“AUTISMO E APRENDIZAGEM”
INTRODUÇÃO
A linguagem oral é a forma de comunicação
por excelência do ser humano. Sua ausência traz
conseqüências adversas à comunicação e à
interação social. A ausência ou supressão da fala
torna a vida difícil e repleta de obstáculos.
O indivíduo que também possui associada a
esta incapacidade inabilidades sensóriomotoras,
comprometimento
cognitivo,
distúrbios
psicológicos e emocionais terá maiores
dificuldades em comunicar-se, necessitando
então de formas alternativas ou complementares
para tal.
TIPOS DE DEFICIÊNCIAS NA COMUNICAÇÃO
• Deficiência Auditiva;
• Afasia (mudo) e Disfemia (Gagueira);
• Deficiência mental;
• Transtorno do Espectro
Autista
DEFINIÇÃO E CONCEITUAÇÃO
• Os transtornos do espectro autista são considerados
modernamente como um conjunto heterogêneo de
síndromes clínicas, tendo em comum a tríade de
comprometimentos da interação social recíproca,
comunicação verbal e não verbal e comportamentos
repetitivos e estereotipados, variando num conitinuum,
desde as formas mais graves até as mais leves;
• Apresenta uma prevalência, considerando todo o espectro,
de 3/1000, o autismo clássico, 1/1000, a síndrome de
asperger, 0,25/1000 e as formas atípicas, 1,5/1000. Na
população mundial a prevalência é de 0,5%. A prevalência
em indivíduos do sexo masculino e feminino ocorre na
razão de 4:1;
TIPOS OU NÍVEIS DE AUTISMO
• TRANSTORNO AUTISTA: Constitui o autismo clássico e pode
cursar com diversos graus de acometimento de cognição e
linguagem, variando desde o retardo mental e lingüístico
severo até os níveis de desenvolvimento normal dessas
competências;
• SÍNDROME DE ASPERGER (Autismo de alto funcionamento): A
tendência atual é o desaparecimento desta denominação, já
que é indistinguível do autismo com cognição e linguagem
normais;
• TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA INESPECÍFICO (Autismo
atípico): São indivíduos com formas clínicas intermediárias,
que não possuem todas as características clínicas do autismo,
apenas parte delas;
TRANSTORNO NO RECONHECIMENTO SOCIAL
1. A forma mais grave é o isolamento e a
indiferença às pessoas;
2. Uma forma mais atenuada pode ser vista
naqueles que não procuram espontaneamente o
contato social mas aceitam ser procurados sem
oferecer resistência;
3. Neste nível as pessoas procuram o contato social
de forma inadequada e unilateral;
4. Neste nível há uma pobreza na capacidade de
aprender as regras mais sutis da interação social
e uma falta de percepção em relação aos outros;
ALTERAÇÕES NA COMUNICAÇÃO SOCIAL
1. Ausência de qualquer intenção de se
comunicar com os outros;
2. Expressão de necessidades sem outra forma
de comunicação;
3. Os indivíduos com fala podem fazer
comentários fatuais que não fazem parte de
uma troca social e irrelevantes dentro do
contexto;
4. Algumas crianças de mais idade falam
bastante, mas não se envolvem numa
verdadeira conversação recíproca;
DEFICIÊNCIA DA IMAGINAÇÃO E COMPREENSÃO SOCIAL
1. Ausência total de imitação e brincadeiras de fazde-conta;
2. Pode
haver
imitação
mecânica
sem
compreensão do significado;
3. Pode haver uma representação repetitiva e
estereotipada de um papel como um
personagem de TV, um animal ou objeto
inanimado, sem variações ou empatia;
4. Pessoas mais velhas com leves distúrbios podem
ter uma noção que algo ocorre na mente dos
outros, mas sem especular o que seja;
1 - SINAIS DE ALERTA PARA O ESPECTRO AUTISTA SOCIALIZAÇÃO
Não sorri socialmente; Prefere brincar sozinho; Ele mesmo pega o
que deseja; É muito independente; Faz determinadas coisas
precocemente; Faz pouco contato com o olhar; Vive em seu
próprio mundo; Ele nos ignora; Não tem interesse em outras
crianças.
