HIPERPARATIREOIDISMO
NORMOCALCÊMICO NA PRÁTICA
CLÍNICA: UMA CONDIÇÃO INDOLENTE OU
UMA AMEAÇA SILENCIOSA.
Marques TF, Diniz ET, Rego D, Vasconcelos RS, Viturino MGM, Ugulino L, Macedo LF, Bezerra IMA,
Griz L, Bandeira F
Unidade de Endocrinologia e Diabetes - Hospital Agamenon Magalhães - MS/SES/UPE, Recife - PE.
INTRODUÇÃO
Uma entidade que vem ganhando crescente interesse científico é o hiperparatireoidismo normocalcêmico
(HPTN), caracterizado por níveis séricos de cálcio consistentemente normais, porém com níveis de PTH elevados, e sobre a
qual ainda há muitas dúvidas e discussões. Este estudo teve como objetivo avaliar a ocorrência de HPTN e suas
características clínico-laboratoriais em pacientes referenciados a um Centro de Endocrinologia e Metabolismo Ósseo.
PACIENTES E MÉTODOS
Prevalência de HPTN na população estudada
HPTN
Foi realizada uma análise de um banco de dados do Centro
de Endocrinologia e Metabolismo Ósseo de Pernambuco, Recife, Brasil, de
prontuários de 179 mulheres que procuraram atendimento para avaliação de
osteoporose. Após a avaliação dos critérios de exclusão restaram 156
pacientes que foram, então, estudadas. Todas apresentavam dosagem de
cálcio sérico, níveis séricos de PTH, dosagem de 25-hidroxi-vitamina D e Ctelopeptídeo. A densidade mineral óssea (DMO) e escore-T foram avaliados
através de densitometria óssea de coluna lombar (L1-L4), colo do fêmur e
rádio distal, este último apenas em pacientes com hiperparatireoidismo
primário. Nefrolitíase e fraturas ósseas foram documentadas pela revisão dos
registros médico.
RESULTADOS
8,90%
91,10%
Variáveis
HPTN
Sem HPTN
p
Idade ( anos)
60.6 ± 14.8
62.4 ± 10.5
0,664
Tempo de menopausa
(anos)
13.8 ± 13.6
14.6 ± 10.4
0,777
IMC (kg/m²)
25.0 ± 3.1
25.6 ± 3.6
0,559
PTH (pg/mL)
109.5 ± 45.2
39.1 ± 14.3
<0,001*
9.4 ± 0.4
9.5 ± 0.4
0,765
328.7 ± 142.2
342.0 ± 230.0
0,759
25 (OH)D (pg/mL)
41.5 ± 10.3
29.5 ± 16.0
<0,001*
DMO em coluna lombar
(g/cm²)
0.97 ± 0.2
1.0 ± 0.1
0,511
DMO em colo do
fêmur (g/cm²)
0.74 ± 0.1
0.78 ± 0.1
0,236
Cálcio sérico ( mg/dL)
Foram identificadas 14 pacientes portadoras de
hiperparatireoidismo normocalcêmico, correspondendo a 8,9% da população
estudada. Nos registros médicos, o relato da existência de litíase renal ocorreu
em 28,6% dos portadores de HPTN em contraste com apenas 0,7% nas
mulheres não portadoras, com um p<0,001. Em relação à presença de fraturas
gerais, as pacientes com HPTN foram acometidas em 21,4% versus 16,2%
nas não portadoras, com p=0,705. Não houve diferenças estatísticas em
relação à densidade mineral óssea da coluna lombar e colo do fêmur.
CTX (pg/ml)
CONCLUSÃO
Os dados obtidos em nosso estudo sugerem ser o HPTN uma patologia de apresentação fenotípica variada,
inclusive semelhante ao próprio hiperparatireoidismo primário clássico, refutando, assim, a teoria de tratar-se de uma doença
“indolente”. São necessários novos trabalhos que corroborem estes achados, e os mesmos serão possíveis com o uso mais
freqüente da dosagem de PTH em pacientes atendidos com redução da densidade mineral óssea, como já realizado em alguns
centros.
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