O uso de textos literários nas aulas
de Inglês como língua estrangeira:
por que não?
Natália Fernandes Galeno
Monografia apresentada ao curso de Letras –
Português/Inglês
Contextualização da pesquisa:

Cursei uma disciplina intitulada “O ensino da
Língua Inglesa através da Literatura” na UFSJ,
universidade da qual vim transferida;

A intrínseca relação entre Língua e Literatura;

Situação atual do ensino de língua inglesa (LI)
nas escolas brasileiras – PCN, pesquisas e
questionário;
Metodologia adotada
Aplicação de um pequeno questionário entre
oito professores de língua inglesa do Rio de
Janeiro;
 Hipóteses iniciais:

◦ a literatura ainda é pouco utilizada nas aulas de
língua inglesa;
◦ O ensino da LI se dá de forma descontextualizada;
◦ Não há o trabalho integrada das habilidades
comunicativas em sala de aula;
Questionário aplicado
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Nas aulas é possível trabalhar as quatro
habilidades da língua: listening, reading, writing
e speaking?
Você utiliza ou já utilizou textos literários nas
aulas de LI?
Se sim, de que forma? Se não, por quais
motivos?
Você percebe motivação por parte dos alunos
com esse tipo de atividade?
Qual (is) habilidade (s) você acredita que
pode(m) ser trabalhada (s) com os textos
literários?
Análise do questionário


Apesar de ter sido aplicado em um reduzido
corpus, nossas hipóteses iniciais foram
confirmadas.
Fala dos professores:
◦ “não nos ensinam uma metodologia para isso, sendo
difícil tirarmos do nada uma que seja eficiente.”
◦ “... o inglês como algo distante de sua realidade, que não
faz parte de seu mundo. Então para que aprender?”
◦ “os alunos não gostam das aulas de inglês [...] Não tem
porque perder tempo elaborando novas atividades.”
Outras pesquisas


“São raras as oportunidades que o aluno tem para ouvir e falar a
língua estrangeira. Assim, com certa razão, alunos e professores
desmotivam-se, posto que o estudo abstrato do sistema
sintático ou morfológico de um idioma estrangeiro pouco
interesse é capaz de despertar, pois torna-se difícil relacionar tal
tipo de aprendizagem com outras disciplinas do currículo, ou
mesmo estabelecer a sua função num mundo globalizado.” (PCN,
1998, p. 28)
“Deve-se considerar também o fato de que as condições na sala
de aula da maioria das escolas brasileiras (carga horária
reduzida, classes superlotadas, pouco domínio das habilidades
orais por parte da maioria dos professores, material didático
reduzido a giz e livro didático etc.) podem inviabilizar o ensino
das quatro habilidades comunicativas.” (ibidem, p. 21)


“[...] julgamentos por parte dos professores em relação aos
alunos que parecem sintomáticos do inconsciente/consciente
dos docentes de língua estrangeira (LEs) das escolas públicas,
[...] onde esses julgamentos (mitos) são oriundos de uma falta
de reflexão maior sobre o processo de ensino/aprendizagem de
LEs, instrumentada por uma compreensão teórica e empírica do
fenômeno lingüístico como processo.” (LOPES, 1996, p. 64)
[...] centrando-se no verbo to be (um dado que apareceu em um
grande número de depoimentos, onde sobressaíram-se
observações de caráter comparativo – depreciativo – às aulas de
inglês que os alunos costumam ter ou tiveram anteriormente)
denunciando que nesse contexto o ensino reducionista “das
partes” [...] continua prevalecendo e fomentando à
caracterização de inglês como disciplina-problema, já que em
sete anos de ensino de inglês no ensino fundamental e médio
esses alunos continuam a afirmar que “nada” sabem de inglês.
(UECHI, 2006, p. 54)
Língua, Literatura e Cultura

Literatura: manifestação artística, cuja ferramenta
de expressão é a linguagem, através da qual se
constroi uma ideologia permeada pelos valores
sociais, pelas aspirações humanas e pela ótica do
artista.

Cultura: antropologia moderna – sistema cognitivo
construído através de sistemas elaborados por
membros de uma comunidade, concernentes à sua
própria realidade, seu próprio universo. (KESSING,
1971). “Modo de vida” (BROWN, 2007).

A língua é parte da cultura, e a cultura é parte da
língua. (Brown)

A literatura está entre “os gêneros secundários do
discurso – o romance, o teatro, o discurso científico, o
discurso ideológico, etc. – aparecem em
circunstâncias de uma comunicação cultural, mais
complexa e mais evoluída, principalmente escrita:
artística, científica, sociopolítica.” (BAKHTIN, 2000,
p. 281.)
Língua X Cultura X Literatura
O ensino da Língua Inglesa
“[...] a preferência pelo inglês está obviamente relacionada à
importância inegável do inglês como uma língua internacional, o
que se deve ao poder econômico da Inglaterra e dos Estados Unidos
na primeira e segunda metades do século XX, respectivamente, e à
penetração do inglês como a língua do novo imperialista (Estados
Unidos) no Brasil neste século.” (LOPES, 1996, p. 129.)
 A descontextualização do ensino da língua inglesa nas salas de aula:
a língua é ensinada de forma mecanizada e não articulada com a
sua cultura.
 “[...] integradas à área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, as
Línguas Estrangeiras assumem a condição de serem parte
indissolúvel do conjunto de conhecimentos essenciais que
permitem ao estudante aproximar-se de várias culturas e,
consequentemente, propiciam sua integração num mundo
globalizado.” (PCN, p. 25)


