0 FACULDADE DE PARÁ DE MINAS Curso de Letras Vânia Maria Duarte Gonçalves AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO E O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA EM ESCOLAS PÚBLICAS DE PARÁ DE MINAS Pará de Minas 2013 1 Vânia Maria Duarte Gonçalves AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO E O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA EM ESCOLAS PÚBLICAS DE PARÁ DE MINAS Monografia Apresentada à Coordenação do Curso de Letras da Faculdade de Pará de Minas - como requisito parcial para conclusão do Curso de Letras. Orientador: Esp. Rafael Henriques Nogueira Diniz Pará de Minas 2013 2 Vânia Maria Duarte Gonçalves AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO E O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA EM ESCOLAS PÚBLICAS DE PARÁ DE MINAS Monografia Apresentada à Coordenação do Curso de Letras da Faculdade de Pará de Minas requisito parcial para conclusão do Curso de APROVADA EM ________/________/_______________ _______________________________________________ Orientador: Esp. Rafael Henriques Nogueira Diniz _______________________________________________ Examinador: MBA - César Augusto de Oliveira Soares como Letras. 3 Dedico este trabalho a meus familiares que me acompanharam nessa caminhada, apoiando-me, incentivando-me e acreditando no meu sucesso: meus pais, Raimundo e Maria, meu esposo Oraldo e meus filhos Oraldo Neto, Victor e Ana Luísa. 4 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela proteção ao longo de toda a caminhada. Aos meus pais, Raimundo e Maria, e aos meus irmãos pela torcida e orações. Meu esposo, Oraldo e meus filhos Oraldo Neto, Victor e Ana Luísa, pelo apoio e companheirismo. Amo muito a todos vocês! Aos meus colegas de turma, com os quais partilhei momentos bons e ruins, de alegria e de tristeza, de esperança e de desespero. Essa convivência certamente me fez uma pessoa melhor! Ao meu orientador, Rafael, pelos ensinamentos, atenção e dedicação ao longo desse período. A todos os meus professores que muito contribuíram para a conclusão dessa etapa da minha vida! Agradeço ainda aos demais amigos e familiares que de alguma forma colaboraram para a realização dessa conquista! 5 “As Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) fazem parte da nossa vida de forma irreversível e devem ser inseridas na escola de maneira que possa contribuir para a melhoria do processo educacional”. Eliana Gonçalves Ulhôa Godoy 6 RESUMO No cenário da atualidade, no qual as tecnologias dominam todas as áreas e as informações circulam cada vez mais rapidamente em todos os âmbitos da sociedade, é preciso que a educação também faça parte dessas inovações. Faz-se necessária uma reflexão sobre o papel que cabe ao professor dentro desse contexto, bem como entender os aspectos que possam interferir nesse processo. A partir de observações da atuação de professores em escolas públicas quanto ao uso das tecnologias, surgiram vários questionamentos: As escolas incorporam as Tecnologias da Informação e Comunicação a seu Projeto Político Pedagógico? Os professores, em especial os de Língua Portuguesa estão capacitados a aplicar tais tecnologias em suas aulas? Neste trabalho, será analisada a tecnologia na sociedade atual, apresentada a informática como recurso educacional, investigadas as tecnologias disponíveis para os professores de Língua Portuguesa e os obstáculos que impedem o uso dessas tecnologias, buscando contribuições para melhorias na prática docente. Foi realizada revisão bibliográfica com enfoques nas discussões de Carla Viana Coscarelli, Sanmya Feitosa Tajra, José Armando Valente, Luis Carlos Pais e em seguida, procedeu-se, a pesquisa de caráter qualitativo. Para fim de coleta de dados, foram aplicados questionários aos diretores e professores de Língua Portuguesa de três escolas públicas de Pará de Minas. Os dados coletados apontam para a necessidade de maiores discussões sobre a inserção das novas tecnologias na prática educativa e melhor capacitação docente. Palavras-chaves: Educação: Professor; Tecnologia de Informação e Comunicação. 7 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Professores por sexo................................................................................. 38 Gráfico 2 – Nível de Formação.................................................................................... 39 Gráfico 3 – Tempo de Atuação.................................................................................... 39 Gráfico 4 – Cursos de Informática e Tecnologia na Educação.................................... 40 Gráfico 5 – Recursos/Equipamentos Utilizados no Auxílio às Aulas......................... 41 Gráfico 6 – Uso dos Computadores e Internet para Realizar Atividades.................... 42 8 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Perfil das Escolas....................................................................................... 34 Tabela 2 – Infraestrutura Disponível........................................................................... 35 Tabela 3 – Localização dos Computadores.................................................................. 36 Tabela 4 – Número de Computadores do Laboratório de Informática........................ 36 Tabela 5 – Profissional para Apoio e Manutenção Técnica......................................... 37 Tabela 6 – Obstáculos para Integração das TICs......................................................... 37 Tabela 7 – Dificuldades para uso dos Computadores na Escola.................................. 42 Tabela 8 – Obstáculos Pessoais................................................................................... 44 9 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO............................................................................................................ 10 2 PERSPECTIVAS TEÓRICAS................................................................................... 12 2.1 O papel da tecnologia na sociedade atual............................................................... 12 2.2 O papel da tecnologia na educação atualmente..................................................... 14 2.2.1 As Tecnologias como recursos educacionais......................................................... 18 2.2.2 O Programa Nacional de Informática na Educação – PROINFO......................... 23 2.3 A preparação dos professores diante das novas tecnologias educacionais.......... 25 2.4 As tecnologias disponíveis para os professores de línguas.................................... 28 3 METODOLOGIA........................................................................................................ 32 4 RESULTADOS............................................................................................................ 34 4.1 Análise dos Questionários dos Diretores................................................................ 34 4.2 Análise dos Questionários dos Professores............................................................. 38 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................... 45 REFERÊNCIAS............................................................................................................. 46 APÊNDICES................................................................................................................... 