Alimentação do lactente
Dra Yanna Aires Gadelha de Mattos
HMIB - ALA B
07/03/13
www.paulomargotto.com.br
IMPORTÂNCIA
 Impacto
na promoção à saúde e no
crescimento e desenvolvimento
adequados.
 Papel
relevante na prevenção de doenças
crônicas na vida adulta, como obesidade,
diabetes e doenças cardiovasculares.
IMPORTÂNCIA

Programming = indução, deleção ou prejuízo do
desenvolvimento de uma estrutura somática
permanente ou ajuste de um sistema fisiológico
por um estímulo ou agressão, que ocorre num
período suscetível (p. ex., fases precoces da
vida), resultando em conseqüências em longo
prazo para as funções fisiológicas.
IMPORTÂNCIA
 Um
exemplo importante de programming
em humanos é a relação entre a
alimentação no primeiro ano de vida e o
desenvolvimento de obesidade. O
aleitamento materno tem efeito protetor e
dose-dependente na redução do risco de
obesidade na vida adulta.
Duração do Aleitamento e Risco de
Sobrepeso
Meta-análise de 17
estudos
Para cada mês de
aleitamento materno
Duração do aleitamento e
risco de sobrepeso
Diminuição de 4% do
risco de sobrepeso
Harder T. Am J Epidemiol 2005; 162:
397-403
IMPORTÂNCIA

Há cada vez mais evidências de que o
crescimento acelerado na lactância aumenta a
propensão aos maiores componentes da
síndrome metabólica (intolerância à glicose,
obesidade, hipertensão arterial e dislipidemia), o
agrupamento dos fatores de risco que
predispõem à morbidade e mortalidade
cardiovascular.
Lanigan J, Singhal A. Early nutrition and long-term health: a practical approach. Proc Nutr Soc. 2009
Nov;68(4): 422-9
Provável explicação fisiopatológica: ingestão protéica
no lactente X risco futuro de excesso de peso
Ingestão proteica aumentada
(lactente)
 concentração plasmática de aminoácidos insulinogênicos – leucina, isoleucina e valina
Estímulo da secreção de insulina e IGF-1
 Ganho de peso
 Adipogênese
 Risco de sobrepeso e obesidade no futuro
Fève B. Best Pract Res Clin Endocrinol Metab. 2005 Dec;19(4):483-99.
CONCEITOS

EPIGENÉTICA:
conjunto emergente
de mecanismos que
revelam como o
ambiente (incluindo
alimentação e
nutrição)
constantemente
influencia o genoma

NUTRIGENÔMICA:
ciência
multidisciplinar que se
propõe a entender
como a alimentação
influencia o genoma
e,
consequentemente, a
saúde e a doença.
ALEITAMENTO MATERNO
ALEITAMENTO MATERNO
 LEITE
MATERNO:
Nutricionalmente completo;
Condições ideais de absorção de nutrientes;
Passa do seio à boca em tempo e
temperatura adequados;
Isento de germes, mesmo em precárias
condições de higiene;
 MAMÍFEROS: leites espécie - específicos.
ALEITAMENTO MATERNO
.
Vídeo: “ Amamentação: muito mais do que alimentar a criança”
http://www.sbp.com.br/print.cfm?id_categoria=89&id_detalhe=3354&tipo_detalhe=S
ALEITAMENTO MATERNO
Dieta Materna
 Balanceada
e diversificada,pobre em
gorduras animais, produtos
industrializados e cafeína, sem excessos
de lácteos, doces e refrigerantes.
 Boa ingesta hídrica.
 Variação da dieta materna: importante no
aprendizado dos sabores pelo lactente, o
qual se inicia na vida intra-uterina.
Papel do aleitamento materno na
prevenção da obesidade





