Clube de Revista RETINOPATIA DA PREMATURIDADE (Retinopathy of prematurity) Ann U. Stout, J Timothy Stout Pediatr Clin N Am 2003;50:77-87 Juliana Queiroz Araújo Dr.Mauro Proença HRAS Hospital Regional da Asa Sul Retinopatia da Prematuridade História Relativamente recente (aprox.60 anos) Desde sua descrição inicial, por Terry, se tornou uma das causas mais comuns de cegueira irreversível Em 1951 Campbell sugeriu o papel do oxigênio suplementar, confirmado no ano seguinte Retinopatia da Prematuridade Definição Cessação da angiogênese normal da retina e subseqüente resposta neovascular hiperproliferativa a isquemia retiniana Ocorre na presença de uma vascularização imatura da retina Geralmente é conseqüência da exposição a oxigênio-terapia em UTI-NEO Retinopatia da prematuridade A resposta hiperproliferativa progride através de estágios bem definidos Forma mais agressiva resulta na deterioração do neurosensório da retina, a partir da parede posterior do olho, e em cegueira. Retinopatia da prematuridade Classificação Internacional Baseada em consideração ao espaço e severidade Considerações espaciais -vascularização normal começa posterior, nervo óptico e progride anteriormente,oro serrata -Inicia na 8ª semana de gestação até a 35ªsemana no lado nasal e 37ªsemana no lado temporal Retinopatia da prematuridade Dividida em 3 zonas: Zona I- toda retina dentro de um círculo que centraliza o nervo óptico Zona II- da borda anterior da zona I ao lado nasal da oro serrata Zona III- lado temporal restante crescente As zonas se vascularizam sequencialmente. É definida por um modelo de relógio Retinopatia da prematuridade Dividida em 3 zonas Retinopatia da prematuridade Severidade (5 estágios) Progride sequencialmente através dos estágios Estágio 1- linha visível de demarcação entre a retina vascularizada (posterior) e a avascularizada (anterior) Estágio 2- neovascularização patológica,porém confinada a retina, aparece uma crista na junção vascular/avascular Retinopatia da Prematuridade Estágio 3- neovascularização patológica.Migra da retina para o humor vítreo Estágio 4- Descolamento subtotal da retina 4a- a mácula continua no lugar 4b- a mácula é descolada Estágio 5- descolamento total da retina Retinopatia da prematuridade Doença mais (plus disease) ----Nem todas as mudanças são limitadas as bordas vascular e avascular -Com a progressão da neovascularização, as condições hemodinâmicas dentro dos vasos muda -Os vasos tornam-se dilatados e tortuosos -Progressão em semanas -A evolução da doença é em ambos os olhos Retinopatia da prematuridade A observação do momento em que aparece a neovascularização e a doença mais,é a chave para o momento do tratamento A doença de progressão rápida deve levar ao descolamento da retina em dias Não há como predizer que pacientes terão a forma maligna da RP Retinopatia da Prematuridade PATOGÊNESE -O Fator de Crescimento Endotelial Vascular (FCEV) parece ter papel chave na vascularização normal e neovascularização anormal -O FCEV é expresso em níveis basais durante a embriogênese.Este equilíbrio é necessário para árvore vascular -Uma das mudanças mais precoces da RP é a ruptura do leito vascular retiniano normal Retinopatia da prematuridade Pesquisas recentes sugeriram que esta mudança está relacionada com a redução nos níveis de FCEV O FCEV age como fator quimiotático e mitogênico para o desenvolvimento vascular e fator de sobrevivência Redução no nível de FCEV induz a apoptose endotelial Retinopatia da Prematuridade O gene da FCEV é responsivo a tensão de O2 Hipoxemia estimula a transcrição do FCEV Hiperoxia diminui a transcrição A hiperoxigenação nos RN pré-termo diminui o nível de FCEV e as cels.endoteliais morrem O O2 suplementar inicialmente mantém a retina avascular,depois ocorre isquemia A isquemia reestimula a transcrição do FCEV e a angiogênese assume um modelo descontrolado Retinopatia da Prematuridade A resposta hiperproliferativa pode levar a saída dos vasos da retina para o humor vítreo (E3) Estes vasos e as células gliais que acompanham, desenvolvem propriedades contrácteis e podem resultar no descolamento da retina do epitélio pigmentado da retina (E4 E5) Retinopatia da Prematuridade Fatores de risco -Vascularização imatura da retina -Idade gestacional e peso de nascimento baixos -RN pré-termo que necessitam de mais O2 e têm menor vascularização <28 sem e < 750g- 40 a 55% de chance de ter RP -Outros:infecção,nascer fora de centro neonatal,partos múltiplos,raça Retinopatia da Prematuridade Protocolo para investigação 1-<1500g ou 28 sem (2 exames) 2- qualquer criança clinicamente instável ou com outro fator de risco 3- 1º exame entre 4 a 6 sem após o nascimento (31-33 sem IGPC) 4- exames subseqüentes dependem da necessidade individual Retinopatia da prematuridade Intervalo baseado nos achados: A) Zona II sem RP- 2 a 3 sem B) Zona II com RP moderada- 2 sem C) Zona I sem RP-1 a 2 sem D) Zona II prelimiar –dias a 1 sem E) Zona I com RP mod.-dias a 1 sem F) Zona III – 2 a 3 semanas para confirmar Retinopatia da Prematuridade Tratamento Intervenção médica: -uso de corticotropina -diminuir o tempo de uso de O2 para o RNPT - Dexametasona pré-natal: diminui a morbidade e o risco de desenvolver a RP no estágio 2 ou mais -Terapia anti-oxidante (Vit E e outras)diminui a lesão oxidativa Retinopatia da Prematuridade Intervenção cirúrgica Objetivos:Tratamento do processo neovascular com crio ou laser; tratamento para o descolamento da retina -Crio:método inicial para ablação periférica da retina -Laser:melhor para doença posterior e melhor tolerado do que a crio -São usados para destruir a parte anterior, avascular da retina Retinopatia da prematuridade Zona I com doença limítrofe: iniciar imediatamente Zona I com 2 quadrantes com doença mais com estágio 1 ou 2, ou qualquer um estágio 3 com ou sem doença mais deve ser considerado doença limítrofe Doença mais posterior tem pior prognóstico Retinopatia da Prematuridade Apesar do tratamento muitos pacientes desenvolvem descolamento macular O 2º braço do manejo clínico inclui procedimento cirúrgico que desfaz o descolamento prévio ou previne futuros Muitos combinam laser com vitrectomia precoce na zona I na esperança de evitar o descolamento Retinopatia da prematuridade Seqüelas tardias: Evolução em 10 anos: olhos não tratados têm 2 vezes mais risco de evolução estrutural pobre e 30% mais risco de cegueira Miopia Perda do campo visual Estrabismo Exotropia Outras: descolamento tardio da retina,glaucoma,catarata e ambliopia Retinopatia da Prematuridade Terapias Futuras -Pesquisas para desenvolver moléculas capazes de inibir o FCEV e sua ação neovascular -Desenvolvimento de moléculas capazes de modificar a interface vítreo-retina -Genes que regulem o desenvolvimento vascular, maturação e neovascularização conhecidos como polimórficos (pode predizer o risco de resposta a isquemia retiniana) REFERENCIAS