Políticas de Combate à Pobreza e à Desigualdade e a Saúde Rômulo Paes Secretário de Avaliação e Gestão da informação Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome SAGI/MDS Rio de Janeiro, 04 de setembro de 2006 O conceito ampliado de Saúde Constituição Federal Art. 196. “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.” O conceito ampliado de Saúde Lei 8.080 Art. 3º “A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais; os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do País.” “Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que, por força do disposto no artigo anterior, se destinam a garantir às pessoas e à coletividade condições de bemestar físico, mental e social.” Nível Sócio Econômico e DSS É amplamente reconhecida pela literatura a associação entre os padrões epidemiológicos de morbidade e mortalidade e o nível sócio econômico dos indivíduos, grupos e populações. Nesse sentido, as políticas sociais, juntamente com as políticas econômicas, constituem varáveis distais que exercem efeito sobre a saúde. As Políticas Sociais Re-emergência do tema pobreza e sua relação com o desenvolvimento Ações governamentais efetivas e de largo alcance no enfrentamento da fome, da pobreza e da desigualdade Repercussões sobre a proteção e promoção da saúde, com efeitos positivos sobre DSS As Políticas Sociais Ampliação de direitos sociais Aumento do investimento em políticas sociais Maior percepção dessas políticas: mídia, formadores de opinião e população em geral Legitmação dos investimentos Alguns Exemplos Importantes Expansão da ações de transferência de renda (PBF, BPC, PETI) Afirmação da Assistência Social como Direito Social e organização da Rede de oferta de serviços de assistência social (SUAS) Apoio à Agricultura Familiar (PRONAF e PAA) Fortalecimento do financiamento do PNAE (Prog. Merenda Escolar) Fortalecimento das Política de Educação (FUNDEB e PROUNI) Ampliação do acesso a serviços de infra-estrutura (Luz para Todos) Acesso à água no Semi-árido (Construção de Cisternas) Recuperação do valor do Salário Mínimo Marco lógico: pobreza e acesso aos programas do MDS Assistência social Atenção plena PROTEÇÃO SOCIAL Assistência social Atenção parcial Transferência de renda Incentivo a re-inserção produtiva DESENVOLVIMENTO SOCIAL Manutenção e fortalecimento da atividade produtiva rural Relaxamento do Orçamento Familiar Alterações de médio e longo prazo Transferência de Renda C Serviços de educação e saúde Promoção de Uso dos Serviços Serviços de Proteção Social e Assistencial Alterações de curto prazo e médio prazo Evolução Recente dos Indicadores Nacionais Educação Indicadores 1999 2004 Percentual de pessoas que não freqüentavam escola na população de 5 a 17 anos de idade 12,0% 8,7% Taxa de Analfabetismo das pessoas de 10 anos ou mais de idade 12,3% 10,4% Percentual de pessoas com 11 anos ou mais de estudo na população de 10 anos ou mais de idade 19,0% 26,3% 5,8 6,6 Número médio de anos de estudo das pessoas de 10 anos ou mais de idade Fonte: PNAD – IBGE (2004) Infra-Estrutura 1999 2004 Percentual de domicílios com rede de abastecimento de água 79,8% 83,2% Percentual de domicílios com esgotamento sanitário adequado 64,7% 69,6% 80% 85,8% Percentual de domicílios com iluminação elétrica 94,8% 97,4% Percentual de domicílios com telefone 37,6% 66,1% Indicadores Percentual de domicílios com coleta de lixo Fonte: