Crônica Jornalística
0 A crônica possui a marca de registro circunstancial
feito por um narrador-repórter que relata um fato não
mais a um só receptor, porém a muitos leitores que
formam um público determinado.
0 A linguagem jornalística desempenha a função poética
no momento em que recria a notícia captando o seu
misterioso encantamento. O jornalista, portanto, não
deve simplesmente registrar uma notícia. Cabe a ele
explorar o poder das palavras para que o leitor possa
vivenciar, com emoção semelhante à do repórter,
aquilo que está sendo narrado.
0 A crônica assume a transitoriedade da notícia e se
dirige a leitores apressados, que leem nos pequenos
intervalos da vida diária. A elaboração da crônica
também se prende a essa pressa. O cronista dispõe de
pouco tempo para elaborar seu texto, pois ele precisa
acompanhar a correria com que se faz um jornal. Por
isso a linguagem da crônica é informal e bastante
próxima da que é usada em uma conversa entre
amigos.
O outro- Moacyr Scliar
“ Atentos ao visual, candidatos usam roupas para
disfarçar características durante
programa eleitoral, como altura, peso e calvície.”
Eleições, 21 ago. 2000 – Folha de SP.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc210820001
2.htm
0 Ele queria muito ser eleito. Não: ele precisava muito ser
eleito. Estava atrás de um emprego que lhe desse um bom
salário, mordomias e verbas para gastar na contratação de
assessores – além, claro, das múltiplas oportunidades que,
como vereador, teria.
0 O problema era arrumar votos. Não tinha amigos, não era
conhecido, nem sequer recebera um apelido pitoresco que
pudesse usar na propaganda. Mas o pior não era isso. O pior
que combinava um visual péssimo – baixinho, gordinho,
careca – com uma congênita inabilidade para falar em
público. Em desespero, resolveu procurar um marqueteiro.
Estava disposto a gastar uma boa grana nisso, desde que
pudesse adquirir uma nova imagem, uma imagem capaz de
garantir a eleição.
0 O marqueteiro, famoso, exigiu honorários salgados, mas
garantiu resultados. Que, de fato, não se fizeram esperar. Em
poucas semanas o candidato era outro. Mais magro, mais
alto (saltos especiais) com uma bela peruca, parecia agora
um galã de novela. Além disso, transformara-se num
fantástico orador, um orador capaz de galvanizar o público
com uma única frase.
0 Se foi eleito? Foi eleito com uma avalanche de votos. O que
representou um duplo alívio: de um lado, conquistava o
cargo tão sonhado. De outro, podia deixar de lado a peruca,
os sapatos com saltos especiais e a dieta. E também podia
falar normalmente, no tom meio fanhoso que o
caracterizava. E aí começaram as surpresas desagradáveis.
Quando foi tomar posse, ninguém o reconheceu. Mas como?
Então era aquele tipo charmoso, magnético, da tevê e dos
cartazes? Era ele sim, como o comprovou, mostrando a
identidade.
0 Não foi a única contrariedade. Logo descobriu que como
vereador, era péssimo: não sabia falar, não convencia
ninguém, sequer era procurado por lobistas. Bom mesmo,
concluiu com amargura, era o Outro, aquele que o
marqueteiro tinha inventado. Aquele sim, podia fazer uma
grande carreira, chegando quem sabe à Presidência.
0 Mas onde estava o Outro? Só uma pessoa poderia ajudá-lo
nessa busca, o marqueteiro. Só que o marqueteiro tinha
sumido. Com o dinheiro ganho nas eleições resolvera passar
dois anos em alguma praia do Caribe.
0 Todas as noites o vereador sonha com o Outro. Via-o na
Câmara, discursando, empolgando multidões. Mas não sabe
o que fazer para encontrá-lo. Sabe, sim, o que dirá se isso
um dia acontecer. E o que dirá, numa voz fanhosa e
emocionada, será: o senhor pode contar com meu voto para sempre.
0 Crônica e Jornalismo
0 http://www.youtube.com/watch?v=oyug2-ycOSk
0 3 minutos
Crônica X Notícia
0 A principal diferença entre a crônica jornalística e a notícia
em si é que a última se limita em descrever certa
informação. Já a crônica vai mais além, colocando ênfase na
forma ou no estilo em que está relatada. Os cronistas
procuram oferecer uma história completa sobre o que se
sucedeu.
0 Finalmente, há crônicas que se caracterizam meramente
por informar um acontecido. Por outro lado, existem outras
que levam em consideração a opinião e a visão do jornalista
que a está escrevendo.
Características
0 1. Público amplo
0 São destinadas a leitores diversos que estão interessados
em conhecer mais a fundo a sucessão narrada.
2. É um relato
0 Narra de forma detalhada, objetiva e sequencial um fato
que deve chamar a atenção dos leitores.
3. Linguagem simples
0 A crônica deve ser escrita numa linguagem acessível a todas
as classes de leitores.
4. Diversidade de temas
0 Podem ser sociais, políticas, econômicas, esportivas, etc.
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