IMAGENS DO BRASILEIRO
Representações da brasilidade
Romantismo / nativismo (até 1888)
“Iracema”, de José de Alencar.
A
relação do casal serviria de alegoria para a
formação da nação brasileira. A índia Iracema
representaria a natureza virgem e a inocência,
enquanto o colonizador Martim (referência explicita ao
deus romano da guerra Marte) representa a cultura
europeia. Da junção dos dois surgirá a nação
brasileira, representada alegoricamente, pelo filho do
casal, Moacir ("filho da dor").
Iracema, de José Maria de Medeiros
(1881)
Abolição da escravatura (1888)
Em vista da promessa de uma igualdade jurídica, a
resposta foi a ‘comprovação científica’ da
desigualdade biológica entre os homens.
O “nós” no Brasil era, por conseguinte, constituído
em oposição ao escravo, cujas características físicas
foram associadas a estereótipos negativos, situação
que só viria a mudar lentamente com a crescente
convivência entre escravos e libertos a partir da
segunda metade do século XIX.
Fim do século XIX: a mestiçagem como
problema
Enquanto os valores republicanos proclamavam a
inclusão, igualdade e cidadania, o discurso
"científico denunciava a “utopia” presente na
tentativa de se tratar igualmente os desiguais. Nina
Rodrigues, por exemplo, defendia a criação de
códigos penais diferenciados para negros e
brancos, dadas as suas diferenças marcantes e
insofismáveis (Schwarcz, 1987).
A solução: política de branqueamento
1870: Política de imigração
Crença em um “futuro branco”. A mestiçagem como
problema.
Brasil: um futuro branco
João Batista Lacerda no I Congresso Internacional
das Raças (1911): “É lógico supor que, na entrada
do novo século, os mestiços terão desaparecido do
Brasil, fato que coincidirá com a extinção paralela
da raça negra entre nós”.
Roquette Pinto previa em 1929 que, em 2012,
teríamos uma população composta de 80% brancos
e 20% mestiços, mas nenhum negro ou índio.
O projeto civilizador da Primeira República,
inspirado no modelo europeu, incluía, além da
urbanização e da industrialização, um projeto de
branqueamento da nação justificado pelo racismo
científico, segundo o qual os não-brancos seriam
inferiores. Além dos negros, os mestiços e
portugueses eram associados ao atraso do passado
colonial e tradicional, que devia ser eliminado pelo
ingresso de imigrantes brancos europeus e pela
assimilação dos valores civilizados de suas nações
de origem.
Anos 30: a mestiçagem e a eugenia
como soluções
Na década de 1930 o debate sobre a eugenia
dividia-se em dois campos:
O primeiro postulava o melhoramento genético pelo
investimento em saúde, higiene e educação, seguindo a
linha de Lamarck.
O segundo prescrevia o aprimoramento racial por meio
da manipulação dos genes através do controle da
reprodução.
Vence o primeiro projeto e políticas desta natureza
começaram a dividir o espaço com aquelas políticas
imigrantistas que visavam o branqueamento da
população.
Para formular o “problema negro” em seus próprios
termos, eles [os teóricos da miscigenação]
descartaram duas das principais suposições das
teorias racistas européias: a natureza inata das
diferenças raciais e a degeneração dos sangues
mestiços. Assim, embora afirmando a superioridade
dos brancos sobre os negros, eles tinham meios para
aceitar negros em seus grupos. E tinham a esperança
de eliminar o “estigma” negro no futuro, através da
miscigenação (Viotti da Costa, 1998: 234).
“A redenção
de Cam”
Modesto Brocos (1885)
Olavo Bilac: "Vede a auroracriança, como sorri e fulgura,
no colo da mulata - aurora
filha do dilúvio, neta da noite.
Cam está redimido! Está
gorada a praga de Noé!".
Da raça à cultura
Aos poucos, a idéia da
degeneração da raça foi
dando lugar a uma
abordagem mais
culturalista, isto é, de que a
degeneração era adquirida
e, por isso, podia ser
mitigada. A noção de
“cultura da pobreza” então
se popularizou e obscureceu
questões estruturais da
pobreza, através de sua
formulação e do tipo de
política destinado a
combatê-la.
Uma ideologia oficial da mestiçagem
Anos 30: o mestiço torna-se ícone nacional, símbolo
da identidade cruzada no sangue, sincrética na
cultura (samba, capoeira, candomblé e futebol).
Apostou-se em uma miscigenação positiva, contanto
que o resultado fosse cada vez mais branco. A
entrada maciça de imigrantes contribuiria para um
futuro branco.