SENSAÇÕES SOMÁTICAS:
DOR, CEFALÉIA & SENSAÇÕES TÉRMICAS
Disciplina: Fisiologia Humana
Prof. Dr. Rogaciano Batista
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SENSAÇÕES SOMÁTICAS: II. DOR, CEFALÉIA E SENSAÇÕES TÉRMICAS
O PROPÓSITO DA DOR - A dor é, principalmente um mecanismo de
proteção do corpo, ocorre sempre que qualquer tecido esteja sendo
lesado, e faz com que o indivíduo reaja, para remover o estímulo
doloroso.
1. TIPOS DE DOR E SUAS QUALIDADES – DOR RÁPIDA E DOR LENTA
a) A dor rápida é descrita por muito nomes: dor súbita, dor em picada,
dor aguda e dor elétrica.
b) A dor lenta pode ser descrita como: dor lenta em queimação, dor
surda, dor pulsante, dor nauseante e dor crônica
2. RECEPTORES DA DOR E SUA ESTIMULAÇÃO
2.1 OS RECEPTORES DA DOR SÃO TERMINAÇÕES NERVOSAS LIVRES – Pele
2.2 TRÊS TIPOS DE ESTÍMULOS EXCITAM OS RECEPTORES DE DA:
MECÂNICOS, TÉRMICOS E QUÍMICOS – Em geral a dor rápida é
provocada pelos tipos mecânico e térmico, enquanto a dor lenta pode
ser provocada por todos os tipos.
Algumas substâncias químicas que excitam a dor do tipo químico:
bradicinina, serotonina, histamina, íons potássio, ácidos, acetilcolina e
as enzimas proteolíticas.
2.3 NATUREZA NÃO-ADAPTÁVEL DOS RECEPTORES DA DOR
Em certas condições a excitação das fibras da dor torna-se progressivamente maior,
especialmente em relação à dor lenta, surda e nauseante, enquanto o estímulo da
dor continuar. Esse aumento de sensibilidade dos receptores da dor é chamado de
Hiperalgesia.
3. INTENSIDADE DA LESÃO TECIDUAL COMO
ESTÍMULO DA DOR
A pessoa comum começa a perceber a dor
quando a pele é aquecida acima de 45ºC.
A intensidade da dor sentida se correlaciona com
o aumento da concentração local dos íons
potássio, ou com o aumento das enzimas
proteolíticas que atacam diretamente as
terminações nervosas e excitam a dor, tornando
as membranas nervosas mais permeáveis aos
íons.
3.1 IMPORTÂNCIA ESPECIAL DOS ESTÍMULOS
DOLOROSOS QUÍMICOS DURANTE A LESÃO
TECIDUAL
Os extratos dos tecidos lesados causam dor
intensa quando injetados abaixo da pele normal;
3.2 ISQUEMIA TECIDUAL COMO CAUSA DA
DOR
Uma das causas sugeridas para a dor durante
a isquemia é o acúmulo de grande quantidade
de ácido láctico nos tecidos, formando em
conseqüência do metabolismo anaeróbico,
que ocorre durante a isquemia.
3.3 ESPASMO MUSCULAR COMO CAUSA DA
DOR
O espasmo aumenta a intensidade do
metabolismo no tecido muscular, tornando
assim a isquemia relativa ainda maior, criando
condições ideais para a liberação de
substâncias químicas indutoras da dor.
4. DUPLA TRANSMISSÃO DOS SINAIS DA DOR PARA O SISTEMA NERVOSO CENTRAL
Os receptores da dor utilizam duas vias distintas para a transmissão dos sinais de dor
para o sistema nervoso central: a via da dor rápida e a via da dor lenta-crônica.
FIBRAS PERIFÉRICAS DA DOR – FIBRAS “RÁPIDAS” E “LENTAS”
Os sinais da dor rápida-aguda são provocadas por estímulos dolorosos mecânicos ou
térmicos, são transmitidos pelos nervos periféricos para a medula espinhal.
A dor do tipo lento-crônico é provocada, sobretudo, por estímulos químicos de dor,
mas também por estímulos mecânicos ou térmicos.
5. VIAS DUPLAS DA DOR NA MEDULA ESPINHAL E NO TRONCO ENCEFÁLICO
– O TRATO NEOESPINOTALÂMICO E O TRATO PALEOESPINOTALÂMICO
Ao entrarem na medula espinhal, os sinais de dor tomam duas vias para o
encéfalo, por meio (1) do trato neoespinotalâmico e (2) do trato
paleoespinotalâmico
5.1 TRATO NEOESPINOTALÂMICO DA DOR RÁPIDA
As fibras da dor rápida do tipo Aδ, transmitem, sobretudo, a dor mecânica
ou térmica aguda.
