Avaliação reguladora das aprendizagens : desafios e problemas Jorge Pinto ESE/Setúbal [email protected] Tomar, Fev. 2014 Estrutura 1. Avaliação no contexto educativo: clarificações 2. Contexto educativo: clarificações 3. Práticas de avaliação reguladora: alguns estudos 4. Condições necessárias 5. Constrangimentos 6. Questões finais Avaliação no contexto educativo: clarificações Avaliação pedagógica: Que significados? Quando pensamos em avaliação qual a primeira ideia que nos vem à cabeça? Testes ??? um instrumento de recolha de informação Uma nota ??? uma codificação de um juízo de valor A avaliação passa pela obtenção de evidência, pela sua interpretação e por uma acção, sustentada nos cenários explicativos formulados A avaliação: complexidade e tendências… De uma escola para alguns a uma escola para todos Contexto social Prática De uma prática sumativa a uma prática formadora Conceito Do conceito de medida ao conceito de tomada de decisão Atitude no contexto educacional De uma postura profissional de fiscalização a uma postura de consultor/mediador Avaliação pedagógica: Que significados? Planificar a avaliação Usar os resultados Recolher os dados Interpretar a evidência Avaliação: uma de decisão socialmente construída Professor Propõe actividades/tarefas Expectativas Juízo avaliativo: resultante da adequação percebida Produção Age sobre as propostas de actividades/tarefas A informação construída pode ter diversas utilizações no contexto pedagógico Aluno Avaliação pedagógica: Que significados? Para quê? Planificar a avaliação Usar os resultados Avaliação Sumativa Avaliação Formativa Recolher os dados Interpretar a evidência Avaliação em contexto pedagógico Avaliação das aprendizagens Avaliação para as aprendizagens • Associada à constatação/medida do saber • Sem reflexos directos na aprendizagem • Relevante para a certificação, retenção, progressão • Associada a um processo de decisão socialmente construído (professor, pares, aluno) • Com potenciais reflexos na aprendizagem • Relevante para a regulação pedagógica Contexto educativo: clarificações Actividade de Ensino Aprendizagem na Sala de Aula Currículo Prescrito Comunidade Regras Desenvolvimento de actividades de aprendizagem Proposta de tarefas para a aprendizagem (estudantes) (professor) Divisão do trabalho (Vigotsky, 1978; Engëstrom, 2008) Aprendizagem (e avaliação) como uma atividade (Vigotsky, 1978; Engëstrom, 2008) Reflexão sobre o processo? Artefactos mediadores, ferramentas e signos Sentido Sujeito(s) Regras Significado Comunidade Resultado Objeto(s) Divisão do trabalho Constatação do resultado ? Currículo: um constructo social e cultural com implicações • Currículo nacional do ensino básico (2001) - as competências – mobilização dos saberes para ação - grandes orientações para a reconstrução dos programas • Metas curriculares (2012) - definição dos saberes mensuráveis De uma perspetiva curricular individual e interativa a uma instrumental (Howson, Katel & Kilpatrick, 1981) O que nos diz a legislação… A avaliação das aprendizagens compreende as modalidades de avaliação diagnóstica, de avaliação formativa e de avaliação sumativa. A avaliação formativa assume caráter contínuo e sistemático, recorre a uma variedade de instrumentos de recolha de informação adequados à diversidade da aprendizagem (…) com vista ao ajustamento de processos e estratégias (Decreto-Lei nº 139/2012, Artigo 24º, 1 e 3) O que nos dizem os programas… • Programa de Português do Ensino Básico (2009/2011-2012) – não tem indicações para a avaliação das aprendizagens • Programa de Matemática do Ensino Básico (2013) – remete para a legislação e afirma: É este documento [metas curriculares] que permitirá cumprir a função de regulação e orientação dos percursos de aprendizagem que a avaliação do desempenho dos alunos deverá assumir • Programa de Ciências da Natureza para o 2.