Alimentação do lactente Dra Yanna Aires Gadelha de Mattos HMIB - ALA B 07/03/13 www.paulomargotto.com.br IMPORTÂNCIA Impacto na promoção à saúde e no crescimento e desenvolvimento adequados. Papel relevante na prevenção de doenças crônicas na vida adulta, como obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares. IMPORTÂNCIA Programming = indução, deleção ou prejuízo do desenvolvimento de uma estrutura somática permanente ou ajuste de um sistema fisiológico por um estímulo ou agressão, que ocorre num período suscetível (p. ex., fases precoces da vida), resultando em conseqüências em longo prazo para as funções fisiológicas. IMPORTÂNCIA Um exemplo importante de programming em humanos é a relação entre a alimentação no primeiro ano de vida e o desenvolvimento de obesidade. O aleitamento materno tem efeito protetor e dose-dependente na redução do risco de obesidade na vida adulta. Duração do Aleitamento e Risco de Sobrepeso Meta-análise de 17 estudos Para cada mês de aleitamento materno Duração do aleitamento e risco de sobrepeso Diminuição de 4% do risco de sobrepeso Harder T. Am J Epidemiol 2005; 162: 397-403 IMPORTÂNCIA Há cada vez mais evidências de que o crescimento acelerado na lactância aumenta a propensão aos maiores componentes da síndrome metabólica (intolerância à glicose, obesidade, hipertensão arterial e dislipidemia), o agrupamento dos fatores de risco que predispõem à morbidade e mortalidade cardiovascular. Lanigan J, Singhal A. Early nutrition and long-term health: a practical approach. Proc Nutr Soc. 2009 Nov;68(4): 422-9 Provável explicação fisiopatológica: ingestão protéica no lactente X risco futuro de excesso de peso Ingestão proteica aumentada (lactente) concentração plasmática de aminoácidos insulinogênicos – leucina, isoleucina e valina Estímulo da secreção de insulina e IGF-1 Ganho de peso Adipogênese Risco de sobrepeso e obesidade no futuro Fève B. Best Pract Res Clin Endocrinol Metab. 2005 Dec;19(4):483-99. CONCEITOS EPIGENÉTICA: conjunto emergente de mecanismos que revelam como o ambiente (incluindo alimentação e nutrição) constantemente influencia o genoma NUTRIGENÔMICA: ciência multidisciplinar que se propõe a entender como a alimentação influencia o genoma e, consequentemente, a saúde e a doença. ALEITAMENTO MATERNO ALEITAMENTO MATERNO LEITE MATERNO: Nutricionalmente completo; Condições ideais de absorção de nutrientes; Passa do seio à boca em tempo e temperatura adequados; Isento de germes, mesmo em precárias condições de higiene; MAMÍFEROS: leites espécie - específicos. ALEITAMENTO MATERNO . Vídeo: “ Amamentação: muito mais do que alimentar a criança” http://www.sbp.com.br/print.cfm?id_categoria=89&id_detalhe=3354&tipo_detalhe=S ALEITAMENTO MATERNO Dieta Materna Balanceada e diversificada,pobre em gorduras animais, produtos industrializados e cafeína, sem excessos de lácteos, doces e refrigerantes. Boa ingesta hídrica. Variação da dieta materna: importante no aprendizado dos sabores pelo lactente, o qual se inicia na vida intra-uterina. Papel do aleitamento materno na prevenção da obesidade Variação do volume ingerido nas mamadas ao longo do dia, favorecendo a autorregulação do apetite; Variação do sabor, de acordo com a dieta materna; Adequação e modificação da composição nutricional do leite em uma mesma mamada, bem como ao longo do dia ou conforme a fase da lactação; Fornecimento de hormônios relacionados à adipogênese e ao controle do apetite. Leite materno = alimento dinâmico. Koletzko B. Long-term consequences of early feeding on later obesity risk. Nestle Nutr Workshop Ser Pediatr Program. 