5.2 VIA PALEOESPINOTALÂMICA DA TRANSMISSÃO DA DOR LENTA
CRÔNICA
A via paleoespinotalâmica é um sistema muito antigo e transmite a dor,
sobretudo, a partir das fibras periféricas de dor lenta-crônica, do tipo C,
apesar de transmitir também alguns sinais das fibras do tipo Aδ.
a) Substância P, o provável neurotransmissor nas terminações nervosas
lentas-crônicas do tipo C;
b) Projeção da via paleoespinotalâmica, conduzindo sinais da dor lentacrônica, para o tronco encefálico e o tálamo;
c) Capacidade limitada do sistema nervoso em localizar precisamente a
fonte da dor transmitida pela via lenta-crônica.
5.3 FUNÇÃO DA FORMAÇÃO RETICULAR, DO TÁLAMO E
DO CÓRTEX CEREBRAL NA APRECIAÇÃO DA DOR
A remoção completa das áreas sensoriais somáticas do
córtex cerebral não destrói a capacidade do animal de
perceber a dor. Portanto é possível que os impulsos de
dor que entram na formação reticular do tronco
encefálico, no tálamo e em outros centros inferiores
possam causar a percepção consciente da dor.
5.4 CAPACIDADE ESPECIAL DOS SINAIS DA DOR
DESPERTAREM A EXCITABILIDADE CEREBRAL GERAL
A estimulação elétrica nas áreas reticulares do tronco
encefálico e nos núcleos intralaminares do tálamo, as
áreas onde termina o tipo de dor lenta-crônica tem forte
efeito na ativação da atividade nervosa por todo o
encéfalo.
5.5 INTERRUPÇÃO CIRÚRGICA DAS VIAS DA DOR
Uma pessoa tem dor tão intensa e intratável (resultante
de um câncer) que é necessário aliviar a dor. Para tanto,
as vias nervosas da dor podem ser destruídas em
qualquer um entre vários pontos.
6. SISTEMA DE SUPRESSÃO DA DOR (“ANALGESIA”) NO ENCÉFALO E NA MEDULA
ESPINHAL
O grau em que a pessoa reage a dor varia tremendamente. Isso resulta da capacidade do
próprio cérebro em suprimir a entrada de sinais de dor para o sistema nervoso, pela
ativação de um sistema de controle da dor (sistema de Analgesia).
7.O SISTEMA DE OPIÁCEOS DO CÉREBRO – AS ENDORFINAS E ENCEFALINAS
Há mais de 30 anos, descobriu-se que a injeção de quantidades diminutas de morfina no
núcleo periventricular em torno do terceiro ventrículo e na área da substância cinzenta
periaquedutal do tronco encefálico causa grau extremo de analgesia.
7.1 INIBIÇÃO DA TRANSMISSÃO DA DOR POR SINAIS SENSORIAIS TÁTEIS
Outro marco importante na dor foi a descoberta de que a estimulação das grandes fibras
sensoriais do tipo Aβ, a partir dos receptores periféricos, pode deprimir a transmissão dos
sinais da dor.
7.2 TRATAMENTO DA DOR PELA ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA
Vários procedimentos clínicos foram desenvolvidos para a supressão da dor pela
estimulação elétrica: os eletrodos estimuladores são colocados sobre áreas da pele,
implantados sobre a medula espinhal, para estimular as colunas sensoriais dorsais.
8. DOR REFERIDA
A pessoa sente dor em parte do corpo que fica distante do tecido que causa a dor. A dor é
iniciada em dos órgãos viscerais e referida à área na superfície do corpo.
9. DOR VISCERAL
A dor a partir das diferentes vísceras do abdômen e do peito é um dos poucos critérios que
podem ser usados para o diagnóstico da inflamação visceral, da doença infecciosa visceral
e de outros distúrbios viscerais.
9.1 CAUSAS DA VERDADEIRA DOR VISCERAL
Qualquer estímulo que excite as terminações nervosas de dor em áreas difusas das
vísceras causa dor visceral; alguns estímulos:
a) ISQUEMIA – Causa dor visceral da mesma maneira que nos outros tecidos, por causa
da formação de produtos metabólicos;
b) ESTÍMULOS QUÍMICOS – Substâncias lesivas que vazam do trato gastrointestinal para a
cavidade peritoneal;
c) ESPASMO DA VISCERA OCA – O espasmo de uma porção do intestino da vesícula biliar,
ducto biliar, ureter ou de qualquer outra viscera oca pode causar dor, pelas
terminações nervosas da dor.
9.2 DOR PARIETAL CAUSADA POR LESÃO VISCERAL
Quando uma doença afeta a víscera, o processo patológico freqüentemente se espalha
para o peritônio parietal, pleura ou o pericárdio. Essas superfícies parietais, tal como a
pele, são supridas por extensa inervação de dor, a partir dos nervos espinhais periféricos.
