O PODER DA ARGUMENTAÇÃO: COMO IDENTIFICAR E ELABORAR ARGUMENTOS Prof.ª Me. Rejone Valentim Alves 1 Onde ocorre a argumentação? • Ler e escrever não é requer somente o domínio do sistema linguístico. Requer participação no processo dialógico, que possibilita a recuperação, atualização e realização de textos marcados pela experiência culturais dos interlocutores. • Argumentar. 2 H O M E M SUJEITOS HISTÓRICOS E IDEOLÓGICOS H O M E M 3 Argumentação: retomada do conceito “O termo argumentação será usado para se referir à atividade total de propor teses, pô-las em questão, respaldá-las produzindo razões, criticando essas razões, refutando essas críticas, e assim em diante.” (Toulmin & Rieke & Janik, 1978:14). “Argumentação é uma atividade social, intelectual e verbal servindo para justificar ou refutar uma opinião, consistindo em uma constelação de proposições e dirigida no sentido de obter a aprovação de um auditório.” (Eemeren & Grootendorst & Kruiger, 1987:7). 4 “Chamo argumentação ao tipo de fala em que os participantes tematizam as pretensões de validez que se tornam duvidosas e tratam de aceitá-las ou recusá-las por meio de argumentos. Uma argumentação contém razões que estão conectadas de forma sistemática com as pretensões de validez da manifestação ou emissão problematizadas. A força de uma argumentação se mede, num contexto dado, pela pertinência das razões”. (Habermas, 1981 a:37) *Razões são afirmadas e refutadas; *Apresentar razões contra ou a favor de uma dada tese; *Busca-se a adesão do auditório social. 5 Auditório: ouvinte, leitor, interlocutor • “Conjunto de pessoas a quem o discurso é dirigido – para os interlocutores cuja adesão interessa.” Perelman & Olbrechts-Tyteca (1958) • A argumentação está direcionada para o interlocutor. 6 Características das Argumentação • • • • • Dirigida a um auditório; Assentimento mental, com intensidade variável; Pontos aceitos pelo auditório; Justificação: pesam os argumentos pró e contra; Decisão. 7 * A argumentação compreendida como ação discursiva que busca a adesão de mentes (pré-disposição a determinada ação). * Toda a argumentação visa a adesão e, dessa forma, argumentar significa querer persuadir ou convencer. Perelman (1977a:235): “Querer persuadir um auditor significa, antes de mais nada, reconhecer-lhe as capacidades e as qualidades de um ser com o qual a comunicação é possível e, em seguida, renunciar a dar-lhe ordens que exprimam uma simples relação de força, mas sim procurar ganhar a sua adesão intelectual”. 8 * A teoria da Argumentação tem na sua história alguns entendimentos: - Foi associada à arte de bem falar e escrever: Retórica e Poética. (discursos eloquentes – voltados à persuasão) * Aristóteles: considerado o pai da Argumentação. * Na Lógica e na Filosofia: “[...]conjunto de uma ou mais sentenças declarativas, também conhecidas como proposições, ou ainda, premissas, acompanhadas de uma outra frase declarativa conhecida como conclusão.” 9 Mas: onde ocorre a argumentação? • A utilização da língua efetua-se por enunciados concretos (orais/escritos). • Cada esfera da atividade humana relaciona-se com a língua de uma maneira; • “GÊNEROS DISCURSIVOS: tipos relativamente estáveis de enunciados (escritos ou orais) que se realizam em condições e com finalidades específicas nas diferentes situações de interação social.” (BAKHTIN, 2003) 10 NOTÍCIA CHARGE CARTA DO LEITOR ESFERA SOCIAL JORNALÍSTICA ANÚNCIO PUBLICITÁRIO REPORTAGEM HORÓSCOPO 11 TARIFA TELEFONE/TV / INTERNET BILHETE CONTA DE LUZ ESFERA SOCIAL LISTA DE COMPRA DOMÉSTICA COMPROVANTES DE PAGAMENTOS TARIFA DO CARTÃO DE CRÉDITO 12 Não argumentamos no vazio; A ação argumentativa está atrelada ao gênero discursivo em jogo na comunicação entre os falantes. - Quem? - Para quem? - O que dizer? - Como? - Para quê? * As respostas nos indicam o tipo de argumentação. 