º ciclo (1991) – No decorrer do processo ensinoaprendizagem, a avaliação é o fio condutor, o instrumento de ajuda e não de censura… O que nos diz a investigação… A nível internacional • As práticas avaliativas na sala de aula, em geral, encorajam aprendizagens superficiais, dado incentivarem um estudo “em condensado”, dirigido sobretudo à memorização Existe uma relação muito ténue entre práticas de avaliação formativa e outros aspetos da prática letiva do professor (Black & Wiliam, 1998) • As práticas avaliativas dominantes continuam a ter por base o estatuto do aluno e as classificações são ainda os elementos chave (…) A inovação é raramente aceite pelos professores porque a encaram como impraticável. Não a veem adaptável à sua prática, ao modo testado da sua forma de fazer (Torrance & Pryor, 2001) O que nos diz a investigação… A nível nacional • As práticas de regulação avaliativa são relativamente pouco utilizadas pelos professores (Barreira & Pinto, 2005) • A avaliação formativa, embora referida, é feita com pouca profundidade (Fernandes, 2006) • A avaliação formativa é ainda uma prática residual, apesar da adesão conceptual dos professores (Santos, 2003) Mas Existe evidência de que se podem obter ganhos para a aprendizagem dos alunos através de práticas formativas e que o ensino de objetivos de elevado nível é compatível com o sucesso mesmo quando este é medido através de instrumentos limitados, tais como testes de avaliação externa (Black et al., 2003; McDonald & Boud, 2003) Então, é ou não possível levar à prática uma avaliação reguladora? Clarificando… Uma prática de avaliação reguladora é uma prática intencional, desenvolvida pelo professor, que tem por objetivo principal promover as aprendizagens de todos os alunos A avaliação reguladora é um andaime para a aprendizagem (aprendizagem andaimada Brunner, 1990) Práticas de avaliação reguladora: alguns estudos Trabalho no Pré Escolar de Teresa Bondoso (2010), Projeto AREA As crianças avaliam os seus trabalhos com a educadora e esta coloca questões intencionalmente pensadas em função do trabalho futuro. Proposta da Educadora: O Bruno queria “aprender a ser chefe” e, segundo o seu sentir, para ser um bom chefe, “precisava de ter a certeza que os seus colegas gostavam dele” A questão intencionalmente pensada em função de uma futura experiência : A máquina A EDUCADORA INTERFERE Projecto da máquina FAZENDO PROPOSTAS Registo de dados com uma tabela Escrever a conclusão “Todos gostam de mim” Uso do feedback oral na sala de aula (Estágio, 2º ano, 2011) Desenvolver de tarefas que permitam evidenciar aprendizagens Complexificação das frases: O aluno X nesse dia construiu a seguinte frase: O Guilherme é rico. Contemplou a frase e disse: Posso por a frase maior? P: Claro que podes, que queres acrescentar? Feedback: centrado na A: O Guilherme é rico porque joga à bola. tarefa, de encorajamento; E: Boa frase! E agora como escreves isso? questionamento e A: (a soletrar) P U C E J O G A A B O L A orientações E: Escreve lá a primeira palavra que disseste (o aluno escreveu a primeira palavra como soletrou) P: Lê para mim o que acabaste de escrever. (O aluno começa a ler a palavra como a escreveu, interrompe a meio e começa a olhar para a palavra) A: Puc…. P: Diz em voz alta a palavra que queres (o aluno diz) que te falta? A: Porrrrrrrr…Ah, falta-me um “r”(coloca a letra no local certo); Porrrqueeee.. Professora esta palavra leva o “q” (q de nove)? P: Sim leva. E essa letra têm sempre um amigo não é? A: Sim, o “U”. (Completa a palavra e o resto da frase. Contempla) Já está! Estudo de Andreia Peres - 2012 (Mestrado em Educação, Instituto de Educação da Universidade de Lisboa) • Objetivo Compreender como o uso regular de critérios de avaliação contribui para o desenvolvimento da capacidade de resolução de problemas • Abordagem metodológica Qualitativa. Recolha de dados: Observação de aulas; entrevista; recolha documental • Participantes Uma turma do 1º ano de esc. + Quatro alunos para aprofundamento (níveis de desenvolvimento variável) • Contexto pedagógico Oito problemas em Matemática Construção dos critérios de avaliação A construção contribui para a compreensão do que é Etapas para resolver um Descritores problema resolver problemas e quais as etapas apercorrer Não consegui 1.º Informações 2.º Pensar como fazer 3.º Fazer / Resolver 4.