Síndrome Dolorosa Complexa Regional Karine de Brito Figueiredo Reumatologia - 2010 Sinonímia É uma desordem de extremidades caracterizada por dor intensa, edema, disfunção vasomotora autonômica , alterações da pele, diminuição da mobilidade e desmineralização óssea. Surge em 2-4% dos pctes submetidos a traumas maiores e em 5-20% daqueles com IAM. Etiologia é desconhecida. Fatores desencadeantes mais comuns: - trauma - imobilização gessada - doenças do aparelho locomotor ( inflamatórias, infecciosas, metabólicas e neoplásicas) - doenças do SNC e periférico - doenças cardiovasculares (IAM e tromboses) - doenças pleuro-pulmonares - d.endócrinas (hipertireoidismo) - drogas( barbitúricos e tuberculostáticos) - gravidez e pós-parto - cirurgias ( descompressão do túnel do carpo, artroscopia, cirurgia da coluna lombar) - estresse emocional. Em um estudo recente o insulto precipitante da SDRC foi: - lesão de tecidos moles: 40% - Fraturas: 25% - IAM: 12% - AVC: 3% Ausência de eventos precipitantes: 35% Fatores predisponentes: DM, hiperparatireoidismo, hipertireoidismo, esclerose múltipla, distonia neurovegetativa, hipertrigliceridemia, etilismo e tabagismo. Incidência: ♂ = ♀ Idade: 40- 60 anos Pouco frequente e benigna em crianças. Inicia-se dias ou semanas após o evento desencadeante. 80% dos casos: ocorre 3 meses após o evento traumático, e às vezes 6 meses após. Patofisiologia: não é totalmente compreendida. 1. mecanismo periférico: adrenoreceptores → expressos em certos casos de injúrias de tec. mole ou nervoso. 2. mecanismo central: ativação de nociceptores → sensibilização central→ anormalidade no processo cortical. 3. inflamação neurogênica: ↑ permeabilidade vascular; ↑ excitabilidade primária das fibras nervosas. 4. disfunção microvascular: causa hipóxia e danos por radicais livres. Vit. C como profilaxia. Existem 2 tipos de SDRC: Tipo I - ocorre sem lesão nervosa definida - dor desproporcional ao insulto tramático - 90% dos casos Tipo II - secundária a injúria parcial de n. periférico - cerca de 5% dos casos Quadro clínico: Estágio I (fase aguda): 3 a 6 meses - dor em queimação, latejante e difusa. - edema localizado - distúrbios vasomotores com intensidade variável, produzindo alterações de cor e temperatura (ex.:hiperidrose,rubor). - sensibilidade aumentada ao toque e frio - diminuição da mobilidade regional. - RX frequentemente é normal. Pode mostrar desmineralização mosqueada. Demonstrates brawny edema. Reddened thickened skin. Increased nail growth of the great toe. Deep ulcerated lesion on the top of the foot. Stage I of RSD.* Estágio II (fase distrófica): 3 a 12 meses - marcado pela progressão do edema -predomina dor , cianose, atrofia muscular, dor ao frio , enrijecimento da pele e tecidos articulares. - RX: progressão da osteopenia Estágio III ( fase atrófica): 9 a 18 meses - mais severo - piora da limitação de movimento - pouca ou ausência de dor. - atrofia da pele - unhas quebradiças - contratura de dígitos - S. Ombro-mão( dor difusa em ombro ipsilateral, limitação de mov. em todas as direções, podendo evoluir para capsulite adesiva) - RX: severa desmineralização óssea. Fraturas patológicas. Striking example of livedo reticularis in Stage III of RSD patient.* Example of atrophic skin with deep ulcer on the top of the right foot. Atrophic skin, loss of hair. * Atrophic reddened skin. Shiny skin that later desquamated. Stage III of RSD.* Evolução desfavorável Início dor intensa sudorese edema alteração da cor impotência funcional hipotrofia regional ausência de dor grande incapacidade funcional Testes: Teste autonômico Imagem Cintilografia: usada nos estágios 1 e 2 limitada no estágio 3 (≥ 6 meses do início dos sintomas) S 97% E 86% RX S 73% E 57% - diferença maior de acurácia entre RX e cintilografia foi no estágio I ( 63% vs 97%). - Estágio II: acurácia semelhante RNM: pode ser usada nos 3 estágios + útil nos estágios 1 e 3 custo ↑ TC: não é usada Estágios 1e 2: cintilografia ( + do que RX) Estágio 3: não usar cintilografia Tratamento Objetivo: - diminuir a dor - reduzir a estase vascular - prevenir contraturas e retrações capsulares - controlar ansiedade e depressão Prevenção - mobilização precoce - vitamina C: 500mg/dia ( 50 