Sistema Puxado de Produção
Pull System
Acadêmicos:
André F. S. Venske
Rafael Eduardo Marquioro
Conceito
Segundo Tubino (1999), a produção puxada é um sistema em que
cada etapa do processo deve produzir somente quando um processo
posterior, ou cliente final solicite, tornando-se uma forma de
controlar a produção entre os fluxos.
Princípios do Lean Thinking
• Valor
• Fluxo de Valor
• Fluxo Contínuo
• Produção Puxada
• Perfeição
Produção Puxada - 4º Princípio do Lean Thinking:
O fluxo contínuo permite a inversão do fluxo produtivo, as empresas
não mais empurram os produtos para o consumidor, eles passam a
puxar a produção, eliminando estoques e dando valor ao produto.
Percepções sobre a Produção Puxada
“As empresas não podem mais se basear apenas na produção planejada
nos escritórios, e depois distribuir ou empurrar os produtos para o
mercado. Tornou-se uma situação corriqueira para os clientes e
consumidores, cada um com valores diferentes, que eles fiquem na linha
de frente do mercado e, por assim dizer, puxem as mercadorias, na
quantidade e na hora que realmente necessitem”. (OHNO, 1988)
Taiichi Ohno
Percepções sobre a Produção Puxada
• A definição de puxar acabou sendo feita por escritores norteamericanos.
• Hall (1983) caracterizava um sistema que puxa pelo fato de que “os
materiais são retirados ou requeridos pelos usuários conforme suas
necessidades”.
• “Limitar o termo puxar ao significado do Kanban obscurece a
essência do termo por abordá-lo com muita especificidade,
sugerindo que ele se aplica de uma maneira mais restrita do que é na
realidade”. (HOPP, 2008)
Produção Empurrada vs. Produção Puxada
Em um sistema que empurra, as liberações de trabalho são programadas
(preparadas previamente).
Em um sistema que puxa, as liberações são autorizadas (depende das
condições da fábrica).
Produção Empurrada vs. Produção Puxada
• A característica fundamental de qualquer sistema de controle é o
mecanismo que aciona a movimentação do trabalho.
• Um sistema MRP programa as liberações de trabalho com base na
demanda (real ou estimada – informação exógena – WIP sem limites),
• Enquanto o KANBAN autoriza a liberação de trabalhos com base no
status do sistema (pela sinalização dos cartões – informação endógena
– WIP limitado).
WIP: Work in Process – Trabalho em Processo (Estoque em Processo)
Produção Empurrada vs. Produção Puxada
• O simples ato de puxar os trabalhos entre as estações, por si só, não
afeta o desempenho de maneira significativa.
• A chave do sucesso da produção puxada é que as informações usadas
para controlar as liberações se relacionam ao status do WIP.
• Os sistemas de produção puxada controlam os níveis de WIP, e é esse
comportamento que conduz aos benefícios da eficiência de puxar.
Definição: Um sistema de produção puxada estabelece um limite a priori
para o WIP, enquanto um sistema de produção empurrada não o faz.
Produção Empurrada vs. Produção Puxada
• Sistema empurrado: libera trabalhos sem um ciclo de informações que
comuniquem os status do WIP, seus níveis podem flutuar quase
livremente.
• Sistema puxado: aciona as liberações em respostas às vagas no
estoque (dizendo que mais uma unidade pode ser puxada), proíbe
mais liberações quando todas as vagas estiverem preenchidas, não
deixando o WIP crescer além de um limite previamente especificado.
Sistemas Híbridos
• As situações apresentadas são radicais, demonstrando sistemas puros.
• Na prática, muitas vezes ambos os sinais (exógenos e endógenos) são
usados para liberar os trabalhos.
• Os sistemas são muitas vezes híbridos.
• Partes do sistema funcionam de maneira empurrada e outras de
maneira puxada.
Sistemas de Produção Puxada
• Sistema Kanban com 2 cartões;
• Sistemas com apenas um cartão Kanban (fluxo contínuo);
• Kanbans Eletrônicos (código de barras/etiquetas
eletrônicas);
• CONWIP (uma alternativa ao Kanban convencional)
• Multi-CONWIP
• Base Stock
CONWIP: Constant Work in Process – Trabalho Constante em Processo
(nível de WIP quase constante).
O que é Kanban?
A programação diária é transferida para o chão de fábrica, dando
mais autonomia para os operadores na decisão do que fazer e de
quando fazer.
Estas decisões são tomadas de acordo com um sistema visual que
indicará as necessidades de produção: o cartão Kanban.
Origem Kanban
• Kanban foi desenvolvido na Toyota, e foi traduzido por Ohno
como Quadro Sinalizador, mas é comumente chamado de Cartão.
• Kanban (segundo Léxico Lean – Lean Institute): é um dispositivo
sinalizador que autoriza e dá instruções para a produção ou para
retirada de itens em um sistema puxado.
