Ventilação com pressão positiva Pressão nasalintermitente versus Pressão positiva contínua nasal para pré-termos com síndrome do desconforto respiratório. NasalIntermittentPositivePressureVentilationVersus NasalContinuousPositiveAirwayPressureforPreterm InfantsWithRespiratoryDistressSyndrome: A Me t a - A n a l y s i s a n d u p - D a t e Wang Li, Chen Long, Hu Zhangxue et al Pediatric Pulmonology 2015; 50:402-409 Apresentação:Daniela Carla Gomes da Costa - R2 Pediatria-HRAS/HMIB/SES/DF www.paulomargotto.com.br Brasília, 30 de julho de 2015 Introdução Síndrome do desconforto respiratório é a morbidade mais comum em RN pré-termos. Cerca de 40% necessitarão de intubação e ventilação, a despeito do uso de surfactante1. O uso da ventilação mecânica (VM) está associada a displasia broncopulmonar (DBP). Portanto é importante minimizar o uso de VM CPAP nasal, por não usar via aérea invasiva e artificial, tem sido o suporte inicial para pré-termos com doença da membrana hialina2,3. No entanto, tem taxas de falha entre 25-50%2-8. Ventilação nasal com pressão positiva intermitente (VNI) tem se mostrado mais efetiva do que CPAP nasal em prevenir a VM e as complicações associadas à esta9-14. O objetivo dessa revisão sistemática é avaliar a hipótese de que a VNI diminui a necessidade de intubação orotraqueal (IOT) quando comparada a CPAP nasal no tratamento de RN com doença da membrana hialina. Também foram analisados o tempo total de duração do suporte respiratório nasal, duração da hospitalização, incidência de DBP, bem como outras complicações relacionadas. Métodos Estudos controlados, randomizados que compararam os dois métodos de ventilação em RN com doença da membrana hialina Não restringiu estudos pela linguagem Bases de dados: Medline, Cochrane Palavras-chaves: Nasal intermittent positive pressure ventilation ; nasal continuous positive airway pressure; preterm infants; respiratory distress syndrome Critérios para inclusão dos estudos: - Estudo envolvendo pré-termos com doença da membrana hialina - Estudos comparando VNI nasal x CPAP nasal Dados dos estudos foram colhidos de forma padronizada, porém independente, por 3 revisores. Esses dados incluíam desenho do estudo, intervenções, número de sujeitos, características demográficas, critérios de inclusão e exclusão, resultados primários e secundários e variáveis utilizadas para análise de qualidade dos estudos. O resultado primário foi a necessidade de intubação e VM. O tempo de observação foi qualquer tempo, antes da alta. Resultados secundários foram a incidência de DBP, pneumotórax, hemorragia intraventricular de qualquer grau, enterocolite necrosante (ECN), retinopatia da prematuridade (ROP), persistência do canal arterial (PCA), tempo total de suporte respiratório nasal, duração da hospitalização e morte antes da alta hospitalar. Para o desfecho primário, foram definidos os seguintes subgrupos: (1)Aqueles que receberam surfactante (2)IG<30s ou <1500g e IG>30s ou >1500g A ferramenta de risco de viés da Cochrane foi usada para avaliar a qualidade metodológica dos estudos incluídos. A heterogeneidade entre os estudos também foi avaliada, sendo considerado o valor de I2 de 25%, 50% e 75% como baixa, média e alta heterogeneidade, respectivamente. Para variáveis categóricas, o efeito é expresso como RR e para variáveis contínuas, o efeito é expresso como diferença média ponderada (95%IC). Resultados 47 estudos potenciais foram identificados, dos quais 24 foram excluídos porque não eram controlados e randomizados. 