HEMOGLOBINA
• A hemoglobina é composta por uma porção
proteica, a globina, e um composto corado, o
heme. A globina tem 4 cadeias proteicas, 2 a
e 2 b, cada uma com aproximadamente 140
aminoácidos. Cada cadeia está dobrada de
forma a constituir uma ‘bolsa’ na parte
externa da molécula, onde se aloja o heme.
Há 4 hemes por molécula de hemoglobina.
HEMOGLOBINA
HEMOGLOBINA
• O heme se compõe de um anel tetrapirrólico
chamado porfirina, i.e., formado por 4 pirróis
unidos por pontes de meteno. No centro do anel
se aloja um átomo de Fe++.
• No catabolismo normal de hemoglobina, o ferro e
a globina são reaproveitados, e a porfirina é
descartada. Isto ocorre em células fagocitárias,
principalmente no baço, onde hemácias velhas,
com cerca de 120 dias, são degradadas.
HEMOGLOBINA
• Quase todo o ferro da hemoglobina é reaproveitado,
assim as necessidades diárias de ferro novo são
pequenas.
• ABSORÇÃO
• A absorção intestinal (duodeno e jejuno) é da ordem
de 1 mg/dia, embora a quantidade ingerida seja pelo
menos 10 vezes maior. O ferro absorvido repõe o que é
perdido em células descamadas (que sempre contêm
algum ferro, p. ex. em citocromos) e no sangue
menstrual. Nas mulheres, a necessidade diária é cerca
do dobro da dos homens.
HEMOGLOBINA
• FERRITINA
• Nas células da mucosa intestinal, o ferro absorvido fica
armazenado como Fe+++ em uma proteína chamada
ferritina. Para tal, o ferro forma micelas de hidroxifosfato
férrico e se liga a uma proteína, a apoferritina, cuja
molécula é constituida de várias subunidades que
circundam a micela. O complexo de subunidades proteicas
de apoferritina e da micela de Fe+++ é que constitui a
ferritina. Até cerca de 4.300 átomos de Fe+++ podem ser
estocados desta forma por uma partícula de ferritina.
• A ferritina é visível só ao microscópio eletrônico como uma
partícula eletrodensa que pode ser usada como marcador.
HEMOGLOBINA
• TRANSFERRINA
• Para transporte no plasma, o Fe+++ é
removido da ferritina (que fica sempre no
interior de células) e transferido a uma
proteína do plasma, a transferrina, que
transporta 2 átomos de Fe+++ por molécula
HEMOGLOBINA
• DESTINO DO FERRO
• Este ferro é distribuído às células do organismo, onde é
necessário para síntese de citocromos e, principalmente, às
células da série vermelha da medula óssea, no estágio de
normoblasto, onde será usado na síntese de hemoglobina.
• O restante é depositado em células do SRE, principalmente
nas células reticulares do baço e da medula óssea, e nas
células de Kupffer do fígado, onde fica armazenado
também na forma de ferritina (como nas células da mucosa
intestinal). A ferritina é uma forma de armazenamento que
permite fácil mobilização do ferro para síntese de
hemoglobina.
HEMOSSIDERINA
• HEMOSSIDERINA
• Hemossiderina é um pigmento marrom de aspecto granuloso ao MO,
constituído por ferro +++.
• Quando a oferta de ferro ao SRE é muito grande, p. ex., em anemias
hemolíticas, ou após transfusões de sangue, as moléculas de ferritina
podem saturar-se. As micelas de hidroxifosfato férrico agregam-se,
resultando em uma partícula maior que a ferritina normal que passa a ser
visível ao microscópio óptico na forma de grânulos de hemossiderina. A
percentagem de ferro em relação à proteína é maior na hemossiderina que
na ferritina, e a mobilização do ferro é mais difícil.