47 10 1 INTRODUÇÃO Atualmente, a tecnologia que domina a comunicação, a informática, os serviços, a produção industrial e o conhecimento científico, atinge também a educação, e não adaptar a educação à tecnologia é parar no tempo, estagnar-se. Nesse cenário ganha destaque a rapidez com que chegam e a quantidade de informações disponíveis, constituindo um desafio para os educadores que precisam desenvolver competências para exercerem uma prática educativa condizente com essa realidade. É preciso saber utilizar as tecnologias a favor da produção do conhecimento e o professor é o grande responsável pela inserção das TICs na educação. Recursos tecnológicos como computadores, tablets e celulares, devem ser usados para impulsionar o potencial criativo e proporcionar um aprendizado mais autônomo aos alunos. O que se vê, no entanto, é uma realidade totalmente diferente, muitas escolas possuem laboratórios de informática e outros equipamentos tecnológicos que não estão sendo utilizados pelos professores. É claro que a inserção dessas tecnologias não pode ser feita de qualquer forma, ou seja, exige certa preparação, principalmente dos professores de Língua Portuguesa, por ser esse conteúdo base para os demais. Diante dessas considerações surgem vários questionamentos: As escolas incorporam as Tecnologias da Informação e Comunicação a seu Projeto Político Pedagógico? Os professores, em especial os de Língua Portuguesa, estão capacitados a aplicar tais tecnologias em suas aulas? As práticas pedagógicas atuais ainda privilegiam o ensino transmissivo à custa de uma ênfase na aprendizagem mediada pelo professor e suas escolhas de recursos educacionais? Através dessa pesquisa serão levantados esses e outros questionamentos e apontados possíveis direcionamentos que poderão contribuir para a incorporação do uso das tecnologias no ensino da Língua Portuguesa. Pretende-se investigar quais são as ferramentas disponíveis a serem utilizadas para alcançar os objetivos de ensino, motivando os alunos a adquirirem novos conhecimentos. Também serão avaliados os obstáculos que impedem a utilização dessas tecnologias de informação e comunicação para a criação de novas estratégias de ensino que possibilitem a formação humana e a inclusão social. É importante ressaltar que as TICs, principalmente os computadores, podem ser fortes aliados dos professores, ampliando as possibilidades de exploração dos conteúdos. Assim o computador deve ser uma ferramenta importante para auxiliar o processo de inovação pedagógica, criando ambientes de aprendizagem que proporcionem a construção do 11 conhecimento. Isso implica em utilizar o computador como uma nova maneira de representar o conhecimento provocando uma reavaliação dos conceitos já estabelecidos e possibilitando a descoberta e compreensão de outras ideias e valores. Contudo, usar o computador com essa finalidade demanda uma análise criteriosa do significado de ensinar e aprender bem como requer uma revisão do papel do professor nesse contexto. Isso porque existem muitas barreiras, tanto administrativas quanto pedagógicas que devem ser superadas para garantir a integração das novas tecnologias ao processo de ensinoaprendizagem. Não há como enfrentar tais barreiras sem que o profissional domine técnicas computacionais e aprenda como integrá-las à sua prática pedagógica. Por isso é fundamental a conscientização de todos os envolvidos no processo ensinoaprendizagem de que não basta à escola possuir os equipamentos, é preciso incorporar as tecnologias como ferramentas de ensino e fazer com que os professores atualizem suas práticas pedagógicas, deixando para trás as tradicionais aulas que não são nada atrativas para uma geração nascida em meio à tecnologia. Com base nessas considerações, delimitou-se o tema do presente trabalho, que é “As Tecnologias da Informação e da Comunicação e o Ensino de Língua Portuguesa em Escolas Públicas de Pará de Minas”. 12 2 PERSPECTIVAS TEÓRICAS O desenvolvimento desta pesquisa fundamenta-se nos estudos sobre um dos maiores desafios da educação e da escola no momento atual: a evolução tecnológica, especialmente as tecnologias voltadas à área da informática. O principal fruto do uso dessas tecnologias é a informação que nunca esteve tão acessível quanto agora, principalmente após a popularização da internet. Computadores, notebooks, tablets, celulares, dentre outros equipamentos, funcionam como transportadores de informações e como meios de comunicação entre as pessoas. Toda essa tecnologia certamente afeta a Educação e consequentemente a escola. 2.1 O papel da tecnologia na sociedade atual O maior símbolo da tecnologia na sociedade atual é, sem dúvida, o computador, que possui diferentes utilidades para atender ao contexto que caracteriza a sociedade: um contexto em constante mutação e interativo. Através do computador é possível, como afirma Tajra (2008, p. 19), “[...] desenvolver simultaneamente várias habilidades, facilitando a formação de indivíduos polivalentes e multifuncionais, diferentemente, por exemplo, de uma máquina de escrever [...]”. A tecnologia atualmente tem um papel tão relevante na sociedade que está definindo até mesmo o mercado de trabalho do futuro. De acordo com Tajra (2008), a maior parte dos empregos do próximo século ainda nem foi formada, pois dependerá de tecnologias que ainda estão por vir, sobretudo tecnologias da informação e da comunicação. Para Pais (2002, p. 13), a sociedade nos dias atuais, está sendo regida por “[...]uma técnica de registro e de tratamento de informações através de uma sequência lógica de dígitos, tendo como suporte o sistema binário de numeração e os recursos disponibilizados pela informática”, de modo que obras de arte, textos, sons e movimentos são transformados em números e informações. Para o autor, esse advento da tecnologia pode ser comparado à invenção da imprensa no Renascimento. A facilidade de manipulação e a eficiência possibilitada pela técnica da digitalização trazem transformações significativas em diversos setores da vida social, incluindo a cultura, a ciência e a educação. Nesse sentido, o uso da informática tende a ser uma das características principais do período contemporâneo, tal como a invenção da imprensa ampliou a comunicação a partir do Renascimento. (PAIS, 2002, p. 13). 13 Porém, as mudanças tecnológicas vão além dos computadores e das inovações na área de telecomunicações, interferindo em todas as esferas da sociedade: economia, cultura, política, religião, instituições e até mesmo filosofia de vida e pensamento. Em outras palavras, uma nova forma de viver começa a ser definida, baseada nas facilidades oferecidas pelas novas tecnologias. A interferência da tecnologia na economia merece destaque, pois envolve também a questão do poder conforme Tajra (2008, p. 42), “[...] quem detém tecnologia detém poder”. Para confirmar essa afirmação, basta comparar o poder aquisitivo de pessoas que possuem notebooks, tablets, Iphones, blu-ray, TV a cabo, e outros aparelhos tecnológicos modernos, e o poder aquisitivo de pessoas que não os possuem. Obviamente o acesso aos meios tecnológicos atualmente está maior, mas ainda há uma grande disparidade entre ricos e pobres, e quem tem maior poder aquisitivo é justamente quem tem maior acesso à tecnologia. Coscarelli (2002), além de comungar da ideia de Tajra (2008), afirmando que a tecnologia aprofunda as desigualdades sociais, vai além: para a autora, a tecnologia está criando um verdadeiro determinismo tecnológico, onde a máquina é supervalorizada pelo homem. Esse determinismo tecnológico restringe a compreensão da tecnologia à