DESAFIOS DO IPTU José Roberto R. Afonso 5ª REUNIÃO DA REDE PNAFM Florianópolis, 11/9/2013 A TRIBUTAÇÃO BRASILEIRA TRIBUTAÇÃO DO PATRIMÔNIO NO BRASIL Evolução pós-80 Composição atual A Tributação Municipal O Desprezado Imposto Patrimonial Urbano REFORMA E PERSPECTIVAS DIAGNÓSTICO Tributo tipicamente local que onera os proprietários de imóveis localizados na área urbana da cidade. Base de cálculo é o valor venal do imóvel apurado anualmente através de avaliação da prefeitura. Esse valor corresponde ao que o administrador municipal entende ser o preço de venda do imóvel nas condições de mercado. O montante devido do imposto é apurado mediante a aplicação de uma alíquota ao valor venal do imóvel. As alíquotas são definidas de acordo com a legislação de cada município. Há prefeituras que praticam alíquotas diferenciadas conforme o tipo de imóvel: residencial, comercial, industrial e terreno. Em 2012, a arrecadação estimada de IPTU foi de R$ 17,1 bilhões: equivale a 0.41% do PIB, R$ 89 por habitante e 1.2% da carga tributária nacional. Para a grande parte dos municípios, o ISS (0.83% do PIB em 2012) é uma fonte de receita mais importante que o IPTU e também se arrecada menos que o IPVA. O IPVA arrecadou R$ 26.4 bilhões (0.6% do PIB) em 2012, 50% a mais que o IPTU (supera em 93,7% das cidades, inclusive grandes capitais do Sul/Sudeste),, apesar do valor de veículos ser menor do que de imóveis. Se fossem equiparados, o IPTU poderia arrecadar a mais cerca de R$ 9 bilhões É baixa a exploração do potencial de IPTU até mesmo em relação ao ITBI pois a receita deste representou 40% daquele (cerca de R$ 7 bilhões em 2012). Por que (não) reformar? Desempenho da arrecadação: expansão sem precedentes e nível acima das economias emergentes CARGA TRIBUTARIA BRUTA GLOBAL NO PÓS-GUERRA: 1947 a 2012 37% 35% 33% 31% 29% 25% 23% 21% 19% 17% 4 Anos 2011 2009 2007 2005 2003 2001 1999 1997 1995 1993 1991 1989 1987 1985 1983 1981 1979 1977 1975 1973 1971 1969 1967 1965 1963 1961 1959 1957 1955 1953 1951 13% 1949 15% 1947 Em % do PIB 27% Comparações internacionais de carga tributária: Brasil, ponto fora da curva Comparações internacionais de carga tributária: Brasil, diferencial na tributação indireta Carga Tributária por Base de Incidência (% do PIB) 40 35 % do PIB 30 25 20 15 10 5 0 Renda, Lucros e Ganhos Bens e Serviços Salário (Contribuições Sociais) Propriedade Carga Tributária Base de Incidência Países Industrializados Países em Desenvolvimento Brasil (2006) Já (bem) descentralizado? Divisão federativa da receita tributária (2012): Estados importam mais na geração da receita e Municípios são únicos beneficiados por repartições 7 Municipalizado (no longo prazo)? Divisão federativa da receita tributária (1960/2011): Municípios cresceram no longo prazo EVOLUÇÃO DA DIVISÃO FEDERATIVA DA RECEITA TRIBUTÁRIA POR NÍVEL DE GOVERNO (conceito contas nacionais) Conceito Central Estadual Local Carga - % do PIB ARRECADAÇÃO DIRETA 1960 11,14 5,45 0,82 1970 17,33 7,95 0,70 1980 18,31 5,31 0,90 1988 16,08 5,74 0,61 2000 20,77 8,61 1,77 2012 25,03 9,27 2,08 RECEITA DISPONÍVEL 1960 10,37 5,94 1,11 1970 15,79 7,59 2,60 1980 16,71 5,70 2,10 1988 13,48 5,97 2,98 2000 17,38 8,19 5,58 2012 20,97 8,86 6,56 Total Central Estadual Local Total Composição - % do Total 17,41 25,98 24,52 22,43 31,15 36,39 64,0 