• A hemossiderina aparece ao microscópio óptico como grânulos de cor
marrom escura, tamanho variável e aspecto refringente (isto é, brilhante
quando se mexe no foco micrométrico). É vísível já sem coloração, ou em
HE. Como o ferro está na forma trivalente, dá a reação do Azul da Prússia
(ou de Perls), ou seja, reage com ferrocianeto de potássio para dar
ferrocianeto férrico, que é azul intenso e insolúvel
HEMOSSIDERINA
HEMOSSIDERINA
• Hemossiderose - É o acúmulo de hemossiderina nos tecidos. Pode ser:
• A) Local - Onde ocorreu um extravasamento de sangue, como um
hematoma. As hemácias são fagocitadas por macrófagos que liberam o
ferro, e este acumula-se como hemossiderina no citoplasma destes. Isto
contribui para a cor amarelada ou ferruginosa do tecido durante a
reabsorção do hematoma.Também ocorre na congestão passiva crônica dos
pulmões. Na insuficiência cardíaca esquerda, há aumento da pressão nos
capilares do pulmão e extravasamento de hemácias para os alvéolos. Estas
são fagocitadas por macrófagos, que ficam abarrotados de hemossiderina e
são conhecidos como células do vício cardíaco.
• B) Difusa = Deposição excessiva de hemossiderina em macrófagos do SRE
(baço, fígado, medula óssea) e/ou em células parenquimatosas do fígado
(hepatócitos), rins (túbulos contornados proximais), pâncreas (células
acinares e insulares) e coração. Não parece ter repercussão clínica.
HEMOSSIDERINA
• Há 2 mecanismos:
• a) Destruição excessiva de hemácias, em anemias
hemolíticas como a anemia falciforme, anemias
autoimunes e transfusões múltiplas.
• b) Ingesta excessiva de ferro, que pode superar a
capacidade de controle de absorção a nível do
intestino.
HEMOSSIDERINA
HEMOSSIDERINA
HEMOSSIDERINA
HEMOSSIDERINA
• Hemocromatose- É uma doença autossômica recessiva em que há
defeito na barreira intestinal à absorção do ferro. É um dos erros
inatos do metabolismo mais comuns, com freqüência de
homozigose do gen = 0,45% (1 em 220 pessoas).
• A quantidade total normal de ferro no organismo é de 2 a 6 g.
Destes, cerca de 0,5 g. é armazenada no fígado, 98% em
hepatócitos (em forma de ferritina). Na hemocromatose
quantidade total de ferro no organismo chega a 50 g. (10 x >
normal). Destes, 1/3 fica no fígado.
• A sobrecarga de ferro é cumulativa ao longo da vida porque, uma
vez absorvido o ferro, não há meios de eliminá-lo (exceto por
flebotomia). Estima-se incremento líquido de 0,5 a 1 g. de ferro
por ano.
• Há acúmulo, como na hemossiderose difusa, em hepatócitos,
pâncreas, rins e várias glândulas, como adrenal, hipófise e
gônadas. Como o acúmulo é intenso, há conseqüências sérias,
geralmente a partir da 5a. ou 6a. décadas.
HEMOSSIDERINA
• • Fígado torna-se cirrótico e de cor marrom. Há
grande aumento na incidência de câncer hepático
(carcinoma hepatocelular) (até 200 x >).
• • Atrofia do pâncreas leva a diabetes mellitus.
• • Cor da pele fica bronzeada devido ao acúmulo
de hemossiderina (diabetes bronzeado).
• • Atrofia dos túbulos seminíferos leva a
esterilidade (azoospermia).
• • Arritmias cardíacas, cardiomiopatia.
HEMOSSIDERINA
• A lesão dos parênquimas é atribuída aos efeitos do ferro na gênese
de radicais livres. Como o ferro muda facilmente de valência, ou
seja, ganha e perde elétrons, propicia o aparecimento de radicais
livres lesivos às células. Este é o mecanismo que leva à cirrose e
hepatocarcinoma.
• Os sintomas são mais graves e precoces em homens (5 a 7:1), pois
as mulheres perdem ferro regularmente através da menstruação,
retardando o acúmulo. A doença se manifesta quando a quantidade
acumulada chega a 20 g.
• Identificação dos portadores em estágio precoce e remoção
terapêutica de ferro (através de flebotomias regulares) permite o
controle da doença e recuperação dos tecidos não lesados, dando
expectativa de vida normal.