Suporte transfusional Fernanda Maria Santos Anesio Vieira Transfusão Maciça Conceitos Transfusão maciça: transfusão de uma volemia em 24h transfusão de 50% da volemia em 3h transfusão de 150ml/min Mortalidade : 50% Cirurgias de grande porte, transplante hepático, HDA, obstétrica, trauma TRANSFUSÃO MACIÇA Choque por perdas maciças compromete A perfusão tecidual e a oxigenação Transfusão maciça Perdas de até 75% da massa eritrocitária pode ser tolerada desde que seja mantido a volemia. Trabalhos clínicos experimentais mostram que: Perdas volêmicas com cerca de 30% são frequentemente fatais. Classificação do choque hipovolêmico - Comitê do Trauma da Sociedade Americana de Cirurgia Perda-mL ClasseI Até 750 ClasseII 800-1500 ClasseIII 1500-2000 ClasseIV >2000 Perda% PSistólica Pdiastólica FC Até15 Normal Normal Até 100 15-30 Normal ↑ 100-120 30-40 ↓ ↓ 120 >40 ↓↓↓ ↓↓↓ >120 FR Diurese Extremidd Normal >30 Normal Normal 20-30 Pálida >20 10-20 Pálida >20 0-10 fria Conscienc Alerta Ansioso Sonolento confuso HEMORRAGIA NO TRAUMA Lesão direta dos vasos maciços Sangramento Sangramento difuso coagulopatia 2aria GOLDEN HOUR restabelecimento da volemia Prevenção de FMO Complicações Ocorre após a troca de 2 volemias Complicação termorregulatória Complicação hemostática Complicação metabólica Severidade e duração do choque contribuem para as complicações Complicação termorregulatória Hipotermia diminui a atividade dos fatores de coagulação e a função plaquetária Diminui metabolização do citrato e lactato Aumenta afinidade de Hb-O2 Arritmia A infusão de 1U de CH a 4ºC diminui a temperatura corporal em 0.25ºC FATORES DA COAGULAÇÃO X TEMPERATURA Complicação hemostática 1- Coagulopatia dilucional Dilucional: ↓10% dos fatores de coagulação para cada 500ml de Conc de hemácias transfundidas Após troca de uma volemia pode-se ter ↑TP e TTPA com sangramento Plaquetopenia < 50.000 com sangramento geralmente ocorre após troca de 2 volemias Complicação hemostática 2- CIVD Fatores de risco: local e extensão do trauma, a duração do choque e hipotermia ocorre em 5-30% dos traumas mortalidade de 70% ↑ ↑ ↑TP e TTPA, ↓ ↓ ↓plaquetas e fibrinogênio, ↑ D-dímero Complicação metabólica 1- Toxicidade do citrato: de sódio: anticoagulante da bolsa - ↑ concentração em plasma e plaquetas citrato é metabolizado pelo fígado e eliminado pela urina Diminuição da metabolização: hipotensão severa e prolongada, hipotermia, lesão hepática atual ou pregressa Citrato Complicação metabólica 1- Toxicidade do citrato: Produto final do metabolismo: bicarbonato: alcalose: ↑afinidade de O2 pela Hb disfunção miocárdica Quela cálcio e magnésio Complicação metabólica • 1- Toxicidade do citrato: Hipocalcemia: vasodilatação, piora do sangramento, excitabilidade neuromuscular, arritmias, prolongamento de QT Hipomagnesemia: Tetania arritmia Complicação metabólica 2 Hipercalemia 3. Acidose 4. ↓ 2,3 DPG Sem impacto clínico Outras complicações Hemólise mecânica Imune Imunossupressão TRALI Coagulopatia do trauma Lesão tecidual extensa ( principalmente SNC) Ativação/ Consumo de fatores de coagulação e plaquetas Fibrinólise CIVD Hipotermia Acidose: pelo acúmulo de ácido lático Avaliação laboratorial Hemograma tipagem ABO e Rh, PAI TP, TTPA, TT, Fibrinogênio, * em alguns casos podem não estar alterados frente a coagulopatia clínica, visto que os teste são feitos a 37ºC Bioquímica (Ca iônico, K, Mg,...) gasometria Suporte transfusional 1- Concentrado de hemácias manter oxigenação, volemia, hemostasia Valor laboratorial inicial normal?? Influencia na decisão: velocidade da perda, reserva cardiorespiratória, doença aterosclerótica Sangue total x CH Sangue total Conc de hemácias - Único doador - Sobrecarga volêmica - Plaquetas inativadas após 48h - Perda progressiva de fatores de coagulação - Vários doadores - Menor volume - Transfusão de plaquetas ativas, s/n - Reposição de fatores de coagulação s/n Suporte transfusional- CH Transfusão imediata: Se perda > 30-40% da volemia Tipo de trauma: bacia, tórax, pescoço, múltiplos ferimentos se necessidade de >2L de cristalóide para ressucitação volêmica inicial Controles: FC, PA, DU, DC, PCP O+ x O Na emergência: fornecer 1-2 CH O+/ Oenquanto faz a tipagem ABO, Rh e PAI O+: homens e mulheres > 45 anos O-: crianças, mulheres<45 anos e anti D+ Em catástrofes: oferecer sempre O, para evitar trocas * PAI+: 0,04% - 3% Suporte transfusionalPlaquetas Não permitir<50mil Pode-se prever a queda < 50mil quando transfunde-se 2 volemias Transfundir para manter plaquetas > 100mil se trauma múltiplo ou lesão em SNC Suporte transfusional- PFC/Crio Fibrinogênio<100mg/dL qdo há perda de 1,5 volemia. Manter INR > 1,5 (AP > 40%) PREVINIR É MELHOR QUE REMEDIAR! Estudos recentes mostram benefício de