23 ensaios foram submetidos a avaliação posterior e 16 foram excluídos porque não preencheram os critérios de inclusão. Um foi excluído por conta de dados de resultados incompletos. Seis estudos escolhidos foram incluídos na análise final (Figura 1). As Tabela 1 a 3 resumem as características e qualidade dos estudos. Os estudos foram conduzidos nos EUA, Israel, India, Brasil, China,Canadá e Reino Unido. Um total de 1527 bebês foram avaliados nesses 6 estudos. Todos os estudos eram randomizados e controlados. Cada estudo relatou a necessidade para a intubação e ventilação mecânica A meta-análise estimou uma diminuição significativa na necessidade da VNI comparado com o grupo CPAP nasal(NCPAP)- R:0,53; 95% IC:0,33-0,85. Foi encontrada heterogeneidade entre os 6 estudos. (p<0,0001 I2:81%). Resultados no subgrupo que recebeu surfactante foram analisados em 3 estudos e também demonstraram uma diminuição significativa na falha do suporte respiratório nasal com a VNI . (RR:0,57; 95% IC:0,42-0,78), sem heterogeneidade entre os 3 estudos (P=0,19, I2:40%) (Figura 2). 3 estudos avaliaram o subgrupo de RN com idade gestacional (IG)≤30s ou peso de nascimento (PN)<1500g e mostraram nenhuma diferença entre os dois grupos (RR:0,59; 95% IC:0,27-1,26), com heterogeneidade entre os 3 estudos (P=0,02, I2=73%). No subgrupo dos bebês com IG>30s ou PN>1500g em 2 estudos, também não houve diferença entre os dois grupos (RR:0,63; 95% IC:0,29-1,39), sem heterogeneidade entre os 2 estudos (P=0,84, I2=0%) (Figura 3). Desfecho secundários: DBP, avaliada em 4 estudos, não houve nenhuma diferença entre os dois tipos de tratamento (RR:1,04; 95% IC:0,881,24). Nenhuma heterogeneidade foi encontrada entre os estudos. 5 estudos analisaram o tempo total de suporte respiratório nasal. A metanálise não mostrou diferença significativa entre os dois grupos (diferença média: -1,36; 95% IC:-2,73-0,00) e heterogeneidade significativa foi observada entre os estudos. (P=0,008, I2=71%) (Tabela 4) De acordo com 3 estudos, não houve diferença significativa na duração da hospitalização no grupo da VNI comparado com o grupo CPAP (diferença média:- 2,22; 95% IC:-8,03-3,59) e foi observada heterogeneidade entre os estudos (P=0,09, I2=58%)(Tabela 4). Também não houve diferença quanto aos dias de oxigenoterapia entre os dois grupos (diferença média:-0,50; 95% IC: -4,89-3,89) (P=0,08, I2=60%) (Tabela 4). Não houve também diferença na mortalidade entre os dois grupos (RR:0,81; 95% IC:0,60-1,09), sem heterogeneidade entre os 4 estudos (Tabela 4) Estudos mostraram que não houve diferença significativa quanto à incidência de: Tabela 4 -Pneumotórax (RR:0,76; 95% IC:0,46-1,26) -Hemorragia intraventricular (RR:0,01; 95% IC:0,76-1,34) -PCA(RR:0,88; 95% IC:0,76-1,01) -ROP (RR:96; 95% IC:0,86-1,07). Discussão Os resultados mostraram nos seis estudos randomizados e controlados que houve uma significativa diminuição na necessidade de ventilação invasiva no grupo da VNI quando comparado com o grupo CPAPnasal. O resultado está em concordância com os achados da metanálise de Meneses et al22. No entanto, houve significativa heterogeneidade devido a, por exemplo, diferenças no tempo de observação para a necessidade de ventilação mecânica, variando entre 72 horas até 7 dias e outros, nem limitam o tempo de falha do suporte nasal. Os mecanismos exatos pelos quais a VNI é mais eficaz do que CPAP NASAL continuam incertos.Os possíveis mecanismos: A VNI aumenta a pressão média das vias aéreas (MAP), permitindo o recrutamento de alvéolos, diminuindo o trabalho respiratório23, induzindo o reflexo paradoxal de Head e melhorando o drive respiratório. A maior MAP produzida na interface nasal pela VNI permite a manutenção de uma melhor expansão pulmonar do que nos casos em que usamos CPAPnasal. O efeito mais importante, para o RN que está melhorando da doença da membrana hialina, no entanto, parece ser a estimulação à respiração, que evita apnéia e hipercapnia, diminuindo a necessidade de VM. NIPPV e surfactante precoce tem efeito sinérgico na distribuição uniforme do surfactante e diminuição da tensão alveolar. Houver diferença significativa de menor falha à VNI quando usado surfactante em 3 ensaios analisados nesta metanálise. Na VNI, a melhor expansão pulmonar, pressão relativamente constante nas vias aéreas e nos alvéolos e melhor distribuição de gases no pulmão diminuem a chance de expansão excessiva dos alvéolos