máquina, ao artefato, ao consumo de novas possibilidades, e desconsidera a tecnologia como uma extensão da percepção humana, como detentora de processos cognitivos, sociais, simbólicos. (COSCARELLI, 2002, p. 45). Para Coscarelli (2002), o determinismo tecnológico gera duas visões: tecnofóbica e tecnofílica. A primeira pode ser definida como uma total aversão ao uso das tecnologias da informação e da comunicação, pois considera que a máquina irá substituir o homem; e a segunda visão considera o contrário: vê a máquina como algo que irá resolver todos os problemas do homem, inclusive os educacionais. Vale destacar que, segundo Coscarelli (2002), todas as desvantagens causadas pela tecnologia foram provocadas pelo próprio homem, uma vez que é ele quem lhe atribui uso. Em suas palavras, “infelizmente, não é a máquina que oprime o homem, mas o homem que usa a máquina para oprimir o homem, ou seja, o bem ou o mal dependem do uso que faremos dela”. (COSCARELLI, 2002, p. 45). Além de interferir na economia, a tecnologia também interfere no cotidiano das pessoas, chegando a provocar, de acordo com Tajra (2008), uma verdadeira série de „inércias‟: as pessoas não precisam sair de casa para ir ao supermercado, pois podem fazer compras usando a internet ou o telefone; não precisam ir ao banco, pois podem fazer todas as 14 operações via internet banking, o que é muito mais cômodo e fácil, evitando trânsito, filas e assaltos. Sem falar na questão das compras e pagamentos feitos pela internet. Costa e Fernandes (2013, p. 5) também comentam como a tecnologia está presente na vida das pessoas, afirmando que “[...] no trabalho e em casa, os computadores já foram batizados de janelas para o mundo por facilitar o acesso à informação e ampliar as possibilidades de comunicação”. Esse é o aspecto positivo da interferência da tecnologia na vida cotidiana, mas tal interferência também provoca aspectos negativos, uma vez que as pessoas acabam se distanciando umas das outras e/ou até mesmo tornando-se viciadas. Podemos fazer praticamente tudo, sentados na frente do micro e dentro de casa, não necessitamos gastar com transporte e roupas para trabalhos diários, pegar trânsito, correr o risco de sermos assaltados e conviver com muitos dos problemas cotidianos. Não é à toa que, com tantas facilidades, temos sempre visto noticiários falando de pessoas que, tornando-se viciadas com o uso da Internet, têm causado brigas familiares, separações e até mesmo perdido a guarda dos filhos. (TAJRA, 2008, p. 42). O fato é que a tecnologia está se tornando cada vez mais presente no cotidiano do homem, seja através de produtos ou de serviços, facilitando sua vida e sua comunicação. O computador ganha cada vez mais espaço nos ambientes frequentados pelas pessoas, no entanto, conforme Caminha (2008), um lugar ainda deixa a desejar com relação à presença da tecnologia: as escolas, justamente o local onde a tecnologia deveria fazer-se mais presente. 2.2 O papel da tecnologia na educação atualmente Ao utilizar o termo tecnologia educacional, a maioria dos educadores associa esse conceito a um paradigma do futuro, de acordo com Tajra (2008), como se o único instrumento tecnológico utilizado na educação fosse o computador. Na verdade, os antigos instrumentos utilizados no processo educacional também se classificam como instrumentos tecnológicos, como o giz, a lousa, o retroprojetor, o vídeo, a televisão, o jornal impresso, o aparelho de som, o gravador de fitas cassete, o rádio e o livro (Tajra, 2008). Até mesmo o uso de computador na educação, ao contrário do que possa parecer, não é recente. Valente (1999) explica que em meados da década de 50, quando os primeiros computadores começaram a ser comercializados, seu uso já foi cogitado na educação, como de fato já começavam as primeiras experiências na área educacional. A diferença para os dias 15 de hoje é que, naquela época, o objetivo principal do uso do computador na educação era somente armazenar informação em uma determinada sequência e transmiti-la ao aluno. Na verdade, era a tentativa de implementar a máquina de ensinar idealizada por Skinner. Hoje, a utilização de computadores na educação é muito mais diversificada, interessante e desafiadora, do que simplesmente a de transmitir informação ao aprendiz. O computador pode ser também utilizado para enriquecer ambientes de aprendizagem e auxiliar o aprendiz no processo de construção do seu conhecimento. (VALENTE, 1999, p. 01). No contexto da atualidade, a tecnologia se impõe de uma forma que para se viver em sociedade as pessoas precisam estar inseridas na informatização, pelo menos em seus níveis mais básicos e no aspecto educacional não pode ser diferente. Segundo Godoy (2008, p. 6), “as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) fazem parte da nossa vida de forma irreversível e devem ser inseridas na escola de maneira que possa contribuir para a melhoria do processo educacional”. Porém, uma vez que as TICs se fazem praticamente obrigatórias no processo educacional, é preciso analisar e refletir sobre seu uso, seus pontos positivos e também negativos. Para Coscarelli (2002), o atual avanço e a disseminação das TICs vêm criando novas formas de convivência, novos textos, novas leituras, novas escritas e novas maneiras se agir, e tudo isso é influenciado por cada percurso realizado no meio virtual. “Com isso, ampliam-se e modificam-se as formas de interação, em tempos e espaços nunca imaginados” (COSCARELLI, 2002, p. 23). Com relação ao emprego da tecnologia na educação, Coscarelli (2002) considera que é preciso que a educação ofereça múltiplos caminhos e alternativas, aceitando a possibilidade enorme de respostas e conteúdos, e não somente aquelas soluções rígidas, sem discussão; é preciso agir de forma comprometida “[...] em relação à flexibilidade, à interconectividade, à diversidade e à variedade, além da contextualização no mundo das relações sociais e de interesses dos envolvidos no processo de aprendizagem” (COSCARELLI, 2002, p. 23). Barbosa et al (2004 apud Godoy, 2008) afirma que as TICs, para gerarem resultados positivos, devem estar inseridas em projetos pedagógicos que tenham como objetivo ampliar as possibilidades de conhecimentos dos alunos, destacando a importância da Metodologia de Projetos. De acordo com essa percepção, a Metodologia de Projetos é uma forma de integrar essas tecnologias nas escolas, favorecendo as mudanças que são necessárias na educação, propiciando o desenvolvimento de competências e habilidades e o equilíbrio entre a abstração e o desenvolvimento sensível e sensório-motor, contrabalançando a tendência de valorizar de forma exagerada a informação e a 16 chamada dimensão virtual, atraindo o aluno para a sua realidade. (GODOY, 2008, p. 8). Assim como Godoy (2008), Costa e Fernandes (2013) também defendem a inserção do uso das tecnologias no projeto pedagógico das escolas, mas o uso dessas tecnologias deve ser feito através de um planejamento adotado por toda rede de ensino, adaptando as necessidades de cada instituição. “Incluir a tecnologia no projeto pedagógico é a única forma de garantir que as máquinas se tornem, de fato, ferramentas a serviço da aprendizagem dos conteúdos curriculares – e não um fim em si mesmas” (COSTA; FERNANDES, 2013, p. 11). O que comumente vem acontecendo nas salas de aula é que os alunos estão demonstrando um grande desinteresse pelos conteúdos estudados, pois têm um contato constante com a internet, e assim se tornam mais