UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO JANEIRO CENTRO BIOMÉDICO FACULDADE DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇAO ENFERMAGEM INTENSIVISTA INTERPRETAÇÕES E AÇÕES DE ENFERMAGEM NOS EXAMES LABORATORIAIS Hemograma Série vermelha • O hemograma contempla diversas provas efetuadas, com a finalidade de avaliar quantitativa e qualitativamente os componentes celulares do sangue. Os itens avaliados incluem: hemácias, hemoglobina, hematócrito, índices hematimétricos, leucócitos totais, contagem diferencial de leucócitos, plaquetas e exame microscópico de esfregaço de sangue corado. • Os resultados auxiliam a identificação de doenças de origem primária ou secundária de características agudas ou crônicas. • São utilizados também para acompanhar a evolução de uma variedade de doenças e para monitorar os efeitos colaterais decorrentes do uso de medicamentos. • A avaliação eritrocitária pode identificar processos anêmicos, policitêmicos, alterações de forma e tamanho das hemácias • A contagem de hemácias é a primeira informação fornecida e é expressa em milhões por mm3. Hemácias: • Homem : 4,2 a 5,4 milhões/mm³ • Mulher: 4,1 a 5,1 milhões/mm³ • Baixo : Oligocitemia • Alta : policitemia ou eritremia / poliglobulia • A concentração de hemoglobina é expressa em g/dL, e sua avaliação é de grande importância pelo papel no transporte de oxigênio e por estar diretamente relacionada à anemia, sendo sua melhor forma de avaliação laboratorial. Hemoblogina • Homem: 15g/dL +/- 1,5 • Mulher: 14g/dL+/- 1,5 • Baixo: Anemia • O volume relativo das hemácias dentro do volume de sangue é fornecido pela análise do hematócrito, que é expresso percentualmente. Hematócrito • Homem: 48% +/- 6 • Mulher : 42% +/- 4 • Oligocitemia - Ht diminuído. • Pseudoanemias - Ht diminuído. • Hemorragia aguda - Hematócrito normal • Hemorragia tardia - Ht. diminuído • Desidratação (de qualquer etiologia) - Ht elevado • Hipervolemia e aumento no volume plasmático resultam em valores menores índices hematimétricos • A relação entre esses diferentes parâmetros pode ser obtida pela análise dos índices hematimétricos que irão fornecer informações adicionais sobre variações de volume e concentração da hemoglobina. • Os achados morfológicos do esfregaço corado fornecem mais informações sobre conteúdo da hemoglobina, forma, tamanho e inclusões eritrocitárias. ÍNDICE CÁLCULO SIGNIFICADO VCM Volume corpuscular médio Ht/GV Tamanho da hemácia HCM ( pg ) Hemoglobina corpuscular média Hb/GV Cor da hemácia CHCM ( % ) Hb/Ht ou HCM/VCM Concentração de hemoglobina corpuscular média Cor da hemácia RDW (% ) Cell distribution width Anisocitose Ht ( % ) Hematócrito ________ GV x VCM Volume eritrocitário VHS ( velocidade de Hemossedimentação) Objetivo • Monitorar doença inflamatória ou maligna. • Auxiliar na determinação e diagnóstico de doenças ocultas tais como tuberculose, necrose tecidual ou doença do tecido conectivo. • Homem - 0-15 mm/h • Mulher - 0-20 mm/h • Elevado : doenças vasculares do colágeno, infecções, IAM, neoplasias, estados inflamatórios na fase aguda. Cinética do ferro • Ao se determinar a classificação funcional da anemia, deverão ser realizados estudos da cinética do ferro para avaliar sua disponibilidade para a síntese da hemoglobina. Este estudo inclui: dosagens do ferro, da ferritina sérica e da capacidade de ligação da transferrina ao ferro (TBIC). A divisão da dosagem do ferro pela capacidade de ligação da transferrina determina o índice de saturação da transferrina (IST). Transferrina • A transferrina é uma proteína de transporte e carreia o ferro no plasma e no líquido extracelular para suprir as necessidades teciduais. Aparece como uma banda distinta na eletroforese de proteínas e é o maior componente da fração betaglobulina. A maior parte é sintetizada pelo fígado, e o restante, por diferentes sítios. É capaz de se ligar a outros elementos, como cobre, zinco, cobalto e cálcio, mas, com exceção da ligação ao cobre, não há significado fisiológico. • É responsável pelo transporte do ferro do seu sítio de absorção no nível intestinal ou nos sítios de catabolismo da hemoglobina para os precursores de células vermelhas na medula óssea ou para os sítios de estocagem de ferro no sistema reticuloendotelial na medula óssea, no fígado e no baço. Após a liberação do ferro, a transferrina retorna à circulação e é reciclada. Sua meia-vida é de 8 dias. Além da função de transporte, a transferrina minimiza os níveis de ferro livre no plasma, a perda urinária de ferro, e previne os potenciais efeitos tóxicos de níveis elevados de ferro livre circulante. • • O organismo contém cerca de 3 a 5 gramas de ferro, porém apenas 3 a 5 miligramas são encontrados no plasma. A maioria apresenta-se ligada à transferrina. Portanto o ferro sérico avaliado reflete basicamente o ligado à transferrina. • A diminuição dos níveis de transferrina pode ser observada nas doenças hepáticas e em situações clínicas com perdas protéicas, como certas enteropatias, síndrome nefrótica e desnutrição, além de ser um bom marcador