e atelectasia e, consequentemente, lesão pulmonar. Quando os bebês foram divididos em IG e peso ao nascer (PN), o resultado foi inconsistente com a análise geral, mostrando que tantos nos bebês com IG<30s ou <1500g quanto naqueles com IG>30s ou >1500g, não houve diminuição da necessidade de VM com a VNI quando comparada a CPAP nasal. No caso dos bebês com ≤30s ou <1500g, os resultados têm que ser analisados com cuidado, já que houve importante heterogeneidade entre os estudos, que pode ser atribuída ao tamanho das amostras estudadas Displasia broncopulmonar: distúrbio complexo e constitui uma das mais importantes complicações da prematuridade Quanto a displasia broncopulmonar (DBP), estudos prévios mostraram diminuição da incidência em crianças tratadas com VNI25,26.. Porém, nessa metanálise, foi demonstrado que não houve benefício na diminuição da incidência de DBP quando comparado a CPAP nasal. Isso condiz com outros estudos de Meneses et al19,22, que não demonstraram diferenças significativas na diminuição da DBP com o uso da VNI em relação a CPAP nasal. Nessa metanálise, também não houve diminuição no tempo de hospitalização, pneumotórax, HIV, ECN (entre os ensaios não foi encontrado heretogeneidade para pneumotórax, hemorragia intraventricular e enterocolite necrosante) semelhante a estudos prévios (Meneses et al22.) Nesta metanálise avaliamos outros resultados não relatados na metanálise de Meneses22, como: Quanto ao tempo de suporte respiratório nasal, houve variações consideráveis nos resultados dos estudos (dois ensaios17,20 relataram significantes diferenças e 3 ensaios16,18,19, não). Na presente metanálise, os autores não detectaram diferenças significativas no tempo de suporte nasal entre ambos os grupos. Devido a significante heterogeneidade, deve-se ter cuidado ao analisar este resultado. Quanto aos dias de oxigenoterapia, também não houve diferenças entre os grupos (VNI e CPAP NASAL), o que está de acordo com análises prévias17-19 (para este resultado, os ensaios não tiveram poder estatístico), assim como na morte antes da alta e não houve heterogeneidade. Porém, esse resultado tem que ser analisado com cuidado, devido aos estudos não terem poder estatístico e à diferença no número de indivíduos estudados26. A VNI também não diminuiu a incidência de PCA e ROP, o que também está de acordo com análises prévias16-20. Sem heretogeneidade entre os ensaios Limitações da metanálise Os estudos dessa meta-análise foram comparativamente pequenos à exceção de 1 estudo, que teve a maior contribuição para a média ponderada dos efeitos dos tratamentos. Todos os estudos estavam sob risco de viés de performance (como, critérios de intubação/ventilação não eram os mesmos, assim como o tempo de observação para a “necessidade de VM”, etc Conclusões Essa revisão sistemática é uma atualização da revisão feita por Meneses et al22, com metodologia idêntica. Baseado nos resultados de Meneses, essa metanálise mostrou que a VNI foi mais eficaz do que CPAP nasal em prevenir a ventilação mecânica quando usada para pré-termos com doença da membrana hialina, especialmente os que usaram surfactante. No entanto para subgrupos de RN <1500g ou ≤30 semanas e para os RN >1500g ou >30 semanas, a VNI não diminuiu a necessidade de ventilação mecânica em relação aos RN sob CPAP nasal. Quanto aos resultados encontrados Para estes subgrupos de bebês, tornam-se necessários ensaios posteriores envolvendo grande número de RN para maior esclarecimento da questão. Ventilação não invasiva como primeira opção na assistência respiratória dos pré-termos Suporte respiratório minimamente invasivo no recém-nascido de muito baixo peso. Estamos prontos para isto? (Minimally invasive respiratory support in the vlbw infant. Are we ready for it?) Autor(es): Eduardo Bancalari (Estados Unidos)/ Mats Bennow (Suécia). Realizado por Paulo R. Margotto Miami, EUA: Eduardo Bancalari (novembro de 2014) Portanto, concluindo, muitos recém-nascidos