UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO
(MESTRADO)
DISCIPLINA: METODOLOGIA DA PESQUISA EM
DIREITO
PROFESSORES:
PROF. DR. RODOLFO PAMPLONA FILHO E PROF. DR.
NELSON CERQUEIRA
19/04/2011
O QUE É METAFÍSICA
Martin HEIDEGGER
BIOGRAFIA
Nasceu em uma pequena cidade católica de
MeBkirch, no interior da Alemanha, de pais
católicos, em 1889. Faleceu em 1976.
Inicialmente quis ser padre chegando a estudar em
um seminário.
Estudou em Constança, de 1903 a 1906, e em Friburgo até 1909, onde se tornou
excelente aluno de grego, latim e francês, interessando-se pela leitura de
Brentano e dos filósofos gregos.
Em 1909, Heidegger ingressou na Universidade de Friburgo e iniciou o curso de
teologia. Paralelamente, continuou os estudos sobre Aristóteles e iniciou as
primeiras leituras de Husserl, que o levariam ao método fenomenológico.
Interessou-se ainda pela filosofia de Maurice Blondel e pelo pensamento de
Kierkegaard, fazendo-o refletir sobre outro tipo de pensamento que não o
católico.
A partir de 1911, influenciado pelo filósofo Heinrich Rickert , estudou as obras de
Hegel, Schelling, Kierkegaard e Nietzsche, Kant, Dostoievsky, Rilke, Trakl, e
começou a redigir textos que resultariam em obras posteriores.
Em 1915, Husserl foi para Friburgo e Heidegger tornou-se seu assistente.
Husserl o influenciou em toda a sua obra sobre o "Ser" e transmitiu a ele toda a
doutrina fenomenológica.
Husserl decepcionou-se com "Ser e Tempo". Além disso, com o crescimento do
nazismo, os dois ficaram em campos diferentes, pois Husserl tinha ascendência
judia.
Dois anos depois, Heidegger casou-se com sua aluna Elfriede Petri, com quem
teve 2 filhos. Ela era luterana, filha de um oficial do exército e, desde o noivado,
empenhou-se pelo trabalho de Heidegger, que lhe dedicou grande parte de suas
obras.
Heidegger envolveu-se também com outra aluna, Hannah Arendt, de
ascendência judia, que iria se transformar em uma das mais famosas filósofas
políticas. Mesmo depois de separados, os dois mantiveram uma longa
correspondência.
De 1915 a 1923, Heidegger assumiu o posto de professor substituto na
Universidade de Friburgo e, de 1923 a 1928, foi professor da Universidade de
Marburgo (Prússia), publicando sua maior obra filosófica "Ser e Tempo", em
1927.
Após o lançamento dessa obra, Heidegger foi considerado o maior nome da
filosofia metafísica.
Depois Sartre modificaria esse título e lançaria o termo "existencialismo", mas
Heidegger repudiou tal classificação.
Quando Hitler se tornou chanceler, em 1933, Heidegger tornou-se reitor da
Universidade de Friburgo, apoiando o nacional-socialismo.
Após a Segunda Guerra Mundial, Heidegger assumiu a cadeira de Husserl na
Universidade de Friburgo e redigiu obras de cunho filosófico, pequenos artigos e
ensaios.
CONTEXTO HISTÓRICO - Alguns fatos
O assassinato do príncipe da Áustria em 28 de Junho de 1914 desencadeou a I
Guerra Mundial.
A Alemanha, como parte dos Impérios Centrais, foi derrotada pelos Aliados
num dos mais sangrentos conflitos de todos os tempos.
A fundação do Partido Nacional Socialista Alemão dos Trabalhadores ou
Partido Nazista, em 1919.
O presidente Paul von Hindenburg nomeou Adolf Hitler como Primeiro Ministro
da Alemanha em 30 de janeiro de 1933
Entusiasmado, Hitler, a partir de 1938, seguiu adiante com sua política de
expansionismo e de estabelecimento da Grande Alemanha, começando em
março daquele ano pela Anschluss, a anexação da Áustria.