Variação do volume ingerido nas mamadas ao
longo do dia, favorecendo a autorregulação do
apetite;
Variação do sabor, de acordo com a dieta
materna;
Adequação e modificação da composição
nutricional do leite em uma mesma mamada,
bem como ao longo do dia ou conforme a fase
da lactação;
Fornecimento de hormônios relacionados à
adipogênese e ao controle do apetite.
Leite materno = alimento dinâmico.
Koletzko B. Long-term consequences of early feeding on later obesity risk. Nestle Nutr Workshop Ser Pediatr Program. 2006; 58:1-18.
Papel do aleitamento materno na
prevenção da obesidade
O
leite materno possui vários hormônios
envolvidos na regulação do apetite,
sensibilidade à insulina e adipogênese,
entre os quais destacam-se leptina,
adiponectina, grelina, resistina e
obestatina. A leptina, por exemplo,
sinaliza ao hipotálamo que as reservas de
energia estão adequadas e induz à
saciedade.
Savino F, Liguori SA, Fissore MF, Oggero R. Breast milk hormones and their protective effect on obesity. Int J
Pediatr Endocrinol. 2009; 327:505
OS DEZ PASSOS PARA A ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
(MS/OPAS E SBP)

Passo 1. Dar somente leite materno até os seis
meses, sem oferecer água, chás ou quaisquer outros
alimentos;

Passo 2. A partir dos seis meses introduzir de forma
lenta e gradual outros alimentos, mantendo o leite
materno até os dois anos de idade ou mais; A papa
deve conter cerais ou tubérculos, leguminosas, carnes
e hortaliças, desde a primeira vez. Deve ser a mais
ampla possível de proteínas heterólogas e gúten a
partir do sexto mês de vida (aquisição de tolerância e
redução do risco de alergenicidade). Ovo inteiro aos 6
meses.
OS DEZ PASSOS PARA A ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
(MS/OPAS E SBP)


Passo 3. Após os seis meses dar alimentos
complementares (cereais, tubérculos, carnes,
leguminosas, frutas, legumes) três vezes ao dia, se a
criança receber leite materno, e cinco vezes ao dia, se
estiver desmamada;
Passo 4. A alimentação complementar deverá ser
oferecida sem rigidez de horários, respeitando-se sempre
a vontade da criança; rigidez de horários prejudica a
capacidade da criança de distinguir a sensação de fome
e de estar satisfeito após a refeição. Por outro lado, é
importante que o intervalo entre as refeções seja regular
(2 a 3h), evitando-se comer nos intervalos para não
atrapalhar as refeições principais. Procurar distinguir o
desconforto por fome de outros como sede, sono, calor,
fraldas molhadas ou sujas. Não oferecer comida ou insistir
para que a criança coma se ela não estiver com fome.
OS DEZ PASSOS PARA A ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
(MS/OPAS E SBP)

Passo 5. A alimentação complementar deve ser
espessa desde o início e oferecida com colher;
começar com consistência pastosa (papas/ purês) e,
gradativamente, aumentar a consistência até chegar à
alimentação da família; quanto mais espessas e
consistentes, maior a densidade energética,
comparada às dietas diluídas.
 Passo 6. Oferecer à criança diferentes alimentos ao
dia. Uma alimentação variada é uma alimentação
colorida;
OS DEZ PASSOS PARA A ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
(MS/OPAS E SBP)


Passo 7. Estimular o consumo diário de frutas, verduras e
legumes nas refeições; só uma alimentação variada será
capaz de oferecer as quantidades necessárias de
vitaminas, cálcio , ferro e outros nutrientes de que a
criança precisa. São necessárias em média 8 a 10
exposições a um novo alimento para que ele seja aceito
pela criança.
Passo 8. Evitar açúcar, café, enlatados, frituras,
refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas nos
primeiros anos de vida. Usar sal com moderação; na
verdade não se deve indicar a adição de sal no preparo
da alimentação. O termo papa salgada deve ser
substituído por papa principal ou comida de panela. Evitar
queijinhos petit suisse, iogurtes industrializados, macarrão
instantâneo, bebidas alcoólicas, refrigerantes,
salgadinhos, doces, sorvetes, biscoitos recheados...
OS DEZ PASSOS PARA A ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
(MS/OPAS E SBP)