Tipos de Cartão Kanban
● Kanban de Fornecedores
● Kanban de Movimentação
● Kanban de Produção
● Kanban de Montagem
Funcionamento com Cartão
Kanban
● Uso de sinalizações para ativar a produção e movimentação dos
itens pela fábrica.
● Normalmente estas sinalizações são feitas com cartões e nos
painéis porta-kanbans, porém pode utilizar-se de outros meios, que
não cartões, para passar estas informações.
● Os cartões normalmente são feitos de material durável para
suportar o manuseio decorrente do giro constante entre os estoques
do cliente e do fornecedor do item.
● Cada empresa, ao implantar seu sistema kanban, confecciona seus
próprios cartões de acordo com suas necessidades de informações
Conteúdo de um Cartão Kanban
Segundo Werkema (2012), um cartão Kanban deve conter as
seguintes informações:
• O que, quando e como produzir;
• Como transportar o que foi produzido;
• Onde armazenar o que foi transportado.
Por que usar o Sistema Kanban
• Capacidade de evitar o excesso de produção e de reduzir
estoques e, conseqüentemente, de evitar desperdícios.
• Conhecimento das prioridades de produção por todos os
empregados.
• Diretrizes de trabalho baseadas na condução atual de operação
do processo.
• Eliminação de necessidade de espera por novas instruções de
trabalho.
Como Funciona o Sistema Kanban
1- Um operador do processo posterior leva os Kanbans de Retirada ao
supermercado do processo anterior. No supermercado (local onde é mantido
um estoque padrão predeterminado para o fornecimento aos processos
posteriores), cada palete de material possui um cartão Kanban de Produção
anexo a ele.
2- Quando o operador do processo posterior retira os itens requisitados do
supermercado, o Kanban de Produção é destacado do palete e colocado no
Posto de Kanban de Produção.
3- Após a comparação das informações dos dois Kanbans (evitando erros de
produção), o Kanban de Retirada é anexado ao palete, em substituição ao
Kanban de Produção que acabou de ser destacado.
4- No processo posterior, quando o palete de material é utilizado, o Kanban
de Retirada é desanexado e colocado no Posto de Kanban de Retirada.
Como Funciona o Sistema Kanban
5- No processo anterior, os materiais são fabricados na mesma
ordem de chegada dos Kanbans de Produção ao Posto de Kanban de
Produção.
6- Os materiais produzidos e seus respectivos Kanbans de Produção
são movimentados juntos durante todo o processamento.
7- Na última etapa, os materiais acabados e seus respectivos
Kanbans de Produção são colocados no supermercado, onde um
operador do processo posterior pode retirá-los e reiniciar o ciclo.
Sistema de um Cartão
• Cliente retira peças do supermercado quando necessário e o
cartão de produção que acompanhava a caixa é levado para o
quadro.
QUADRO KANBAN
KANBAN DE PRODUÇÃO
Processo 1
Processo 2
SUPERMERCADO
Sistema de um Cartão
• O processo fornecedor produz o item mais crítico do
supermercado retirando o Kanban do quadro e colocando-o na
caixa de volta ao supermercado.
QUADRO KANBAN
KANBAN DE PRODUÇÃO
Processo 1
Processo 2
SUPERMERCADO
Sistema de dois Cartões
• O cliente consome as embalagens que estão no supermercado
da linha. Os cartões de retirada que acompanhavam estas caixas,
permitem a compra de peças no supermercado do fornecedor.
QUADRO KANBAN
KANBAN DE RETIRADA
Processo 1
Processo 2
SUPERMERCADO
SUPERMERCADO
Sistema de dois Cartões
• O Kanban de retirada autoriza o cliente a retirar uma embalagem
do supermercado. O Kanban de produção que estava na caixa é
levado para o quadro e sua produção é autorizada.
QUADRO KANBAN
KANBAN DE PRODUÇÃO
Processo 1
Processo 2
O Quadro Kanban
Diretrizes para o uso do Sistema Kanban
• O processo posterior retira somente o que é necessário do
processo anterior.
• O processo anterior fabrica somente a quantidade exata de itens
que é retirada pelo processo posterior.
• O processo anterior nunca envia itens defeituosos para o
processo posterior.
• Os cartões Kanbans sempre acompanham
movimentados, de modo a garantir controle visual.
os
materiais
• O número de Kanbans deve ser minimizado ao longo do tempo,
em um processo de melhoria contínua.
Número Kanbans em um Processo
Nº de Kanbans = (Lead Time / Tempo Takt) / Nº de Itens por Kanban + M
Nº de Itens por Kanban = é o tamanho mínimo do lote que pode ser
movimentado ao longo do fluxo de valor e M é uma margem de
segurança para levar em consideração imprevistos que possam
impedir a finalização com sucesso de um pedido do cliente.