O Holocausto e a morte de milhões de judeus pelo governo de Hittler
1939 – Início da Segunda Guerra Mundial e Alemanha rapidamente ganhou
controle direto ou indireto da maioria da Europa.
1945 – Término da Segunda Guerra Mundial e mais uma vez Alemanha é
derrotada.
PRINCIPAIS OBRAS
OBRA
ANO
Novas Indagações sobre Lógica
1912
O Problema da Realidade na Filosofia Moderna"
1912
A Doutrina do Juízo no Psicologismo - Uma Contribuição
Crítico-positiva à Lógica
1914
A Doutrina das Categorias e da Significação em Duns Scoto
1916
O Conceito de Tempo na Ciência da História
1916
Ser e Tempo
1927
Que é Metafísica?
1929
Da Essência do Fundamento
1929
Kant e o Problema da Metafísica
1929
Hölderlin e a Essência da Poesia
1936
OUTRAS OBRAS
OBRAS
ANO
Da Essência da Verdade
1943
Introdução à Metafísica
1953
Da Experiência de Pensar
1954
O que é isto, a Filosofia?
1956
Da Pergunta sobre o Ser
1956
O Princípio da Razão
1956
Identidade e Diferença
1957
A Caminho da Linguagem
1959
Língua e Pátria
1960
OUTRAS OBRAS – continuação
OBRA
ANO
Nietzsche
1961
A Pergunta sobre a Coisa
1962
Tese de Kant sobre o Ser
1962
Marcos do Caminho
1967
Sobre o Assunto Pensamento
Fenomenologia e Teologia
1969
1970
Heráclito
1970
O QUE É METAFÍSICA?
Aristóteles: Após a física... Aquilo que está além
da física, que transcende.
Escolástica: Parte central da filosofia, a
ontologia geral, tratado do ser enquanto ser.
Pensamento moderno (Kant): toda pretensão
ao conhecimento que busque ultrapassar o
campo da experiência possível.
Pensamento de Heidegger: Metafísica da
subjetividade
O QUE É ONTOLOGIA
Filosofia da existência/ontologia
existencial/ metafísica do ser-aí.
Dasein detém a possibilidade de
enunciar o ser.
Ser enquanto ser/ problema do ser
(recuperação)
Ciência do ser ou metafísica geral
Ser em particular.
METAFÍSICA
Fenomenologia do
homem
O ser nunca se manifesta diretamente,
imediatamente, em si mesmo, mas
sempre como o ser deste ou daquele
homem. O ente é um modo de ser e é
determinado por este.
O homem é a porta de acesso ao ser.
Ente e ser: diferença ontológica/ aplicar o EPOCHÉ (Estudo do homem
desde o princípio)
O ser não somente não pode ser definido, como também nunca se deixa
determinar em seu sentido por outra coisa nem como uma outra coisa.
O problema do ser não é de essência e sim da existência (existo). Só o
homem existe. As outras coisas são. O ser está velado na cultura, na história,
no próprio ente.
Na sua pesquisa antropológica, ele
descobre no homem alguns traços
fundamentais característicos do seu ser,
traços estes aos quais ele dá a
designação de existenciais.
O primeiro existencial é o ser-no-mundo.
Heidegger chama de Dasein, “ser-emsituação”, ser-aí (ser possível, aquilo
que pode ser).
O dasein é o homem. O mundo é o
homem e o homem é o mundo.
O segundo traço existencial
característico do ser é a existência.
É a característica do homem de ser
fora de si, por seus ideais, por seus
planos, possibilidades. A natureza do
homem, ou seja, sua essência,
consiste na sua existência, esta
precede e determina esta essência.
Heidegger afirmava que a existência é
definida por essa característica do
homem que é denominada
transcendência .
A transcendência que o homem tem
de ir além do vivido, da realidade
fática, do empírico.
A problematização é buscar algo novo
na área do conhecimento que se está
pesquisando.
O terceiro traço existencial é a
temporalidade.
Inquietação relativa ao tempo,
tensão constante no dasein.