13 Para que serve a cor da pele? Nossos ancestrais tinham pele clara, coberta de pelos escuros, igual à dos nossos parentes mais próximos, os chimpanzés. Aos poucos, perderam os pelos, e a pele ficou exposta à radiação solar. Para sobreviverem, eles começaram a produzir mais melanina, pigmento que dá cor à pele e funciona como protetor contra os raios UV. Com as migrações nos últimos séculos, muitos grupos humanos passaram a viver em regiões para as quais não estavam adaptados. Isso teve algumas consequências: – Para os ingleses que se estabeleceram na Austrália nos séculos XIX e XX – não é por acaso que a Austrália hoje tem um dos mais altos índices de câncer de pele do mundo. – Para os indianos e os paquistaneses que se mudaram para o norte da Inglaterra em décadas recentes – por muito tempo não se sabia por que eles sofriam de doenças relacionadas à deficiência de vitamina D, como raquitismo e osteoporose. Disponível em: <http//:www.veja.com/espelhomeu>. 14 NARRAR CONTO MARAVIHOSO, CRÔNICA, CONTO, CONTO DE FADAS, LENDAS, FÁBULAS RELATAR RELATO DE EXPERIÊNCIAS, DIÁRIO ÍNTIMO, NOTÍCIA, REPORTAGEM, CURRICULUM VITAE ARGUMENTAR CARTA DO LEITOR, CARTA DE RECLAMAÇÃO, ARTIGO DE OPINIÃO, DISCURSO DE ACUSAÇÃO, EDITORIAL EXPOR TEXTO EXPOSITIVO (LD), RELATÓRIO CIENTÍFICO, CONFERÊNCIA, EXPOSIÇÃO ORAL, RESENHA, RESUMO 15 O QUE É ARGUMENTAR? - ORIENTAR o discurso no sentido de determinadas conclusões; • TEXTO ↔intenção ↔interlocutores ↔contexto social ↔ argumentação. • Os Gêneros Discursivos orientam a argumentação. 16 Argumentação e Linguagem • O ato linguístico fundamental é ARGUMENTAR. • Linguagem é vista como ação sobre o mundo: - Intencionalidade; - Veiculadora de ideologia; - Repleta de argumentatividade. 17 A LINGUAGEM É SEMPRE ARGUMENTATIVA? MEDO: MAU CONSELHEIRO Um resumo de tudo que já foi publicado sobre redução da maioridade penal é a foto da página 33: alguém consegue ver uma criança diante do Estado de forma errada? Ao persistir essa sanha contra os efeitos sem atacar, porém, as tantas causas que a lei determina que se ataquem, breve vão propor berçários de segurança máxima. Leonardo Leão Recife, PE Disponível em: Revista Carta Capital – Cartas Capitais (Agosto, 2014). O TEXTO ORIENTA PARA UMA CONCLUSÃO 18 “A argumentação é uma ação que tende sempre a modificar um estado de coisas preexistentes.” (Ch. Perelman & L. Olbrechts-Tyteca Argumentar exige uma série de articulações: desde ponto de vista e movimentos dialogais da linguagem. 19 QUANDO ARGUMENTAMOS E PARA QUÊ? Quando argumentamos? Nos momentos em que apresentamos razões para afirmar ou negar uma ideia, um fato. Os textos argumentativos são expositivo, ou seja, desenvolvem e explicam um assunto. Para fazer isso lançam mão de recursos argumentativos, cujo objetivo é “provocar” o leitor. Argumentamos com qual finalidade? A finalidade da argumentação é persuadir e convencer o leitor sobre o ponto de vista do autor sobre um dado assunto. 20 Questões Dois pilares: Como argumentar? Como perceber um argumento? *Procedimentos argumentativos (escritor – leitor) 21 Procedimentos argumentativos 1. Unidade do tema: tratar de um só objeto; 2. Comprovação da ideias: citação de outros textos; 3. Exposição e refutação de argumentos contrários: divergências sobre o tema; 4. Padrão da linguagem: imposição de respeito e de poder de persuasão. 