66,7 74,7 71,7 66,7 68,8 31,3 30,6 21,6 25,6 27,6 25,5 4,7 2,7 3,7 2,7 5,7 5,7 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 17,41 25,98 24,52 22,43 31,15 36,39 59,5 60,8 68,2 60,1 55,8 57,6 34,1 29,2 23,3 26,6 26,3 24,4 6,4 10,0 8,6 13,3 17,9 18,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Fonte: Elaboração própria, a partir de STN, SRF, IBGE, Ministério da Previdência, CEF, Confaz e Balanços Municipais. Metodologia das contas nacionais inclui impostos, taxas e contribuições, inclusive CPMF, FGTS e royalties, bem assim dívida ativa. Receita Dispon'ivel = arrecadação própria mais e/ou menos repartição constitucional de receitas tributárias e outros repasses compulsórios. A TRIBUTAÇÃO BRASILEIRA Composição da carga tributária (2012): irrelevância da tributação patrimonial Base de Incidência TOTAL BENS E SERVIÇOS SALÁRIOS E MÃO-DE-OBRA RENDA, LUCROS E GANHOS PATRIMONIAIS COMÉRCIO EXTERIOR TAXAS TRANSAÇÕES FINANCEIRAS DEMAIS R$ Bilhões 1.605,1 661,4 420,3 319,7 56,1 31,1 24,9 30,7 60,8 % PIB 36,4 15,0 9,5 7,2 1,3 0,7 0,6 0,7 1,4 % Total 100,0 41,2 26,2 19,9 3,5 1,9 1,6 1,9 3,8 Per capita (R$) 8.273,0 3.409,2 2.166,4 1.647,9 288,9 160,2 128,3 158,4 313,6 Fonte: Elaboração Própria (Balanço Oficial da União, STN; Balanço dos Estados, STN; Finbra, STN; SRF) Regresividade tributária e crescente Carga Tributária Direta e Indireta sobre a Renda Total das Famílias em 1996 e em 2004 Em % da Renda Familiar Renda Acréscimo Tributação Direta Tributação Indireta Carga Tributária Total de Carga Mensal Familiar 1996 2004 1996 2004 1996 2004 Tributária até 2 SM 1,7 3,1 26,5 45,8 28,2 48,8 20,6 2a3 2,6 3,5 20,0 34,5 22,6 38,0 15,4 3a5 3,1 3,7 16,3 30,2 19,4 33,9 14,5 5a6 4,0 4,1 14,0 27,9 18,0 32,0 14,0 6a8 4,2 5,2 13,8 26,5 18,0 31,7 13,7 8 a 10 4,1 5,9 12,0 25,7 16,1 31,7 15,6 10 a 15 4,6 6,8 10,5 23,7 15,1 30,5 15,4 15 a 20 5,5 6,9 9,4 21,6 14,9 28,4 13,5 20 a 30 5,7 8,6 9,1 20,1 14,8 28,7 13,9 mais de 30 10,6 9,9 7,3 16,4 17,9 26,3 8,4 Fonte: Zockun et al (2007). Do que não se fala? Sistema muito e crescentemente regressivo , pelo predomínio de tributos sobre consumo pouco seletivos. Carga Tributária Direta por Décimos de Renda: IPEA - 2002-2003, a partir da POF – Principais Tributos 3,79 4,0 3,7 3,5 3,3 3,3 3,1 3,0 2,6 2,5 2,7 2,3 1,9 2,0 1,8 % 1,8 1,4 1,5 1,4 1,1 1,0 1,0 1,0 0,0 0,3 1,0 0,01 0,3 0,5 0,03 0,02 0,7 0,04 0,07 0,6 0,20 4o 5o 6o 7o 8o 9o 1,4 1,9 2,3 2,6 2,7 3,3 3,3 3,7 3,1 0,00 0,01 0,01 0,02 0,03 0,04 0,07 0,20 0,80 3,79 IPTU 1,8 0,6 1,1 1,0 1,1 1,4 1,4 1,8 1,5 1,4 IPVA 0,5 0,3 0,2 0,3 0,3 0,5 0,5 0,7 0,7 0,6 IR 2o 0,3 0,5 3o CONTRIB TRABALHISTAS 1o 0,2 1,4 0,80 0,7 0,5 0,00 0,01 1,5 1,1 0,6 0,5 1,4 10o Comportamento da incidência da tributação direta sobre a renda, por tipos de tributos e segundo décimos de renda monetária familiar per capita – Brasil, 2002-2003 e 2008-2009. 2008-2009 2002-2003 13,5 outros 12,0 renda 10,5 automoveis e imoveis contr. prev. % renda 9,0 7,5 6,0 4,5 3,0 1,5 0,0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 décimos de renda monetária familia per capita media 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 décimos de renda monetária familiar per capita média Composição da Incidência Tributária sobre a Renda Total das Famílias Brasil, 2008-2009 32% participação na renda 28% 24% 20% ipi, iss e cide pis-cofins 16% 12% iptu, ipva e outros diretos icms 8% ir 4% c. previd. 