CAESP – Filosofia – 2A e B – 06/05/2015 ROUSSEAU. Rousseau: o progresso científico não é a condição que garantirá de forma inevitável o desenvolvimento e o progresso da humanidade. Seu pensamento parte de uma crítica social, pois não identifica na sociedade da sua época os próprios mecanismos de libertação da condição atual, mas, pelo contrário, localiza em um tempo perdido, anterior à civilização, a condição de uma sociedade boa, de uma humanidade que vivia em honestidade comunitária. Desta forma, ele será essencial à Revolução Francesa, pois seu pensamento requer uma completa transformação do status quo para libertar as pessoas. Rousseau rejeita a existência de uma correlação entre o progresso científico, artístico e tecnológico da humanidade com um progresso da moral e da virtude humanas. Ademais, os elementos da cultura e seu aprendizado permitem que a etiqueta social encubra as vilania e torpezas humanas (dissimulação sofisticada). Para Rousseau a liberdade humana é a condição básica para a construção de uma sociedade mais justa. Elementos estruturais da obra de Rousseau: Relações entre Natureza e Sociedade: a sociedade é vista como responsável pela degeneração das exigências morais mais profundas da natureza humana e a sua substituição pela cultura intelectual. Moral fundada na liberdade: a liberdade que existia no “estado de natureza” é o fundamento da moralidade humana. E o ser humano só pode agir com correta moral em liberdade. Elementos Primazia estruturais da obra de Rousseau: do sentimento sobre a razão: a busca da consciência natural e do conhecimento é mediada pelo sentimento e não pela razão. Aqui temos uma diferença básica com Sócrates, onde essa busca, a do “conhecer-te a ti mesmo” é mediada (e só é possível) pela razão. Teoria da bondade natural do homem: o homem em seu “estado de natureza” é bom, mas, ao conviver em sociedade, se torna mal. Doutrina do contrato social: é o contrato firmado entre os homens para permitir a vida em sociedade com uma busca pelo mínimo de sacrifício da liberdade natural e uma maximização da segurança. Discurso sobre as ciências e as artes: Questão: “O reestabelecimento das ciências e das artes contribuiu para aprimorar os costumes?” A pergunta já parte de dois pressupostos: 1. Houve um reestabelecimento das ciências e das artes: de que na época da pergunta, a do Iluminismo, houve, de alguma forma, um renascimento científico e artístico, como se as ciências e as artes tivessem sido esquecidas durante a Idade Média, o que sabemos que não foi. Elas podem ter tido um desenvolvimento mais lento, contido pela Igreja, mas não morreram para renascerem. Discurso sobre as ciências e as artes: Questão: “O reestabelecimento das ciências e das artes contribuiu para aprimorar os costumes?” A pergunta já parte de dois pressupostos: 2. Houve um aprimoramento dos costumes: não pergunta antes se os costumes melhoraram, mas pergunta apenas se o reestabelecimento das ciências e das artes contribuíram para isso, ou seja, já parte do pressuposto de que os costumes, de alguma (ou muitas) formas melhoraram. É o estabelecimento de uma hierarquia entre os costumes de antes e os da atualidade. Discurso O sobre as ciências e as artes: desenvolvimento científico e artístico da humanidade não é construtor de um progresso moral, mas, muitas vezes, serve como uma máscara que encobre as atitudes mais vis e egoísticas. Os costumes, e toda a polidez social também são usados da mesma forma, para encobrir relações recheadas de torpeza e degeneração. O Rousseau está a fazer não é repudiar os avanços e as conquistas científicas e artísticas, mas criticar os abusos cometidos por e em nome desse avanço contra os próprios valores humanos mais naturais e corretos (justamente por serem naturais). Discurso sobre as ciências e as artes: Os abusos se concentram na perda dessa consciência natural humana que é substituída por um culto dos refinamentos, das convenções sociais e por uma ostentação da intelectualidade e da cultura. É justamente no “estado de natureza” que os seres humanos estão mais próximos da virtude verdadeira, posto que essa é natural. Esse ser humano em “estado de natureza”, ou seja, fora da sociedade, é um humano sem sofrimentos, pois esses são de origem social. É na vida em sociedade que somos acossados a representarmos uma personagem que não é o si mesmo, mas uma adaptação aos padrões sociais reinantes. Discurso sobre a desigualdade: a propriedade privada como origem da desigualdade. Sociedade e propriedade privada: a sociedade nasce quando um ser humano se afirma como proprietário de algo e convence a outros da veracidade dessa afirmação, garantindo o reconhecimento à sua propriedade. Originalmente a terra pertence a todos, é com o estabelecimento da propriedade privada que surge a decorrente diferenciação entre os seres humanos. Discurso sobre a desigualdade: a propriedade privada como origem da desigualdade. Propriedade privada: é uma arbitrariedade humana, e não um direito natural. Ela é o elemento gerador da desigualdade entre os seres humanos. Desigualdade entre os seres humanos: assim como a propriedade privada não é natural, mas uma construção social. E, como tal, poderá (e deverá) ser destruída. Discurso sobre a desigualdade: a propriedade privada como origem da desigualdade. Homem natural (bom selvagem): é o ser humano livre, cuidando apenas da sua própria sobrevivência, fora do tecido social. Estado de Natureza: é o momento em que os seres humanos estão destituídos de todo o caráter de sociedade. Tudo aquilo que não está ligado à sobrevivência, não é natural, mas uma artificialidade. O Contrato Social: a receita para uma sociedade justa e livre. Depois de definir que os progressos científicos e artísticos não colaboram para o desenvolvimento moral dos seres humanos. E, depois de afirmar que a propriedade privada é a origem da desigualdade e que o “estado de natureza” é o momento perdido de liberdade e de verdadeira humanidade, Rousseau vai construir uma teoria de como a sociedade deveria se estabelecer para que pudesse ser justa e livre. O Contrato Social: a receita para uma sociedade justa e livre. A busca principal na obra é a do equilíbrio entre a preservação da liberdade humana que existia no “estado de natureza” e a garantia da segurança encontrada em sociedade. A soberania é a capacidade de governo da vida em sociedade e ela pertencerá aos membros de uma sociedade. O fundamento da soberania será a vontade geral. O Contrato Social: a receita para uma sociedade justa e livre. Vontade geral (interesse coletivo, bem comum): são os interesses dos membros da sociedade enquanto cidadãos participantes, conscientes e responsáveis de uma determinada sociedade. Ela não é a soma das vontades individuais, pois essas são egoísticas e não constroem a coletividade, mas apenas os sectarismos. Liberdade contratual: com a passagem do “estado de natureza” para o social, os seres humanos trocam a sua liberdade natural pela liberdade contratual (em sociedade). O Contrato Social: a receita para uma sociedade justa e livre. O Contrato Social deve incluir a todos em igualdade, não seriam possíveis os privilégios de classe. Desta forma, temos a teoria política que garante o substrato ideológico para atacar o Antigo Regime na França e em qualquer outro país que mantenha a desigualdade de origem de classe entre seus cidadãos. As garantias individuais são tuteladas pelo Estado que é formado através da vontade geral. Desta forma, existe uma subordinação. O papel da Educação: Como os seres humanos em sociedade são mesquinhos e egoístas, é necessária uma ação que os forme como cidadãos, superando a condição de indivíduos. É através da Educação que será possível a construção da “vontade geral” que é a base da soberania de uma sociedade que é justa e livre. Muito obrigado! TENHAM UM BOM DIA! Prof. Heleno Licurgo do Amaral <[email protected]>