2 - SINAIS DE ALERTA PARA O ESPECTRO AUTISTA COMUNICAÇÃO
Não responde ao próprio nome; Não consegue dizer o que quer; Atraso
na linguagem; Não atende ordens; Aparenta ser surdo algumas vezes;
Não aponta, nem acena tchau; Falava poucas palavras e agora não fala
mais
3 - SINAIS DE ALERTA PARA O ESPECTRO AUTISTA COMPORTAMENTO
Crises de raiva; Hiperativo, opositivo e não coopera; Não sabe como brincar
com brinquedos; Anda na ponta dos pés; Tem o hábito de se interessar
demasiadamente por determinados objetos; Gosta de enfileirar objetos; É
muito sensível a determinadas texturas ou sons; Faz movimentos
estranhos;
TRATAMENTO
• Não existe tratamento médico específico para o autismo;
• Os medicamentos são utilizados apenas para as
complicações neuropsiquiátricas e epilepsia;
• O tratamento mais eficaz consiste em reabilitação global,
incluindo fonoaudiologia especializada em linguagem,
psicologia comportamental, terapia ocupacional, e
métodos psicoeducacionais e comportamentais tais como
imagens facilitadoras no processo ensino-aprendizagem
pois permitem aos pacientes, com maior
comprometimento, demonstrarem mais atenção na
elaboração de atividades escolares. A introdução dos
símbolos incita a ampliação do vocabulário, devido a serlhes solicitados que a nomeiem a partir de perguntas
verbais apoiadas nos recursos simbólicos.
• Inclusão em programa pedagógico de educação especial,
em escola regular.
DIREITOS ADQUIRIDOS PELOS AUTISTAS
A Lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012
instituiu a Política Nacional de Proteção dos
Direitos da Pessoa com Transtorno do
Espectro Autista.
A inclusão oficial do transtorno do espectro
autista no âmbito das deficiências traz um
impacto fundamental para este grupo e
suas famílias, garantindo-lhes todos os
direitos na atenção à saúde, por exemplo,
pois até o momento não eram incluídos
como público alvo da reabilitação, nas
garantias dos benefícios sociais e do
trabalho. Há também a inclusão de sua
representatividade no âmbito dos
conselhos de direitos.
MÉTODO PSICOPEDAGÓGICO CLÍNICO DE TRABALHO COM A
DEFICIÊNCIA DE APRENDIZAGEM EM AUTISTAS
1. Comunicação Facilitada:
A Comunicação Facilitada foi um meio facilitador da
comunicação desenvolvido
em Melbourne, Austrália, inicialmente para pessoas portadoras
de paralisia cerebral, e mais tarde adotado também para
pessoas com
autismo.
Podemos resumi-la ao uso de um teclado de máquina de
escrever ou
computador, no qual uma pessoa que tem autismo transmite
seus pensamentos
com a ajuda do facilitador, que lhe oferece o necessário suporte
físico. (MELLO, 2007, p. 44)
MÉTODO PSICOPEDAGÓGICO CLÍNICO DE TRABALHO COM A
DEFICIÊNCIA DE APRENDIZAGEM EM AUTISTAS
2. O computador:
O uso do computador como apoio a crianças portadoras de autismo é
relativamente recente em comparação às outras intervenções citadas.
Existem poucas informações disponíveis, mesmo na internet, sobre a
utilização
do computador como apoio ao desenvolvimento destas crianças.
Algumas crianças ignoram o computador, enquanto outras se fixam em
determinadas imagens ou sons, sendo muitas vezes difícil decifrar o que
tanto as atrai.
A AMA de São Paulo desenvolveu uma técnica que teve resultados muito
interessantes. Consiste na utilização do computador como apoio ao
aprendizado da escrita em crianças que já haviam adquirido a leitura
e, por dificuldades na coordenação motora fina ou por desinteresse,
não conseguiam adquirir a escrita através dos métodos tradicionais de
ensino.
MÉTODO PSICOPEDAGÓGICO CLÍNICO DE TRABALHO COM A
DEFICIÊNCIA DE APRENDIZAGEM EM AUTISTAS
A sistemática, muito simples, apresentou resultados positivos comprovados
em pelo menos três crianças que apresentavam uma resistência
muito grande ao aprendizado da escrita, e com as quais haviam sido
tentadas diversas técnicas de ensino, sem sucesso durante pelo menos
um ano.