22 LINHAS DE ARGUMENTAÇÃO “Em um mundo tão acelerado (...) você consegue se desligar? (...) Acho que profundidade de atenção exigida por um livro é muito significativa e uma alternativa ao nosso modo de vida.” TOM RACHMAN, escritor anglo-canadense, no jornal O Globo; “O futuro da palavra escrita é ser falada, porque a escrita é devagar. Os livros do futuro serão falados, porque tudo gira em torno da fala hoje em dia” Jason Merkoski, um dos responsáveis pelo desenvolvimento do Kindle, leitor de obras digitais, em O Estado de S. Paulo. (Panorama VEJA ESSA – Revista Veja, 27 Agosto, 2014) 23 Força da argumentação • Argumentação se intensifica no uso de determinados processos argumentativos. • Menor força argumentativa; • Maior força argumentativa; • Mas sempre há argumentação. 24 A gente acredita em um mundo melhor. A gente acredita em um mundo melhor. Investimos nele. Tanto que investimos nele todos os dias. O investimento da Ambev começa no campo, buscando ingredientes cada vez melhores. Não paramos por aí. O investimento da Ambev começa no campo, buscando ingredientes cada vez melhores, mas não paramos por aí. São 1,5 milhão de empregos que geram renda para muitas famílias e investimentos em cidades por todo o País; além de inúmeros projetos para deixar o mudo melhor para todos. São muitos empregos que geram renda para as famílias e investimentos em cidades do País; Há inúmeros projetos para deixar o mudo melhor para todos. (Adaptação de uma propaganda da Ambev – publicada na Revista Veja, 2014) (Propaganda Ambev – publicada na Revista Veja, 2014). 25 MECANISMOS ARGUMENTATIVOS • • • • • • • • • • • Figuras de linguagem; Posto e pressuposto; Inferência e subentendido; Instâncias gramaticais; Escolha lexical; Expressões de valor fixo; Ironia; Citações; Argumentos de autoridade; Criação de inimigos; Alusão. 26 “A dívida era uma bola de neve. Nós a derretemos, e ela virou uma bolinha.” AXEL KICILLOF, ministro da Economia da Argentina, em coletiva realizada em Buenos Aires. 27 • Posto/ Pressuposto I) José parou de beber. II) Ele agiu honestamente, embora seja político. Qual é pressuposto? Ele está no linguístico? 28 • Inferências: relações de sentidos que estabelecemos ao ler. “Geraldo comprou um carro de luxo, zero.” O que inferimos? 29 • Outras inferências: • “O céu está cheio de nuvens negras” O que inferimos? O que não inferimos? Portanto choverá. E poderá chover. Vou levar um guarda-chuva. Não sairei agora. Portanto fará um dia lindo. E o sol surgirá brilhante. 30 • Subentendido • “O céu está cheio de nuvens negras”. - Que frio horrível! (contexto – pede uma ação que não está enunciada). É aquilo que não foi expresso, mas está no texto. - Estudei pouco para a prova. 31 • Expressão fixa À ESPERA DE UM MILAGRE O deputado que ajudou um doleiro a ocultar dinheiro de criminosos ainda aposta na solidariedade dos colegas para se salvar. O conselho de Ética da Câmara, porém, aprovou o pedido de cassação. (Revista Veja – reportagem referindo-se ao deputado André Vargas) 32 EPÍGRAFE DA SEMANA A pretexto do novo cenário em que se insere a candidatura de Marina Silva “A política não é uma ciência exata.” OTTO VON BISMARCK, o “chanceler de ferro”, articulador da unificação alemã (18151898) (Revista Veja, Agosto, 2014). 33 • Escolha lexical: Aberto todos os dias Descanso semanal terça-feira (Propaganda veiculada em um outdoor) 34 OPERADORES ARGUMENTATIVOS São empregados com a pretensão de orientar o interlocutor a determinadas conclusões, excluindo outras. Indica: - Orientação discursiva; - Marcas linguísticas; - Demonstra o valor dos argumentos. 35 OPERADORES ARGUMENTATIVOS • Duas classes: escala argumentativa e classe argumentativa. • Classe argumentativa: conjunto de enunciados que servem para uma mesma conclusão. • Escala argumentativa: quando dois ou mais enunciados apresentam uma relação de gradação de força crescente, que levam a uma mesma conclusão. 