0% 10 20 30 40 50 60 70 80 90 95 96 centésimos de renda familiar per capita 97 98 99 100 Concentração pós-imposto? Concentração de renda, das maiores do mundo, aumenta ainda mais depois da aplicação dos impostos Tributação da Propriedade Atual Impostos sobre a propriedade em 2012 Arrecadação (R$ bilhões) Arrecadação Total % da Arrecadação total 1605,1 100,00% 59,4 3,70% 19,6 0,0 10,6 0,0 3,4 25,9 59,4 25,9 19,0 7,3 3,3 0,6 3,2 0,2 % da arrecadação patrimonial % PIB R$ per capita 36,38% 8.273,0 100,0% 1,35% 306,4 1,22% 0,00% 0,66% 0,00% 0,21% 1,61% 32,9% 0,0% 17,8% 0,0% 5,7% 43,5% 0,44% 0,00% 0,24% 0,00% 0,08% 0,59% 100,9 0,0 54,7 0,0 17,5 133,3 3,70% 1,61% 1,18% 0,45% 0,21% 0,04% 0,20% 0,01% 100,0% 43,5% 31,9% 12,3% 5,6% 1,0% 5,5% 0,3% 1,35% 0,59% 0,43% 0,17% 0,08% 0,01% 0,07% 0,00% 306,4 133,3 97,7 37,6 17,1 3,1 16,7 0,8 POR CATEGORIA TRIBUTÁRIA (METODOLOGIA IMF/GFS) 1.1 - Impostos 1.1.3 - Impostos sobre Propriedade 1.1.3.1 - Impostos Recorrentes sobre Propriedade Imóvel 1.1.3.2 - Impostos Recorrentes sobre Riqueza Líquida 1.1.3.3 - Impostos sobre Imóveis, Heranças e Doações 1.1.3.4 - Impostos sobre Transações Financeiras e de Capital 1.1.3.5 - Outros Impostos não Recorrentes sobre Propriedade 1.1.3.6 - Outros Impostos Recorrentes sobre Propriedade POR TRIBUTO PATRIMONIAL Patrimônio IPVA IPTU ITBI ITCD ITR Contribuições de Melhorias (Municípios) Contribuições de Melhorias (Estados) Fonte: Elaboração própria (Balanço Oficial da União, STN; Balanço dos Estados, STN; Finbra, STN; SRF). Impostos Patrimoniais Latinos Apesar da carga global superar em muito a dos demais países latinos, a de impostos tradicionais sobre patrimônios ficam atrás de Chile e Colômbia e igual a da Argentina Compilado de Andrés Solimano e Juan Pablo Jimenez, CEPAL Evolução da carga tributária, total e patrimonial Carga reduzida, inexpressivo na composição, impostos concentrados nos governos subnacionais; tributar veículo supera imóvel urbano; quase inexiste no rural... Evolução da carga tributária patrimonial e total – 1980-2012 Como evoluíram os patrimoniais? Principais impostos: irrisórios na superinflação; pós-Real: IPTU tendência estável, na casa de 0.4% PIB; IPVA ascendente, até 0.6% PIB (supera IPTU desde 2005) ITR irrisório (melhor carga de 0,026% PIB em 1997) CARGA TRIBUTÁRIA: GLOBAL E PRINCIPAIS IMPOSTOS PATRIMONIAIS - 1986/2012: EM % DO PIB Total/Imposto 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 26,190 23,770 22,430 24,130 28,780 25,240 25,010 25,780 29,750 26,932 26,847 27,407 27,671 28,999 31,149 32,329 33,366 32,822 33,694 34,945 34,793 34,462 35,502 34,184 34,190 35,827 36,378 PATRIMÔNIO 0,318 0,236 0,208 0,121 0,275 0,535 0,358 0,268 0,395 0,728 0,791 0,884 0,909 0,881 0,939 0,942 0,950 0,933 0,942 0,959 0,978 0,996 0,987 1,072 1,003 1,006 1,030 IPTU 0,167 0,131 0,140 0,068 0,180 0,365 0,222 0,148 0,211 0,373 0,398 0,381 0,433 0,430 0,471 0,449 0,468 0,470 0,476 0,463 0,457 0,448 0,426 0,440 0,426 0,414 0,430 IPVA 0,140 0,096 0,061 0,049 0,092 0,152 0,132 0,112 0,179 0,339 0,370 0,478 0,455 0,427 0,449 0,478 0,470 0,450 0,454 0,484 0,509 0,537 0,548 0,620 0,564 0,578 0,586 ITR 0,011 0,010 0,008 0,004 0,003 0,018 0,005 0,008 0,005 0,016 0,023 0,026 0,021 0,023 0,020 0,015 0,013 0,013 0,012 