pré-termos podem ser manuseados com CPAP nasal por ventilação nasal por pressão positiva (VNI). É difícil previr quais RN vão falhar no suporte não invasivo e vão requerer ventilação mecânica. O sucesso depende da idade gestacional, severidade da doença pulmonar, drive respiratório e atitudes e habilidades da Equipe. O uso de VNI ao invés de CPAP pode reduzir o número de RN que necessitam de intubação e reduz a falha de extubação. Futuro da VNI: Torna-se necessário melhor entendimento de como funciona a VNI, assim como o papel da sincronização (há necessidade de equipamento apropriado para a sincronização?), definição dos parâmetros a serem usados em diferentes indicações. São necessários mais ensaios prospectivos e randomizados, com diferentes indicações e resultados a curto e longo prazo. CPAP nasal para prematuros extremos (junho/2015) Estocolomo, Suécia: Neste International Workshop sobre o uso do Surfactante, Mats Bennow do Departamento de Neonatologia do Karolinska University Hospital, Karolinska Institute, Stochholm, Suécia, onde está ocorrendo este Evento (no Karolinska) em sua Apresentação enfatizou: a despeito de um corpo de evidências mostrando que a estratégia ventilação não invasiva (aqui refere-se à CPAP nasal) imediatamente após o nascimento é factível, muitos prematuros extremos ainda são intubados na Sala de Parto (é importante que saibamos que 2/3 da população de recém-nascidos pré-termos extremos estabelecem respiração espontânea imediatamente após o nascimento. No entanto, estes RN imaturos apresentam pequeno pool de surfactante pulmonar, levando ao aumento da tensão superficial, colapso alveolar que resulta em doença da membrana hialina e insuficiência respiratória.. Como uso de CPAP a perda do volume pulmonar pode ser prevenida e assim, o estabelecimento da capacidade funcional residual, e assim, mesmo um pequeno pool de surfactante pulmonar pode ser suficiente para suportar respiração espontânea inicial. Os ensaios recentes demonstraram que estes pré-termos extremos podem seguramente ser estabilizados em CPAP após o nascimento e então, seletivamente tratados com surfactante para a doença da membrana hialina. Esta estratégia menos invasiva tem a vantagem de reduzir a necessidade de ventilação mecânica e consequentemente, o risco de lesão pulmonar. Duas metanálises recentes (2013) demonstraram redução do risco de morte ou displasia broncopulmonar na idade gestacional pós-concepção de 36 semanas- RR de 0,91;IC a95% de 0,84-0,9 e o número necessário para tratar, 25: Schmölzer GM et al: Non-invasive versus invasive respiratory support in preterm infants at birth: systematic review and meta-analysis. Schmölzer GM, Kumar M, Pichler Get al. BMJ. 2013 Oct 17;347:f5980 e Fischer HS et al, usando a técnica do cateter fino com odds ratio de 0,83;IC a 95% de 0,71-9,96 e número necessário para tratar de 35: Avoiding endotracheal ventilation to prevent bronchopulmonary dysplasia: a meta-analysis. Fischer HS, Bührer C. Pediatrics. 2013 Nov;132(5):e1351-60). Artigos Integrais! Os guidelines europeus recomendam o surfactante de resgate, devendo ser aplicado precoce no curso da doença, principalmente nos recém-nascidos menores que 26 semanas de gestação. Ventilação não invasiva: evidências e dúvidas (XX Congresso Brasileiro de Perinatologia, 22-24/11/2010, Rio de Janeiro) Autor(es): Guilherme Sant´Anna. Realizado por Paulo R. Margotto A ventilação não invasiva (VNI) nada mais é do que a aplicação de uma pressão positiva em um recém-nascido (RN) não intubado. A melhor forma de fazê-lo é através de cânulas binasais. Apesar de existirem mais dúvidas que evidências, as evidências nos orienta a usar a VNI na extubação, principalmente para os RN com peso abaixo de 1500g. Quando possível, usar a VNI de forma sincronizada, principalmente em freqüências de 40/ipm, embora mais estudos sejam necessários para avaliar se estas maiores freqüências não causam efeitos adversos. Para as freqüências de 20 ou