Passo 9. Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos
alimentos; garantir o seu armazenamento e conservação
adequados; mamadeiras e outros utensílios, assim como
frutas e verduras devem ser lavadas em água corrente e
colocados em imersão em água com hipoclorito de sódio
a 2,5% por 15 min (20 gotas de hipoclorito para 1L de
água). Para reduzir o risco de contaminação dos
alimentos por agrotóxicos, preconiza-se a utilização de
bicarbonato de sódio a 1 % (1 colher de sopa em 1 L de
água), imergindo-os por 20 min na solução. Não se
recomenda oferecer os restos de uma refeição na refeição
seguinte. A água para beber deve ser filtrada e fervida ou
clorada (2 gotas de hipoclorito de sódio a 2,5% por L de
água, aguardando-se por 15 min para ser oferecida).
OS DEZ PASSOS PARA A ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
(MS/OPAS E SBP)

Passo 10. Estimular a criança doente e
convalescente a alimentar-se, oferecendo sua
alimentação habitual e seus alimentos preferidos e
respeitando sua aceitação. Oferecer alimentos
saudáveis da preferência da criança em pequenas
quantidades e mais vezes ao dia. Às vezes é preciso
modificar a consistência ou oferecer mais água ou
SRO.
ALIMENTOS
COMPLEMENTARES
 LEITE
DE VACA INTEGRAL: para cada
mês de seu uso a partir do quarto mês de
vida: hb cai 0,2 g /dL.
 COLHER DE TAMANHO ADEQUADO,
preferencialmente de plástico ou metal
forrado com teflon ou amborrachado.
 FORNECER TODOS OS TIPOS DE
NUTRIENTES DESDE A PRIMEIRA
PAPA.
PUFAs E ω
 Ácidos
graxos com mais de uma dupla
ligação; até 6 C=cadeia curta, de 6 a 12 C:
cadeia média, de 12 a 20: cadeia longa
(LC-PUFAs) e com mais de 20, de cadeia
muito longa (VLC-PUFAs).
 O último átomo de carbono ligado ao
radical metila é conhecido como ômega
(ω), e a partir dele o número de carbonos
até a dupla ligação definirá se o AG é
ômega 3,6 ou 9.
PUFAs E ω
 Os
ácidos ômega 3 (alfalinolênico) e
ômega 6 (linoléico)são essencias, devem
ser fornecidos pela alimentação e são
encontrados nos óleos de soja e canola e
nas sementes (linhaça, nozes).
 Os AG com mais de 20 carbonos
(araquidônico C20ω6 e docosahexaenóico C22ω3) são importantes para
o crescimento cerebral e da retina.
 O LM é uma ótima fonte destes AG
essenciais!!
Alimentação complementar
É
importante oferecer água potável,
porque os alimentos dados ao lactente
apresentam maior sobrecarga de solutos
para os rins.
 DRI : 0 a 6 meses = 700 mL; 6 a 12
meses=800 mL (incluindo LM, fórmula e
alimentação complementar)
Alimentação complementar
A
excessiva ingestão de sal em lactentes
está associada com o desenvolvimento de
hipertensão arterial. Vale ressaltar que a
predisposição para maior aceitação de
determinados sabores (muito doce ou
salgado, por exemplo) pode ser
modificada pela exposição precoce a esse
tipo de alimento.
Alimentação complementar



O risco para o desenvolvimento de doença celíaca
eleva-se com a introdução de glúten antes dos 3
meses de idade ou após os 7 meses em indivíduos
geneticamente predispostos. Tal introdução
(precoce e tardia) pode também estar associada
com risco elevado para diabetes tipo 1.
A introdução de certos alimentos, potencialmente
alergênicos, como ovo e peixe, pode ser realizada a
partir do sexto mês de vida, mesmo em crianças
com história familiar de atopia.
A introdução após 1 ano parece aumentar mais os
riscos de alergia.
Alimentação complementar

Se o aleitamento materno não é possível deve-se
usar, preferencialmente, uma fórmula infantil de
seguimento.

Frutas devem ser oferecidas nesta idade,
preferencialmente, sob a forma de papas e sucos,
sempre em colheradas.

Nenhuma fruta é contra-indicada.

