Cromossomos Sexuais - X e Y Determinação e Diferenciação Sexual Genética II Profa. Dra. Ana Elizabete Silva Cromossomo X Ross et al. (Nature, 2005) Estrutura funcional: • 5% genoma nuclear (160 Mb), • SUBMETACÊNTRICO • 99,3% da sequência eucromática do X •1098 genes codificantes 699 genes conhecidos • genes funcionais em ambos os sexos. Ohno (1967): cromossomos sexuais de mamíferos evoluiram de um par de autossomos (300 milhões anos) •Isolamento da região determinante do sexo no Y •barreira para recombinação entre X e Y: divergência acúmulo de mutações no Y e degeneração deleções http://www.learner.org/courses/biology/pdf/11_gender.pdf Consequência da Falta de Recombinação X-Y • Aquisição de genes específicos a masculinidade → envolvidos apenas na espermatogênese • Perda gradual de genes homólogos ligados ao X • Redução do Y → remoção de sequências redundantes • Mecanismo de conversão gênica → compensar a falta de recombinação X-Y • Infertilidade masculina → deleção esporádica ocasional de genes essenciais envolvidos na espermatogênese Inativação do X Fêmeas (46,XX) 2 cópias de cada gene ligado ao X Machos (46,XY) apenas 1 cópia desvantagem? Hipótese Lyon (1960) 1 cromossomo X em cada célula somática da mulher é inativado Compensação de Dose - estágio de blastocisto - contagem dos cromossomos X células 46,XY e 45,X nenhum X inativado. - células 46,XX e 47,XXY 1 X inativado. Corpúsculo de Barr ou Cromatina Sexual Cromossomo X inativo no núcleo interfásico. Cromatina Sexual - corpúsculo de Barr - machos hemizigotos e fêmeas funcionalmente hemizigotas. - escolha é ALEATÓRIA (exceto células das membranas extraembrionárias) é FIXADA (inativação do X paterno). Desvio da Inativação: Manifestação clínica variável em mulheres heterozigotas para doenças ligadas ao X desde absolutamente normal até totalmente afetada INATIVAÇÃO NÃO ALEATÓRIA DO X 1. Lyonização seletiva: inativação preferencial do X com deleção ou mutação 2. Lyonização negativa: inativação preferencial do X normal. Ex. t(X;A), 3. Mutação em XIST: alteração no processo aleatório 4. Células do tecido extra-embrionário: Apenas o X paterno é inativado Inativação não-aleatória expressividade variável de doenças ligadas ao X em mulheres heterozigotas Fêmea adulta: mosaico de clones derivados de diferentes células embrionárias. Machos e fêmeas homozigotas → pelagem preta ou laranja Fêmeas heterozigotas → pelagem malhada Mecanismos de inativação do X XIC (centro de inativação do X) em Xq13 locus controla a iniciação e a propagação (contagem e escolha) evento epigenético silenciamento transcricional de um dos cromossomos X em células somáticas - X sem o XIC não são inativados Anomalias estruturais do cromossomo X Deleções X(q) Região Xcen-q13 Isocromossomos Xp Região Crítica ausente. Centro de Inativação do X (XIC), sem a Região Crítica qual o cromossomo não pode formar o corpúsculo de Barr e permanece ativo. Mecanismos de inativação do X Genes que atuam na inativação do X: -XIST (Xist) X-Inactivation-Specific Transcript RNA de 17 kb codificado pelo X inativo atua sobre o cromossomo X inativado. -X inativo: o gene XIST é expressado (silenciamento dos genes ) -X ativo: gene XIST encontra-se inativo - Xce: contagem dos cromossomos X - Tsix: antisense de XIST bloqueador de XIST cromossomo X ativo ETAPAS DA INATIVAÇÃO DO X: 1. Iniciação: locus XIST sobre cada cromossomo X é expressado, de modo que a transcrição é interrompida em um dos crs. X, mas é mantida no outro X inativado (cromatina sexual). Regulação de XIST no X ativo regulado em cis por um gene antisense Tsix bloqueia o acúmulo e espalhamento de XIST no Xa Hipermetilação do DNA do Xi nas ilhas CpG (silenciamento) Metilação Metilação (enzima: DNA-metiltransferase) Genes constitutivos: regiões 5´ promotoras dinucleotídeos são silenciados C-G Ilhas CpG inativa a transcrição. ETAPAS DA INATIVAÇÃO DO X: 2. Espalhamento bidirecional passagem de alguns sinais a longa distância de uma maneira cis, sem afetar o outro cromossomo. 