2006; 58:1-18. Papel do aleitamento materno na prevenção da obesidade O leite materno possui vários hormônios envolvidos na regulação do apetite, sensibilidade à insulina e adipogênese, entre os quais destacam-se leptina, adiponectina, grelina, resistina e obestatina. A leptina, por exemplo, sinaliza ao hipotálamo que as reservas de energia estão adequadas e induz à saciedade. Savino F, Liguori SA, Fissore MF, Oggero R. Breast milk hormones and their protective effect on obesity. Int J Pediatr Endocrinol. 2009; 327:505 OS DEZ PASSOS PARA A ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL (MS/OPAS E SBP) Passo 1. Dar somente leite materno até os seis meses, sem oferecer água, chás ou quaisquer outros alimentos; Passo 2. A partir dos seis meses introduzir de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo o leite materno até os dois anos de idade ou mais; A papa deve conter cerais ou tubérculos, leguminosas, carnes e hortaliças, desde a primeira vez. Deve ser a mais ampla possível de proteínas heterólogas e gúten a partir do sexto mês de vida (aquisição de tolerância e redução do risco de alergenicidade). Ovo inteiro aos 6 meses. OS DEZ PASSOS PARA A ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL (MS/OPAS E SBP) Passo 3. Após os seis meses dar alimentos complementares (cereais, tubérculos, carnes, leguminosas, frutas, legumes) três vezes ao dia, se a criança receber leite materno, e cinco vezes ao dia, se estiver desmamada; Passo 4. A alimentação complementar deverá ser oferecida sem rigidez de horários, respeitando-se sempre a vontade da criança; rigidez de horários prejudica a capacidade da criança de distinguir a sensação de fome e de estar satisfeito após a refeição. Por outro lado, é importante que o intervalo entre as refeções seja regular (2 a 3h), evitando-se comer nos intervalos para não atrapalhar as refeições principais. Procurar distinguir o desconforto por fome de outros como sede, sono, calor, fraldas molhadas ou sujas. Não oferecer comida ou insistir para que a criança coma se ela não estiver com fome. OS DEZ PASSOS PARA A ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL (MS/OPAS E SBP) Passo 5. A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida com colher; começar com consistência pastosa (papas/ purês) e, gradativamente, aumentar a consistência até chegar à alimentação da família; quanto mais espessas e consistentes, maior a densidade energética, comparada às dietas diluídas. Passo 6. Oferecer à criança diferentes alimentos ao dia. Uma alimentação variada é uma alimentação colorida; OS DEZ PASSOS PARA A ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL (MS/OPAS E SBP) Passo 7. Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições; só uma alimentação variada será capaz de oferecer as quantidades necessárias de vitaminas, cálcio , ferro e outros nutrientes de que a criança precisa. São necessárias em média 8 a 10 exposições a um novo alimento para que ele seja aceito pela criança. Passo 8. Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas nos primeiros anos de vida. Usar sal com moderação; na verdade não se deve indicar a adição de sal no preparo da alimentação. O termo papa salgada deve ser substituído por papa principal ou comida de panela. Evitar queijinhos petit suisse, iogurtes industrializados, macarrão instantâneo, bebidas alcoólicas, refrigerantes, salgadinhos, doces, sorvetes, biscoitos recheados... OS DEZ PASSOS PARA A ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL (MS/OPAS E SBP) Passo 9. Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos; garantir o seu armazenamento e conservação adequados; mamadeiras e outros utensílios, assim como frutas e verduras devem ser lavadas em água corrente e colocados em imersão em água com hipoclorito de sódio a 2,5% por 15 min (20 gotas de hipoclorito para 1L de água). Para reduzir o risco de contaminação dos alimentos por agrotóxicos, preconiza-se a utilização de bicarbonato de sódio a 1 % (1 colher de sopa em 1 L de água), imergindo-os por 20 min na solução. Não se recomenda oferecer os restos de uma refeição na refeição seguinte. A água para beber deve ser filtrada e fervida ou clorada (2 gotas de hipoclorito de sódio a 2,5% por L de água, aguardando-se por 15 min para ser oferecida). OS DEZ PASSOS PARA A ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL (MS/OPAS E SBP) Passo 10. Estimular a criança doente e convalescente a alimentar-se, oferecendo sua alimentação habitual e seus alimentos preferidos e respeitando sua aceitação. Oferecer alimentos saudáveis da preferência da criança em pequenas quantidades e mais vezes ao dia. Às vezes é preciso modificar a consistência ou oferecer mais água ou SRO. ALIMENTOS COMPLEMENTARES LEITE DE VACA INTEGRAL: para cada mês de seu uso a partir do quarto mês de vida: hb cai 0,2 g /dL. COLHER DE TAMANHO ADEQUADO, preferencialmente de plástico ou metal forrado com teflon ou amborrachado. FORNECER TODOS OS TIPOS DE NUTRIENTES DESDE A PRIMEIRA PAPA. PUFAs E ω Ácidos graxos com mais de uma dupla ligação; até 6 C=cadeia curta, de 6 a 12 C: cadeia média, de 12 a 20: cadeia longa (LC-PUFAs) e com mais de 20, de cadeia muito longa (VLC-PUFAs). O último átomo de carbono ligado ao radical metila é conhecido como ômega (ω), e a partir dele o número de carbonos até a dupla ligação definirá se o AG é ômega 3,6 ou 9. PUFAs E ω Os ácidos ômega 3 (alfalinolênico) e ômega 6 (linoléico)são essencias, devem ser fornecidos pela alimentação e são encontrados nos óleos de soja e canola e nas sementes (linhaça, nozes). Os AG com mais de 20 carbonos (araquidônico C20ω6 e docosahexaenóico C22ω3) são importantes para o crescimento cerebral e da retina. O LM é uma ótima fonte destes AG essenciais!! Alimentação complementar É importante oferecer água potável, porque os alimentos dados ao lactente apresentam maior sobrecarga de solutos para os rins. DRI : 0 a 6 meses = 700 mL; 6 a 12 meses=800 mL (incluindo LM, fórmula e alimentação complementar) Alimentação complementar A excessiva ingestão de sal em lactentes está associada com o desenvolvimento de hipertensão arterial. Vale ressaltar que a predisposição para maior aceitação de determinados sabores (muito doce ou salgado, por exemplo) pode ser modificada pela exposição precoce a esse tipo de alimento. Alimentação complementar O risco para o desenvolvimento de doença celíaca eleva-se com a introdução de glúten antes dos 3 meses de idade ou após os 7 meses em indivíduos geneticamente predispostos. Tal introdução (precoce e tardia) pode também estar associada com risco elevado para diabetes tipo 1. A introdução de certos alimentos, potencialmente alergênicos, como ovo e peixe, pode ser realizada a partir do sexto mês de vida, mesmo em crianças com história familiar de atopia. A introdução após 1 ano parece aumentar mais os riscos de alergia. Alimentação complementar Se o aleitamento materno não é possível deve-se usar, preferencialmente, uma fórmula infantil de seguimento. Frutas devem ser oferecidas nesta idade, preferencialmente, sob a forma de papas e sucos, sempre em colheradas. Nenhuma fruta é contra-indicada. Sucos naturais devem ser usados, preferencialmente, após as refeições principais e não em substituição destas, em quantidade máxima de 100 ml/dia. (melhoram a absorção do ferro nãoheme presente no feijão e nas folhas verdeescuras) Alimentação complementar A primeira papa principal deve ser oferecida a partir do sexto mês, no horário