atualizados que os livros didáticos e até mesmo que o próprio professor. Para evitar essa situação tão crescente, Gadotti (2000 apud Godoy, 2008) aponta que é preciso que a escola se torne “o centro de inovações”, isto é, a escola deve se adaptar às novas tecnologias e orientar os alunos a buscarem informações úteis, que os façam construir seu conhecimento. Conforme Tajra (2008), o sistema educacional precisa se apropriar das produções tecnológicas não apenas do ponto de vista pedagógico, mas também nos pontos éticos, políticos e ideológicos. Além disso, as instituições educacionais estão produzindo tecnologia. “Essa produção não se limita apenas a novas invenções, mas, inclusive, a elaborar críticas sobre as produções tecnológicas, vinculando a tecnologia à didática e à cultura” (TAJRA, 2008, p. 43). A autora apresenta ainda três medidas essenciais que a escola deve tomar para incorporar a tecnologia no contexto educacional, sendo: - Verificar quais são os pontos de vista dos docentes em relação aos impactos das tecnologias na educação. - Discutir com os alunos quais são os impactos que as tecnologias provocam em suas vidas cotidianas. Como eles se dão com os diversos instrumentos tecnológicos. - Integrar os recursos tecnológicos de forma significativa com o cotidiano educacional. (TAJRA, 2008, p. 43) O importante, ao utilizar um dos recursos tecnológicos à disposição das práticas pedagógicas, é questionar o objetivo que se quer atingir, avaliando sempre as virtudes e limitações de tais recursos. Lévy (apud Godoy, 2008) afirma que os sistemas de educação e formação devem se inserir na cybercultura, associando a aprendizagem e a produção de conhecimentos às tecnologias intelectuais, que envolvem velocidade dos saberes e do know-how. 17 Para ele [Lévy] o ciberespaço será o „carregador direto do saber‟ e não mais os seres humanos e suas memórias. O ciberespaço é o local onde as „comunidades descobrem e constroem seus objetos e se conhecem como coletivos inteligentes. (GODOY, 2008, p. 07). Vale destacar que o uso da tecnologia na educação não é sinônimo de extinção das fontes tradicionais de informação, como o texto impresso, a comunicação verbal ou a coleta de dados empíricos, que normalmente se dá pessoalmente. Segundo Pais (2002), o papel dos recursos tecnológicos é justamente redimensionar o acesso às informações, juntamente com as fontes tradicionais, e ampliar as situações de aprendizagem. Em outras palavras, os recursos tecnológicos não vieram para extinguir as formas tracionais de aprendizagem, mas sim para “multiplicar as condições potenciais de acesso à educação escolar” (PAIS, 2002, p. 21). A construção do conhecimento ainda depende das fontes vivenciadas pelo sujeito, das experiências empíricas, da leitura e da escrita, da oralidade, da reflexão individual e do debate coletivo, ou seja, daquilo que é possível fazer sem a presença do computador e da tecnologia. O fato é que o computador proporciona maior acesso às informações e torna essa construção do conhecimento mais rica e ampla, como explica Pais (2002). Entretanto, com a atual expansão do uso do computador, esta lista fica enriquecida pela rede mundial de informações, cuja extensão serve de interface para mediar várias das fontes tradicionais, pois nela se encontram textos, espaços para comunicação direta, reflexões com os mais variados níveis de racionalidade e empirismo. Por esse motivo, as condições de acesso às informações não são as mesmas do tempo em que não existia computador. (PAIS, 2002, p. 22). Atualmente, a sociedade exige das pessoas habilidades que tempos atrás não exigia, como autonomia, adaptabilidade, iniciativa, criatividade e rapidez, e as práticas educativas devem estar em consonância com tais habilidades. Pais (2002) afirma que a escola deve levar em consideração essa realidade, pois “A relação entre o aluno e o saber distante do seu mundo não é suficiente para uma aprendizagem significativa” (PAIS, 2002, p. 25). Porém, apenas implantar o uso dos computadores nas escolas não é garantia de melhoria na educação. Para Oppenheimer (1997 apud Godoy, 2008), mais urgente se faz investir na formação dos professores e em aulas práticas, colocar menos alunos em cada sala de aula, promover excursões e experiências com os alunos. O mesmo autor ainda afirma que as pesquisas na internet nem sempre têm fonte confiável, e como o uso do computador na educação é recente, não se pode comprovar sua eficácia, além de prejudicar a própria comunicação e a criatividade. “[...] explorar as telas, 18 além de não propiciar a conversa, o cuidado de ouvir e de expressar-se, pode limitar o desenvolvimento da imaginação” (GODOY, 2008, p. 8). Pais (2002) também comenta que apenas a presença dos recursos tecnológicos nas escolas não é garantia de melhorias na educação, e de maneira alguma reduzem a importância do trabalho docente. O que deve ser feito é considerar o computador como um potencial educacional a ser explorado, uma possibilidade de melhoria, mas como tal seu uso deve ser muito trabalhado e analisado. A possibilidade de uso desses recursos na educação escolar é vista como uma condição necessária para atingir exigências da sociedade da informação, mas está longe de ser suficiente para garantir transformações qualitativas na prática pedagógica. (PAIS, 2002, p. 10-11). 2.2.1 As Tecnologias como recursos educacionais Apesar dos grandes avanços que vêm caracterizando o sistema educacional brasileiro, a sala de aula continua sendo o principal ambiente de aprendizagem. Conforme Coscarelli (2002, p. 24), “grande parte das práticas pedagógicas atuais ainda privilegia o ensino transmissivo, às custas de uma ênfase na aprendizagem mediada pelo professor e suas escolhas de recursos educacionais”. O fato é que a maioria das escolas brasileiras ainda está naquela situação em que o aluno absorve o conteúdo passivamente, sem questionar, pensar ou interagir, com o objetivo único de acumular informações sem a real produção do conhecimento. Para Coscarelli (2002), o ideal na educação não é esse quadro, e sim a noção do aluno como agente do processo de reconstrução de conhecimentos e saberes, um aluno que produza, e não apenas reproduza. O professor deve buscar recursos educacionais que tenham sentido pedagógico para o aluno, enfatizando a instrução e o processo de aprendizagem. E atualmente, o melhor recurso educacional disponível é a informática. Torna-se também imperativo fazer uso do potencial educativo das tecnologias da informação e da comunicação, pois acreditamos que, sem o suporte tecnológico, ficam comprometidas as chances de aumentar a variedade e a diversidade necessárias à sala de aula contemporânea. (COSCARELLI, 2002, p. 27). Em outras palavras, para que a educação se ajuste à tecnologia que domina a sociedade atual é necessário utilizar a informática e a internet como recursos educacionais, mas, para isso, Pais (2002) sugere que o ideário pedagógico seja adaptado às exigências da educação 19 contemporânea, ou seja, é preciso adaptar a educação tradicional à informática sem menosprezar os principais conteúdos e conhecimentos. Um ponto que merece destaque ao se abordar a informática na educação é a diferenciação entre o aprender informática e o utilizar a informática no processo de ensinoaprendizagem. Como explica Valente (1999), o termo informática na educação deve se referir à inserção do computador no processo de ensino-aprendizagem dos conteúdos curriculares, e não à visão do computador para ensinar conteúdos relacionados à ciência da computação. “Nesse caso, o aluno usa a máquina para adquirir conceitos computacionais, como princípios de funcionamento do computador, noções de programação e implicações do computador na sociedade” (VALENTE, 1999, p. 01). Obviamente é importante que o aluno conheça sim o computador, mas esse conhecimento mais aprofundado e específico deve ser realizado fora da escola, em cursos de informática. Na escola o computador e a informática devem ter como objetivo modificar o tradicional esquema de ensino, sem priorizar um ensino vazio e sem sentido, como acontece muitas vezes com as atividades extraclasse. Em geral, essa atividade extraclasse é desenvolvida por um especialista em informática [...]