3. Manutenção da inativação -modificações na conformação da cromatina (hipoacetilação e metilação de histonas do nucleossomo do Xi) heterocromatina (cromatina compactada transcricionalmente inativa) replicação tardia a) antes da inativação: XIST é expresso em uma forma instável, fatores bloqueadores impedem a sua regulação (gene antisense TSIX) b) RNA XIST se estabiliza, há regulação transcricional ou ocorre liberação dos fatores b bloqueadores. c) espalhamento RNA XIST sobre o X antes da sua inativação. c d) modificações da cromatina: hipoacetilação e metilação das histonas, metilação dos promotores dos genes ligados ao X X inativo. d e) silenciamento transcricional dos genes devido ao espalhamento do RNA XIST e Obs.: no futuro Xa persistência de TSIX prevenindo a formação da cobertura de XIST sobre o Xa REATIVAÇÃO DO CROMOSSOMO X - Cromossomo X inativo é reativado nos ovócitos pouco antes da meiose. Genes que escapam da inativação: principalmente em Xp (PAR) STS - enzima esteróide sulfatase (ictiose). MIC2 STS ZFX MIC 2 A1S9T ZFX RPS4X A1S9T RPS4X VARIABILIDADE NA EXPRESSÃO DE GENES DO CROMOSSOMO X • Carrel & Willard (2005): estudo de 95% de genes do X em fibroblastos de 40 mulheres: • Mulheres expressam diferentes genes do Xi: heterogeneidade do nível de expressão entre as mulheres • Explicação para algumas diferenças comportamental e biológica entre mulheres e entre homens e mulheres 75% genes: submetidos a inativação 25% genes: escapam da inativação 15% genes (94) do Xi escapam da inativação (todas mulheres): diferindo nas regiões do X 10% genes: padrão variável de inativação entre as mulheres e expressados diferentemente em alguns Xi Distribuição não casual de genes que escapam da inativação ao longo do cromossomo X: principalmente Xp distal → aneuploidias de Xp mais severa que Xq Doenças ligadas ao X: reconhecidas pelo padrão de herança Associado com grande número de doenças: 10% das doenças mendelianas www.nature.com/news/2005 Cromossomo Y • acrocêntrico (70 Mb) •Gene ancestral Sox3 heterocromatina constitutiva (maior parte) • DNA não codificador, alta e moderadamente repetitivo → conversão gênica → recombinação com o próprio Y • pobre em genes (~251 genes) • maioria dos genes controlam a função sexual. • desaparecimento em 5-10 milhões de anos??? ESTRUTURA DO CROMOSSOMO Y 1- Região pseudo-autossômica maior (PAR1) • 5% do tamanho do Y -extremidade dos braços curtos do Y e X -Pareamento com o X - homologia de 2,7 Mb; - contém cerca de 12 genes não submetidos a inativação -frequência alta de recombinação na meiose masculina -sítio de crossing-over obrigatório Deleções dos fatores de azoospermia(Yq11): AZFa, AZFb e AZFc: infertilidade 2- Região pseudo-autossômica menor (PAR2): - 330 kb na extremidade dos braços longos do X e do Y (recombinação não obrigatória) - Alguns genes submetidos a inativação •Região eucromática do X: 6 x maior que do Y •Outras regiões de homologia Xp21.3 e Yq proximal região Yp-Xq região Yq-Xq Regiões homólogas de X e Y. Cromossomo Y determinação sexual em humanos - Eventos que evidenciam que o Y é responsável pela determinação do sexo masculino: a- indivíduos 45,X mulheres b- indivíduos 47,XXY; 48,XXXY ou 49,XXXXY homens Y garante o fenótipo masculino, independentemente do número de crs. X. c- indivíduos 46,X,iso(Yq) ou del(Yp) mulheres com fenótipo de S. Turner. Yp fatores determinantes do sexo masculino Gene SRY (Sex- determining region on the Y chromosome) diferentes análises genéticas: - localizado em Yp11.3 - gene determinante do sexo (TDF: fator determinante do testículo) SRY - presente e conservado em diferentes organismos - proteína sry: apenas em testículos -fator de transcrição regula expressão de outros genes SRY Estudos em camundongos transgênicos transferência do SRY clonado para um oócito fertilizado XX macho XX 33.17 33.13 33.17 XY-m 33.09 XX-F 33.13 XX- m SRY controle ZFY Animais transgênicos para o gene SRY: 33.17 macho XY e 33.13 macho XX Estudos em Homens 46,XX – Sexo Reverso •avaliação cromossômica em homens 46,XX cromossomo X com o gene SRY •mutações em SRY crossing defeituoso. - cariótipo 46,XY - fenótipo feminino Crossing durante a meiose masculina Avaliação cromossômica em homens 46,XX SRY: DETERMINAÇÃO DO SEXO MASCULINO SEXO REVERSO HOMENS XX: Fenotipicamente homens (testículos) Alguns