Sucos naturais devem ser usados,
preferencialmente, após as refeições principais e
não em substituição destas, em quantidade máxima
de 100 ml/dia. (melhoram a absorção do ferro nãoheme presente no feijão e nas folhas verdeescuras)
Alimentação complementar

A primeira papa principal deve ser oferecida
a partir do sexto mês, no horário de almoço
ou jantar, completando-se a refeição com o
leite materno, enquanto não houver boa
aceitação.
 A segunda papa será oferecida a partir do
sétimo mês de vida.
 Erro comum: baixa quantidade de gordura.
 Óleo vegetal (soja ou canola) 3 a 3,5 ml por
100 mL ou 100 g da preparação pronta.
Alimentação complementar
 Legumes
são vegetais cuja parte
comestível não são folhas. Por exemplo:
cenoura, beterraba, abóbora, chuchu,
vagem, berinjela, pimentão.
 Verduras são vegetais cuja parte
comestível são as folhas. Por exemplo:
agrião, alface, taioba, espinafre, serralha,
beldroega, acelga, almeirão, couve,
repolho, rúcula e escarola.
Alimentação complementar
 Os
tubérculos são caules curtos e
grossos, ricos em carboidratos. Por
exemplo: batata, mandioca (macaxeira ou
aipim), cará, inhame.
 Cereais: sementes ou grãos comestíveis
das gramíneas, como trigo, arroz, milho,
aveia, cevada, centeio.
Alimentação complementar
CEREAL OU TUBÉRCULO: ARROZ, MILHO, BATATA, BATATA
DOCE, INHAME, CARÁ, MANDIOCA, CENOURA, NABO,
BETERRABA, RABANETE.
+
HORTALIÇAS: ABÓBORA, ABOBRINHA, ACELGA, AIPO,
ALCACHOFRA, ALFACE, ALFAFA, ASPARGO, BERINJELA,
BRÓCOLOS, CEBOLA, ALHO, ALHO PORÓ, CHICÓRIA, CHUCHU,
COUVE, COUVE-FLOR, ENDÍVIA, ESPINAFRE, JILÓ, PEPINO,
MAXIXE
+
LEGUMINOSAS: FEIJÕES (PRETO, MULATINHO, MANTEIGA,
CARIOCA), GRÃO-DE-BICO, ERVILHA, SOJA, LENTILHA, FAVA.
+
PROTEÍNA ANIMAL: VACA, FRANGO, PORCO, PEIXE OU
VÍSCERAS, EM ESPECIAL O FÍGADO.
Alimentação complementar
A
papa deve ser amassada, sem peneirar
ou liquidificar, para que sejam
aproveitadas as fibras dos alimentos e
fique na consistência de purê.
Alimentação complementar

Não se deve acrescentar açúcar ou leite nas
papas (na tentativa de melhorar a sua
aceitação), pois podem prejudicar a adaptação
da criança às modificações de sabor e
consistência das dietas.
 O ovo inteiro (clara e gema) pode ser
introduzido, sempre cozido, após o sexto mês.
 Sempre que possível, diversificar o tipo de
proteína animal consumido ao longo da
semana.
Alimentação complementar

Sal deve ser usado em pouquíssima
quantidade, assim como se devem evitar caldos
e condimentos industrializados.
 Tempero leve, oferecer sem exageros.
 A carne, na quantidade de 50 a 70 g/dia (para
duas papas) não deve ser retirada após o
cozimento, mas, sim, picada ou desfiada e
oferecida à criança (procedimento fundamental
para garantir oferta adequada de ferro e zinco).
Aos 6 meses, os dentes estão próximos às
gengivas, o que as tornam endurecidas, de tal
forma que auxiliam a triturar os alimentos.
Alimentação complementar

A consistência dos alimentos deve ser
progressivamente elevada; respeitando-se o
desenvolvimento da criança, evitando-se, dessa
forma, a administração de alimentos muito
diluídos (com baixa densidade energética) e
propiciando oferta calórica adequada.
 Além disso, crianças que não recebem
alimentos em pedaços até os 10 meses
apresentam, posteriormente, maior dificuldade
de aceitação de alimentos sólidos.
Alimentação complementar