0,013 0,012 0,012 0,013 0,013 0,013 0,013 0,014 %CTB 1,2% 1,0% 0,9% 0,5% 1,0% 2,1% 1,4% 1,0% 1,3% 2,7% 2,9% 3,2% 3,3% 3,0% 3,0% 2,9% 2,8% 2,8% 2,8% 2,7% 2,8% 2,9% 2,8% 3,1% 2,9% 2,8% 2,8% TOTAL IPTU X ISS Evolução da carga tributária de IPTU e ISS pós 1980: % do PIB Como IPTU perde espaço para ISS? Fonte: Elaboração própria (Finbra, STN). IPTU x ISS – invertem tamanho... IPTU arrecadava quase o dobro do ISS quando criado atual sistema tributário. Hoje, mal arrecada a metade daquele imposto. Até o ITBI tem crescido mais: transmissão rendia um quinto do patrimônio há uma década, hoje já gera quase 40% do IPTU. IMPOSTOS MUNICIPAIS: % DO PIB Anos IPTU ISS IPTU/ISS 1970 0,29 0,16 181% 1980 0,25 0,27 93% 1990 0,18 0,43 42% 2000 0,45 0,57 79% 2011 0,41 0,80 52% 2011-1970 0,12 0,64 19% IPTU em % do ITBI: em 2000 = 4,7 vezes em 2011 = 2,7 vezes Por que ISS ao invés de IPTU? ISS x IPTU Mais fácil de ser cobrado e administrado Custos políticos e administrativos Imposto indireto = ônus recai sobre toda a sociedade Apesar de ser um imposto regressivo, custo político é menor Imposto direto = contribuintes costumam fazer estreita correlação entre o seu pagamento e os benefícios que podem obter Concentração da arrecadação em grandes contribuintes facilita o trabalho de fiscalização, garante bom nível de arrecadação Princípio da progressividade nem sempre é respeitado Base de cálculo é determinada diretamente = preço do serviço cobrado pelos contribuintes Fundamental ter cadastros imobiliários atualizados e com bom grau de cobertura. As plantas genéricas de valores devem ser permanentemente corrigidas Determinação da base de cálculo depende de decisão administrativa = decisão politizada Instrumentos administrativos para cobrança do imposto são custosos e requerem bom grau de desenvolvimento dos aparelhos de arrecadação Desprezado IPTU Custos políticos: impopularidade do imposto Custos administrativos: manutenção de cadastros imobiliários atualizados e com bom grau de cobertura é cara, principalmente se comparada à coleta de impostos sobre consumo. Outras dificuldades: desigualdade de renda; alto grau de informalidade; heterogeneidade de tipos de ocupação e posse e; falta de transparência tanto das informações fiscais como do mercado imobiliário (Cesare, 2012). Comparação da arrecadação por cidade do IPTU, IPVA, ISS e ITBI: Em proporção do total de municípios, 2011 e 2012 TRIBUTAÇÃO DO PATRIMÔNIO NO BRASIL A tributação municipal Diferença percentual entre IPTU e demais impostos no âmbito municipal – 2012 1- Municípios mais populosos que arrecadam menos IPTU frente a outros impostos UF MUNICIPIO BA Salvador CE Fortaleza MG Belo Horizonte AM Manaus PR Curitiba PE Recife RS Porto Alegre PA Belém SP Guarulhos SP Campinas MA São Luís RJ São Gonçalo AL Maceió PI Teresina RN Natal RJ Nova Iguaçu SP São Bernardo do Campo PB João Pessoa SP Santo André SP Osasco PE Jaboatão dos Guararapes SP São José dos Campos SP Ribeirão Preto MG Uberlândia MG Contagem SP Sorocaba SE Aracaju BA Feira de Santana MT Cuiabá Média Brasil População Dif. % IPTU/IPVA 2.710.968 -13% 2.500.194 -32% 2.395.785 -18% 1.861.838 -61% 1.776.761 -28% 1.555.039 -17% 1.416.714 -24% 1.410.430 -56% 1.244.518 -8% 1.098.630 -23% 1.039.610 -68% 1.016.128 -37% 953.393 -35% 830.231 -67% 817.590 -39% 801.746 -25% 774.886 -20% 