casos genitália ambigua apresentam o gene SRY (80% casos); são inférteis; aspecto fenotípico da S. Klinefelter, mas com estatura mais baixa; maioria dos casos parte de Yp foi permutado em Xp MULHERES XY: ausência de SRY no cromossomo Y; mecanismo genético: recombinação desigual durante a espermatogênese, entre os cromossomos X e Y;. FREQUÊNCIA= 1:20.000 DETERMINAÇÃO E DIFERENCIAÇÃO SEXUAL DETERMINAÇÃO E DIFERENCIAÇÃO SEXUAL • Determinação Gonadal: • relacionada com o desenvolvimento das gônadas (testículo ou ovário) • processo que inicia-se com a gametogênese dos progenitores até a diferenciação gonadal específica de cada sexo • Diferenciação Sexual: • Resulta no desenvolvimento das genitálias até o desenvolvimento das características sexuais secundárias É MENINO OU MENINA? 1 em 3000 crianças nasce com intersexo CLASSIFICAÇÃO DOS NÍVEIS SEXUAIS SEXO GENÉTICO SEXO GONADAL CROMOSSÔMICO SEXO GENITAL INTERNO SEXO ENDÓCRINO SEXO CEREBRAL SEXO PSICOLÓGICO SEXO GENITAL EXTERNO http://deza7.blogs.sapo.pt/arquivo/masc%20fem.JPG CLASSIFICAÇÃO DOS NÍVEIS SEXUAIS Caracteres sexuais secundários e alterações pubertárias: -mulheres: pêlos axilares e púbicos, seios, menstruação, etc -homens: pêlos axilares e púbicos, barba, alteração da voz, etc DETERMINAÇÃO E DIFERENCIAÇÃO SEXUAL •Embrião (6a. - 7a. Semana): gônadas bissexuais Diferenciação sexual: completa ~12-14 semanas (medula) (Córtex) •Células de Leydig (8a. semana): testosterona Ductos de Wolff (condutos deferentes, epidídimo, vesícula seminal e ductos ejaculatórios) •Células de Sertoli (8-12a.semana) HAM (hormônio anti-mulleriano) regressão dos Ductos de Muller trompas, útero, porção superior da vagina (expresso na crista genital) regulador do gene HAM (anti-mulleriano) Tumor de Wilms (desenvolvimento renal e gônada) diferenciação ovariana CLASSIFICAÇÃO DAS ANORMALIDADES DA DIFERENCIAÇÃO SEXUAL 1-Disgenesia gonadal (erros no sexo gonadal) • S. Turner e S. Klinefelter • Disgenesia gonadal pura (S. Swyer) • Disgenesia gonadal mista • Hermafroditismo verdadeiro • Sexo reverso ou homem XX HERMAFRODITISMO • Presença de tecido ovariano e testicular, genitália ambígua • maioria dos casos: ovotestis (uni ou bilateral) • cariótipo típico (60%): 46,XX (SRY-) • pequena porcentagem: quimeras (13%) (células XX e XY de diferentes zigotos); 12% 46,XY • 2/3 casos: genitália externa masculina • rara presença de espermatozóides • Presença de útero e menstruação HERMAFRODITISMO • Características: • frequentemente presença de útero • condutos genitais conforme gônadas presentes • genitália externa ambígua ou masculinizada, hipospadia, criptorquidia • hérnia inguinal (ovotestis ou testículo) • ginecomastia na puberdade • menstruação em alguns casos • caracteres sexuais secundários femininos incompletos CLASSIFICAÇÃO DAS ANORMALIDADES DA DIFERENCIAÇÃO SEXUAL 2- Pseudo-hermafroditismo feminino • Hiperplasia congênita da adrenal (AR) -deficiência da 21-hidroxilase -deficiência da 21-hidroxilase com perda de sal 3- Pseudo-hermafroditismo masculino • Deficiência de produção de testosterona • Defeito do metabolismo dos andrógenos Ex. S. de insensibilidade completa aos andrógenos (S. feminização testicular) PSEUDO-HERMAFRODITISMO FEMININO • • • • Incidência: 1:5000 nascimentos Gônadas: ovários cariótipo feminino: 46,XX genitália interna feminina: ovários, útero e trompas de Falópio • genitália externa masculinizada em grau variável (ou ambígua) virilização da genitália na vida fetal • Ex. Hiperplasia congênita da adrenal (AR) -biossíntese do cortisol: superprodução de esteróides com atividade androgênica (deficiência da 21--hidroxilase) PSEUDO-HERMAFRODITISMO MASCULINO • • • • • • • • Incidência: 1:65.000 sexo masculino Gônadas: testículos (testosterona normal) cariótipo masculino: 46,XY fenotipicamente mulheres (mamas, amenorréia primária, ausência dos derivados de Müller) anomalias das gônadas e condutos genitais genitália externa alterada: feminilizada ou ambígua (vagina em fundo cego) Ex. S. da insensibilidade androgênica completa (S. de feminização testicular) herança recessiva ligada ao X: ausência ou defeito da função de receptores andrôgenicos nos órgãos alvo