. Essa abordagem tem sido adotada, em geral, por escolas que desejam ter o computador implantado nas atividades educacionais, mas não estão interessados em resolver as dificuldades que a inserção do computador na disciplina normalmente acarreta, como a alteração do esquema de aulas, ou o investimento na formação dos professores das disciplinas. (VALENTE, 1999, p. 01). Várias são as vantagens da inserção dos recursos tecnológicos na educação quando utilizados devidamente, e Pais (2002) destaca os seguintes: melhoria das condições de acesso à informação, minimização das restrições limitadas ao tempo e espaço e maior agilidade na comunicação entre professores, alunos e instituições, além de permitir o trabalho com softwares específicos para cada disciplina. Também vale citar que a informática atualmente é um dos recursos que mais desperta o interesse dos alunos, e ao utilizá-la a escola está trazendo o aluno para seu lado, e não o afastando, tornando-o desinteressado. Coscarelli (2002) destaca que o termo „tecnologia da informação‟ não é sinônimo de computador (hardware e software), mas o computador é sim o principal representante dessa tecnologia, principalmente devido à sua capacidade de solucionar diversos problemas relacionados à recuperação, armazenamento, organização, tratamento, processamento, produção e disseminação da informação pertinente às várias áreas do conhecimento. 20 Além de influenciar algumas atividades elementares do cotidiano do sujeito contemporâneo, a informática também interfere na forma como ele lida com a informação necessária à sobrevivência. Por meio dos recursos dessa tecnologia, a recuperação, o armazenamento, a organização, o tratamento, a produção e a disseminação da informação tornam-se cada vez mais incorporados à realidade desse sujeito. (COSCARELLI, 2002, p. 52). O fato é que o homem tem criado cada vez mais sistemas computacionais com fins educacionais, e com o passar do tempo tais sistemas vêm se modernizando para atender às necessidades de cada época. Conforme Valente (1999), na década de cinquenta, por exemplo, o uso do computador representava as possibilidades de tecnologia existentes na época, e o ensino-aprendizagem com certeza era muito diferente do que é hoje, bem como seus objetivos. “A chamada instrução programada foi a base para os primeiros sistemas e representava uma automatização do processo de ensino/aprendizado consistente com as possibilidades tecnológicas vigentes” (VALENTE, 1999, p. 49). Tajra (2008) exemplifica as correlações entre o computador e as abordagens educacionais atualmente (os conteúdos propriamente ditos), citando algumas exemplificações do uso de softwares, tais como: - Softwares abertos: auxiliam principalmente os conteúdos relacionados ao Português e demais línguas, e os mais utilizados são os editores de textos, que permitem o desenvolvimento de diversas atividades que estimulam as habilidades linguísticas, tais como a leitura e a escrita. - Softwares de simulações e de programação: auxiliam os conteúdos relacionados à Matemática, pois permitem o aprimoramento das habilidades de lógica, matemática e resolução de problemas. - Softwares gráficos: estimulam o desenvolvimento das habilidades pictóricas, ou seja, permitem a criação de desenhos e representações artísticas, estimulando a criatividade e a imaginação. Nas palavras de Valente (1999, p. 01), ao utilizar a informática na educação o professor precisa “[...] ter conhecimento sobre os potenciais educacionais do computador e ser capaz de alternar adequadamente atividades tradicionais de ensino-aprendizagem [...]”, mas também deve estar atento para não permitir que o uso do computador seja feito apenas para transmitir informação ao aluno, reforçando assim o processo instrucionista, que não permite ao aluno produzir seu próprio conhecimento. O que se percebe, dessa maneira, é que somente o uso da informática e da internet não é garantia de sucesso. Pais (2002) lembra que no plano didático o uso da informática deve ser 21 muito bem canalizado, caso contrário, aprofundará as desigualdades sociais dentro da escola e não atenderá devidamente às exigências curriculares. Por outro lado, é pura ilusão pensar que tais vantagens são apenas graciosidades do mundo globalizado para amenizar conflitos ou corrigir injustiças impostas pelas diversas correlações de poder. No plano didático, o uso da informática traz também desafios de diferentes ordens, envolvendo a necessidade de rever princípios, conteúdos, metodologias e práticas compatíveis com a potência dos instrumentos digitais. (PAIS, 2002, p. 29). Tajra (2008) também chama atenção para o cuidado que se deve tomar com o uso da informática, uma vez que as inovações ocorrem em uma velocidade muito rápida, deixando o ser humano sempre em defasagem. Segundo a autora, “é impossível acompanhar todas elas. Estamos em constante estágio de ignorância tecnológica. Se não nos lançarmos a essas inovações, com certeza, ficaremos cada vez mais atrasados” (TAJRA, 2008, p. 119). Dessa forma, a escola deve estar atenta às mudanças, procurar acompanhá-las, mas também questionar e analisar o que é melhor, o que deve ou não deve ser utilizado. Segundo Valente (1999), a informática deve assumir um papel duplo na escola: tanto como ferramenta para permitir a comunicação de profissionais da escola e consultores, quanto para apoiar a realização de uma pedagogia que possibilite o desenvolvimento de habilidades que serão fundamentais na sociedade do conhecimento. Em outras palavras, a informática deve atender tanto aos alunos quanto aos professores e demais profissionais da escola. E ao comentar sobre informática é praticamente impossível não falar sobre outro recurso educacional: a Internet, que, de acordo com Pais (2002, p. 16), “é uma das mais importantes criações dos últimos tempos para a melhoria dos sistemas de informação e de comunicação e, consequentemente, para ampliar as formas de aprender e de ensinar”. Para Tajra (2008) a internet traz muitos benefícios para a educação, pois permite a realização de pesquisas de maneira mais rápida e com dados mais atualizados; permite o intercâmbio e a troca de informações e experiências entre professores e alunos; possibilita ao professor planejar aulas mais dinâmicas e interessantes. A Internet é mais um dos motivos da necessidade de mudança do papel do professor. Ela é uma oportunidade para que professores inovadores e abertos realizem as mudanças de paradigma. A Internet é ilimitada; a cada momento são inseridas, excluídas e alteradas suas páginas. (TAJRA, 2008, p. 135). Além dessas vantagens, Tajra (2008, p. 183) ainda lista as seguintes: - Acessibilidade a fontes inesgotáveis de assuntos para pesquisas; - Páginas