742.478 -42% 680.496 -27% 668.877 -13% 654.786 -28% 643.603 -41% 619.746 -51% 619.536 -78% 613.815 -56% 600.692 -59% 587.701 -13% 568.099 -72% 561.329 -39% 1.095.366 -38% -25% UF MUNICIPIO SP São Paulo RJ Rio de Janeiro BA Salvador CE Fortaleza MG Belo Horizonte AM Manaus PR Curitiba PE Recife RS Porto Alegre PA Belém SP Campinas MA São Luís RJ São Gonçalo AL Maceió PI Teresina RN Natal RJ Nova Iguaçu SP São Bernardo do Campo PB João Pessoa SP Santo André SP Osasco PE Jaboatão dos Guararapes SP São José dos Campos SP Ribeirão Preto MG Uberlândia MG Contagem SP Sorocaba SE Aracaju BA Feira de Santana Média Brasil População Dif. % IPTU/ISS 11.376.685 -49% 6.390.290 -62% 2.710.968 -62% 2.500.194 -61% 2.395.785 -19% 1.861.838 -84% 1.776.761 -53% 1.555.039 -60% 1.416.714 -54% 1.410.430 -79% 1.098.630 -34% 1.039.610 -90% 1.016.128 -28% 953.393 -52% 830.231 -73% 817.590 -71% 801.746 -46% 774.886 -13% 742.478 -74% 680.496 -15% 668.877 -46% 654.786 -51% 643.603 -46% 619.746 -27% 619.536 -77% 613.815 -42% 600.692 -57% 587.701 -63% 568.099 -77% 1.645.750 -54% -52% UF MUNICIPIO PB João Pessoa MG Uberlândia PB Campina Grande PE Petrolina MG Ribeirão das Neves CE Juazeiro do Norte SP Barueri AL Arapiraca RN Parnamirim BA Juazeiro MA São José de Ribamar PA Parauapebas MA Timon PI Parnaíba PA Abaetetuba BA Barreiras RJ Queimados GO Valparaíso de Goiás PE Vitória de Santo Antão CE Crato PB Santa Rita CE Itapipoca MA Codó CE Maranguape PA Bragança RJ Rio das Ostras ES São Mateus RS Bento Gonçalves MG Vespasiano Média Brasil População Dif. % IPTU/ITBI 742.478 -46% 619.536 -18% 389.995 -7% 305.352 -21% 303.029 -10% 255.648 -34% 245.652 -80% 218.140 -31% 214.199 -48% 201.499 -34% 167.714 -59% 166.342 -84% 159.471 -20% 147.732 -18% 144.415 -78% 141.081 -12% 140.374 -8% 138.740 -57% 129.907 -26% 123.963 -30% 121.994 -80% 119.320 -9% 119.079 -19% 117.306 -50% 116.164 0% 116.134 -21% 111.832 -81% 109.653 -22% 108.771 -23% 206.742 -35% 161% TRIBUTAÇÃO DO PATRIMÔNIO NO BRASIL A tributação municipal Diferença percentual entre IPTU e demais impostos no âmbito municipal –2012 2- Municípios mais populosos que arrecadam mais IPTU frente a outros impostos UF MUNICIPIO SP São Paulo RJ Rio de Janeiro MS Campo Grande RJ Niterói GO Aparecida de Goiânia SP Santos SP Diadema SP São Vicente PE Caruaru RJ Petrópolis SP Guarujá SP Praia Grande RJ Volta Redonda BA Camaçari SP Taboão da Serra PE Cabo de Santo Agostinho GO Luziânia RJ Angra dos Reis RJ Teresópolis GO Águas Lindas de Goiás SP São Caetano do Sul SP Bragança Paulista GO Valparaíso de Goiás RJ Maricá BA Porto Seguro SP Cubatão SP Santana de Parnaíba SC Balneário Camboriú RJ Itaguaí Média Brasil Populacao Dif. % IPTU/IPVA 11.376.685 27% 6.390.290 52% 805.397 97% 491.807 61% 474.219 27% 419.614 39% 390.980 23% 336.809 56% 324.095 3% 297.192 9% 294.669 366% 272.390 291% 260.180 32% 255.238 55% 251.608 0% 189.222 33% 179.582 6% 177.101 97% 167.622 8% 167.477 411% 150.638 27% 150.023 0% 138.740 29% 135.121 34% 131.642 6% 120.293 48% 113.945 13% 113.319 124% 113.182 127% 851.348 72% -25% Fonte: Elaboração própria (Finbra, STN). UF MUNICIPIO SP Guarulhos MS Campo Grande GO Aparecida de Goiânia SP Mogi das Cruzes SP Diadema SP Carapicuíba SP São Vicente PE Caruaru SP Franca SP Guarujá SP Praia Grande SP Suzano SP São Carlos SP Indaiatuba SP Rio