SÍNDROME DA VEIA CAVA SUPERIOR: RELATO DE CASO
Camila Brambilla de Souza, Amanda Scatena Costa, Maria Alice Ramos,
Ricardo Domingos Delduque, Marcelo Ceneviva Macchione
Disciplina de Pneumologia, Faculdades Integradas Padre Albino, Catanduva/SP
EXAMES RADIOLÓGICOS
INTRODUÇÃO
A síndrome da veia cava superior (SVCS) é o
conjunto de sinais e sintomas decorrentes da obstrução do
fluxo sanguíneo no segmento braquiocefálico por compressão,
invasão ou trombose da veia cava superior. É condição
relativamente rara, secundária principalmente a processos
neoplásicos (80%) e não-neoplásicos (inserção de marca-passo,
cateter para acesso central de jugular interna ou subclávia),
além de causas infecciosas como sífilis e tuberculose.
O quadro clínico da SVCS depende do grau de
obstrução, da duração do seu desenvolvimento e da circulação
colateral envolvida.
Dispneia, tosse, disfagia, cefaleia,
cervicalgia são os principais sintomas. Sinais como, edema de
face, pescoço e membros superiores e estase jugular podem
estar presentes. Paralisia de corda vocal ou Síndrome de
Horner (miose, ptose palpebral, enoftalmia e perda da
sudorese para o lado afetado) podem ocorrer.
Figura 1
RELATO DE CASO
ESS, feminino, 56 anos, procurou pronto
atendimento com tosse seca, rouquidão, dispneia, inchaço no
pescoço e face há 2 meses. Relatou episódio único de crise
convulsiva tônico-clônica generalizada.
Aos 5 anos foi submetida à colocação de derivação
ventrículo-atrial por causa de hidrocefalia . Negou tabagismo,
atopias e pneumopatias prévias.
Ao exame físico apresentava edema facial e do
pescoço, pletora facial e circulação colateral no tórax e no
pescoço. Ausculta pulmonar com sibilos localizados na região
anterior do hemitórax direito.
Radiograma de tórax, eletrocardiograma e
ecocardiograma dentro da normalidade.
TC de tórax demonstrou a presença de trombo no
catéter localizado na veia cava superior e na veia
braquiocefálica direita e gás na veia braquiocefálica esquerda
decorrente da entrada de ar durante a infusão do contraste. A
paciente foi tratada com enoxaparina e varfarina.
Figura 2
Figuras 1 e 2 evidenciam gás na veia braquiocefálica
esquerda e presença de trombo no cateter localizado na
veia cava superior.
DISCUSSÃO
O diagnóstico de SVCS é clínico, através dos sinais e sintomas consequentes à obstrução venosa central. Os exames de imagem
são necessários para confirmar o diagnostico.
Nesse caso a obstrução foi decorrente de uma derivação ventrículo-atrial (DVA). Tal derivação era muito utilizada até meados do
século XX. A DVA foi substituída pela derivação ventrículo-peritoneal (DVP) em decorrência das complicações graves apresentadas pela
primeira.
Existem poucos estudos na literatura sobre SVCS secundário à DVA. Uma revisão com 130 crianças revelou 4 casos de trombose
da veia cava superior comprovados por biópsia.
Conclui-se portanto que a SVCS é uma síndrome rara causada por obstrução do fluxo sanguíneo no território braquiocefálico.
Dentre as causas estão incluídas as obstruções decorrentes da passagem de cateteres vasculares. A SVCS secundária a DVA é pouco
frequente pois esta não é mais utilizada para tratamento da hidrocefalia. Além de existirem poucos casos relatados na literatura, neste caso
em questão, a trombose ocorreu após 50 anos.
REFERÊNCIAS
1. Albisetti, Manuela; Chan, Anthony KC. Patogênese e manifestações clínicas da trombose venosa e tromboembolismo em lactentes e crianças. Up to date
[Internet]. 2015, Mai.
2. Berube, Caroline; Zehnder, James L. Extremidade superior: trombose venosa relacionada ao cateter. Up to date [Internet]. 2015, Mai.
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