA), taquicardia, taquidispneia, flush facial, choque e sinais de CIVD Letalidade em torno de 40% Tratamento: suspender transfusão, hidratação vigorosa, manter diurese >100ml/h, suporte hemodinâmico e respiratório Reação Febril: Mais comum após transfusão de plaq Febre, calafrios e mal-estar Tratamento: suspensão da transfusão e antipiréticos Prevenção: uso profilático de antipiréticos e uso de componentes sanguineos leucorreduzidos Reação Alérgica: Mais comum na transfusão de PFC e plaq Quadros mais graves em pcts com deficiência hereditária de IgA (1 a cada 900 brasileiros) Prurido, urticária, broncoespasmo, raro edema de glote e choque anafilático Tratamento: suspender a transfusão, anti histamínico, se reação grave adrenalina e corticóide É a única reação em que pode retornar a transfusão após reversão dos sintomas (se reação leve) Hipervolemia: Habitualmente em pacientes com IC e insuficiência renal Dispneia, hipertensão, EAP, taquiarritmia, cefaléia e hipoxemia Tratamento: suspender transfusão, diuréticos, elevar decúbito,suporte cardiorrespiratório TRALI (Injúria Pulmonar Relacionada a Transfusão): Patogênese: anticorpo do doador contra leucócitos do pct – aumento da permeabilidade da microcirculação pulmonar Dispneia, hipoxemia, EAP, cianose, febre, calafrios, hipotensão arterial, infiltrados difusos pulmonares ao RX de tórax, PVC normal Tratamento: suspender transfusão, suporte hemodinâmico e ventilatório, evitar diuréticos (pct hipovolêmico e hipotenso) Contaminação Bacteriana: Yersinia enterocolitica é o agente mais comum, pois resiste a baixas temperaturas Maior chance nos concentrado de plaq, que são armazenados em temperaturas mais elevadas Febre, calafrios, hipotensão e choque Tratamento: suspender transfusão, antibioticoterapia, suporte pressórico Hipotensão: Devido geração de bradicinina secundária ao contato do plasma com superficies artificiais (filtro de leucócitos) Pcts em uso de IECA podem desenvolver essa reação, pois já tem níveis de bradicinina elevados Hipotensão, dor abdominal e eritema facial Tratamento: suspender transfusão, infundir cristalóides e adotar posição de trendelemburg Reações Transfusionais Tardias Reação Hemolítica Tardia: 2 a 10 dias após transfusão Febre, icterícia, reticulocitose e Coombs direto positivo Tratamento: monitorização do Ht e nova transfusão se necessário Doença do Enxerto Contra Hospedeiro Transfusional (DECH-T): Agressão tecidual pelo linfócito enxertado O quadro clínico depende do tecido lesado, rash cutâneo (pele), diarréia e aumento de bilirrubina direta (TGI), aplasia (medula óssea) Tratamento: imunossupressão (letalidade de 90%) Doenças Infecciosas: Hepatite B e C, HIV, HTLV, sífilis, doença de chagas, malária, doença de Creutzfeldt-Jakob, citomegalovirose, parvovirus B19 Tratar a doença adquirida Púrpura Pós Transfusional: Principalmente na transfusão de concentrado de hemácias Plaquetopenia importante com ou sem sangramento 5 a 10 dias após transfusão Tratamento: imunoglobulinas se plaquetopenia severa ou sangramento ativo Aloimunização: Refratariedade plaquetária, hemólise tardia Tratamento: transfusão de hemocomponentes compatíveis Hemossiderose: Acúmulo de ferro após múltiplas transfusões Escurecimento da pele, insuficiência hepática, cardíaca e pancreática Tratamento: quelação de ferro