menos, parece que a ventilação e as trocas gasosas não diferem muito entre as modalidades. Sabemos as dificuldades em sincronizar estes RN em VNI. Os dados da literatura ainda não dão apoio ao uso da VNI como primeira escolha para o suporte respiratório. Os estudos que demonstraram melhores resultados foram aqueles que tinham altos níveis de falha do CPAP nasal. Na prevenção e/ou tratamento da apnéia da prematuridade também não há evidência para esta prática de rotina Assim, a grande indicação da VNI é para diminuir as taxas de falhas de extubação. Metanálise da Cochrane mostra uma diminuição da falha de extubação em 79%, necessitando colocar 3 RN na VNI para evitar uma falha de extubação. PÓS-EXTUBAÇÃO: Esta é a indicação mais comum. Revisão da Cochrane, de 2001, com base em 3 estudos clínicos randomizados, não multicêntricos mostrou que o uso da VNI sincronizada reduza a incidência da falha de extubação (RR 0.21; IC:0.10, 0.45), RD -0.32 (-0.45, -0.20), NNT 3 (2, 5). Vejam que é necessário tratar 3 RN com a VNI para evitar 1 falha de extubação. Não houve relato de perfuração gástrica. (Nasal intermittent positive pressure ventilation (NIPPV) versus nasal continuous positive airway pressure (NCPAP) for preterm neonates after extubation). Davis PG, Lemyre B, de Paoli AG. Cochrane Database Syst Rev. 2001;(3):CD003212. Review. Artigo Integral. Na Inglaterra, 60% usam a VNI pós- extubação (Neonatal nasal intermittent positive pressure ventilation: a survey of practice in England. Owen LS, Morley CJ, Davis PG. Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed. 2008 Mar;93(2):F148-50); na Espanha, usam a VNI pós-extubação em 74% e no Canadá, mais de 50% também usam VNI pós- extubação. O detalhe é este: a maioria das UTI Neonatais usa a VNI sem sincronização. Vejam que na metanálise da Cochrane, os estudos usaram a VNI sincronizada. As conclusões: as taxas de falha de extubação quando o RN é extubado para o CPAP varia entre 18-57% e com a extubação para VNI, a falha é muito menor. Estudos recentes em animais de laboratório mostraram que o suporte ventilatório nasal no período neonatal, pode alterar significativamente a função da laringe. Isso inclui o fechamento laríngeo ativo contra a ventilação com pressão positiva intermitente, o que pode limitar a ventilação pulmonar e inibição da deglutição não nutritiva, o que pode atrasar a maturação da deglutição. Essas novas descobertas são extremamente relevantes para a assistência respiratória neonatal. (Laryngeal function and nasal ventilatory support in the neonatal period. Praud JP, Samson N, Moreau-Bussière F. Paediatr Respir Rev. 2006;7 Suppl 1:S180-2). Ventilação Não Invasiva para Síndrome de Angústia Respiratória: um ensaio clínico randomizado Autor(es): Jucille Meneses, Vineet Bhandari, Joao Guilherme Alves and Delia Herrmann. Apresentação: Luciana Meister, Rosenelle Araújo, Suellen Mendes, Paulo R. Margotto Objetivo deste estudo: Determinar em RN com Síndrome Angústia Respiratória (SDR) se a ventilação nasal por pressão positiva intermitente (VNPPI) precoce comparada com CPAP diminuiu a necessidade de ventilação mecânica Desfecho Primário falha da ventilação não-invasiva dentro das primeiras 72h necessidade de intubação. Resultado Desfechos Secundários -duração total de ventilação por tubo endotraqueal; -duração total no CPAP; -tempo em suplementação de O2; -incidência de pneumotórax; -Incidência de DBP. As taxas referentes aos desfechos secundários não diferiram significativamente entre os dois grupos. RN com peso >1000g tiveram uma significativa diminuição na taxa de falha no grupo do VNPPI quando comparado com os do grupo do CPAP (tabela 2) No grupo do CPAP 18% de RN não necessitaram de intubação e nem de surfactante e no grupo VNPPI essa taxa foi de 19%. O presente estudo não evidenciou diferenças na incidência e severidade da DBP ou na sobrevivência sem DBP para os RN submetidos a NIPPV versus NCPAP.No entanto, neste estudo não foram encontradas