Dos 6 aos 11 meses, a criança amamentada
deve receber três refeições com alimentos
complementares ao dia (duas papas principais e
uma de fruta) e aquela não amamentada, cinco
refeições (duas papas de sal, três de leite, além
das frutas).
 Por volta dos 8 a 9 meses a criança pode
começar a receber a alimentação da família, a
depender de seu DNPM.
Alimentação complementar
 Nos
primeiros dias, é normal a criança
derramar ou cuspir o alimento; portanto,
tal fato não deve ser interpretado como
rejeição ao alimento.
 Iniciar com pequenas quantidades de
alimento, entre 1 e 2 colheres de chá,
colocando-se o alimento na ponta da
colher e aumentando o volume conforme a
aceitação da criança.
Alimentação complementar
A
partir dos 12 meses, acrescentar às três
refeições mais dois lanches ao dia, com
fruta ou leite. É importante oferecer frutas
como sobremesa após as refeições
principais, com a finalidade de melhorar a
absorção do ferro não-heme presente nos
alimentos como feijão e folhas verdeescuras.
Alimentação complementar
É
fundamental orientar a família que a
criança tem capacidade de auto-regular
sua ingestão alimentar e que os pais são
“modelos” para a criança e, portanto,
hábitos alimentares e estilo de vida
saudáveis devem ser praticados por todos
os membros da família.
Alimentação complementar

Deve-se evitar alimentos industrializados préprontos, refrigerantes, café, chás, embutidos,
entre outros. A oferta de água de coco (como
substituto da água) também não é aconselhável,
pelo baixo valor calórico e por conter sódio e
potássio.
 No primeiro ano de vida não usar mel. Nessa
faixa etária, os esporos do Clostridium
botulinum, capazes de produzir toxinas na luz
intestinal, podem causar botulismo.
ALIMENTAÇÃO
COMPLEMENTAR
 Nas
primeiras papas pode-se misturar os
componentes para facilitar a aceitação.
Posteriormente sugere-se separar os
alimentos, amassá-los com o garfo e
oferecê-los individualmente para que o
lactente aprenda a desnvolver
preferências e paladares diversos.
Esquema para introdução dos
alimentos complementares
Faixa etária
Até 6º mês
6º mês
Tipo de alimento
Leite materno exclusivo
Papa de frutas
Primeira papa salgada
7º a 8º mês
Segunda papa salgada
9º a 11º mês
Gradativamente, passar
para a refeição da família com ajuste da
consistência.
12º mês
Comida da família
Exemplo de esquema de alimentação
para uma criança de 8 meses (850 kcal)





Leite materno: 452 mL/dia
Lanche da manhã: Papa de banana (1/2
unidade): 32,2 kcal
Almoço: Papa de cará, quiabo e frango (200g ou
20 colheres de chá): 197,7 kcal; Papa de maçã
(1/2 unidade): 44,25 kcal
Jantar: Papa de aipim, abobrinha e carne moída
(200g ou 20 colheres de chá): 201,66 kcal; Papa
de pêra (1/2 unidade): 41,3 kcal
Total: 517,11 kcal
Recomendação do Departamento de Nutrologia da SBP quanto à
suplementação de ferro
Situação
Recomendação
Lactentes nascidos a termo, AIG, em
aleitamento materno exclusivo até 6
meses de idade
Não indicado
Lactentes nascidos a termo, AIG, em
uso de fórmula infantil até 6 meses de
idade e a partir do sexto mês, se
houver ingestão mínima de 500 ml de
fórmula por dia
Não indicado
Lactentes nascidos a termo, AIG, a
partir da introdução de alimentos
complementares
1 mg/kg/dia de ferro elementar até 2
anos de idade ou 25 mg de ferro
elementar/semana até 18 meses de
idade.
Prematuros com mais de 1500 g e
RNBP, a partir do 30º dia de vida
2mg/kg/dia de ferro elementar durante
todo o primeiro ano de vida. Após este
período, 1 mg/kg/dia até 2 anos de
idade.
That’s all folks!!
COLOSTRO X LEITE MADURO
COLOSTRO
LEITE MADURO
DENSIDADE
1050
1030
ÁGUA (ml/100 ml)
87,2
87,3
PROTEÍNAS (g/100
ml)
2,7
1,1
GORDURA (g/100 ml) 2,9
3,8
LACTOSE (g/100 ml)
5,3
7,0
MINERAIS (g/100 ml)
0,4
0,2
CALORIAS (kcal/ 100
ml)
58
68
LM: PROTEÍNAS