de almoço ou jantar, completando-se a refeição com o leite materno, enquanto não houver boa aceitação. A segunda papa será oferecida a partir do sétimo mês de vida. Erro comum: baixa quantidade de gordura. Óleo vegetal (soja ou canola) 3 a 3,5 ml por 100 mL ou 100 g da preparação pronta. Alimentação complementar Legumes são vegetais cuja parte comestível não são folhas. Por exemplo: cenoura, beterraba, abóbora, chuchu, vagem, berinjela, pimentão. Verduras são vegetais cuja parte comestível são as folhas. Por exemplo: agrião, alface, taioba, espinafre, serralha, beldroega, acelga, almeirão, couve, repolho, rúcula e escarola. Alimentação complementar Os tubérculos são caules curtos e grossos, ricos em carboidratos. Por exemplo: batata, mandioca (macaxeira ou aipim), cará, inhame. Cereais: sementes ou grãos comestíveis das gramíneas, como trigo, arroz, milho, aveia, cevada, centeio. Alimentação complementar CEREAL OU TUBÉRCULO: ARROZ, MILHO, BATATA, BATATA DOCE, INHAME, CARÁ, MANDIOCA, CENOURA, NABO, BETERRABA, RABANETE. + HORTALIÇAS: ABÓBORA, ABOBRINHA, ACELGA, AIPO, ALCACHOFRA, ALFACE, ALFAFA, ASPARGO, BERINJELA, BRÓCOLOS, CEBOLA, ALHO, ALHO PORÓ, CHICÓRIA, CHUCHU, COUVE, COUVE-FLOR, ENDÍVIA, ESPINAFRE, JILÓ, PEPINO, MAXIXE + LEGUMINOSAS: FEIJÕES (PRETO, MULATINHO, MANTEIGA, CARIOCA), GRÃO-DE-BICO, ERVILHA, SOJA, LENTILHA, FAVA. + PROTEÍNA ANIMAL: VACA, FRANGO, PORCO, PEIXE OU VÍSCERAS, EM ESPECIAL O FÍGADO. Alimentação complementar A papa deve ser amassada, sem peneirar ou liquidificar, para que sejam aproveitadas as fibras dos alimentos e fique na consistência de purê. Alimentação complementar Não se deve acrescentar açúcar ou leite nas papas (na tentativa de melhorar a sua aceitação), pois podem prejudicar a adaptação da criança às modificações de sabor e consistência das dietas. O ovo inteiro (clara e gema) pode ser introduzido, sempre cozido, após o sexto mês. Sempre que possível, diversificar o tipo de proteína animal consumido ao longo da semana. Alimentação complementar Sal deve ser usado em pouquíssima quantidade, assim como se devem evitar caldos e condimentos industrializados. Tempero leve, oferecer sem exageros. A carne, na quantidade de 50 a 70 g/dia (para duas papas) não deve ser retirada após o cozimento, mas, sim, picada ou desfiada e oferecida à criança (procedimento fundamental para garantir oferta adequada de ferro e zinco). Aos 6 meses, os dentes estão próximos às gengivas, o que as tornam endurecidas, de tal forma que auxiliam a triturar os alimentos. Alimentação complementar A consistência dos alimentos deve ser progressivamente elevada; respeitando-se o desenvolvimento da criança, evitando-se, dessa forma, a administração de alimentos muito diluídos (com baixa densidade energética) e propiciando oferta calórica adequada. Além disso, crianças que não recebem alimentos em pedaços até os 10 meses apresentam, posteriormente, maior dificuldade de aceitação de alimentos sólidos. Alimentação complementar Dos 6 aos 11 meses, a criança amamentada deve receber três refeições com alimentos complementares ao dia (duas papas principais e uma de fruta) e aquela não amamentada, cinco refeições (duas papas de sal, três de leite, além das frutas). Por volta dos 8 a 9 meses a criança pode começar a receber a alimentação da família, a depender de seu DNPM. Alimentação complementar Nos primeiros dias, é normal a criança derramar ou cuspir o alimento; portanto, tal fato não deve ser interpretado como rejeição ao alimento. Iniciar com pequenas quantidades de alimento, entre 1 e 2 colheres de chá, colocando-se o alimento na ponta da colher e aumentando o volume conforme a aceitação da criança. Alimentação complementar A