diferenças significativas em outros desfechos avaliados como enterocolite necrosante e o tempo para atingir a dieta plena foi o mesmo em ambos os grupos Os resultados do presente estudo sugerem que a VNPPI é plausível e segura e pode ter efeitos benéficos quando comparada ao CPAP, particularmente para RN com peso ao nascer superior a 1000g. Os autores sugerem estudos adicionais randomizados e controlados com poder adequado para determinar se a NIPPV nos RN <1000g como forma inicial de suporte (iniciado logo após o nascimento) ou após breve intubação e surfactante precoce pode afetar a DBP e desfechos a longo prazo. Preditores de falha do CPAPnasal precoce e efeitos de vários critérios de intubação na taxa de ventilação mecânica nos recém-nascidos pré-termos menores que 29 semanas de idade gestacional Autor(es): Fuchs, W, Lindner W et al. Apresentação: Giovanni de P. Uzuelli, Larissa Del Bianco, Morgana Lima Maia, Thiago Vilela Castro, Paulo R. Margotto Lactentes com sucesso no CPAP nasal precoce tiveram excelentes resultados com taxas baixas de hemorragia intraventricular e displasia broncopulmonar, logo, não se beneficiariam da intubação para oferta de surfactante profilático. No entanto, atraso da terapia com o surfactante pode ser ruim para os RN que falham no CPAPnasal. Assim, é importante poder identificar precocemente aqueles bebês que vão falhar no CPAP para evitar que usem futilmente CPAP prolongado Não há preditores clínicos adequados de fracasso CPAP nasal na admissão. Um limiar de FiO2 ≥0.35-0,45 em relação a ≥0,6 para intubação seletiva,pode reduzir o tempo até a oferta do surfactante em recém-nascidos com falha do CPAP nasal sem um aumento relevante na taxa de intubação. Abordagem inicial individualizada com CPAP nasal precoce, mas com uma rápida intubação e tratamento com surfactante em uma baixa FiO2 limite pode ser a melhor abordagem em prematuros de muito baixo peso . Falha do uso precoce da pressão positiva contínua nos pré-termos entre 26-30 semanas de gestação Autor(es): G Rocha, F Flor-de-Lima, E Proença, C Carvalho, C Quintas, T Martins, A Freitas, C Paz-Dias, A Silva e H Guimarães. Apresentação:Ana Paula Barreto, Ana Esther de Oliveira, Bernardo de Oliveira, Paulo R. Margotto Esse estudo foi planejado para identificar as variáveis associadas com a falha do uso de CPAP em recém-nascidos prematuros com menos de 30 semanas de idade gestacional. Foi considerado falha do CPAP quando os pacientes necessitaram de ventilação mecânica invasiva durante as primeiras 72 h de vida. Preditores de falha do uso de CPAP nasal precoce em prematuros 26-30 semanas de IG são: A necessidade de reanimação com uma fração inspirada de oxigênio >30%; Uma pressão de 6,4 ± 1,2 cm H2O; A necessidade de um fração inspirada de oxigênio de 40% nas 4 primeiras horas de vida; Sexo masculino, mantendo a necessidade de uma fração de oxigênio inspirada >25% nas 4 primeiras horas de vida; SDR com critérios de uso de surfactante (pacientes que necessitam de FiO2>40% e/ou PaCO2 arterial >65mmHg e pH < 7.20). Estes achados podem ser de auxílio para os clínicos na decisão de continuar ou suspender o uso de CPAP durante a transição respiratória dos pré-termos entre 26-30 semanas de gestação Então, Dr. Paulo R. Margotto ...........O presente estudo de Gustavo Rocha e cl mostra a todos nós variáveis que podem ser de auxílio na decisão da falha do CPAP nasal de início precoce nos RN de 26 a 30 semanas, como reanimação com FiO2>30%, sexo masculino com necessidade de aumento da FiO2, o não uso de esteróide pré-natal, pressão elevada Na metanálise da Cochrane (2012) sobre o Uso Profilático ou Seletivo de Surfactante nos pré-termos extremos, Soll comenta que o uso de surfactante profilático na Sala de Parto na época atual com alto percentual de uso de esteróide pré-natal, não tem mais espaço. O uso do CPAP nasal ao nascer é a melhor forma de fazermos a transição da vida intra para a extrauterina sem haver produção de