Dentre os mamíferos, o leite humano é o de menor
concentração protéica: 0,8 a 0,9 g/100 ml, mas
perfeitamente adequada para o crescimento normal,
sem sobrecarregar os rins imaturos do bebê.
 Contém todos os aminoácidos essenciais em
concentrações balanceadas.
 Alfa-lactoalbumina: componente importante do sistema
enzimático da síntese de lactose, grande valor nutritivo.
 LV: alta concentração de caseína, com formação de
coágulo firme (difícil digestibilidade, esvaziamento
gástrico mais lento) e com alta afinidade pelo cálcio,
dificultando a absorção deste.
 LV: betalactoglobulina bovina pode sensibilizar lactentes
susceptíveis.
LM: PROTEÍNAS
Leite humano
Leite de vaca
Caseína
18%
82%
Proteínas do soro
82%
18%
(alfa-lactoalbumina, seroalbumina,
lactoferrina, ferritina, IgA secretória,
proteínas derivados das células).
Caseína
Alfalactoalbumina
Betalactoglobulina
Colostro
(g/100 ml)
Leite humano
maduro (g/100 ml)
Leite de vaca
(g/100 ml)
1,2
0,25
2,8
0,3
0,2
0,4
LM: FATORES PROTETORES

LACTOFERRINA: grande afinidade pelo ferro,
evita que as bactérias o utilizem. (colostro: 5-7
mg/ml, no leite maduro: 1 mg/ml); EGPR
(enterocyte-growth promoting role).
 LISOZIMA: ação antibacteriana contra grampositivos e enterobactérias.
 IMUNOGLOBULINAS: principalmente IgA
secretória, mas também IgA livre, IgG e IgM. A
IgA secretória é resistente à ação das
proteases, tem ação antiinfecciosa direta,
protegendo o intestino contra vírus e bactérias.
LM: GORDURAS

Componente mais variável do leite humano,
com flutuações circadianas e picos no fim da
manhã e começo da tarde; também varia com a
dieta materna.
 Alta concentração no leite final (não limitar a
duração das mamadas!)
 Secretada em glóbulos microscópicos, menores
que as gotículas de gordura do leite de vaca.
 Os triglicérides correspondem a 98% dos
lipídios dos glóbulos.
LM: GORDURAS

Membranas globulares: fosfolípides, esteróis (colesterol)
e proteínas.
 Ácidos graxos: 42% saturados, 57% insaturados.
 Ácidos graxos de cadeia longa: importantes para o
desenvolvimento e mielinização do cérebro.
 Entre as gorduras poliinsaturadas são particularmente
importantes os ácidos araquidônico e linoléico
(concentração 4 vezes maior no LH), por causa da
síntese das prostaglandinas. Estas, por sua vez, têm
importante atuação sobre a digestão e maturação das
células intestinais.
LM: GORDURAS
 35-50%
da ingestão energética do leite
materno é na forma de gordura;
 Lactente: imaturidade na secreção de
lipase pancreática e conjugação de sais
biliares.
 Presença de lipase no LM!
LM: HIDRATOS DE CARBONO

Lactose é o principal carboidrato do leite humano, onde
é encontrado em maior quantidade.
 A lactose parece ser um nutriente específico da infância,
pois a lactase só é encontrada em filhotes de
mamíferos.
 40% das necessidades energéticas, metabolizada em
glicose e galactose.
 Facilita a absorção de cálcio e ferro.
 Promove a colonização intestinal com Lactobacillus
bifidus, bactérias fermentativas que promovem um meio
ácido, inibindo o crescimento de bactérias patogênicas,
fungos e parasitas.
LM: HIDRATOS DE CARBONO
O
fator bífidus, carboidrato nitrogenado
encontrado no LH, estimula o crescimento
dos L. bifidus.
 Intolerância primária: rara!
 Mais comumente: intolerâncias
transitórias.
LM: VITAMINAS E SAIS
MINERAIS