Inicia-se com traços simples e sessões muito curtas, com apoio sempre
que necessário. O trabalho vai evoluindo em tempo e complexidade à
medida em que a criança vai conseguindo movimentar o mouse da forma
esperada e sem apoio. Depois de algum tempo é introduzido o quadro
negro, e depois o lápis e papel.
É muito importante limitar o espaço disponível para desenho ou escrita.
No início esse espaço é maior, e vai diminuindo à medida em que a criança
vai desenvolvendo a habilidade. (MELLO, 2007, p. 45)
MÉTODO PSICOPEDAGÓGICO CLÍNICO DE TRABALHO COM A
DEFICIÊNCIA DE APRENDIZAGEM EM AUTISTAS
3. Integração Auditiva
A Integração Auditiva foi desenvolvida inicialmente nos anos
sessenta pelo otorrinolaringologista francês Guy Berard.
A idéia inicial é que algumas das características do autismo
seriam resultado de uma disfunção sensorial e poderiam
envolver uma sensibilidade anormal a determinadas freqüências
de som. Na AIT a criança ou adulto ouve música através de fones
de ouvido, com algumas freqüências de som eliminadas através
de filtros, durante dois períodos de meia hora por noite, durante
dez dias. (MELLO, 2007, p. 46)
MÉTODO PSICOPEDAGÓGICO CLÍNICO DE TRABALHO COM A
DEFICIÊNCIA DE APRENDIZAGEM EM AUTISTAS
4. Integração Sensorial
A Integração Sensorial pode ser considerada como uma intervenção
semelhante à Integração Auditiva, mas com atuação em outra área.
Nos Estados Unidos é muito aplicada por terapeutas ocupacionais e por
fonoaudiólogos, embora outros terapeutas também a apliquem.
Muito resumidamente, é uma técnica que visa integrar as informações
que chegam ao corpo da criança, através de brincadeiras que envolvem
movimentos, equilíbrio e sensações táteis - são utilizados toques,
massagens, vibradores e alguns equipamentos como balanços,
gangorras, trampolins, escorregadores, túneis, cadeiras que giram,
bolas terapêuticas grandes, brinquedos, argila e outros. O terapeuta
trabalha no sentido de ensinar à criança, através de brincadeiras, a
compreender e organizar as sensações. (MELLO, 2007, p. 47)
POESIA DE UM AUTISTA
Eu construí uma ponte
Longe de lugar algum, através do nada
E desejei saber
Se haveria alguma coisa
Do outro lado
Eu construí uma ponte
Longe da obscuridade, através da escuridão
E eu esperei
Que houvesse luz
Do outro lado
Eu construí uma ponte
Longe do desespero, através do exílio
E sabia
Que haveria esperança do outro lado
Eu construí uma ponte
Longe da fraqueza, através do caos
E eu confiei
Que haveria fortaleza
Do outro lado Eu construí uma ponte
Longe do inferno, através do terror
E era uma boa ponte, uma ponte forte,
Uma bonita ponte
Era a minha ponte, eu a construí sozinho,
Somente tendo minhas mãos como
ferramentas,
Minha obstinação como conforto,
Minha fé para atravessá-la
E meu sangue para segurá-la
Eu construí uma ponte
E eu a atravessei
Mas não havia ninguém para me encontrar
Do outro lado
Jim Sinclair (pseudônimo)
Escrito por um jovem com autismo
Referências
• Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à
Saúde. Departamento de Ações Programáticas
Estratégicas. Diretrizes de Atenção à Reabilitação da
Pessoa com Transtornos do Espectro do
Autismo/Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à
Saúde, Departamento de Ações Programáticas
Estratégicas. – Brasília : Ministério da Saúde, 2013.
• MEC. Saberes e práticas da inclusão: dificuldades
acentuadas de aprendizagem: autismo - 2. ed. rev. Brasília: SEESP, 2003.
• MELLO, Ana Maria S. Ros de, Autismo: guia prático. 7ª
ed. São Paulo: AMA; Brasília: CORDE, 2007.
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Autismo e Aprendizagem.