citocinas proinflamatórias que podem levar a maior risco de lesão pulmonar,lesão cerebral. Por outro lado,como evidenciado por Fuchs e cl, não devemos usar o CPAP nasal fútil (havendo necessidade de aumento da FiO2 maior que 35-40-45%, (principalmente no RN sexo masculino e se não fez uso de esteróide pré-natal), estes RN deveriam ser intubados e receber surfactante e tão logo seja possível, extubados para o CPAP nasal. Polêmica! Ventilação nasal não é pressão positiva contínua nas vias aéreas com uma taxa, mas ventilação mecânica sem tubo Autor(es): Srinivasa Murthy Doreswamy, Prashanth Murthy VNI é mais semelhante à VMC do que se pensa CPAP é um modo gentil de suporte respiratório que melhora a CFR e torna mais eficiente o uso dos esforços dos bebês para respirar. Quando CPAP falha, indica a severidade da doença respiratória e pode ser um indicador de ventilação por pressão positiva. Em contraste, VNI bem sucedida dirige gás aos pulmões de forma semelhante à ventilação mecânica convencional (VMC). Como resultado, as unidades respiratórias imaturas são submetidas a semelhantes forças mecânicas, como na VMC, potencialmente levando a efeitos lesivos semelhantes. Uma desvantagem com a VNI é que entregas gás na nasofaringe mais do que na traquéia. Isto resulta respirações por pressão positiva inconsistentes e uma taxa de falha. Uma taxa de falha da VNI tão alta como 60% foi relatada em um estudo recente10. O tubo endotraqueal provê um seguro conduto e assim, VMC entrega respirações por pressão positiva consistentes. Persistindo com a VNI, como uma única intensão de evitar a intubação quando a doença pulmonar é severa, pode resultar em frequente atelectasia e aumento de atelectotrauma. É importante para os clínicos apreciar que VNI não é CPAP com uma taxa, mas ventilação por pressão positiva sem tubo. Se pensarmos em usar VNI ao invés de VMC e não CPAP, necessitamos de mais estudos comparando estes modos de ventilação por pressão positiva em relação a um importante resultado que é a displasia broncopulmonar, neurodesenvolvimento e morte. No presente momento não há estudos comparando VNI e CMV. Sentimos que o pêndulo oscilou muito longe para a VNI, com um pressuposto de que é “não invasiva” e assim menos prejudicial. Sentimos também que é hora de revisitar terminologias existentes confusas. Por exemplo, “driving pressure support” e “nondriving pressure support” seria mais fisiologicamente adequado do que os correntes termos de ventilação invasiva e não invasiva. Um ensaio comparando estratégias de ventilação não invasiva em prematuros (CPAP nasal versus ventilação positiva intermitente nasal) Autor(es): Haresh Kirpalani et al. Apresentação: Ana Karla Leite, Cristiane Von Borste, Nathalia Gasparini, Paulo R. Margotto Em RN prematuro de alto risco elegível para suporte respiratório não invasivo durante o primeiro mês de vida, o IPPV nasal não se mostrou superior ao uso de CPAP nasal, em relação à sobrevivência sem displasia broncopulmonar com idade gestacional pósconcepção de 36 semanas e nem nos vários desfechos secundários, incluindo a falha (ocorreu igualmente em ambas as estratégias). COMO FAZEMOS na Assistência Respiratória aos Recém-nascidos de 2532 semanas na Sala de Parto Assistência respiratória imediata aos recém-nascidos pré-termos (25-32 semanas): Uso do surfactante seletivo Equipe de Neonatologia do Hospital Regional da Asa Sul/SES/DF Surfactante seletivo nas primeiras 2 horas de vida 1-Normas de Reanimação-Academia Americana de Pediatria-2010 Para os RN <29 semanas (Sala de Parto a 26oC):todos os procedimentos de reanimação (ventilação com pressão positiva, intubação, a massagem cardíaca e a inserção de cateter vascular podem ser executados no paciente envolvido em saco plástico, com o objetivo de manter a temperatura axilar em aproximadamente 36,5oC). Deve ser evitada a hipertermia, pois agrava lesões cerebrais em RN asfixiados. Iniciar com FiO2 a 40% com oximetria de pulso. 