Concentração variável com a dieta materna, quase
sempre adequada às necessidades dos bebês.
 Ingestão de vitaminas lipossolúveis oscila
marcadamente dada a variabilidade da concentração de
gorduras no leite humano e sua relação com a dieta
materna.
 A concentração de vitamina A é maior no leite humano
do que no de vaca, exceto em populações deficientes.
 Sua quantidade no colostro é o dobro da do leite
maduro.
 A deficiência de vitamina A no segundo ano de vida é
mais comum entre infantes desmamados precocemente
do que entre os que ainda mamam.
LM: VITAMINAS E SAIS
MINERAIS




No puerpério imediato a concentração de vitamina K é maior no
colostro e leite inicial do que no final, mas após duas semanas a
flora intestinal que fornece vitamina K está instalada nos bebês
amamentados.
A melhor via de ingestão de vitamina D não é o trato
gastrointestinal, por permitir absorção de quantidades tóxicas. A
pele, na presença de luz solar é adequada tanto para fabricar
potencialmente grandes quantidades de vitamina D quanto para
impedir a absorção de quantidades maiores do que a capacidade
de uso e armazenagem do organismo.
Recomenda-se a exposição direta da pele à luz solar a partir da
segunda semana de vida, sendo suficiente a quota semanal de 30
minutos com a criança usando apenas fraldas (seis a oito minutos
por dia, três vezes por semana) ou de duas horas/semana em
exposição parcial (17 minutos por dia), com exposição apenas da
face e das mãos da criança.
Variações nas vitaminas hidrossolúveis dependem da dieta da mãe,
mas as concentrações no leite das bem nutridas são geralmente
mais que suficientes.
LM: VITAMINAS E SAIS
MINERAIS




A concentração da maioria dos minerais no leite
materno, como cálcio, ferro, fósforo, magnésio, zinco,
potássio e flúor não é significantemente afetada pela
dieta materna.
A concentração de minerais é menor no leite materno do
que nos substitutos e melhor adaptada às necessidades
nutricionais e capacidades metabólicas dos bebês.
O cálcio é absorvido mais eficientemente devido à alta
relação cálcio:fósforo do leite humano (2:1).
Ferro: alta biodisponibilidade (LM: 70%, LV:30%).
OMS

Aleitamento materno exclusivo até os seis
meses de idade.
 Introdução de alimentos complementares a
partir dos 6 meses de vida, com estímulo à
manutenção da amamentação até dois anos ou
mais.
 O período de introdução da alimentação
complementar é uma fase de transição e de
elevado risco para a criança, tanto pela
possibilidade de inadequações quantitativas e
qualitativas, quanto pela chance de
contaminação no preparo e armazenamento,
favorecendo a ocorrência de doença diarréica,
desnutrição e anemia carencial ferropriva.
OMS

Crescimento deficitário com LME nos primeiros 6
meses: avaliar primeiro a técnica de amamentação
antes de recomendar a introdução de alimentos
complementares. Em caso de má técnica, com o não
esvaziamento completo das mamas, levando à
diminuição da produção de leite, a conduta de escolha é
orientar e apoiar a mãe para que o bebê aumente a
ingestão do leite materno e não introduzir a alimentação
complementar desnecessariamente.

É importante lembrar que as curvas de crescimento da
NCHS são predominantemente baseadas em crianças
alimentadas com leites industrializados e que o
crescimento de crianças amamentadas saudáveis, entre
os 3 e 9 meses de idade aproximadamente, é
freqüentemente inferior ao de crianças nãoamamentadas, sem que isso, no entanto, implique
qualquer desvantagem funcional.
OMS

A OMS recentemente coordenou um estudo
multicêntrico em países selecionados, inclusive no
Brasil, de acompanhamento do crescimento de crianças
em aleitamento materno exclusivo por no mínimo 4
meses e em aleitamento materno complementado até
pelo menos os 12 meses. Com os resultados desse
estudo, foi criada uma nova curva de crescimento para
crianças, recomendada pela OMS em substituição ao
padrão de referência do NCHS (final de 2007).