As vantagens do uso dos textos
literários
“[...] modificação na maneira de se usar o texto literário, como um
recurso de aprendizado de língua ao invés de um objeto de estudo
específico. [...] existe a idéia de tornar textos literários mais acessíveis,
e usá-los em atividades que promovam o aprendizado da língua, numa
tentativa de desenvolver e estender a competência lingüística, ao
mesmo tempo em que ajude o aprendiz a compreender e apreciar
textos literários.” (TOLENTINO, 1996: p. 177-178)
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Autenticidade de material;
Enriquecimento cultural;
Enriquecimento linguístico;
Envolvimento pessoal;
Caráter motivacional;
Integração das quatro habilidades comunicativas.
As desvantagens do uso dos textos
literários
“Todas as propostas apontam para as circunstâncias difíceis em que se
dá o ensino e aprendizagem de Língua Estrangeira: falta de materiais
adequados, classes excessivamente numerosas, número reduzido de
aulas por semana, tempo insuficiente dedicado à matéria no currículo e
ausência de ações formativas contínuas junto ao corpo docente.” (PCN,
2000, p. 24)
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A linguagem rebuscada da maioria dos textos;
Perda significativa nas adaptações e versões;
Extensão do texto versus tempo de aula;
Valores culturais presentes no texto;
Irrelevância da literatura para os alunos das áreas de
ciência e tecnologia;
Mudança de foco no objeto de estudo: língua  literatura.
As desvantagens: como vencê-las
“Eu sou, em princípio, a favor da inclusão da literatura nos cursos, não apenas como
uma rica fonte da língua, mas também devido a seu intrínseco valor educacional e
estético, e sua contribuição à motivação e divertimento. Os problemas com a
extensão, dificuldade e conteúdo estrangeiro são de fato reais: tento resolvê-los
selecionando cuidadosamente os textos ou, ocasionalmente, usando apenas uma
parte de um texto longo. Em alguns casos, uso versões simplificadas ou abreviadas,
apesar da baixa “diluída” qualidade, se eu penso que o suficiente do valor literário da
versão original está preservado, e que valerá a pena meus estudantes aprenderem
com elas.” (UR, 1991, p. 201)
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Seleção criteriosa dos textos, segundo o nível dos estudantes;
Manter o foco na língua, e não na literatura;
Considerar a relevância do texto para a vida dos alunos;
Evitar textos muito marcados por arcaísmos, neologismos etc;
Atividades pré-leitura para ajudar na compreensão do contexto
cultural;
Trabalhar com predições, comparações culturais, explicações etc;
Explorar as diversas atividades a serem desenvolvidas com os textos
literários, tornando as aulas motivantes.
Análise de exercícios
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Análise de algumas atividades propostas por autores como
TOLENTINO (1996) e LAZAR (2009), e propostas em pesquisas como a
de CORCHS (2006).
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TOLENTINO:
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Pares adjacentes (diálogos);
Inferência;
Coesão e coerência;
Estruturação das frases.
LAZAR:
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

Inferência;
Integração das quatro habilidades comunicativas;
Motivação : alunos como autores da estória;
Interação (discussão em sala de aula);
Relevância pessoal, conhecimento de mundo;
Análise de exercícios
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CORCHS:
 Conhecimento de mundo;
 Integração das habilidades comunicativas;
 Interação e motivação;
 Enriquecimento cultural.
 OBJETIVO: Relacionar a teoria com a prática, através das atividades
propostas através de textos literários (poemas, contos, partes de
narrativas, romances, etc)
 CONCLUSÃO: Há, ainda, poucos livros que proponham atividades
com a literatura diferentes da compreensão textual.
Conclusão
Relevância dos textos literários no ensino de ILE,
apesar das possíveis dificuldades;
Literatura como instrumento – seleção criteriosa.
Importância da apresentação dessa possibilidade
aos futuros professores (nas Universidades) – por
que não?
Literatura: possibilidade de contextualização,
motivação e interação no ensino de ILE.
“A aprendizagem de Língua Estrangeira [...] não é só
um exercício intelectual em aprendizagem de formas
e estruturas linguísticas em um código diferente; é,
sim, uma experiência de vida, pois amplia as
possibilidades de se agir discursivamente no mundo.
O papel educacional de Língua Estrangeira é
importante, desse modo, para o desenvolvimento
integral do indivíduo, devendo seu ensino
proporcionar ao aluno essa nova experiência de vida.
Experiência que deveria significar uma abertura para
o mundo, tanto o mundo próximo, fora de si mesmo,
quanto o mundo distante, em outras culturas. Assim,
contribui-se para a construção, e para o cultivo pelo
aluno, de uma competência não só no uso de línguas
estrangeiras, mas também na compreensão de outras
culturas.” (PCN, 1998, p. 38)
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