educacionais específicas para a pesquisa escolar; 22 - Páginas para busca de softwares; - Comunicação e interação com outras escolas; - Estímulo para pesquisar a partir de temas previamente definidos ou a partir da curiosidade dos próprios alunos; - Desenvolvimento de uma nova forma de comunicação e socialização; - Estímulo à escrita e à leitura; - Estímulo à curiosidade; - Estímulo ao raciocínio lógico; - Desenvolvimento da autonomia; - Permite o aprendizado individualizado; - Troca de experiências entre professores/professores, aluno/aluno e professor/aluno. Uma das maiores vantagens de se utilizar a internet é que esse recurso permite a interatividade, o que recursos como a televisão, o rádio, o DVD e outros não oferecem. E é justamente a interatividade que permite ao aluno realizar simulações digitais através de programas específicos e assim desenvolver o processo cognitivo. Mesmo que essa interatividade nem sempre envolva interlocutores humanos, trata-se de uma característica ampliadora das condições para ocorrer a aprendizagem. Dessa forma, em conexão com outras interfaces, a rede contribui para a melhoria das condições de elaboração do conhecimento. (PAIS, 2002, p. 16). Tajra (2008, p. 18) concorda com Pais (2002), afirmando que “o grande „trunfo‟ do computador é sua característica interativa com o meio”. Para a autora, com o computador e a internet é possível integrar diversas mídias, como o rádio, a televisão, os vídeos, as filmadoras, e trabalhar sons e imagens ao mesmo tempo. Mas mesmo se tratando da interatividade alguns cuidados devem ser tomados, como explica Valente (1999) ao afirmar que mais vale a qualidade da interação do que a interação em si, isto é, o aluno usar o computador e interagir com seus programas não significa necessariamente que ele compreendeu o que fez. Do mesmo modo que não é o objeto que leva à compreensão, não é o computador que permite ao aluno entender ou não um determinado conceito. A compreensão é fruto de como o computador é utilizado e de como o aluno está sendo desafiado na atividade de uso desse recurso. (VALENTE, 1999, p. 37). Apesar de ser um recurso inquestionável para despertar o interesse dos alunos, o uso da internet deve ser monitorado constantemente, pois, segundo Tajra (2008, p. 183), a internet também apresenta uma série de problemáticas, como: - Muitas informações sem fidedignidade; - Facilidade na dispersão durante a navegação; - Lentidão de acesso nos sites em função da baixa qualidade das linhas telefônicas; - Facilidade no acesso a sites inadequados para público infanto-juvenil. 23 Para verificar a real utilização do computador e da internet nas redes públicas de ensino Fundamental e Médio no Brasil, o Centro de Estudos da Fundação Victor Civita (FVC), junto com o Ibope e o Laboratório de Sistemas Integráveis da Universidade de São Paulo (LSI-USP), fez uma pesquisa com 400 escolas de 13 capitais. Costa e Fernandes (2013) apresentam os resultados dessa pesquisa, que revelou que: - há cada vez mais infraestrutura nas escolas, mas falta formação para professores e gestores; - 98% dos entrevistados afirmam que há computadores funcionando nas escolas, mas 18% admitem que o laboratório de informática nunca é utilizado; - os funcionários administrativos acessam as máquinas 4,7 vezes por semana, em média – enquanto os professores só fazem isso 3,2 vezes por semana e os alunos ainda menos: 2,6 vezes por semana, em média; - as escolas que têm apenas conexão discada acabam utilizando as máquinas apenas para atividades administrativas ou para tarefas muito básicas, como ler notícias, copiar conteúdos, consultar mapas, usar calculadora ou planilha eletrônica; - nas escolas que têm conexão via banda larga os professores fazem um uso mais avançado da tecnologia em atividades com os alunos (como criar blogs e páginas na web, programar ou desenvolver projetos de iniciação científica ou usar robótica educacional e programas de modelagem 3D). 2.2.2 O Programa Nacional de Informática na Educação – PROINFO Segundo Tajra (2008), o Proinfo – Programa Nacional de Informática na Educação – é o mais ambicioso e atuante projeto de informática nas escolas. Esse programa foi elaborado pelo governo federal e está sendo desenvolvido pela Secretaria de Educação a Distância (SEED/MEC), com o objetivo de introduzir a tecnologia de informática na rede pública de ensino. Para tal, serão distribuídos cerca de 100 mil computadores para as escolas públicas de todo o país. De acordo com Tajra (2008, p. 31), “a proposta da informática educativa é uma forma de aproximar a cultura escolar dos avanços que a sociedade já vem desfrutando com a utilização das redes técnicas de armazenamento, transformação, produção e transmissão de informações”. Segundo o Portal do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) (2013), o Proinfo é um programa educacional criado pela Portaria nº 522/MEC de 9 de abril de 1997 e regulamentado pelo Decreto 6.300, de 12 de dezembro de 2007, para promover o 24 uso pedagógico de Tecnologias de Informática e Comunicações (TICs) na rede pública de ensino fundamental e médio. A distribuição dos laboratórios de informática nas escolas funciona da seguinte forma: o MEC/FNDE compra, distribui e instala laboratórios de informática nas escolas públicas de educação básica. Em contrapartida, os governos locais (prefeituras e governos estaduais) devem providenciar a infraestrutura das escolas, indispensável para que elas recebam os computadores. (Portal FNDE, 2013). O Proinfo atua nos ensinos fundamental e médio, e cada unidade da federação possui um Núcleo de Tecnologia Educacional (NTE). Esses núcleos apoiam o processo de informatização das escolas, auxiliando tanto no processo de incorporação e planejamento da nova tecnologia, quanto no suporte técnico e capacitação dos professores e das equipes administrativas das escolas (Tajra, 2008). Apesar de representar um grande avanço na área educacional, somente o Proinfo em si não é garantia de sucesso, pois se os computadores e os softwares não forem utilizados de forma correta, o ensino continuará sem sentido, mesmo em um ambiente diferente. Um aparato que as escolas não têm utilizado corretamente são os softwares educacionais, que tanto podem contribuir para um ensino-aprendizado de qualidade. Como explica Tajra (2008), na maioria das escolas os computadores já ficam ligados e com os programas acessados, de modo que os alunos chegam ao laboratório de informática e encontram tudo pronto. Desse modo, eles agem de forma mecânica, não efetuando nenhuma prática, nem sequer ligar o computador. Desta forma, o aluno não efetua nenhuma prática de ligar o computador, abrir os programas, portanto não percebe o conjunto das relações existentes entre as utilidades reais do computador e a técnica em si. O professor deve ficar atento para uma real adequação dos softwares às suas ações na sala de aula. Muitos acham que só por estarem utilizando softwares educacionais já estão efetuando a prática da informática na educação. (TAJRA, 2008, p. 49). Segundo Valente (1999), utilizar o computador para produzir o conhecimento é muito mais difícil do que simplesmente usá-lo para passar informações. Quando o aluno usa o computador para construir o seu conhecimento, o computador passa a ser uma máquina que lhe permite resolver problemas, usando linguagens de programação; refletir sobre os resultados obtidos e depurar suas ideias por intermédio da busca de novos conteúdos e novas estratégias. “Nesse