Introduzir os alimentos complementares tardiamente
também é desfavorável, porque o crescimento da
criança para ou se lentifica, e o risco de desnutrição e
de deficiência de micronutrientes aumenta.
BIBLIOGRAFIA
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orientação: alimentação do lactente, alimentação do pré-escolar, alimentação do
escolar, alimentação do adolescente, alimentação na escola/ Sociedade Brasileira
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Pediatria. Departamento de Nutrologia, 2008.
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Pediátrica. Manual de Gastroenterologia Pediátrica. Brasília, 2002.
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Onis M, Garza C, Onyango AW, Martorell R. WHO Child Growth Standards. Acta
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OBRIGADA!
Recomendações para prevenção da alergia alimentar
Adaptado de Zeiger, 200353
Parâmetro
AAP
ESPGAN
Comentário
Crianças com alto risco para
alergia
Sim:
Ambos os pais
ou
Pai ou Mãe e um Irmão
Sim:
Pais
ou
Irmão
AAP é mais rigorosa na classificação.
Este é o parâmetro principal, pois os
parâmetros seguintes só teriam
indicação se este for positivo. Pais com
história de alergia são aqueles com de
rinite alérgica, dermatite atópica, asma
e/ou alergia alimentar.
Dieta na gestante
Não recomenda, talvez
eliminação do amendoim
Não recomenda
Os estudos falham em demonstrar
benefícios, e existem potenciais
malefícios da dieta de restrição na
nutrição materna e do recém-nascido.
Como o amendoim não é um nutriente
essencial, ele poderia ser evitado
Aleitamento materno
exclusivo
Durante os 6 primeiros meses
Durante os 4 a 6 primeiros
meses
Estudos confirmam este benefício
Dieta materna durante a
lactação
Eliminar amendoim e nozes,
considerar a eliminação de ovos,
leite de vaca e peixe
Não é recomendado
Contraditório, necessário mais estudos
Suplementação de cálcio e
vitaminas durante a dieta
materna de restrição
Sim
Não é discutido este aspecto
Necessário para prevenir deficiências
nutricionais da dieta de restrição
Utilizar fórmulas de soja
Não
Não
A maioria dos estudos falha em mostrar
benefício do uso de fórmulas de soja na
prevenção primária
Fórmulas hipoalergênicas
para suplementação ou
complementação de crianças
de alto risco
Sim.
Utilizar preferencialmente as de
proteínas extensamente
hidrolisadas, se não for possível
utilizar as com proteínas
parcialmente hidrolisadas
Sim.
Usar fórmulas com
hipoalergenicidade
comprovada
Existem vários estudos que justificam o
uso de fórmulas de proteínas
extensivamente hidrolisadas nas
crianças de alto risco, no entanto, pelo
alto custo, pode-se utilizar as com
proteínas parcialmente hidrolisadas
Introdução de alimentos
sólidos
Iniciar pelo menos no 6º mês:
introduzir leite de vaca aos 12m,
ovo aos 24m, amendoim, nozes
e peixe aos 36m
Começar no mínimo aos 5m
de idade seguindo a
orientação de introdução para
crianças saudáveis
A ESPGHAN é menos restrita por se
basear em evidências disponíveis,
enquanto que a AAP baseia-se em
consensos
COLOSTRO
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Primeiros dias pós parto: 2 - 20 mL por mamada;
Características laxantes, favorecendo a eliminação de
mecônio;
Imunoglobulinas atapetam a mucosa intestinal,
impedindo aderência ou invasão de germes
patogênicos.
Evolução para leite maduro em 3 – 14 dias após o
nascimento (apojadura).
Alta densidade e pequeno volume; menos lactose,
gordura e vitaminas hidrossolúveis; mais proteínas,
vitaminas lipossolúveis e minerais como zinco e sódio.
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Alimentação no primeiro a no de vida