partir dos 12 meses, acrescentar às três refeições mais dois lanches ao dia, com fruta ou leite. É importante oferecer frutas como sobremesa após as refeições principais, com a finalidade de melhorar a absorção do ferro não-heme presente nos alimentos como feijão e folhas verdeescuras. Alimentação complementar É fundamental orientar a família que a criança tem capacidade de auto-regular sua ingestão alimentar e que os pais são “modelos” para a criança e, portanto, hábitos alimentares e estilo de vida saudáveis devem ser praticados por todos os membros da família. Alimentação complementar Deve-se evitar alimentos industrializados préprontos, refrigerantes, café, chás, embutidos, entre outros. A oferta de água de coco (como substituto da água) também não é aconselhável, pelo baixo valor calórico e por conter sódio e potássio. No primeiro ano de vida não usar mel. Nessa faixa etária, os esporos do Clostridium botulinum, capazes de produzir toxinas na luz intestinal, podem causar botulismo. ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR Nas primeiras papas pode-se misturar os componentes para facilitar a aceitação. Posteriormente sugere-se separar os alimentos, amassá-los com o garfo e oferecê-los individualmente para que o lactente aprenda a desnvolver preferências e paladares diversos. Esquema para introdução dos alimentos complementares Faixa etária Até 6º mês 6º mês Tipo de alimento Leite materno exclusivo Papa de frutas Primeira papa salgada 7º a 8º mês Segunda papa salgada 9º a 11º mês Gradativamente, passar para a refeição da família com ajuste da consistência. 12º mês Comida da família Exemplo de esquema de alimentação para uma criança de 8 meses (850 kcal) Leite materno: 452 mL/dia Lanche da manhã: Papa de banana (1/2 unidade): 32,2 kcal Almoço: Papa de cará, quiabo e frango (200g ou 20 colheres de chá): 197,7 kcal; Papa de maçã (1/2 unidade): 44,25 kcal Jantar: Papa de aipim, abobrinha e carne moída (200g ou 20 colheres de chá): 201,66 kcal; Papa de pêra (1/2 unidade): 41,3 kcal Total: 517,11 kcal Recomendação do Departamento de Nutrologia da SBP quanto à suplementação de ferro Situação Recomendação Lactentes nascidos a termo, AIG, em aleitamento materno exclusivo até 6 meses de idade Não indicado Lactentes nascidos a termo, AIG, em uso de fórmula infantil até 6 meses de idade e a partir do sexto mês, se houver ingestão mínima de 500 ml de fórmula por dia Não indicado Lactentes nascidos a termo, AIG, a partir da introdução de alimentos complementares 1 mg/kg/dia de ferro elementar até 2 anos de idade ou 25 mg de ferro elementar/semana até 18 meses de idade. Prematuros com mais de 1500 g e RNBP, a partir do 30º dia de vida 2mg/kg/dia de ferro elementar durante todo o primeiro ano de vida. Após este período, 1 mg/kg/dia até 2 anos de idade. That’s all folks!! COLOSTRO X LEITE MADURO COLOSTRO LEITE MADURO DENSIDADE 1050 1030 ÁGUA (ml/100 ml) 87,2 87,3 PROTEÍNAS (g/100 ml) 2,7 1,1 GORDURA (g/100 ml) 2,9 3,8 LACTOSE (g/100 ml) 5,3 7,0 MINERAIS (g/100 ml) 0,4 0,2 CALORIAS (kcal/ 100 ml) 58 68 LM: PROTEÍNAS Dentre os mamíferos, o leite humano é o de menor concentração protéica: 0,8 a 0,9 g/100 ml, mas perfeitamente adequada para o crescimento normal, sem sobrecarregar os rins imaturos do bebê. Contém todos os aminoácidos essenciais em concentrações balanceadas. Alfa-lactoalbumina: componente importante do sistema enzimático da síntese de lactose, grande valor nutritivo. LV: alta concentração de caseína, com formação de coágulo firme (difícil digestibilidade, esvaziamento gástrico mais lento) e com alta afinidade pelo cálcio, dificultando a absorção deste. LV: betalactoglobulina bovina pode sensibilizar lactentes