L/T: Lead Time – Tempo Porta a Porta: tempo necessário para um
produto percorrer todas as etapas de um processo ou fluxo de valor,
do início até o fim.
TT: Takt Time – Tempo Takt (ritmo): tempo disponível para a
produção dividido pela demanda do cliente (função de sincronizar os
ritmos de produção e vendas).
A Magia da Produção Puxada
•
A história do sucesso japonês: foi baseada na habilidade de oferecer ao
mercado produtos de qualidade, no tempo certo, com custos competitivos e
em uma boa variedade.
•
Sistema eficaz de controle de produção, que facilitou a produção com custos
baixos, contando com a alta produção, baixos estoques e pouco retrabalho.
•
Esse sistema promoveu uma alta qualidade externa por meio da implantação
da qualidade interna.
•
Permitiu um bom nível de atendimento aos clientes por meio do fluxo de
produção constante e previsível.
•
Possibilitou um perfil flexível de resposta rápida às mudanças das demandas
do mercado.
A Magia da Produção Puxada
•
Qual o segredo para todas essas características que tornaram o STP tão
desejado para uma estratégia de negócios de sucesso?
•
A resposta está contida na definição de um Sistema de Produção Puxada:
existe um limite máximo de estoques no sistema.
•
Seja por meio de cartões Kanban, de sinalizações eletrônicas ou de
monitoramento manual dos níveis de WIP, todos os sistemas de produção
puxada, asseguram que, não importando o que aconteça no chão de fábrica,
os níveis pré-determinados de WIP não podem ser excedidos.
•
Ao se estabelecer um nível máximo de WIP, os sistemas de produção puxada
impõem uma forte ênfase no fluxo de materiais: se a produção para, a
alimentação de materiais também para. Essa ênfase traz vários benefícios
operacionais, que são a mágica da produção puxada.
Redução dos Custos de Produção
• Ambiente de produção empurrada, as ações corretivas não são
tomadas antes que o problema aconteça e o WIP esteja fora de
controle.
• Em um sistema puxado, com WIP máximo estabelecido, as liberações
são estancadas antes que o sistema seja sobrecarregado.
• Um limite máximo de WIP, reduzirá os níveis de estoque para alcançar
certo nível de produtividade. Isso reduzirá diretamente os custos de
produção associados aos custos de manutenção dos estoques.
Melhoria da Qualidade
• Como os níveis baixos de WIP, o percentual de peças boas existentes
no sistema precisa ser alto, a fim de manter os níveis da produção.
• Para assegura que isso aconteça, os sistemas Kanbans são geralmente
acompanhados por Controle Estatístico de Processos (CEP).
• As inspeções de qualidade são mais eficientes em um ambiente de
baixo nível de WIP. Se os níveis de estoques são altos e as filas longas,
uma inspeção pode não identificar um problema em um processo
antes que um grande lote de peças defeituosas já tenha sido
produzido.
Preservando a Flexibilidade
• Um sistema puro empurrado pode liberar trabalhos para uma linha
que já está congestionada. O resultado será a perda de flexibilidade de
várias maneiras:
I. As peças já parcialmente acabadas não poderão receber alteração de engenharia;
II. Os altos níveis de WIP impedirão mudanças de prioridade ;
III. Se os níveis de WIP forem altos, as peças poderão ser liberadas da fábrica bem antes
dos prazos planejados (desejados).
• Um sistema puxado pode evitar esses efeitos de forma a melhorar a
flexibilidade. Ao evitar a liberação de mais trabalho quando a fábrica
está congestionada, a demanda existirá apenas no papel.
•
Facilitando as alterações de engenharia, de planejamento ou o
remanejamento de prioridades.
Os sistemas de Produção Puxada são:
• Mais eficientes: porque podem alcançar a mesma produtividade do
sistema empurrado, mas com níveis médios de WIP.
• Mais fáceis de controlar: pois dependem da definição dos níveis
(facilmente observáveis) de WIP, e não das taxas de liberação de
trabalhos como nos sistemas empurrados.
• Mais robustos: pois o desempenho de um sistema puxado degradase muito menos em decorrência de erros nos níveis de WIP do que
nas taxas de liberação de trabalhos em um sistema empurrado.
• Mais eficientes no suporte à melhoria: pois os baixos níveis de WIP
exigem altos níveis de qualidade (para evitar paradas) e facilitam sua
manutenção (graças a menores filas e à maior rapidez na detecção
de defeitos).
Referências Bibliográficas
• HOOP, Wallace J.; SPERAMAN Mark L. A Ciência da Fábrica. 3 ed. Bookman, 2013.
• WERKEMA, Cristina. Lean Seis Sigma: introdução às ferramentas do lean
manufacturing. 2 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
• TUBINO, Dalvio F. Planejamento e Controle da Produção: Teoria e Prática. 2 ed.
São Paulo: Atlas, 2009.
Muito Obrigado!
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Sistema de Produção Puxada