2-Para os RN com respiração espontânea: CPAP nasal em selo d`agua: pressão de +5cmH2O;fluxo de 5 l/min; FiO2 de 40% 3-Solicitar a realização do Rx de tórax imediatamente. 4-SURFACTANTE: necessidade de aumento da FiO2 acima de 45% para manter PSaO2 (Saturação de Oxigênio) entre 88-93% ainda nas primeiras 2h de vida. Não aguardar resultado do Rx. - Intubação: -Inserir a cânula (2,5mm para RN <1000g) usando a regra 7-8-9 de Tochen (1979): peso +2. No entanto, para os RN <750g, introduzir 6 cm -iniciar ventilação com PIP de 20-25 cm de H2O e PEEP de 5 cm de H2O -Remover para a UTI Neonatal em incubadora de transporte aquecida 5-EXTUBAR (quando possível, dentro de 1 hora) se: drive respiratório; FiO2 <40% (para PSaO2 88-93%), MAP <7cmH2O, PaCO2 <60mmHg e pH>7,20, FR <15pm; PIP de 15cmH2O.*. *A gasometria para esta avaliação pode ser venosa ou arterial. 6-Para os RN que necessitam de INTUBAÇÃO IMEDIATA Proceder a intubação como estabelecida, com FiO2 de 45% e FAZER SURFACTANTE, não havendo a necessidade de esperar pelo RX de tórax. A extubação segue as normas já estabelecidas. Comentário final Paulo R. Margotto A ventilação não invasiva (ventilação por pressão positiva intermitente nasal) conhecida no nosso meio como VNI, nada mais é do que a aplicação de uma pressão positiva em um recém-nascido (RN) não intubado. A melhor forma de fazê-lo é através de cânulas binasais. Apesar de existirem mais dúvidas que evidências, as evidências nos orienta a usar a VNI na extubação, principalmente para os RN com peso abaixo de 1500g. Quando possível, usar a VNI de forma sincronizada, principalmente em frequências de 40/ipm, embora mais estudos sejam necessários para avaliar se estas maiores frequências não causam efeitos adversos. Para as frequências de 20 ou menos, parece que a ventilação e as trocas gasosas não diferem muito entre as modalidades. Sabemos as dificuldades em sincronizar estes RN em VNI. Os dados da literatura ainda não dão apoio ao uso da VNI como primeira escolha para o suporte respiratório. Os resultados do estudo de Meneses et al são animadores, principalmente quando a VNI é usada entre 24 e 72 horas e para os RN com peso ao nascer >1000g. O presente estudo de Li W et al, comparando o uso precoce da ventilação nasal por pressão positiva (VNI) versos CPA nasal não demonstrou diminuição da displasia broncopulmonar (distúrbio complexo e ma das mais importantes complicações da prematuridades, principalmente nos RN <30 semanas de idade gestacional) nos RN ≤30 semanas (e nem nos >30 semanas), como demonstrou metanálise de Meneses et al. O mesmo ocorreu com o tempo de hospitalização e ocorrências de outras complicações da prematuridade, como retinopatia da prematuridade, enterocolite necrosante, persistência do canal arterial e hemorragia intraventricular. Também não houve diferença entre os dias de oxigenação e a duração do suporte nasal entre ambos os grupos .No texto alguns resultados apresentados não conferiam com as respectivas figuras e aqui colocamos apenas as figuras que representavam os resultados descritos no texto. Assim, a grande indicação da VNI é para diminuir as taxas de falhas de extubação. Metanálise da Cochrane mostra uma diminuição da falha de extubação em 79%, necessitando colocar 3 RN na VNI para evitar uma falha de extubação. Usamos a VNI não sincronizada nos primeiros 3 dias após a extubação nos RN abaixo de 1500g, passando a seguir para o CPAP nasal e posteriormente Hood. O uso prolongado possivelmente poderia acarretar atraso na maturação da deglutição. Os parâmetros que usamos: frequência respiratória de 20 cmH2O, PEEP de +5cmH2O, Pressão inspiratória máxima de 2 cm a mais da que estava em ventilação convencional (VMC), fluxo:8 l/min, tempo inspiratório de 0,4 segundos, FiO2 a mesma da VMC. Todos os cuidados do RN no CPAP nasal também devem ocorrer com os RN em VNI, estando atendo aos escapes (boca aberta, deslocamento da pronga). OBRIGADO! Drs. Felipe, Paulo R. Margotto, Fernanda e Daniela