Claro RS Passo Fundo SP Ferraz de Vasconcelos RJ Teresópolis GO Águas Lindas de Goiás MG Ibirité SP Bragança Paulista RJ Maricá SP Jaú SP Atibaia RS Bagé SP Ribeirão Pires SP Catanduva SP Barretos SC Balneário Camboriú Média Brasil População Dif. % IPTU/ISS 1.244.518 3% 805.397 5% 474.219 54% 396.468 36% 390.980 35% 373.358 23% 336.809 147% 324.095 0% 323.307 27% 294.669 96% 272.390 699% 267.583 34% 226.322 51% 209.859 33% 188.977 28% 187.298 2% 172.222 184% 167.622 26% 167.477 1288% 162.867 21% 150.023 110% 135.121 3% 133.900 11% 128.914 49% 117.090 23% 114.361 1% 113.873 56% 113.338 68% 113.319 141% 279.530 112% -52% UF MUNICIPIO População Dif. % IPTU/ITBI SP São Paulo 11.376.685 319% RJ Rio de Janeiro 6.390.290 117% BA Salvador 2.710.968 68% CE Fortaleza 2.500.194 74% MG Belo Horizonte 2.395.785 125% AM Manaus 1.861.838 72% PR Curitiba 1.776.761 72% PE Recife 1.555.039 212% RS Porto Alegre 1.416.714 32% PA Belém 1.410.430 88% SP Guarulhos 1.244.518 422% SP Campinas 1.098.630 361% MA São Luís 1.039.610 110% RJ São Gonçalo 1.016.128 183% AL Maceió 953.393 129% PI Teresina 830.231 84% RN Natal 817.590 44% MS Campo Grande 805.397 506% RJ Nova Iguaçu 801.746 218% SP São Bernardo do Campo 774.886 330% SP Santo André 680.496 276% SP Osasco 668.877 509% PE Jaboatão dos Guararapes 654.786 276% SP São José dos Campos 643.603 198% SP Ribeirão Preto 619.746 117% MG Contagem 613.815 39% SP Sorocaba 600.692 89% SE Aracaju 587.701 47% BA Feira de Santana 568.099 67% Média 1.669.471 179% Brasil 161% Singularidades do IPTU Regressividade do IPTU: tendência a avaliações imobiliárias regressivas, que tem como causa a ausência de aplicação de critérios técnicos. Revisão dos valores venais na PGV depende de aprovação legislativa. Boa evolução recente, inclusive nos municípios menores: Em 2006, 20% dos 3970 municípios com menos de 20.000 habitantes não tinham cadastro imobiliário informatizado (em 1999 eram 48%). Já dentre os 1.594 municípios com mais de 20.000 habitantes, 9% não o tinham (em 1999 eram 26%). Muitos municípios têm cadastro imobiliário. O problema é a qualidade... Singularidades do IPTU Vantagem da tributação patrimonial em relação à tributação sobre o consumo: Permite considerar a capacidade contributiva do consumidor e, se eficiente, pode ser uma maneira de reduzir a regressividade da carga tributária, significativa no Brasil. Desafios: Frágil capacidade arrecadatória dos municípios menores. Por si só mina equidade. Combater inadimplência Reformas constitucionais/alterações no federalismo fiscal Há espaço para aumentar a arrecadação de impostos sobre o patrimônio imóvel sem necessariamente aumentar alíquotas, investindo na melhoria da qualidade da tributação: tecnologia e capital humano. O Cadastro e a Planta O Cadastro A Planta Registro das características dos imóveis – tamanho, localização, padrão de construção Informa o valor do metro quadrado onde estão inseridos os imóveis da cidade Identificação dos contribuintes do imposto Requisitos para “bons” cadastros = equipe técnica especializada e recursos tecnológicos sofisticados, p. ex., imagens via satélite para obter informações relativas ao georreferenciamento da zona urbana da cidade Instrumento através do qual o fisco determina a base de cálculo do IPTU Para progressividade fiscal = fundamental que o