susceptíveis. LM: PROTEÍNAS Leite humano Leite de vaca Caseína 18% 82% Proteínas do soro 82% 18% (alfa-lactoalbumina, seroalbumina, lactoferrina, ferritina, IgA secretória, proteínas derivados das células). Caseína Alfalactoalbumina Betalactoglobulina Colostro (g/100 ml) Leite humano maduro (g/100 ml) Leite de vaca (g/100 ml) 1,2 0,25 2,8 0,3 0,2 0,4 LM: FATORES PROTETORES LACTOFERRINA: grande afinidade pelo ferro, evita que as bactérias o utilizem. (colostro: 5-7 mg/ml, no leite maduro: 1 mg/ml); EGPR (enterocyte-growth promoting role). LISOZIMA: ação antibacteriana contra grampositivos e enterobactérias. IMUNOGLOBULINAS: principalmente IgA secretória, mas também IgA livre, IgG e IgM. A IgA secretória é resistente à ação das proteases, tem ação antiinfecciosa direta, protegendo o intestino contra vírus e bactérias. LM: GORDURAS Componente mais variável do leite humano, com flutuações circadianas e picos no fim da manhã e começo da tarde; também varia com a dieta materna. Alta concentração no leite final (não limitar a duração das mamadas!) Secretada em glóbulos microscópicos, menores que as gotículas de gordura do leite de vaca. Os triglicérides correspondem a 98% dos lipídios dos glóbulos. LM: GORDURAS Membranas globulares: fosfolípides, esteróis (colesterol) e proteínas. Ácidos graxos: 42% saturados, 57% insaturados. Ácidos graxos de cadeia longa: importantes para o desenvolvimento e mielinização do cérebro. Entre as gorduras poliinsaturadas são particularmente importantes os ácidos araquidônico e linoléico (concentração 4 vezes maior no LH), por causa da síntese das prostaglandinas. Estas, por sua vez, têm importante atuação sobre a digestão e maturação das células intestinais. LM: GORDURAS 35-50% da ingestão energética do leite materno é na forma de gordura; Lactente: imaturidade na secreção de lipase pancreática e conjugação de sais biliares. Presença de lipase no LM! LM: HIDRATOS DE CARBONO Lactose é o principal carboidrato do leite humano, onde é encontrado em maior quantidade. A lactose parece ser um nutriente específico da infância, pois a lactase só é encontrada em filhotes de mamíferos. 40% das necessidades energéticas, metabolizada em glicose e galactose. Facilita a absorção de cálcio e ferro. Promove a colonização intestinal com Lactobacillus bifidus, bactérias fermentativas que promovem um meio ácido, inibindo o crescimento de bactérias patogênicas, fungos e parasitas. LM: HIDRATOS DE CARBONO O fator bífidus, carboidrato nitrogenado encontrado no LH, estimula o crescimento dos L. bifidus. Intolerância primária: rara! Mais comumente: intolerâncias transitórias. LM: VITAMINAS E SAIS MINERAIS Concentração variável com a dieta materna, quase sempre adequada às necessidades dos bebês. Ingestão de vitaminas lipossolúveis oscila marcadamente dada a variabilidade da concentração de gorduras no leite humano e sua relação com a dieta materna. A concentração de vitamina A é maior no leite humano do que no de vaca, exceto em populações deficientes. Sua quantidade no colostro é o dobro da do leite maduro. A deficiência de vitamina A no segundo ano de vida é mais comum entre infantes desmamados precocemente do que entre os que ainda mamam. LM: VITAMINAS E SAIS MINERAIS No puerpério imediato a concentração de vitamina K é maior no colostro e leite inicial do que no final, mas após duas semanas a flora intestinal que fornece vitamina K está instalada nos bebês amamentados. A melhor via de ingestão de vitamina D não é o trato gastrointestinal, por permitir absorção de quantidades tóxicas. A pele, na presença de luz solar é adequada tanto para fabricar potencialmente grandes quantidades de vitamina D quanto para impedir a