36 OPERADORES ARGUMENTATIVOS • - Junior trabalhou pouco. (A) • - Junior trabalhou um pouco. (B) • (Há um diferença argumentativa) – não se trata de valor informacional. • Cada enunciado possui um conjunto de conclusões diferentes. • A força argumentativa de A é diferente de B. • Em B: teríamos conclusões, tais como: Ele está cansado / Ele já pode descansar. • Em A: Ele não está tão cansado / Ele não merece descansar, etc... • Argumentatividade: “conjunto das conclusões possíveis”. 37 Alguns operadores: a) Hierarquias: argumentos fortes ou fracos para uma conclusão (mesmo, até mesmo, inclusive, ao menos, pelo menos) b) Mesmo sentido: (e, também, não só, além disso) “É grande a probabilidade de nunca termos certeza do que causou o acidente aéreo que matou o candidato à Presidência Eduardo Campos e outras seis pessoas. O jatinho [...] não tinha caixa-preta, e gravador de voz da cabine, supostamente sem manutenção, não registrou a conversa dos pilotos – e lá poderia estar a resposta.”. (MANOBRA ERRADA, Revista Veja, 2014). c) Argumento decisivo: (aliás, além do mais). d) Retificar, esclarecer: (isto é, ou seja). 38 e) Oposição: (mas, porém, todavia, entretanto) “[...] Aborrecida com o veto da Justiça Eleitoral à criação de sua própria sigla, a Rede, a ex-ministra não queria ficar de fora da campanha presidencial. Teve de aceitar, porém, o papel de coadjuvante e ser candidata a vice por uma legenda sob controle de um político com sonhos próprios”. (Revista Veja, 2014) 39 E quando os argumentos se juntam... CLASSE ARGUMENTATIVA: união de argumentos que levam para a mesma conclusão. 1) João é o melhor candidato. Arg. 1: - tem boa formação em Economia. Arg. 2: - tem experiência no cargo. Arg. 3: - não se envolve em negociatas. O que esse argumentos têm em comum? 40 • Escala Argumentativa: • Veja o enunciado: “ A apresentação foi coroada de sucesso.” - (argumento 1): estiveram presentes personalidades do mundo artístico. - (argumento 2): estiveram presentes pessoas influentes nos meio políticos. - (argumento 3): esteve presente o Presidente da República. 41 Esteve presente o Presidente da República. Estiveram presentes pessoas influentes nos meios políticos. Estiveram presentes personalidades do mundo artístico. ESCALA ARGUMENTATIVA Disponível em: KOCH, Ingedore Villaça. A inter-ação pela linguagem. 42 OPERADORES DE ARGUMENTOS MAIS FORTES: ORIENTADOS NO SENTIDO DE UMA MESMA CONCLUSÃO - Até, mesmo, até mesmo, inclusive. Como ficaria o exemplo anterior, usando um desses operadores? 43 - Operadores Argumentativos que somam argumentos para beneficiar uma mesma conclusão: fazem parte da mesma classe argumentativa. (E, TAMBÉM, AINDA, NEM, NÃO SÓ, MAS TAMBÉM, TANTO, COMO, ALÉM DE, ALÉM DISSO, A PAR DE) JOÃO É O MELHOR CANDIDATO. - Tem boa formação em Economia negociatas - Tem experiência no cargo - não se envolve em Disponível em: KOCH, Ingedore Villaça. A inter-ação pela linguagem. 44 • Possíveis diferenças de sentido: A) João é o melhor candidato: tem boa formação em Economia, tem experiência no cargo e não se envolve em negociatas. B) João é o melhor candidato: não só tem boa formação em Economia, mas também tem experiência no cargo e não se envolve em negociatas. C) João é o melhor candidato: além de ter boa formação em Economia, tem experiência no cargo; e também não se envolve em negociatas. O que isso nos mostra? 