PNAD – IBGE (2004) Queda da pobreza e da desigualdade no período 2001-2004: Aumento da renda dos muito pobres; 70% da população teve aumento de rendimentos familiares; A renda média dos 20% mais pobres cresceu 5% a.a., a despeito da queda na renda média total (0,9%) Fonte: SOARES,F.V., SOARES,S., MEDEIROS, M. e OSÓRIO, R. (mimeo, 2006) e BARROS, et al TD n° 1201 Brasília: IPEA,2006 No período 2001-2004: 2001 2004 Taxa de queda (2001-2004) Índice Gini 0,593 0,569 4% Índice Theil-T 0,719 0,656 9% Fonte: BARROS, et al TD n° 1201 Brasília: IPEA, 2006 Evolução do Percentual de Pobres e Indigentes – 1981-2004 Exemplos de resultados obtidos pelos Programas Sociais no combate à fome, à pobreza e à desigualdade Cobertura1 do Bolsa Família (%), Brasil, Outubro-2003 1,2 milhões de Famílias Beneficiárias Fonte: MDS/SAGI e IPEA, Nota: (1) Cobertura = Número de famílias beneficiárias em Out/2003, dividido pelo número estimado de famílias pobres Cobertura1 do Bolsa Família (%), Brasil, Dezembro-2005 8,7 milhões de Famílias Beneficiárias Fonte: MDS/SAGI e IPEA, Nota: (1) Cobertura = Número de famílias beneficiárias em Dez/2005, dividido pelo número estimado de famílias pobres Cobertura1 do Bolsa Família (%), Brasil, Julho-2006 11,1 milhões de Famílias Beneficiárias Fonte: MDS/SAGI e IPEA, Nota: (1) Cobertura = Número de famílias beneficiárias em Jul/2006, dividido pelo número estimado de famílias pobres BPC – Benefício de Prestação Continuada Direito garantido pela CF de 1988 e implementado em 1996; •Benefício de 01 (um) salário mínimo mensal; •PÚBLICO-ALVO: • Pessoas com deficiência incapacitadas para o trabalho e para a vida independente •Idosos com 65 anos ou mais •Ambos com renda familiar per capita inferior a ¼ do salário mínimo •Revisão de critérios de concessão previstas para cada 2 anos; •GESTÃO: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome •OPERACIONALIZAÇÃO: Instituto Nacional do Seguro Social Evolução BPC - Brasil, 2003-2006 dez/2003 PCD dez/2004 dez/2005 jul/2006 1.036.365 1.127.849 1.211.761 1.260.155 664.875 933.164 1.065.604 1.138.004 Total 1.701.240 2.061.013 2.277.365 2.398.159 PCD R$ 2.790.381.784 R$ 3.300.027.494 R$ 4.054.094.729 R$ 2.868.236.304 R$ 1.742.839.724 R$ 2.514.255.524 R$ 3.469.766.715 R$ 2.559.277.246 R$ 4.533.221.508 R$ 5.814.283.018 R$ 7.523.861.444 R$ 5.427.513.551 Beneficiários Idosos Recursos Acumulados Idosos ($) Total Evolução BPC - Brasil, 2003-2006 2.500.000 Pessoas com Deficiência Idosos Total 2.000.000 1.500.000 1.000.000 500.000 dez/2003 dez/2004 dez/2005 jul/2006 Contribuição dos programas de transferência de renda do MDS na queda da desigualdade de renda 2001-2004 As transferências do Bolsa Família e BPC são responsáveis por 23% da queda da desigualdade no período: Bolsa BPC Família – 14% – 9% Fonte: SOARES,F.V., SOARES,S., MEDEIROS, M. e OSÓRIO, R. (mimeo, 2006) e BARROS, et al TD n° 1201 Brasília: IPEA,2006 Evolução Orçamento MDS - 2003 a 2006 25 20 R$ - Bilhões 21,2 15 17,5 10 14 11,4 5 0 2003 Fonte: MDS 2004 2005 2006 Chamada Nutricional para Crianças de 0 a 5 Anos de Idade • Avaliação da situação nutricional das crianças menores de cinco anos de populações que vivem no Semi-árido e nos assentamentos do NE e Norte de MG vacinadas em 20 de agosto de 2005 (2ª etapa da Campanha Nacional de Vacinação) • Amostra do semi-árido: 17.587 crianças menores de cinco anos de idade em 277 municípios; • Amostra