de desnutrição em pacientes hospitalizados. Níveis baixos podem ser encontrados em uma variedade de estados inflamatórios agudos e crônicos e na malignidade. Transferrina • A dosagem de transferrina é importante na avaliação das anemias. Na anemia ferropriva, o nível de transferrina está elevado, mas seu percentual de saturação é baixo. • Na anemia das doenças crônicas, a transferrina apresenta-se normal, e o percentual de saturação está aumentado. • Níveis elevados também podem ser encontrados nos estágios iniciais de hepatites agudas, na gravidez e no uso de estrogênios. • A transferrina apresenta-se aumentada na deficiência crônica de ferro não-complicada, alterando-se simultaneamente ou por vezes um pouco antes das alterações dos níveis séricos do ferro. • Entretanto, sua correlação clínica não é inteiramente satisfatória, visto que, em cerca de 30 a 40% dos pacientes com anemia ferropriva crônica, podem ser encontrados valores dentro dos limites da normalidade. Transferrina • A transferrina não é uma das proteínas de fase aguda. • Portanto, apresenta-se diminuída mesmo nos casos de doenças agudas ou crônicas graves, que podem cursar com deficiência de ferro sérico. • Justamente por isso, trata-se de um bom parâmetro para acompanhamento. Ferritina • A ferritina é a mais importante proteína de reserva do ferro e é encontrada em todas as células, especialmente naquelas envolvidas na síntese de compostos férricos e no metabolismo e na reserva do ferro. • A dosagem de ferritina é o mais fiel indicador da quantidade de ferro armazenada no organismo. • Sua grande utilidade clínica está no diagnóstico diferencial entre as anemias hipocrômicas e microcíticas por deficiência de ferro de anemias por outras etiologias. Nesses casos, a ferritina diminui antes das alterações dos níveis de ferro sérico e das alterações morfológicas da série vermelha. Ferritina • Entretanto, por fazer parte do grupo de proteínas de fase aguda, a ferritina se eleva em resposta a infecções, traumatismos e inflamações agudas. • A elevação ocorre nas 24 a 48 horas iniciais, com um pico no terceiro dia, e se mantém por algumas semanas, o que pode dificultar sua interpretação. • Seus níveis podem elevar-se no excesso de ferro, em pacientes transfundidos e em neoplasias, especialmente nas leucemias e linfomas e nos carcinomas de mama, fígado, pulmão, cólon e próstata. • Elevam-se também nas anemias hemolíticas e megaloblásticas e nas lesões hepáticas, especialmente as lesões alcoólicas. Ferro • O ferro é absorvido principalmente na parte superior do duodeno e no jejuno. Uma vez absorvido, se liga à transferrina plasmática. • A maior parte do ferro circulante é captada pelos precursores eritróides na medula óssea para compor a hemoglobina. • A hemoglobina utiliza cerca de 80% do ferro corporal. O restante é armazenado no interior das células reticulares da medula óssea, baço e fígado, 60% sob a forma de ferritina e cerca de 40% como hemossiderina • Portanto, a distribuição do ferro corporal é feita entre compartimentos: o funcional - hemoglobina, mioglobina, enzimas heme e não-heme, o de transporte - transferrina - e o de reserva ferritina e hemossiderina. • • • • • Os sinais clínicos da deficiência de ferro resultam de um longo período de desequilíbrio no balanço de ferro. Inicialmente ocorre uma depleção das reservas, sem alterações nos níveis de ferro sérico, o que pode ser evidenciado pela redução dos níveis de ferritina. Essa diminuição das reservas leva ao aumento da absorção intestinal de ferro. Em um segundo momento, com as reservas já depletadas, mas com o nível de hemoglobina ainda normal, algumas alterações já podem ser evidenciadas, como a presença de hemácias microcíticas no exame do sangue periférico, mesmo com volume corpuscular médio (VCM) normal, presença de anisocitose, diminuição da saturação de transferrina e da ferritina e aumento do TIBC (capacidade total de combinação do ferro). Finalmente, os níveis de hemoglobina começam a cair, instalando-se um quadro clássico de anemia ferropriva, com diminuição do ferro sérico, da hemoglobina, do VCM, da saturação da transferrina e da ferritina. Ferro • Quando a perda é aguda, leva a uma anemia normocrômica e normocítica, e, quando crônica, a uma anemia microcítica hipocrômica. • O sangramento crônico quase sempre consegue esgotar as reservas corporais de ferro, pelo esforço contínuo da medula em restaurar os níveis circulantes de hemoglobina. • A pesquisa de sangue oculto é um exame importante na investigação dos pacientes com anemia ferropriva e deve ser realizada em amostras múltiplas para burlar a possibilidade de negatividade quando os sangramentos são intermitentes. Os valores normais são: • Ferro sérico: 50 a 150 mcg/dL. • Capacidade de ligação da transferrina ao ferro (TBIC): 300 a 360 mcg/dL. • Índice de saturação da transferrina: 2550% • Ferritina sérica: reflete o estoque tecidual de ferro. ferro • A perda sangüínea constitui a causa mais importante de deficiência de ferro em adultos. • Compromete o transporte de oxigênio