º Resposta Consegui alguma coisa Consegui A.: São seis. (…) [Alice tem dificuldades em registar na ficha.] (…) P.: Quantas crianças são? A.: São seis. P.: Porquê? A.: Seis mais quatro são dez. Ao todo são dez pessoas, seis são crianças. A.: Porque quando nós conseguimos algumas coisas, nós fazemos, mas quando não sabemos algumas, tu nos ajudas e fazemos. P.: Ou seja, se tu tivesses colocado uma cruzinha no mais ou menos ou no mal o que é que isso ia fazer? A.: Ia fazer que eu não sabia muito bem ou não sabia nada! P.: E o que ia acontecer? A.: Eu não sabia tudo…ia dizer que eu precisava de ajuda. O uso dos critérios permite a tomada de consciência de dificuldades e de pedido de apoio Estudo de Sofia Mariano - 2012 (Mestrado em Educação Pré-escolar e 1º ciclo do Ensino Básico, ESE Setúbal) • Objetivo Identificar estratégias alternativas de aprendizagem para a preparação das avaliações • Abordagem metodológica Qualitativa. Recolha de dados: Observação de aulas; questionário; entrevista; e recolha documental • Participantes Uma turma do 4º ano de escolaridade + Seis alunos para aprofundamento (desempenho variável) • Contexto pedagógico Fichas em duas fases em Estudo do Meio Desenvolvimento das fichas 1º Os alunos realizam individualmente uma ficha de trabalho 2º Feedback do professor sobre as respostas erradas ou incompletas, em post-it 3º Os alunos refazem a ficha a pares, com base nos feedbacks Depois da avaliação trimestral 1º Cada aluno realiza uma ficha individual construída a partir das suas respostas incorretas 2º Feedback do professor sobre as respostas erradas ou incompletas, em post-it 3º Cada aluno trabalha de novo a sua ficha, como base no feedback O feedback descritivo O feedback encorajou os alunos a procurar as respostas corretas e a corrigir os seus erros E: Sim. Porque desta maneira eu aprendo mais. Prof. : O que queres dizer com aprendes mais? E: Pois, eu apagava os erros assinalados nos post-it e tentava corrigi-los. Assim eu aprendia, porque às vezes é preciso estudar para corrigir os erros. Classificações da ficha de avaliação trimestral entre 58% e 98% É a primeira vez que tenho positiva! Também se aprende com os outros… De uma forma geral, os alunos dizem que o trabalho a pares (coavaliação) permitiu-lhes ajudar os colegas a corrigir os erros e também a aprenderem com esse trabalho E1: É bom ! Eu gostei. (pausa) O colega tinha dificuldades e eu ajudei-o (pausa) e ele também me ajudou. Trabalhámos bem os dois. E2: Não (pausa) não consegui porque ele é teimoso. Foi difícil trabalharmos porque não percebia a letra dele. Quase todas as perguntas deles estavam incompletas. Foi muito difícil, mas aprendi que devemos ajudar os outros. Estudo de Inês Pimentel - 2013 (Mestrado em Educação Pré-escolar e 1º ciclo do Ensino Básico, ESE Setúbal) • Objetivo Compreender o contributo do portefólio enquanto instrumento de avaliação formativa • Abordagem metodológica Qualitativa. Recolha de dados: Observação de aulas; questionário; entrevista; e recolha documental • Participantes Uma turma do 4º ano de escolaridade Seis alunos para aprofundamento (desempenho variável) • Contexto pedagógico Matemática e Português Desenvolver um portefólio para as aprendizagens • Registo das ideias prévias dos alunos e diálogo sobre o tipo de portefólio adotado • Organização do trabalho • Construção do portefólio (estrutura, tarefas a incluir, reflexões a elaborar) + guião de reflexão • Apoiar a seleção e reflexão, dar feedback às reflexões e comprometer os alunos com tarefas adicionais A regulação do professor: feedback C: Selecionei a tarefa sobre o sujeito e o predicado. P: E na tua reflexão escreveste: a tarefa selecionada ajudou-me a aprender. C: Porque (pausa) porque eu andava com dificuldades no sujeito e no predicado. P: Então e depois da realização desta tarefa, ainda sentes que tens dificuldades? C: Não P: O que é que tu percebeste sobre o sujeito e o predicado, consegues explicar-me? [hesitante] C: Sujeito é antes do nome. P: Tens a certeza? [C olhava com um olhar duvidoso] P: Vamos escrever aqui uma frase. Podes escrever uma frase qualquer (...) C: A Mariana tem um balão. P: Então qual é o sujeito nessa frase? C: “Tem”. P: Tens a certeza? (silêncio) P: Qual é o verbo? C: “Tem” P: Então tem é o verbo. E qual é o sujeito? C: “Um” P: Tens a certeza que o sujeito é “um”? C: Não, é “Mariana”. P: Porque é que é a “Mariana”? C: Porque é um nome. (…) P: Ainda sentes