Clube de Revista Internato em Pediatria - ESCS 15 de janeiro de 2007 Paula Veloso Aquino 01/0063 Orientador: Dr. Paulo R. Margotto www.paulomargotto.com.br Artigo Original: Eritromicina e intolerância alimentar em RNs prematuros: um estudo randomizado Consultem artigo original! Erythromycin and feeding intolerance in premature infants: a randomized trial. Aly H, Abdel-Hady H, Khashaba M, El-Badry N. J Perinatol. 2007 Jan;27(1):39-43. Epub 2006 Oct 12. Introdução RNs prematuros freqüentemente sofrem de intolerância alimentar e são expostos a alimentação por via nasoduodenal e parenteral por longo tempo. Alimentação intravenosa prolongada pode apresentar riscos para os RNs como: disfunção hepática e infecção da corrente sangüínea O estabelecimento da nutrição enteral é portanto um marco importante na condução dos prematuros. Introdução Como a intolerância alimentar em RNs é principalmente funcional: ↑ Uso de drogas pró-cinéticas Entretanto: Número de agentes procinéticos disponíveis é limitado e dados envolvendo segurança e eficácia em pacientes pediátricos são escassos. Introdução Eritromicina é um agonista da motilina com efeito procinético. Tem sido usada no tratamento dismotilidade em adultos e crianças. Evidências para uso em neonatos são conflitantes. de Objetivo Avaliar a eficácia da eritromicina como uma droga procinética em promover motilidade gastrintestinal em neonatos prematuros com intolerância alimentar. Métodos Aprovado pelo Comitê Examinador Institucional do Hospital Infantil da Universidade de Mansoura, no Egito. Conduzido na UTI Neonatal hospital. do mesmo Métodos – Critérios de inclusão IG < 37 semanas ( dados maternos + ecografia precoce + Escore de Ballard ); Intolerância alimentar (= resíduo gástrico préprandial repetidamente > 30% do volume da alimentação das últimas 6h) Alimentação com fórmula a base de proteína de leite de vaca; Consentimento esclarecido dado pelos pais. Métodos – Critérios de exclusão Malformações congênitas importantes; Anomalias anatômicas gastrintestinais; Asfixia perinatal; História de enterocolite necrotizante; Sepse e doença orgânica abdominal confirmadas. Métodos – Desenho do Estudo Estudo prospectivo, duplo-cego, grupocontrole e randomizado. Cada neonato participante foi colocado randomicamente em blocos paralelos, com uso de eritromicina ou placebo A randomização foi também estratificada em: grupos >32 semanas e ≤ 32 semanas. Métodos – Tamanho da Amostra Critério estabelecido para nutrição enteral plena → revisão de neonatos, tratados sem eritromicina, nos 12 meses anteriores ao início do estudo. Hipótese: Eritromicina reduziria o tempo necessário para alcançar nutrição enteral plena em 40%. Amostra de 48 indivíduos seria necessária para testar a hipótese com poder de 0,80 e significância com valor de P < 0,05. Métodos – Pontos avaliados no estudo Primário: Tempo necessário para neonato aceitar nutrição enteral total (=Tolerância 150 ml/kg/dia por pelo menos 24h). Outros: Nº de episódios de resíduo gástrico > 30% da alimentação das últimas 6h; Ganho de peso; Duração da nutrição parenteral; Duração da internação hospitalar; Ocorrência de Enterocolite Necrotizante. Droga (eritromicina ou placebo) interrompida quando alcançado ponto primário. Métodos – Protocolos Alimentares Início da alimentação (ambos os grupos): Neonatos clinicamente estáveis. Bolus, 3/3h por sonda nasogástrica. Fórmula a base de proteína de leite de vaca para prematuros (S26, Wyeth Nutritionals) em diluição padrão (80 kcal/100 ml) Volume inicial: 10 ml/kg/dia e ↑ de 20 ml/kg/dia, se tolerado, até alcançar nutrição enteral plena. Métodos – Protocolos Alimentares Bebês mantidos em decúbito ventral, com cabeceira elevada e minimamente manipulados após alimentação. Resíduo gástrico (RG) medido 6/6h, antes da alimentação. RG > 30% do volume alimentar nas últimas 6h → significativamente grande e um novo aumento do volume era adiado. Métodos – Protocolos Alimentares Alimentação adiada em caso de: Mais de 1 episódio de vômito em 24h. RG > ½ do volume ingerido nas últimas 6h. Sinais clínicos e sintomas sugestivos de enterocolite necrosante ou outras patologias abdominais importantes. Regurgitação repetida e aspiração pulmonar suspeitadas. Métodos – Terapia / Placebo Etilsuccinato de suspensão oral, 4mg/ml Placebo: solução salina Droga: eritromicina, Ambos misturados ao leite da dieta para mascarar aparência. (procedimento feito por pessoal não envolvido no manejo dos neonatos) Tratamento nos 2 grupos: Igual, exceto pela administração da eritromicina. Métodos – Análise Estatística Variáveis contínuas: Dados com distribuição normal: t-test Dados com distribuição não-normal: Mann-Whitney Variáveis categóricas X² test Teste de Fisher Software utilizado : SPSS; Release 10.0 Significância: valor de P < 0,05 Resultados Amostra: 60 pacientes randomicamente designados para grupos eritromicina (n= 30) e placebo (n= 30). Excluídos da amostra (neonatos morreram antes de alcançar nutrição enteral plena): Eritromicina: 5 pacientes Placebo: 6 pacientes 49 pacientes completaram o estudo. Resultados Comparação entre grupos : Não houve diferença estatisticamente significante em relação a dados demográficos e características clínicas. Resultados Table 2 – Outcomes of enteral feeding and other clinical variables in the erytromycin and placebo groups ≤ 32 weeks gestation Eythromycin Placebo (n = 13) (n = 12) Duration to full enteral feeding (days) 18,7 ± 8,1 20,7 ± 6,1 Episodes of gastric residuals (n) 2,0 (0-6,0) Duration of PN Pvalue > 32 weeks gestation Pvalue Eythromycin Placebo (n = 12) (n = 12) 0,05 10,5 ± 4,1 16,3 ± 5,7 0,01 2,5 (0-8,0) 0,77 0 (0-6,0) 2,0 (0-8,0) 0,03 12,6 ± 6,3 12,6 ± 5,4 0,90 5,5 ± 3,3 9,4 ±4,8 0,03 Duration of hospital stay (days) 33,2 ± 14,0 29,2 ± 13,8 0,48 18,3 ± 13,9 27,8 ± 10,4 0,07 Weight gain (g/day) 20,6 ± 10,2 21,2 ± 7,4 0,89 20,5 ± 9,6 16,3 ± 7,9 0,26 Abreviation: PN, parenteral nutrition. Values are expressed as mean ± s.d. or median (ranges). Resultados – Efeitos adversos Não houve diferença significativa entre os grupos Discussão Neonatos prematuros, IG > 32 semanas que receberam baixas doses de eritromicina VO: Alcançaram nutrição enteral plena 5,8 dias mais cedo. ↓ Episódios de RG e ↓ duração da nutrição parenteral. Entretanto: Não demonstrou nenhuma vantagem em prematuros ≤ 32 semanas. Discussão Estudos anteriores Eritromicina → efetiva em ↓ tempo necessário para alcançar nutrição enteral plena Eficácia também em IG menores: Alta dose (30 mg/kg/dia) VO ou Baixa dose (3 mg/kg/dia) EV. Discussão Presente estudo utilizou abordagem mais simples: Dose baixa + Administração via enteral Benéfico ao diminuir a intolerância alimentar em neonatos prematuros > 32 semanas. Entretanto baixa dose parece ser insuficiente para o tratamento de RNs ≤ 32 semanas Discussão - Achados Concordam com observações prévias. ↓ Incidência e freqüência de grandes RG em prematuros > 32 sem. → eritromicina melhora esvaziamento gástrico e ↓ estase. Evidências → Eritromicina exerce efeito motor gastrintestinal através da ativação de receptores da motilina: Neurônios colinérgicos; Músculos lisos do TGI superior. Discussão Via da motilina ↑ Amplitude e freqüência das contrações antrais ↑ Tônus gatrointestinal