9.3 LOCALIZAÇÃO DA DOR VISCERAL – AS VIAS DA TRANSMISSÃO DA
DOR “VISCERAL” E “PARIETAL”
A dor a partir das diferentes vísceras é difícil de ser localizada por
diversas razões:
a) O cérebro não tem conhecimento de que os diferentes órgãos
internos existam;
b) As sensações a partir do abdômen e do tórax são transmitidas por
duas vias para o sistema nervoso central – a via visceral verdadeira
e a via parietal;
9.3.1 LOCALIZAÇÃO DA DOR REFERIDA TRANSMITIDA PELAS VIAS
VISCERAIS
Quando a dor visceral é referida à superfície do corpo, a pessoa,
geralmente, a localiza no segmento dermatométrico do qual o órgão
visceral se originou no embrião;
9.3.2 VIA PARIETAL DA TRANSMISSÃO DA DOR ABDOMINAL E
TORÁCICA
A dor proveniente das vísceras é localizada em duas áreas superficiais
do corpo ao mesmo tempo: visceral e parietal;
10. ANORMALIDADES CLÍNICAS DA DOR E OUTRAS SENSAÇÕES SOMÁTICAS
a) HIPERALGESIA – Uma via nervosa de dor torna-se excitável isso da origem à hiperalgesia,
que significa hipersensibilidade à dor. As causas são (1) sensibilidade excessiva dos
receptores da dor; Hiperalgesia primária e (2) Facilitação da transmissão sensorial =
Hiperalgesia secundária;
b) SÍNDROME TALÂMICA - Originado a partir de Trombose, o paciente apresenta uma série
de anormalidades: Ocorre perda de quase todas as sensações; Incapacidade de controlar os
movimentos corporais; Retorno parcial das sensações danificadas e a pessoa é capaz de
perceber sensações afetivas desagradáveis.
c) HERPES ZOSTER (Cobreiro) – O vírus do herpes infecta um gânglio da raiz dorsal. Isso
causa dor intensa no segmento dermatomérico, provocando um tipo segmentar de dor
que circunda a metade do corpo.
d) SÍNDROME DE BROWN-SÉQUARD
Se a medula espinhal for inteiramente seccionada todas as sensações e funções motoras
são bloqueadas, mas se for apenas um único lado ocorrerá a síndrome. No entanto apenas
algumas modalidades sensoriais são perdidas do lado da lesão e outras são perdidas do
lado oposto.
11. CEFALÉIA
As cefaléias são de um tipo de dor referida à
superfície da cabeça, a partir de estruturas
cefálicas profundas. Muitas cefaléias resultam
de estímulos dolorosos que surgem dentro do
crânio, mas outras resultam de dor originada
fora do crânio.
11.1 CEFALÉIA DE ORIGEM INTRACRANIANA
a) ÁREAS SENSÍVEIS A DOR NA ABÓBODA
CRANIANA – O próprio cérebro é quase
totalmente insensível à dor. Por outro lado, o
repuxamento dos seios venosos em torno do
cérebro, a lesão do tentório ou o estiramento
da dura-máter na base do cérebro podem
causar dor intensa que é reconhecida com
cefaléia.
b) ÁREAS DA CABEÇA AS QUAIS A CEFALÉIA
INTERACRANIANA É REFERIDA
A estimulação dos receptores de dor na abóbada
craniana acima do tentório , incluindo a superfície
superior do próprio tentório, inicia impulsos de dor
na porção cerebral do quinto nervo e, portanto,
causa cefaléia referida.
c) TIPOS DE CEFALÉIA INTRACRANIANA
 Cefaléia da Meningite;
 Cefaléia causada pela baixa pressão do líquido
Cefalorraquidiano;
 Cefaléia da Enxaqueca;
 Cefaléia Alcoólica;
 Cefaléia causada por Constipação.
d) TIPOS DE CEFALÉIA EXTRACRANIANA
 Cefaléia resultante do Espasmo Muscular;
 Cefaléia causada por irritação das estruturas
nasais e acessórias;
 Cefaléia causada por distúrbios oculares.
12. SENSAÇÕES TÉRMICAS
12.1 RECEPTORES TÉRMICOS E SUA EXCITAÇÃO
O ser humano pode perceber diferentes gradações de frio e calor, frio congelante e frio,
fresco, indiferente, tépido, quente e escaldante.
As gradações térmicas são discriminadas por pelo menos três tipos de receptores
sensoriais: receptores de frio, calor e dor. Os receptores da dor são estimulados pelos
graus extremos do frio e do calor.
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dor, cefaléia & sensações térmicas