dias) - Interromper tabagismo Tratamento Fisioterapia precoce: obrigatória! - respeitando- se limites de dor - exercícios passivos e ativos → manter amplitude de movimentos, proteção articular, posicionamento e técnicas de drenagem ↓ Diminuir seqüelas ( contraturas e aderências capsulares) Estágio I - Capsaicina tópica creme ( 0,075%) Descontinuar se for irritante ou não houver benefício após 3-5 dias. - antidepressivo para dor neuropática Amitriptilina 25mg/noite até 150mg/dia. Outros tricíclicos. - AINES Ex.:naproxeno 250-500mg 12/12h Caso não haja melhora em 1-2 semanas tentar um dos seguintes: - Se houver tender points: infiltração metilprednisolona + lidocaína. - Sem tender points ou dor persistente após infiltração: acrescentar anticonvulsivante ( gabapentina, pregabalina ou lamotrigina). Se a dor persistir Calcitonina spray nasal ( 200UI 2 x/dia) ou bisfosfonato Se persistir sintomático: acrescentar CE ( prednisona 1 mg/kg/dia 3 dias. Se melhora usar até 3 semanas). Estágio 2: mesmo esquema do estágio I + CE ( VO ou infiltração) - Caso necessário: especialista em dor ( bloqueio regional/ganglionar simpático). - Casos severos e refratários : clonidina epidural estimulador de n. periférico e medula espinhal. - Opióide Estágio 3 - especialista em dor : centro terciário Bloqueio regional periférico: injeção EV de guanitidina → risco para cardiopatas. Bloqueios ganglionares simpáticos: controlar fenômenos vasomotores. Simpatectomia cirúrgica Capsulite adesiva Karine de Brito Figueiredo Reumatologia - 2010 É uma síndrome clínica caracterizada por dor e restrição dos movimentos ativos e passivos glenoumerais (abdução e rotação) devido a contratura de tecidos moles. Dor : pior á noite progride para dor constante em repouso. Desorder auto-limitada na maioria: tende a resolver em 1-2 anos. Pode deixar sequelas de movimentos. Etiologia Formas primárias: mais freqüentes melhor prognóstico Formas secundárias: trauma, doença do próprio ombro (ex.tendidinite do manguito, SDCR) ou sistêmica (ex.DM), que leve ao desuso do ombro. Frequente em usuários de fenobarbital TARV. e Fisiopatologia 1ª Fase Fase inflamatória – sinovite hipervascular 2ª Fase (“Frozen Stage”) Diminuição da hipervascularização e sinovite Contração e espessamento capsular 3ª Fase Sem sinovite Diminuição do espessamento e contração capsular Diabéticos: + comum (dentre as doenças sistêmicas) > bilateral resistência ao tratamento (> insulino-dependentes) Ocorre em concomitância com muitas doenças: -Tireoidopatias, DM -auto-imunes, degenerativas da coluna cervical, intratorácicas (pneumopatia, IAM), neurológicas (TCE, AVC, tumores, epilepsia), psiquiátricas entre outras. História natural da doença: Primeira fase: - duração : 3-4 meses - dor é intensa, constante, independente da posição, agrava-se com movimentos. - perda movimentos rápida da amplitude dos Segunda fase: - duração: de 7-10 meses do início da doença -fenômenos dolorosos cedem lugar à dor noturna - mobilização forçada -persiste rigidez articular espontâneos É na 2ª fase que ocorrem com frequência os erros diagnósticos, porque todos os sinais clínicos que indicam S. do impacto são positivos (Neer, Hawkins, Yocum, Jobe...). Não é necessário rigidez completa do ombro, mas apenas uma limitação de movimentos em todas as direções Terceira fase: - “ descongelamento” do ombro - pouco significado da dor progressiva recuperação da amplitude de movimentos até a recuperação final ( 12-24 meses desde o início) Diagnóstico é clínico Estudo radiológico: - não é necessário para o diagnóstico. - pode ser usado para diag. diferencial Tratamento A evolução natural é para a cura Dar maior conforto ao pcte Tentar encurtar cada fase Bloqueios anestésicos do n. supraescapular ( inervação da cápsula articular do ombro) >> para facilitar a reabilitação. Distensão hídrica da cápsula. Recuperação dos movimentos dentro dos limites da dor. Terapia analgésica e anti-inflamatória ( crioterapia, US, TENS). Hidroterapia. Contra-indicado: fortalecimento muscular ( levará a esforço que agride o ombro)>> conduta frequente devido ao erro diag. de S. do Impacto. Artroscopia cirúrgica: só indicada na 2 fase, caso não haja ganho de ADM após no mínimo de 5 meses de tratamento.