caso, o software utilizado pode ser os software abertos de uso geral, como as linguagens de programação, sistemas de autoria de multimídia, ou aplicativos como 25 processadores de texto, software para criação e manutenção de banco de dados” (VALENTE, 1999, p. 02). Porém, essa não é prática que está sendo efetivamente disseminada na maioria das escolas. “A abordagem que usa o computador como meio para transmitir a informação ao aluno mantém a prática pedagógica vigente. Na verdade, a máquina está sendo usada para informatizar os processos de ensino existentes” (VALENTE, 1999, p. 02). Ou seja, as escolas estão utilizando os computadores com os alunos apenas para manter a dinâmica tradicional, manter o ensino tradicional de forma implícita (disfarçado com o uso do computador), ao invés de propiciar experiências que permitam ao aluno construir seu próprio conhecimento. Isso tem facilitado a implantação do computador nas escolas, pois não quebra a dinâmica tradicional já adotada. Além disso, não exige muito investimento na formação do professor. Para ser capaz de usar o computador nessa abordagem, basta ser capaz de inserir o disquete ou, quando muito, ser treinado nas técnicas de uso de cada software. No entanto, os resultados em termos da adequação dessa abordagem no preparo de cidadãos capazes de enfrentar as mudanças que a sociedade está passando, são questionáveis. Tanto o ensino tradicional, quanto sua informatização, preparam um profissional obsoleto. (VALENTE, 1999, p. 02). Desse modo, o professor deve estar atento porque somente o fato de usar o computador e mesmo softwares não significa que está dando uma aula diferente, inovadora. “Muitas vezes essa aula é tão tradicional quanto uma aula expositiva com a utilização do giz” (TAJRA, 2008, p. 49). O ideal é que os alunos sejam envolvidos em aulas mais criativas, dinâmicas, e que desenvolvam novas descobertas através da aprendizagem. Nesse contexto, um problema que surge é a falta de preparação dos professores para lidarem com a informática, para preparem suas aulas utilizando recursos tecnológicos avançados e permitirem aos alunos produzirem seu conhecimento. Assim, o próximo tópico abordará a preparação dos professores diante das novas tecnologias. 2.3 A preparação dos professores diante das novas tecnologias educacionais O papel do professor nesse contexto caracterizado pela necessidade do uso das novas tecnologias deve ter novas significações, pois quando se muda o método de ensinar, a metodologia utilizada também deve ser alterada. De acordo com Valente (1999, p. 08), “o papel do professor deixará de ser o de total entregador da informação para ser o de facilitador, supervisor, consultor do aluno no processo de resolver o seu problema”. 26 Em outras palavras, o professor será um mediador do ensino-aprendizagem, guiando o aluno para a construção do seu conhecimento através das novas tecnologias. Obviamente os momentos de transmissão de informação ao aluno continuarão, o que é indissociável ao processo de ensino-aprendizagem, mas essa transmissão deverá permitir ao aluno a conversão da informação em conhecimento aplicável na solução de seu problema. O professor deverá incentivar o processo de melhorias contínuas e ter consciência de que a construção do conhecimento se dá por meio do processo de depurar o conhecimento que o aluno já dispõe. Para tanto, o professor deverá conhecer os seus alunos, incentivando a reflexão e a crítica e permitindo que eles passem a identificar os próprios problemas na sua formação, buscando soluções para o mesmo. Além disso, o professor deverá servir como modelo de aprendiz e ter um profundo conhecimento dos pressupostos teóricos que embasam os processos de construção de conhecimento e das tecnologias que podem facilitar esses processos. (VALENTE, 1999, p. 35). Somente adotar o uso das novas tecnologias não basta; é preciso saber utilizar tais tecnologias e estabelecer de forma clara seus objetivos. Dessa forma, o uso dos computadores implantados pelo Proinfo nas escolas exige certa preparação dos professores, pois por mais que já estejam habituados a utilizar o computador e seus recursos em casa (ainda assim não são todos os professores que sabem utilizar ou que têm prática), utilizar a informática voltada para a educação requer certos cuidados e conhecimentos. Um dos fatores primordiais para a obtenção do sucesso na utilização da informática na educação é a capacitação do professor perante essa nova realidade educacional. O professor deve estar capacitado de tal forma que perceba como deve atuar a integração da tecnologia com a sua proposta de ensino. Cabe a cada professor descobrir a sua própria forma de utilizá-la conforme o seu interesse educacional, pois, como já sabemos, não existe uma forma universal para a utilização dos computadores na sala de aula. (TAJRA, 2008, p. 105). O professor deve estar ciente que seu papel em uma aula que utilize o computador não é somente orientar os alunos sobre como usar o computador, mas sim coordenar o processo de ensino aprendizagem, considerando que houve uma mudança no recurso didático, mas a aprendizagem deve continuar a ser priorizada. O computador não pode ser visto somente como um momento de realizar uma aula diferente, sem nenhum sentido para o aluno. No entanto, as mudanças são muito recentes, e é preciso que os professores estejam abertos a essas mudanças, caso contrário não conseguirão obter o interesse de seus alunos. “Entre o momento da percepção da necessidade de mudar e ter resultados com as mudanças 27 adotadas existe um “espaço/intervalo” em que estamos processando as mudanças de paradigmas” (TAJRA, 2008, p. 118). O processo de mudança nem sempre é fácil, principalmente quando se trata de um processo de mudança de aprendizagem, que requer certo tempo de adaptação até que o professor se sinta mais seguro e atinja uma nova etapa no desenvolvimento pessoal e profissional. Além disso, como afirma Tajra (2008), a incorporação das novas tecnologias de comunicação e informação é um processo contínuo, que tende a evoluir cada vez mais, o que só aprofunda a necessidade de adaptação dos professores. Costa e Fernandes (2013) apresentam algumas ações que podem fazer a diferença na preparação dos professores para lidarem com as novas tecnologias. A primeira dessas ações é a mudança de foco dos programas de formação continuada. “Como os cursos de graduação são deficientes no que diz respeito ao uso das tecnologias, cabe às Secretarias de Educação investir mais tempo e recursos nisso” (COSTA; FERNANDES, 2013, p. 15). No entanto investir na capacitação dos professores não significa apenas apresentarlhes os softwares a serem utilizados, mas principalmente apresentar os recursos como facilitadores do processo de ensino-aprendizagem e incluir a tecnologia nas capacitações específicas sobre os conteúdos de cada disciplina. A segunda ação apresentada por Costa e Fernandes (2013) é disseminar a cultura digital em toda a rede, o que pode ser feito através de campanhas informativas realizadas pelas Secretarias de Educação. “As Secretarias de Educação podem promover campanhas informativas sobre a importância de dominar as novas tecnologias para ajudar os professores a superar medos e resistências” (COSTA; FERNANDES, 2013, p. 15). Outra ação que pode ser realizada para capacitar os professores é facilitar a comunicação entre eles, seja dentro da própria escola ou em escolas diferentes. Essa interação permite a troca de experiências, o desenvolvimento de projetos em conjunto e a criação de ferramentas como blog, MSN e Skype. Segundo Costa e Fernandes (2013), essas ferramentas devem não apenas ser liberadas como incentivadas. A quarta ação é ampliar as atividades em conjunto pelas escolas, realizando projetos interdisciplinares com o uso da tecnologia, que pode facilitar a pesquisa e a publicação dos resultados obtidos. A questão do incentivo também é importante, e aqui entra a quinta ação proposta por Costa e Fernandes (2013): valorizar os professores que utilizam bem as tecnologias, oferecendo prêmios ou oportunidades para aqueles que aplicam de forma inteligente as tecnologias ao ensino dos conteúdos. 