transfusão de PFC desde o início do suporte transfusional na coagulopatia do trauma. Outras drogas Complexo protrombínico: Se há coagulopatia prévia rVIIa: Considerar em perda>300mL/h, sem efeito de heparina ou warfarina, não indicado controle cirúrgico, reposição adequada de Hemácia, plaquetas, PFC e crio Conduta na transfusão maciça - Acesso venoso calibroso/ Acesso central: . acesso calibroso infunde 1000mL/min de cristalóide e 500mL/min de CH . Diluir hemácia em SF 0,9% (nunca em RL ou SG!) em SAGM não precisa - Manter paciente aquecido e infundir cristalóides aquecidos a 40-42ºC - Aquecer hemácia 37- 42ºC se infusão > 50mL/min - Controlar temperatura, PA, pulso, FR e débito urinário (>0,5mL/Kg/h) - Manter TP e TTPA <1,5 o controle - Manter fibrinogênio >100mg/dL - Plaquetas > 50 mil - Manter Cai> 50% do valor de referencia (CaCl) Conduta COMUNICAÇÃO com banco de sangue Laboratório Equipe cirúrgica CUIDADO COM IDENTIFICAÇÃO!!! UTI No Perioperatório DMT Paciente cirúrgico Programação Estimativa de transfusão para as diferentes cirurgias Indicação correta Testes pré transfusionais C.Eletivas: tipagem ABO e Rh, PAI, retipagem da bolsa, prova compatibilidade Programação Índice de Pacientes Transfundidos IPT = Nº pacientes transfundidos X 100 Nº cirurgias realizadas IPT ≥ 10%: preparo prévio do sangue IPT 1 - 10%: somente tipagem sanguínea e PAI IPT < 1%: não necessita preparo prévio Avaliação perioperatória História clínica pessoal e familiar Coagulopatia congênita ou adquirida, falciforme, PTI, hepatopatia, nefropatia, doença cardioplumonar. Uso de medicamentos Anticoagulantes Exames laboratoriais HMG, coagulograma Preparo Descontinuar medicamentos anticoagulantes AAS e clopidogrel: 7 dias; Warfarina: 72h Administrar drogas profiláticas Antifibrinolítico: antes de cirurgias com alto risco de sangramento EPO: IRC, anemia DC, Jeová Vitamina K Reduzir transfusão alogênica Hemácias Controle intra e pós operatório de: Perda sanguínea: inspeção de campo cirúrgico Perfusão e oxigenação: FC, PA, DU, SatO2, ECG Hb/Ht : qdo perda excessiva Necessidade transfusional alogênica ou autóloga Hemácias Qual o valor de Hb pré operatório? 1940: Adams ASA: e Lundy: 10,0 6,0 Consenso em Paris: 8,0 Comorbidades (doenças cardiopulmonares, vascular, urêmicos): 10,0 Hemácias Transfundir Sempre que Hb<6,0 desnecessário se Hb>10,0 Entre 6-10: ?? Comorbidades , ↑consumo O2, risco de sangramento, isquemia Sangue autólogo Indicações: Grupos sanguíneos raros Prevenção de aloimunização Reação severa prévia Crenças Estoques sanguíneos Previsão de grande perda sanguínea Sangue autólogo Autotransfusão pré depósito: Desde que sangramento previsto>500mL Suplementar ferro Intervalo de 7 dias até 72h antes da cirurgia Mesmos critérios de triagem para o doador alogênico Hb>11 ou Ht>33% Data exata da cirurgia CUIDADOS: troca de bolsa, infecção Sangue autólogo Prós: risco de contaminação - vírus emergentes Contra: Custo: coleta x infusão Reação a doação Anemia Contaminação bacteriana (triagem mais flexível) Sangue autólogo Hemodiluição normovolêmica aguda: Cirurgias com grande perda sanguínea Sangue total fresco Na indução anestésica: V = volemia x (Hti – Htf) / Htmédio HT final: 35-20% Sangue autólogo Coletar em bolsa própria, Identificar com nome do paciente e do hospital, hora de coleta e número sequencial MANTER NA SALA CIRÚRGICA! Temp ambiente Reposição volêmica: cristalóide ou colóide Reinfusão em ordem inversa em até 8h Contra-indicação: cardiopatia isquêmica, ICC, nefro ou hepatopatia, DPOC, coagulopatia, febre Sangue autólogo Recuperação intraoperatório: Recuperação e processamento do sangue em campo cirúrgico (cell saver) Sempre que haja grande perda (>2CH) 30% de economia nos estoques de sangue Cirurgias cardíacas, vasculares, Tx hepático, politrauma Sangue é aspirado, anticoagulado, centrifugado, lavado e reinfundido Sangue autólogo Contra-indicação Contaminação bacteriana, fúngica e neoplásica Líquido amniótico Cola de fibrina Cimento ósseo Coagulopatia Sangramento microvascular excessivo: campo cirúrgico, compressas, drenos, sugadores. TP, TTPA, TT, fibrinogênio, plaquetas, tromboelastograma. Plaquetas Sempre que <50mil Raro se >100mil Se plaquetopatia Entre 50-100mil: Se houver plaquetopatia Dependendo do risco de sangramento Espaço confinado: olho e SNC PFC Se sangramento excessivo com TP>1,5 ou INR>2,0 Se TTPA>2,0 Se houve troca de mais de uma volemia Reversão de warfarina urgente (5-8ml/Kg) Crioprecipitado Se fibriongênio<100mg/dL em presença de sangramento Deficiência congênita de fibrinogênio HEMOTERAPIA RACIONAL Melhorar o estoque Evitar o uso indevido de Hemoterapia racional contribui para Hemocomponentes Fornecer hemocomponente certo Benefícios para o paciente