45 Operador “disfarçado”: é apresentado como um argumento desnecessário, mas, na verdade, é um argumento decisivo. (Aliás) “João é o melhor candidato. Além de ter boa formação em Economia, tem experiência no cargo e não se envolve em negociatas. Aliás, é o único candidato que tem bons antecedentes. • O uso do “aliás”: faz parecer que o argumento não tem grande importância. Veja: “Esta é a minha opinião sobre o assunto. Aliás, uma mera opinião.” Qual é o sentido do uso do operador “aliás” e em qual contexto o enunciado acima seria utilizado? 46 Outras formas de argumentar • Indicadores Atitudinais: (Infelizmente, Com prazer). • Índices de Avaliação: (estado/qualidades atribuídas a um referente). “O País perde um homem público de rara e extraordinária qualidade”, afirma Lula. (Revista Carta Capital) 47 MODALIZADORES É necessário Pouco É possível Muito Deve acontecer Quase Desejo que Apenas É permitido Só Provavelmente Mesmo Felizmente, infelizmente Não pode haver dúvidas Disponível em: KOCK, Ingedore Villaça. Argumentação e linguagem. 48 • Grau O grau é sempre uma marca de subjetividade, pois resulta de um julgamento de quem escreve ou fala sobre o referente, e não do referente em si mesmo. • Esse julgamento inclui, além do sentimento do locutor, particularidades ligadas às circunstâncias da enunciação. “O próximo e 13º disco de MADONNA deve se chamar Coração Rebelde, ela continua cobrando um dos maiores cachês do showbiz (a apresentaçãozinha mais em conta sai por 1 milhão de dólares) (...)”. (REVISTA VEJA) 49 • Tempo verbal O presente do indicativo: Qual é a sua argumentatividade? “Brasil espremido entre dentaduras e dentadas” “O que a Monsanto esconde sobre os transgênicos?” “Argentina: os pesos pesados das finanças sobem ao ringue.” “Agenda Internacional: Líbia, mais um país aos pedaços graças ao Ocidente” (Disponível em: <http//:www.cartamaior.com.br>.) 50 Analisando a argumentação “O uso de drogas não deve ser considerado crime, mas uma questão de saúde pública. A produção e a venda dessas substâncias, se taxadas e controladas, podem gerar recursos para prevenção e tratamento. A legalização deve ser cautelosa e gradual. O ponto de partida deve ser a maconha, com limitações e campanhas educativas parecidas com as do álcool e do tabaco. Nenhuma dessas medidas, entretanto, deve ser aplicada sem plebiscito ou referendo”. Essa é a posição da Folha. Concordando ou não, siga a Folha, porque ela tem suas posições, mas sempre publica opiniões divergentes. (Propaganda #Sigaafolha, publicada na Revista Veja) 51 Segundo Pereira (2006), na sequência argumentativa, o autor pode se colocar de modo pessoal (em primeira pessoa: na minha opinião, penso que etc), ou de modo impessoal (em terceira pessoa: é provável que, é possível que, não se pode esquecer que, convém lembrar que etc). 52 Objetivos da Aula Subjetividade Não existem textos objetivos. O simples ato de falar indica subjetividade, implica escolhas. Embora essa subjetividade possa ser mais ou menos ressaltada ou apagada, mesmo a citação aparentemente literal assume significados diversos, uma vez que se encontra despida de seu entorno inicial. 53 • Implícitos Um texto não diz tudo o que significa. • O adjetivo, o advérbio, o pronome, a gradação, os modos verbais, as categorias de tempo e de pessoa são algumas marcas gramaticais da expressão dessa subjetividade. 54 CARACTERÍSTICAS DA LINGUAGEM * O autor pode optar por uma linguagem comum ou cuidada; * Para apresentar coerência temática e a coesão, o produtor vale-se de operadores argumentativos (elementos linguísticos que orientam a sequência do discurso: mas, entretanto, porém, portanto, além disso etc.) e dêiticos (este, agora, hoje, neste momento, ultimamente, recentemente, ontem, há alguns dias, antes de, de agora em diante). 