Perfil étnico de pacientes com
psoríase e dermatite seborréica
atendidos nos ambulatórios de Dermatologia do HUCFF/UFRJ
Amanda Pedreira Nunes, Maria Alejandra Salvador Parabas, Ana Luisa Sobral Bittencourt Sampaio,
Flavia de Freire Cassia, Marcia Ramos-e-Silva, Sueli Carneiro
Serviço de Dermatologia, Curso de Graduação e Pós-Graduação HUCFF-UFRJ e Faculdade de Medicina - Universidade Federal do Rio de Janeiro
Programa de Iniciação Científica – Faculdade de Medicina – UFRJ
Introdução
Objetivos
Materiais e Métodos
A psoríase (Ps) é uma doença cutâneo articular, com evolução crônica
crônica, e fases de exacerbação e acalmia. Sabe-se que tem base
hereditária e é provavelmente multifatorial (poligênica com influência
de fatores ambientais). Tem na sua fisiopatogenia a disceratose,
havendo uma maior velocidade do ciclo evolutivo dos ceratinócitos. É
de natureza inflamatória mediada por linfócitos T, com predomínio de
resposta Th1. As lesões eritematoescamosas típicas são bem
delimitadas, variando desde alguns milímetros até vários centímetros,
com escamas argênticas e morfolgia variada (numular, girata, anular,
etc). Os locais mais acometidos são as regiões extensoras (cotovelos e
joelhos), região sacra, tronco e couro cabeludo. As unhas estão
acometidas em 35 – 50% dos casos.
A dermatite seborréica (DS) é doença cutânea comum, também
eritematoescamosa, associado com seborréia. Acredita-se que a
Malassezia furfur seja o organismo causal. É possível que a DS seja
resultante de um processo inflamatório com hiperproliferaçäo de
queratinócitos e alteraçäo na composiçäo dos lipídios (aumento do
colesterol e triglicérideos e diminuiçäo de ácidos graxos). As lesões
são placas eritematosas e bem delimitadas com escamas oleosas,
ocorrendo em áreas com maior densidade de glândulas sebáceas,
como couro cabeludo, face, parte superior do tronco e áreas flexoras.
Quanto à epidemiologia, a psoríase possui distribuição
universal, com prevalência de 1 a 3%, dependendo da população em
estudo, sendo considerada rara em indivíduos de etnia negra. A
dermatite seborréica, também tem distribuição universal, com
prevalência variando de 3 a 5% na população global, e não há
predominância étnica.
Avaliar os perfis étnicos de pacientes brasileiros, atendidos no
ambulatório de doenças cutâneoarticulares do Hospital Clementino
Fraga Filho, com psoríase e dermatite seborréica.
Estudo observacional, transversal, realizado no ambulatório de
doenças cutâneo articulares do Serviço de Dermatologia de um
hospital universitário. O perfil étnico foi determinado por meio de
questionário nos quais os participantes declararam a etnia à qual creem
pertencer (branca, negra, indígena ou mestiça) e informaram a etnia de
seus pais, avós e bisavós, após lerem e assinarem o TCLE.
Resultados
O questionário foi aplicado em 130 indivíduos, dos quais 76 (46 homens
– 60,52% e 30 mulheres - 39,48%) tinham Ps e 54 (31 homens – 57,4% e 23
mulheres – 42,6%) tinham Ds. A idade média dos pacientes Ps foi 42,4
anos (19a – 63a) e dos pacientes Ds, 32, 78 anos (18a – 54a). Em relação
à etnia dos pacientes Ps encontraram-se: brancos, 14 (18,4%); mestiços
brancos, 25 (32,9%); mestiços índios, 16 (21%); mestiços negros, 9
(11,9%), negróides, 12 (15,8%). Para os pacientes Ds, os achados foram:
brancos, 24 (43,5%); mestiços brancos, 9 (17,4%); mestiços índios, 7
(13%); mestiços negros 5 (8,7%); negróide, 9 (17,4%).
Psoríase X dermatite seborréica
58%
42%
Psoríase
39%
Dermatite Seborréica
61%
Psoríase
Etnias na Psoríase
16%
Homens
18%
Mestiços Îndios
Mulheres
Etnias na Dermatite Seborréica
Dermatite seborréica
43%
17%
57%
Mestiços Negros
21%
33%
Alguns pesquisadores defendem que o conceito de “raça” é
dispensável na medicina. Pena (2005) usou como exemplo um fármaco
usado no tratamento de insuficiência cardíaca congestiva,
recomendado apenas para a “etnia negra”, para ilustrar a questão.
Segundo o autor, o termo consagrado como “raça” refere-se a
características relacionadas à aparência, tal qual a pigmentação da
pele, cor e textura do cabelo ou espessura dos lábios. Esses traços
fenotípicos são codificados por um número bem pequeno de genes
diferentes e, de acordo com o estudo, tal carga genética não tem relação
com os genes que influenciam predisposição ao desenvolvimento de
doenças ou com o metabolismo de fármacos. Dessa forma, justifica-se
como inadequada a recomendação ao uso do fármaco baseada na
“raça”. Além disso, o autor alega que o grau de variabilidade genética
na espécie humana é muito baixo, o que invalida o critério racial na
medicina.
Todavia, outros autores, como Sade (2007) não dispensam
totalmente o conceito. Mesmo não considerando a divisão em etnias
ideal, acham válido o seu uso enquanto a identificação de marcadores
genéticos mais específicos não está disponível. No Brasil, a
determinação de um perfil étnico é tarefa mais complexa, já que se trata
de uma população bastante miscigenada.
Brancos
Mestiços Brancos
12%
Discussão
9%
44%
Negróides
13%
17%
Homens
Conclusões
Os resultados corroboram a epidemiologia conhecida da psoríase, com
correlação entre pacientes de ascendência "branca" (brancos e
mestiços brancos) e da incidência da doença. Apesar do acometimento
em negros ser incomum, houve um percentual relativamente alto entre
os pacientes negróides, possivelmente por se tratar de uma população
miscigenada como é a brasileira. Quanto à dermatite seborréica, houve
predomínio da etnia branca sobre as demais.
Branco
Mestiço Branco
Mestiço Îndio
Mestiço Negro
Negroide
Mulheres
BIBLIOGRAFIA
1. Pena SDJ. Razões para banir o conceito de raça da medicina brasileira. Hist
Cienc Saúde – Manguinhos – Maio/Agosto, 2005;12(2):321-46.
2. Sade RM. What's right (and wrong) with racially stratified research and
therapies. J Natl Med Assoc 2007;99(6):693-6.
3. Stefanaki I, Katsambas A. Therapeutic update on seborrheic dermatitis. Skin
Therapy Lett 2010;15(5):1-4.
4. Zaitz C, Reis CMS, Castro LGM, Feio RCMA. Etiopatogenia da dermatite
seborréica: estado atual. An bras Dermatol 1996; 71(Supl.2): 5 -11.
5. Carneiro SCSC, Azulay-Abulafia L, Azulay DR. Dermatoses
Eritematoescamosas. In zulay RD, Azulay DR, Azulay-Abulafia L. Dermatologia.
5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2008:108-30.
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HUCFF-UFRJ
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Perfil étnico de pacientes com psoríase e dermatite