dificuldades em tarefa deste género? C: Mais ou menos. P: Gostavas de melhorar estes aspetos? C: Sim. P: Então se eu trouxer uma tarefa relacionada com o sujeito e o predicado, tu queres fazê-la como trabalho autónomo, para melhorares? C: Sim O portefólio e as aprendizagens Autonomia Aluno: Já não preciso de apoio. Professora, hoje consigo fazer sozinho M: Já selecionaste as tarefas de Língua Portuguesa? B: Sim. M: Eu também já escolhi as duas. Escolhi muito mais depressa do que na semana passada. JT: Eu também. Escolhi mais rápido e nem precisei que a professora viesse ao pé de mim. Professora: Os alunos foram compreendendo a dinâmica de trabalho. Consegui manter um papel mais distante, dando mais autonomia aos alunos. O portefólio e as aprendizagens Aluno: Aprendi a escrever melhor com as reflexões Aluno: Aprender com os erros Aluno: Tive oportunidade de melhorar porque a professora deu-me outras tarefas. Por exemplo, aquela tarefa dos barcos, eu não tinha percebido bem, mas depois numa tarefa parecida eu consegui fazer. Aluno: Aprendemos a organizar os nossos trabalhos e (…) foi giro na reflexão referir as dificuldades que tivemos e o que aprendemos Aluno: Quando eu folheava o portefólio eu lia e recordava as coisas já estudadas Trabalho /Estudo de Ana e Teresa (2014) • Objetivos Compreender a prática da avaliação formativa contribui para o envolvimento dos alunos na superação das suas dificuldades Como são aceites em termos institucionais essas “novas “ práticas e as relações entre a avaliação formativa e sumativa • Abordagem metodológica Qualitativa. Recolha de dados: Observação de aulas; entrevistas; recolha documental • Participantes • 2 turmas do 7º ano e cinco do oitavo ano • Contexto pedagógico Matemática Desenvolvimento do trabalho • Alunos fazem o teste (normal) e têm a respetiva nota • Os alunos fazem um Plano de Trabalho – Este é composto por questões do mesmo nível e complexidade, das que tiveram incompletas ou erraram no teste – É uma tarefa individual e os alunos podem recorrer a vários suportes (professor, sala de estudo, versão corrigida no teste ) e que deve ser entregue no prazo de uma semana ou estipulado Consequências A realização e entrega à professora dos PT passam a ter as seguintes consequências: • Se o aluno não realizar/entregar o PT, a classificação da avaliação escrita que lhe deu origem não sofre alteração. O aluno terá uma apreciação negativa ao nível da Responsabilidade. • Se o aluno realizar e entregar o PT, mas se seu desempenho não evidenciar melhorias, a classificação da avaliação escrita que lhe deu origem não sofre alteração. No entanto, terá uma apreciação positiva ao nível da Responsabilidade. • Se o aluno realizar e entregar o PT, evidenciando evolução positiva, então a classificação da avaliação escrita que lhe deu origem é recalculada, aumentando de acordo com a evolução demonstrada no PT. O aluno terá ainda uma apreciação positiva ao nível da Responsabilidade. O que há de comum? Ação intencional do professor para a aprendizagem Posso por a frase maior? P: Claro que podes, que queres acrescentar? Quotidiano do trabalho da sala de aula Pensar sobre o que se fez Ana e Teresa PT Análise de uma produção em curso ou concluída Interação reguladora aluno e professor Colocar o aluno no trilho da aprendizagem Em síntese, a avaliação formativa uma prática intencional (Pinto & Santos, 2006) da responsabilidade do professor ou dos alunos, apoiada pelo professor (Pinto & Santos, 2006) uma avaliação “minuto a minuto, dia a dia” (interactiva) (Wiliam, 2009) tem enfoque, tanto nos processos, como nos produtos (Abrecht, 1991) toma em conta o progresso de cada indivíduo, referenciado a critérios de avaliação definidos (criterionreferenced) e características pessoais do aluno (pupilreferenced) (Harlen & James, 1997) Condições necessárias Ambiente de confiança P.: Achas que esta parte onde pensas sobre isso, das carinhas, que é importante nos problemas? F.: Acho que sim. P.: Porquê Francisco? F.: Porque temos de dizer a verdade e, se não conseguimos, pomos a cruz e a professora fica a saber… A.: Eu gostei mais desta tarefa porque gosto de fazer contas de vezes e porque ainda não as sei fazer bem. O erro como fenómeno