absorção de quantidades maiores do que a capacidade de uso e armazenagem do organismo. Recomenda-se a exposição direta da pele à luz solar a partir da segunda semana de vida, sendo suficiente a quota semanal de 30 minutos com a criança usando apenas fraldas (seis a oito minutos por dia, três vezes por semana) ou de duas horas/semana em exposição parcial (17 minutos por dia), com exposição apenas da face e das mãos da criança. Variações nas vitaminas hidrossolúveis dependem da dieta da mãe, mas as concentrações no leite das bem nutridas são geralmente mais que suficientes. LM: VITAMINAS E SAIS MINERAIS A concentração da maioria dos minerais no leite materno, como cálcio, ferro, fósforo, magnésio, zinco, potássio e flúor não é significantemente afetada pela dieta materna. A concentração de minerais é menor no leite materno do que nos substitutos e melhor adaptada às necessidades nutricionais e capacidades metabólicas dos bebês. O cálcio é absorvido mais eficientemente devido à alta relação cálcio:fósforo do leite humano (2:1). Ferro: alta biodisponibilidade (LM: 70%, LV:30%). OMS Aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade. Introdução de alimentos complementares a partir dos 6 meses de vida, com estímulo à manutenção da amamentação até dois anos ou mais. O período de introdução da alimentação complementar é uma fase de transição e de elevado risco para a criança, tanto pela possibilidade de inadequações quantitativas e qualitativas, quanto pela chance de contaminação no preparo e armazenamento, favorecendo a ocorrência de doença diarréica, desnutrição e anemia carencial ferropriva. OMS Crescimento deficitário com LME nos primeiros 6 meses: avaliar primeiro a técnica de amamentação antes de recomendar a introdução de alimentos complementares. Em caso de má técnica, com o não esvaziamento completo das mamas, levando à diminuição da produção de leite, a conduta de escolha é orientar e apoiar a mãe para que o bebê aumente a ingestão do leite materno e não introduzir a alimentação complementar desnecessariamente. É importante lembrar que as curvas de crescimento da NCHS são predominantemente baseadas em crianças alimentadas com leites industrializados e que o crescimento de crianças amamentadas saudáveis, entre os 3 e 9 meses de idade aproximadamente, é freqüentemente inferior ao de crianças nãoamamentadas, sem que isso, no entanto, implique qualquer desvantagem funcional. OMS A OMS recentemente coordenou um estudo multicêntrico em países selecionados, inclusive no Brasil, de acompanhamento do crescimento de crianças em aleitamento materno exclusivo por no mínimo 4 meses e em aleitamento materno complementado até pelo menos os 12 meses. Com os resultados desse estudo, foi criada uma nova curva de crescimento para crianças, recomendada pela OMS em substituição ao padrão de referência do NCHS (final de 2007). Introduzir os alimentos complementares tardiamente também é desfavorável, porque o crescimento da criança para ou se lentifica, e o risco de desnutrição e de deficiência de micronutrientes aumenta. BIBLIOGRAFIA 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. WHO/UNICEF. Complementary feeding of young children in developing countries: a review of current scientific knowledge.Geneva: World Health Organization, WHO/NUT/98.1,1998. PAHO/WHO. Guiding principles for complementary feeding of the breastfed child. Division of Health Promotion and Protection. Food and Nutrition Program. Pan American Health Organization/ World Health Organization. Washington/Geneva; 2003. Sociedade Brasileira de Pediatria, Departamento de Nutrologia. Manual de orientação: alimentação do lactente, alimentação do pré-escolar, alimentação do escolar, alimentação do adolescente, alimentação na escola/ Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento de Nutrologia. - São Paulo: Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento de Nutrologia, 2008. Sociedade de Pediatria do Distrito Federal, Departamento de Gastroenterologia Pediátrica. Manual de Gastroenterologia Pediátrica. Brasília, 2002. Brasil/Ministério da Saúde/OPS. Guia alimentar para crianças menores de 2 anos. Serie A. Normas e manuais técnicos no 107. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2002. Monte CMG, Giugliani ERJ. Recomendações para alimentação complementar da criança em aleitamento materno. J Pediatr (Rio J). 2004;80(5 Supl):S131-S141. Sullivan AS, Birch LL. Infant dietary experience and acceptance of solid foods. Pediatrics. 1994;93:271-7. American Academy of Pediatrics. Committee on Nutrition. Pediatric Nutrition Handbook. USA: AAP, 5.ed, 2004. 1178 p. Onis M, Garza C, Onyango AW, Martorell R. WHO Child Growth Standards. Acta Paediatr 2006; 450: 7-101. OBRIGADA! Recomendações para prevenção da alergia alimentar Adaptado de Zeiger, 200353 Parâmetro AAP ESPGAN Comentário Crianças com alto risco para alergia Sim: Ambos os pais ou Pai ou Mãe e um Irmão Sim: Pais ou Irmão AAP é mais rigorosa na classificação. Este é o parâmetro principal, pois os parâmetros seguintes só teriam indicação se este for positivo. Pais com história de alergia são aqueles com de rinite alérgica, dermatite atópica, asma e/ou alergia alimentar. Dieta na gestante Não recomenda, talvez eliminação do amendoim Não recomenda Os estudos falham em demonstrar benefícios, e existem potenciais malefícios da dieta de restrição na nutrição materna e do recém-nascido. Como o amendoim não é um nutriente essencial, ele poderia ser evitado Aleitamento materno exclusivo Durante os 6 primeiros meses Durante os 4 a 6 primeiros meses Estudos confirmam este benefício Dieta materna durante a lactação Eliminar amendoim e nozes, considerar a eliminação de ovos, leite de vaca e peixe Não é recomendado Contraditório, necessário mais estudos Suplementação de cálcio e vitaminas durante a dieta materna de restrição Sim Não é discutido este aspecto Necessário para prevenir deficiências nutricionais da dieta de restrição Utilizar fórmulas de soja Não Não A maioria dos estudos falha em mostrar benefício do uso de fórmulas de soja na prevenção primária Fórmulas hipoalergênicas para suplementação ou complementação de crianças de alto risco Sim. Utilizar preferencialmente as de proteínas extensamente hidrolisadas, se não for possível utilizar as com proteínas parcialmente hidrolisadas Sim. Usar fórmulas com hipoalergenicidade comprovada Existem vários estudos que justificam o uso de fórmulas de proteínas extensivamente hidrolisadas nas crianças de alto risco, no entanto, pelo alto custo, pode-se utilizar as com proteínas parcialmente hidrolisadas Introdução de alimentos sólidos Iniciar pelo menos no 6º mês: introduzir leite de vaca aos 12m, ovo aos 24m, amendoim, nozes e peixe aos 36m Começar no mínimo aos 5m de idade seguindo a orientação de introdução para crianças saudáveis A ESPGHAN é menos restrita por se basear em evidências disponíveis, enquanto que a AAP baseia-se em consensos COLOSTRO Primeiros dias pós parto: 2 - 20 mL por mamada; Características laxantes, favorecendo a eliminação de mecônio; Imunoglobulinas atapetam a mucosa intestinal, impedindo aderência ou invasão de germes patogênicos. Evolução para leite maduro em 3 – 14 dias após o nascimento (apojadura). Alta densidade e pequeno volume; menos lactose, gordura e vitaminas hidrossolúveis; mais proteínas, vitaminas lipossolúveis e minerais como zinco e sódio.