Nesse sentido o homem é futuro,
passado e presente. O homem
só existe porque está
essencialmente ligado ao
tempo.
O passado: pré-compreensão
do homem (parte de uma
situação fática). É o sentir
(modo de conhecer).
O presente: o homem faz uso
das coisas que o cercam. É o
discorrer (modo de conhecer)
O futuro: o homem se encontra
além de si mesmo, nas suas
possibilidades futuras. É o
entender (modo de conhecer)
Entre os dois primeiros
existenciais, ser-no-mundo e
existência, vida do homem
será inautêntica ou autêntica,
conforme deixar-se ele guiar
pelo primeiro ou pelo segundo.
Vida inautêntica: o homem se
distancia dele próprio, como se
levado pelo destino. Ele
esquece o ser. Envolvido numa
séria de compromissos, procura
sempre o ente e não o ser.
Homem impessoal, da imitação.
Cotidianidade.
Vida autêntica: Leva-a quem a
assume como própria, quem a
constrói segundo um plano
próprio. Ultrapassa a angústia e
retorna o destino em suas mãos.
Assumir o NADA (VÉU DO SER)
Outro existencial característico do ser
é a morte. O ser está sempre nesta
possibilidade (ela é dada como certa). O
homem é um ser de possibilidades. Vai
escolhendo realizá-las enquanto vive.
Só a morte permite ao homem ser
completo.
O
homem
adquire
consciência
de
sua
sujeição à morte através
da angústia.
A angústia se faz presente
quando o homem passa a
assumir-se nesta projeção
futura da morte. O projeto
de vida do homem (projeto
incompleto limitado pela
morte que não pode evitar.
A ansiedade abre o homem
para o ser. O nada se revela
na angústia (enfrenta o
vazio). Sensação de não
produção de coisas.
A NATUREZA DO SER
O ser é definido como aquilo que faz
presente o ente, que o ilumina e que,
ao mesmo tempo, se faz presente no
ente, manifesta-se nele. O ente
participa do ser e o ser contém o
ente, levando o ente a se apresentar..
É assim que o ser foi entendido pelos
primeiros filósofos gregos.
Essa questão foi assumida por
Heidegger em seus escritos
posteriores a sua obra Ser e Tempo.
É o que se pode deduzir dos termos que
eles usavam para falar do ser: aletheia
(manifestação da verdade, do ser, vir à
tona) e ousia (substância, a essência, a
coisa em si)
A LINGUAGEM
A linguagem é a maneira como o
homem se coloca no mundo.
A linguagem ocupa um lugar
especial
na
filosofia
heideggeriana, que a considera
em relação com o ser na sua
função ontológica. É no homem
que o ser vem à luz da
consciência.
É através da linguagem que se
dá a aparição do ser. Um
linguagem
cuidada,
bem
elaborada. Cultivar o ser pela
linguagem e pela poesia. Ter
uma relação poética com o
mundo. Ter uma vida poética e
produtiva com o mundo.
Esta relação com o ser se dá
através de duas formas de
linguagem: original e derivada.
Linguagem original
Exprime diretamente o
ser, mostra-o, revela-o e
o traz para a luz. Com
esta ação, exprime e
traz para a luz também
as coisas.
A forma como o ser se
manifesta.
Linguagem derivada
É a linguagem humana, a
qual consta de duas fases:
a de resposta e a de
proclamação.
A linguagem derivada vai
fazer a conexão entre a
original e a linguagem
humana.
Este falar ouvindo e
percebendo é o
corresponder
(percebendo e
respondendo)
JUIZO CRÍTICO SOBRE O PENSAMENTO DE HEIDEGGER
O seu pensamento é muito
complexo e difícil, tanto pela
linguagem hermética na qual
se exprime, quanto pelos
desdobramentos pelos quais
passou e quanto ainda pela
temática tratada.
O homem consegue desvelar
o ser através da
problematização da
realidade?
Como vou desvelar o ser que
está oculto/velado no objeto
de minha pesquisa científica?
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