valor venal dos imóveis seja o mais próximo possível do seu preço de mercado Fatores dinâmicos afetam o preço de mercado dos imóveis = imprescindível que a planta seja periodicamente revista Tendência para avaliações regressivas... propriedades mais valorizadas com maior defasagem em relação ao seu preço de mercado dos que os imóveis de valor mais baixo Problema = revisão da planta depende de decisões políticas Obstáculos para alcançar edificações localizadas nas áreas marginalizadas da cidade = alta informalidade Alto índice de edificações irregulares existentes no país tanto de baixa quanto de alta renda Baixo grau de cobertura = 50% a 60% dos imóveis do país são cadastrados (Carvalho Jr., 2001) Potencial do IPTU E se a arrecadação de IPTU fosse aumentada até alcançar a arrecadação de IPVA ou de ISS, nos municípios onde fora menos arrecadado que estes? IPTU=IPVA 2011 % Municípios em que IPTU é menor Aumento da arrecadação (R$ milhões) Aumento da arrecadação (%) Carga tributária Fonte: Elaboração própria (Finbra, STN). IPTU=ITBI 2012 93,3% 7.927 45,2% 0,616% 93,7% 9.259 48,2% 0,646% 2011 42,0% 304 1,7% 0,431% 2012 43,0% 430 2,2% 0,445% REFORMA TRIBUTÁRIA (Sem) propostas para tributos patrimoniais Tributação mobiliária esteve fora da agenda da reforma tributária (quando muito, se discutiu alguma mudança no ITR). Nunca despertou menor interesse nos diferentes projetos do governo federal e debates políticos evitam ao máximo mudanças nas competências municipais: desconhecido caso de transferência para município da cobrança do ITR • dupla e paradoxal resistência ao ITR: dos proprietários de terra, nada pagam hoje, aos dos defensores da reforma agrária, esperam cobrar ) projetos recorrentes para reformar o ICMS estadual mas evitaram até discutir ISS em um IVA (difícil fronteira entre mercadoria e serviço) • hipótese remota em debates técnicos de compensar uma fusão do ISS ao ICMS com transferência do IPVA para competência municipal (possível desinteresse estadual que arca com todo custo de fiscalização, pois repassa 50%; mas municipalização exigiria nacionalizar/estadualizar alíquotas, isenções e cobrança para evitar guerra fiscal entre localidades próximas) PROPOSTA SENADO (Rara) Proposta para tributos patrimoniais? Projeto do Senado para novo sistema tributário (comissão 2008/2010) foi um caso raro a tratar no tema em meio às mudanças profundas nas competências tributárias e no sistema de transferências: um objetivo pré-definido de concentrar os impostos sobre propriedade na competência dos Municípios proposta transferência da União para Municípios do ITR e, também, dos foro/laudêmio (patrimônio federal, como áreas costeiras) consolidação de imposto único sobre propriedade territorial e predial, com legislação e cobrança integralmente municipal também proposta transferência do imposto estadual sobre herança e doações para competência municipal criação de um imposto único sobre transmissão de bens imóveis e doações (lei complementar regularia ativos financeiros e fronteiras) José Roberto Afonso é economista, especialista em finanças públicas. Opiniões de exclusiva responsabilidade do palestrante. Kleber Castro, Julia Morais e Felipe de Azevedo deram apoio para a elaboração desta análise. Mais trabalhos sobre o tema no site do autor : www.joserobertoafonso.com.br