inerente à aprendizagem Posso por a frase maior? P: Claro que podes, que queres acrescentar? Construção partilhada do significado e do sentido Negociação partilhada dos critérios e do que é um portefólio P: O que acham que podemos colocar na capa? R.B: Podemos fazer um desenho. P: Parece-me bem, todos concordam? Turma: Sim! P: E que informações devemos colocar na capa? I.R: O Título – Portefólio (….) P: Eu pensei em selecionarmos duas tarefas de Língua Portuguesa em que acham que aprenderam mais. O que vos parece? J.A: Parece-me bem, por exemplo se acho que aprendi muito sobre o grau dos adjetivos posso selecionar essa. P: Sim, claro. E depois também pensei em selecionarmos duas tarefas de Matemática a que mais gostaram e a que menos gostaram. O que vos parece? R: Sim, eu gosto sempre dos problemas, mas não gosto quando são fáceis. Organização do espaço e dos materiais PE: Onde é que podemos colocar os nossos portefólios aqui na sala? J.G: No armário de portas. M.A: Em cima do armário. PE: Concordam com a ideia do M.A? M.G: Não, porque depois quando precisarmos de consultar ou de arquivar algum trabalho temos de estar a pedir à professora, porque o armário é muito alto. PE: E então, alguém tem mais alguma ideia? R: Eu acho que pode ficar ali no canto. PE: Parece-vos bem colocar os portefólios naquele canto? F: Não, depois podemos dar pontapés sem querer. Eu acho que ficavam bem em cima do armário lá atrás [apontando para o fundo da sala]. PE: O que acham da ideia da F? Turma: Sim, é melhor. (…) Os post-its permitiram não carregar demasiado as produções e ao mesmo tempo dar pistas aos alunos para melhorar as suas respostas. Em síntese Desenvolver uma prática de avaliação reguladora: - Não é acrescentar mais ao que já se faz - É trabalhar de forma diferente, mesmo o que já se faz Práticas avaliativas de natureza reguladora trazem implicações para a prática letiva. Impõem mudança de práticas (…) Os professores requerem certo tipo de tarefas em detrimento de outras, bem como a preferência por certos métodos de trabalho. (Pinto & Santos, 2006) Como se entende o currículo… Contexto Institucional Professor Como pensa os saberes a ensinar? saberes a construir através da experiência transmissão, treino, memorização Como aprendem os alunos? experiência, atribuição de significado autorregulação só aprendem com o professor ou com quem sabe Quais as potencialidades dos alunos? são capazes de aprender de forma autónoma e/ou com pares testes e fichas, em situações normalizadas Como sei que os alunos aprenderam? produções diversas em situações diversificadas saberes formalizados prontos a consumir Ensinar Aprender A organização do trabalho pedagógico Ensinar trabalho dirigido apoio indiferenciado avaliação sumativa atividades conduzidas pelo professor atividades conduzidas pelo aluno trabalho autónomo apoio diferenciado avaliação formativa Aprender Constrangimentos Constrangimentos e dificuldades Alunos • A cultura pedagógica da experiência passada E1: E esta também conta para a nota? (…) Prof.: Como é que sabem que é uma seca se ainda não a fizeram? E2: Mas é sempre igual. Prof.: Esta pode ser uma ficha. À tarde veremos se a ficha vos vai ajudar ou não, certo? E3: A minha ficha é diferente da tua! E4: Sim, mas tiveste uma nota diferente da minha. E3: O que é que esta tem a ver com a minha ficha? E4: Esta ficha foi feita a partir da tua nota, do que escreveste nas tuas respostas. Qualquer coisa que tenhas feito mal podes corrigir agora. E3: Mas porque é que a tua ficha só tem uma pergunta? E4: Porque eu tive só uma resposta incorreta. Constrangimentos e dificuldades Professores Levei quarenta anos a explicar coisas aos alunos. Ficou-me assim o vício de explicar, mesmo o inexplicável. Precisava agora de outros quarenta anos para desaprender a explicação do que expliquei (Vergílio Ferreira) Questões finais Algumas questões • Será possível a prática de uma avaliação reguladora num currículo de cariz instrumental? • Como construir um espaço de aprendizagem marcado pelo aprender? • Como envolver os encarregados de educação neste processo de mudança? Avaliação reguladora das aprendizagens : desafios e problemas [email protected] [email protected] [email protected]