55 OPERADORES ARGUMENTATIVOS A) assim, desse modo, dessa maneira: têm o valor exemplificativo e complementar. Introduzem sequências de confirmação ou ilustração ao que foi dito antes; O governo decidiu não se comprometer com nenhumas das facções em disputa do partido. Assim, ele ficará à vontade para negociar com quem vencer. B) E: anuncia o desenvolvimento do discurso e não a repetição do que já foi dito; Esse trator serve para arar a terra e para fazer colheitas. C) ainda: serve para introduzir argumento a favor de uma determinada conclusão, ou para incluir outro elemento; O nível de vida dos brasileiros é baixo porque os salários são pequenos. Convém lembrar ainda que os serviços públicos deficientes. 56 D) aliás, além do mais, além disso: introduzem um argumento decisivo, apresentado como acréscimo; Os salários estão cada vez mais baixos porque o processo inflacionário diminui o poder de compra. Além disso, são considerados como renda e taxados com impostos. E) Isto é, quer dizer, ou seja: introduzem esclarecimentos e retificações ao que foi dito antes; Muitos jornais fazem alarde de sua neutralidade, isto é, de seu não comprometimento com nenhuma força social. 57 F) Mas, porém, todavia: marcam oposições entre dois enunciados; Choveu na semana passada, mas não o suficiente para se começar o plantio. G) embora, ainda que, mesmo que: estabelecem conjuntamente contradição e concessão. Servem para admitir um dado contrário para depois negar o seu valor argumentativo. Ainda que a ciência e a técnica tenham presenteado o homem com abrigos confortáveis, pés velozes como raio, olhos de longo alcance e asas para voar, não resolveram o problemas das injustiças. 58 H) portanto, conseguinte, pois: introduzem uma conclusão ao que foi dito. O Palmeiras foi o melhor time do campeonato. Teria, pois, que ser campeão. I) Porque, já que, que: introduzem uma explicação ou justificativa. A alegria da posse de Pupin já acabou, porque os problemas já começaram. 59 Atividade: Leia os fragmentos a seguir e assinale a relação de sentido Estabelecida pelos termos em destaque: 1) “A Lei das Falências é outra. Esta é mais uma. E o povo não gostou”. Que função essa palavra cumpre na oração: a) ( ) Acrescenta uma informação nova. b) ( ) Introduz um esclarecimento. c) ( ) Marca uma oposição. d) ( ) Introduz uma correção. 2) “A nova lei simplesmente se soma às exigências para dirigir, ou seja, possuir carteira de habilitação, ter visão adequada, ser maior de 18 anos e estar sóbrio”. a) ( ) Estabelece uma relação de justificativa. b) ( ) Acrescenta uma informação. c) ( ) Retifica a ideia anterior. d) ( ) Estabelece uma comparação. 60 3) “O que foi barrada é a liberdade, aliás inexistente, de um cidadão tirar a vida de outro devido ao descontrole causado pela bebida [...]”. a) ( ) Apresenta uma consequência provocada por uma causa. b) ( ) Exclui um termo anterior. c) ( ) Retifica uma ideia. d) ( ) Explica uma ideia anterior. 61 4. Destaque, nos trechos seguintes, as palavras que o autor emprega e que evidenciam o seu posicionamento em relação ao assunto da lei seca. a) Defendo nesta coluna, há muitos anos, a restrição do horário de funcionamento dos bares [...]. b) “Melhor seria chamar o novo diploma de Lei de proteção no Trânsito”. c) “Só temos a comemorar”. d) “Há ainda o que veem a lei como uma afronta aos direitos individuais. Não vejo ofensa a direito nenhum”. 62 Referências • BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1990. • CITELLI, A. O texto argumentativo. São Paulo: Scipione, 2002. • KOCK, I. V.; TRAVAGLI, L.C. A coerência textual. 8. ed. São Paulo: Contexto, 1998. • KOCK, I. V. Argumentação e linguagem. 5. ed. São Paulo: Cortez, 1999. 63 O PODER DA ARGUMENTAÇÃO: COMO IDENTIFICAR E ELABORAR ARGUMENTOS Prof.ª Me. Rejone Valentim Alves 64