proximal ↓ Pressão esfíncter pilórico ↓ Tônus pilórico ↑ Freqüência de contrações duodenais Discussão Nota: Todos neonatos foram mantidos em decúbito ventral durante 1h após cada alimentação. Efetividade similar da eritromicina não pode ser extrapolada caso sejam mantidos em posição supina ou lateral. Discussão Eritromicina → uso não se associou a ↓ duração das internações. Explicação: Tempo de internação depende de diversos fatores que não podem ser modificados pelo uso da eritromicina. Discussão Contrações peristálticas vigorosas; Baixas doses de eritromicina oral não Abertura do esfíncter pilórico; melhoraram o curso da intolerância alimentar Conseqüente gástrico. em prematuros ≤ 32esvaziamento semanas neste estudo. Estudo recente: Eritromicina oral → Falhou em induzir Fase III do Complexo Motor Migratório (CMM) em neonatos < 31 semanas Entretanto induziu Fase III, dose dependente, nos > 32 semanas. Discussão Não foram identificados CMM em neonatos < 32 sem. mesmo com concentrações plasmáticas de motilina semelhantes às de adultos. Prematuros ≤ 32 semanas: Não há Imaturidade desenvolvimento funcional digestiva adequado da capacidade necessário a indução de episódios da Fase III e absortiva intestinal pela eritromicina. Além da estase gástrica severa outros fatores do hospedeiro imaturo nos quais a eritromicina não tem efeito determinam a intolerância alimentar Discussão Importante esclarecer que o processo de amadurecimento intestinal em neonatos prematuros pode variar de uma criança para a outra. Portanto não se pode determinar a IG como pré-requisito para a eficácia da eritromicina. Este conceito explica os achados contraditórios em diferentes estudos sobre o uso da eritromicina em RNs prematuros. Discussão – Resumo Baixas doses de eritromicina têm efeitos benéficos na intolerância alimentar e diminuição da duração da Nutrição parenteral em RNs prematuros > 32 semanas de gestação. Efeito semelhante não foi encontrado em neonatos com idades menores. Discussão – Resumo Estudos adicionais são necessários para avaliar segurança da administração em RNs. Antes destes, a eritromicina deve ser usada cautelosamente nesta população. Estudo conduzido com o uso alimentação a base de fórmula e não fornece dados que sugiram se bebês em uso de leite materno responderiam ou não similarmente à eritromicina. Leia o artigo integral: ORIGINAL ARTICLE Erythromycin and feeding intolerance FREE Referência do Artigo: Ng PC, So KW, Fung KSC, Lee CH, Fok TF, Wong E et al. Randomized controlled study of oral erythromycin for treatment of gastrointestinal dysmotility in preterm infants. Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed 2001; 84: F177–F182. | Article | PubMed | ChemPort | Barnett CP, Omari T, Davidson GP, Goodchild L, Lontis R, Dent J et al. Effect of cisapride on gastric emptying in premature infants with feed intolerance. J Pediatr Child Health 2001; 37: 559– 563. | Article | ChemPort | Su BH, Lin HC, Peng CT, Tsai CH. Effect of erythromycin on feeding intolerance in very low birth weight infants: a preliminary observation. Acta Pediatr Sin 1998; 39: 324–326. | ChemPort | Aanpreung P, Vajaradul C. Clinical use of erythromycin in children with gastrointestinal dysmotility. J Med Assoc Thai 2001; 84: 1021– 1026. | PubMed | ChemPort | Kubota M, Nakamura T, Motokura T, Mori S, Nishida A. Erythromycin improves gastrointestinal motility in extremely low birth weight infants. Acta Paediatr Jpn 1994; 36: 198–201. | PubMed | ChemPort | Berne JD, Norwood SH, McAuley CE, Vallina VL, Villareal D, Weston J et al. 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