de assentamento rurais: 1.428 crianças menores de cinco anos de idade em 77 assentamentos de 40 municípios. Distribuição (%) por número de refeições no domicílio Crianças menores de 5 anos do semi-árido brasileiro, 2005 Menos de 3 7,2% 3 ou mais refeições por dia 92,8% Fonte: Inquérito “Chamada Nutricional” – MDS/MS 2005 Desnutrição crônica entre crianças menores de 5 anos, por faixa de idade, segundo participação no Programa Bolsa Família Semi-árido brasileiro, 2005 NÃO BENEFICIÁRIOS % 10 BENEFICIÁRIOS 8,5 8 5,3 6 4 6,1 2,5 2,4 6,2 4,6 2 2 0 <6 6-11 12-35 IDADE EM MESES Fonte: Inquérito “Chamada Nutricional” – MDS/MS 2006 36-59 A participação no PBF reduz o risco de desnutrição crônica em todas as faixas etárias O maior benefício ocorre para as crianças de 6 a 11 meses: redução do risco de 62,1% Resultado de grande importância, pois déficits de crescimento nessa etapa são irreversíveis. Fonte: Inquérito “Chamada Nutricional” – MDS/MS 2006 Pesquisa Domiciliar DataUFF/Ufba/MDS com beneficiários PBF 85,6% das famílias consideram que a alimentação da família melhorou ou melhorou muito; 73,3% das famílias dos beneficiários relataram que a variedade dos alimentos da dieta melhorou muito; 26,7% atestam que a dieta melhorou (satisfação de 100%) 54,7% das famílias consideram que a quantidade de alimentos consumidos é boa ou muito boa; 41,0% a consideram regular Entre os beneficiários do PBF, 3 ou mais refeições por dia são feitas por: 94,2% das crianças menores de 5 anos 85% dos jovens e adultos Indução do Desenvolvimento Econômico Local Em municípios de menor porte populacional, com maior proporção de população rural, com baixo IDH-M e atividade produtiva predominantemente primária a importância relativa dos recursos transferidos pelo PBF é maior; Os resultados são mais expressivos para os municípios da região Nordeste; Exemplo: Em Pedra Branca (CE), município com 40.742 habitantes, os recursos transferidos pelo PBF representam 43% da renda disponível, 113% dos recursos do SUS, 311% do ICMS e 54% do FPM. Fonte: MARQUES, R. M. A importância do Bolsa Família nos municípios brasileiros. Brasília: MDS, 2005. Distribuição de Cisternas MDS por Município - Brasil, Janeiro - 2005 Número de Cisternas Construídas 35.982 Fonte: MI Social Distribuição de Cisternas MDS por Município - Brasil, Abril - 2006 Número de Cisternas Construídas 146.357 Fonte: MI Social Efeitos esperados no médio e longo prazos Muitas das políticas e ações desenvolvidas tendem a reduzir, no médio prazo e longo prazos, a pobreza e a desigualdade no país, considerando estas não apenas em sua dimensão econômica/monetária. Melhoria do nível educacional da população pobre Incentivo à utilização de serviços de Saúde, Educação e Assistência Social Ampliação do acesso a serviços básicos, tais como energia elétrica e água potável Ampliação do acesso à alimentação Desenvolvimento rural Relaxamento do orçamento familiar Crescimento de renda Mudança do padrão nutricional t1 t 2a Condicionalidades Mudanças t 2b t0 Serviços de assistência t3 social Inclusão econômica Legenda t = tempo Intervenções econômicas t4 Desafios Aceleração do crescimento econômico em padrão não concentrador Manter a expansão das ações e serviços de proteção social, na perspectiva de direitos sociais Aprimorar a qualidade dos serviços sociais, especialmente em áreas como saúde, educação e assistência social.