Dificuldades para a integração de
conhecimentos nas Ciências Humanas
 Ainda prevalece a visão fragmentada de áreas de conhecimento;
 Preocupação com carga horária;
 Relação de poder e hierarquização dos conteúdos;
 Culpabilização do sistema pela não integração das áreas;
 Pouco tempo previsto para planejamento das atividades de ensino e de
integração entre as áreas;
 Capacitações impostas (de cima para baixo);
 Visão conteudista promove a naturalização de conceitos e de aspectos da
vida cotidiana (aceitação com naturalidade da aceleração do ritmo de
vida).
Quais as contribuições das Ciências
Humanas para os profissionais da educação e
para os estudantes?
 Compreensão histórica dos conhecimentos e vínculo com a realidade;
 As Ciências Humanas podem contribuir para a compreensão de conjunto




dos componentes curriculares e com isso promover a aproximação destes
com questões da realidade;
Permite que o grupo estabeleça suas estratégias de trabalho de modo a
expressar e fortalecer suas características e identidade;
O professor como mediador do processo de aprendizagem;
Capacitação “entre os pares”;
A metodologia “desnaturalização, estranhamento e sensibilização”
favorece a integração das áreas;
Quais as contribuições das Ciências Humanas
para os profissionais da educação e para os
estudantes?
 Horizontalização e verticalização do conhecimento: ampliação e
aprofundamento do conhecimento favorecerá o diálogo entre as áreas;
 Permite promover maior atenção às questões conceituais;
 A pesquisa como princípio pedagógico, dando atenção ao planejamento e
aos registros das ações desenvolvidas;
 A metodologia como elemento de suma importância para a integração
entre teoria e prática;
Questão motivadora: a interdisciplinaridade é
uma questão realmente essencial ou é só
urgente?
 Neste contexto a busca pela interdisciplinaridade é uma reação a uma




constatação epocal: vivemos num mundo de fragmentação, de saberes
desconectados;
A busca da prática interdisciplinar é uma espécie de uma reação a uma
crise, a crise da fragmentação e da especialização; mas a fragmentação é
ela mesma um sintoma de uma crise muito mais profunda e radical;
Essa crise não surgiu do nada, é resultado de uma longa história;
Ela se constitui como uma aposta ou mesmo uma resposta frente a
fragmentação desenfreada dos saberes atuais;
Precisamos explicitar melhor conceitualmente que tipo de concepção ou,
que tipo de interdisciplinaridade estamos buscando sob o risco de
incorrermos em um discurso retórico.
 O discurso recorrente de uma prática interdisciplinar pode





esconder armadilhas fatais que irão produzir novas fragmentações
no seio dos saberes escolares;
Posso articular uma prática supostamente interdisciplinar nas
Ciências da Natureza e mesmo assim continuar com a concepção de
fragmentação vigente.
Ex:
Uma
abordagem
fragmentada
que
recorre
à
interdisciplinaridade.
Química: preocupação em explicar os componentes contitutivos
(H2O → moléculas de H + O);
Física: recurso físico imprescindível na produção de energia (usina
hidrelétrica), fenômeno responsável pela produção da chuva (cargas
elétricas de natureza distinta encontrando-se para produzir um
novo fenômeno);
Biologia: elemento crucial para a manutenção da vida dos seres
vivos, degradação desse recurso natural mediante a ação humana
(lixo, desmatamento, aquecimento global etc.)
 Nos





exemplos
acima
temos
práticas
supostamente
“interdisciplinares” que contemplaram os componentes curriculares
das Ciências da Natureza alinhando-os em torno de um núcleo
comum;
Contudo, aqui reside um tipo de discurso retórico que sob o
pretexto da interdisciplinaridade reproduziu-se novamente a
mesma fragmentação de antes;
Alinhou-se nesse caso em torno de um núcleo comum que perpassa
todos os respectivos componentes e os absolutizou no interior desse
mesmo componente;
Uma barreira foi erigida com os outros componentes curriculares;
Neste caso a interdisciplinaridade resolveria aparentemente
problemas particulares de cada componente;
É suficiente uma tal abordagem? Acredito que não.
NICOLESCU. Basarab. Manifesto da
Transdisciplinaridade. Tradução de Lucia Pereira de Souza. São
Paulo: Triom, 1999.
Problematizando:
 Contribuições da Filosofia para essa discussão:
 O projeto de interdisciplinaridade tal como tem sido pensado, apresenta
uma retórica de restauração de uma visão de conjunto, de uma totalidade,
enfim de uma organicidade;
 Esse desejo de totalidade reflete uma nostalgia de um “real” estático e
seguro, que sirva de parâmetro para nossas escolhas e ações;
 Em diversos textos e documentos constata-se a retórica do orgânico, do
organismo e da totalidade como essa dos PCNs: “A consequência de uma
opção pela interdisciplinaridade deve ser, portanto, a formação de
cidadãos dotados de uma visão de conjunto que lhe permita, de um lado,
integrar os elementos da cultura, apropriados como fragmentos
desconexos, numa identidade autônoma e, de outro, agir
responsavelmente tanto em relação à natureza quanto em relação à
sociedade”. (p. 340)
Da interdisciplinaridade para a
transdisciplinaridade
 Será que a saída para o impasse estaria então na transdisciplinaridade?
 A ideia de uma transdisciplinaridade parece menos comprometida com o
desejo de reconstituição da totalidade do que a de interdisciplinaridade;
 Confusões que o conceito pode provocar (prefixos latinos inter:
intermediário e trans: mudar de estado, ultrapassar → transmudar,
transfigurar);
 Na maioria das vezes estes prefixos são usados como sinônimos o que acaba
acarretando uma grande confusão linguística, pois estão nomeando coisas
diferentes. (inter-, trans-, multi-, pluri-...)
 Disciplinar: trata-se do saber específico (disciplina diz tanto saber como
ordem); é uma maneira de organizar e delimitar um território de trabalho, de
concentrar a pesquisa e as experiências dentro de um único ângulo de
visão...
 Multi- ou pluridisciplinar: estudo de um objeto por várias disciplinas, não
há conexão entre elas a não ser o objeto em comum...
 Interdisciplinar: interação entre duas ou mais disciplinas, transferências
de métodos de um por outra (Ex: associação da biologia com a física →
biofísica ou a biologia com a ética → bioética; astronomia com a física →
astrofísica etc...). Tendência forte pela totalidade, pelo universal. A prática
interdisciplinar tende a reafirmar o poder da disciplina;
 Transdisciplinar: entre, através e além de qualquer disciplina, a prática
transdisciplinar supõe não a totalidade, mas a complexidade, a diversidade e
a pluralidade intrínseca a realidade... Trata-se muito mais de uma atitude do
que uma disciplina específica.
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Caderno II – Ciências Humanas