28 Ao implantar o laboratório de informática nas escolas, o governo também definiu que cada laboratório tivesse um especialista em informática. Segundo Costa e Fernandes (2013), o papel desse especialista deve ser redefinido, sendo esta a sexta ação de capacitação dos professores: “é fundamental fazer com que esse profissional atue como um formador dos colegas, ajudando-os a se familiarizar com as ferramentas tecnológicas” (COSTA; FERNANDES, 2013, p. 15). Mais duas ações são propostas pelas autoras: investir nos melhores alunos, transformálos em monitores e auxiliares dos professores, e envolver a equipe gestora nas decisões. O fato é que o laboratório de informática consistiu um verdadeiro ambiente de aprendizagem, e esse ambiente é muito novo, o que gera vários desafios para o professor. Como afirma Valente (1999, p. 36), “para a intervenção efetiva, não existe uma receita e o que é ser efetivo é polêmico, pois depende de um contexto teórico, do estilo do professor e das limitações culturais e sociais que se apresentam em uma determinada situação”. Desse modo, torna-se essencial que o professor desenvolva mecanismos como o constante questionamento e a reflexão sobre os resultados do trabalho com o aluno, pois somente assim poderá aprimorar sua atuação e garantir o sucesso do uso das novas tecnologias no ensino-aprendizagem. 2.4 As tecnologias disponíveis para os professores de línguas O ensino de línguas é voltado, basicamente, para o desenvolvimento de atividades que estimulem as habilidades linguísticas, tais como a leitura e a escrita. Para desenvolver tais atividades é necessário trabalhar com os alunos os diversos tipos de textos. Existem, atualmente, várias tecnologias disponíveis para os professores de línguas utilizarem em suas aulas, dentre elas os processadores e editores de texto. O editor de texto proporciona certas facilidades, como o fato de o texto não precisar ser reescrito todas as vezes que se erra. Segundo Valente (1999), ao usar o processador de texto um ciclo é criado no aluno, que é o ciclo descrição-execução-reflexão-depuraçãodescrição. Ao escrever usando um processador de texto, a interação com o computador é mediada pelo idioma natural (materno) e pelos comandos do processador de texto para formatá-lo (centrar o texto, grifar palavras, etc.). Muitos processadores de texto são simples de usar e facilitam a expressão escrita de nossos pensamentos. Porém, a parte da execução é muito desvantajosa. O processador de texto só pode executar o aspecto de formato do texto ou alguns 29 aspectos de estilo da escrita, mas ainda não pode executar o conteúdo do mesmo e apresentar feedback em termos do significado ou do conteúdo do que queremos dizer. (VALENTE, 1999, p. 93). Desse modo, o computador só apresenta o resultado da execução do formato, e o aluno só pode refletir em torno das ideias originais do formato do texto, como tamanho e formato da linha, espaçamento, posição do texto, e assim por diante. Sobre o conteúdo, a comparação entre o que está escrito e as ideias originais não ocorre. “O aprendiz pode ler o texto, mas se o computador não pode executar o conteúdo do texto, não há resultados sobre conteúdo que possam ser comparados com a ideia original” (VALENTE, 1999, p. 93). Valente (1999) apresenta então uma desvantagem no uso do processador de texto: a reflexão e a depuração do conteúdo não são facilitadas pela execução do computador. O computador fornece a informação para o aluno entender o seu nível de conhecimento, mas “[...] o processador de texto não dispõe de características que auxiliam o processo de construção do conhecimento e a compreensão das ideias” (VALENTE, 1999, p. 93). Em outras palavras, a compreensão do texto só acontece quando outra pessoa lê o texto e fornece um feedback para o aluno. Porém, o fato de que o computador não pode executar o conteúdo do texto é uma limitação considerável. Com isso, o aprendiz não tem um feedback fiel, como no caso da programação. O feedback sobre o conteúdo do texto deve ser propiciado por um outro leitor e pode ou não corresponder à real qualidade do texto. Sem informação fiel é muito mais difícil alcançar níveis mais complexos de compreensão e de conceituação. (VALENTE, 1999, p. 93). Um recurso que pode minimizar essa desvantagem é apresentado por Coscarelli (2002) ao afirmar que alguns softwares criam possibilidades para que os alunos produzam textos em conjunto ou cooperativamente com outro(s) usuário(s) localizados em qualquer parte do mundo, por meio do compartilhamento do editor de textos com o grupo. Dessa forma, o aluno terá um feedback sobre o texto criado. Valadares (2012) acredita que é preciso significar a produção de textos dos alunos, publicando esses textos para que sejam lidos por um público autêntico e que a internet é o espaço ideal para isso. Ao proporcionar um destinatário real para as produções escolares, os professores tornam o ensino da Língua Portuguesa mais atrativo para os alunos. Dessa maneira, na tentativa de “significar” a produção de textos para os escritores em formação, o professor pode considerar a importância de um suporte em que se publica, normalmente, sem intermediação, no qual o aluno pode ver seu texto lido por um público autêntico, algo muito mais efetivo do que produzir textos apenas para o professor. (VALADARES, 2012, p.73) 30 O mesmo autor afirma, ainda, que a internet não pode ser vista simplesmente como um espaço para diversão, pois é um recurso que possibilita a escrita, leitura e publicação de textos e precisa ser valorizada como tal, “[...] até mesmo dado à emergência de novos gêneros textuais (e-mail, chat), bem como de novas formas de interação (listas de discussão, fóruns, orkut, facebook, twitter,blogs)” (VALADARES, 2012, p.73). Os recursos que a internet disponibiliza, possibilitam aos professores de Língua Portuguesa a criação de várias atividades envolvendo a leitura e produção de textos, utilizando variados formatos e gêneros textuais. Valadares (2012) destaca o uso dos blogs como ferramenta para o desenvolvimento de diferentes tarefas. Em um ambiente de utilização da internet, as aulas de língua portuguesa podem conter atividades as mais diversas, desde a pesquisa de autores renomados da nossa literatura até a observação de fenômenos linguísticos de determinada região, com produções textuais que relacionem ensino e uso de novas tecnologias. O blog, por exemplo, cumpre com eficiência essa relação, já que prevê leituras variadas e possibilidades de desenvolvimento da escrita, tanto para comentar o que lê quanto para produzir relatos naquele suporte textual, ou seja, nesse caso, pode-se usar o relato pessoal como prática no trabalho com tipos e gêneros textuais. (VALADARES, 2012, p. 74) Outro recurso que pode ser utilizado via internet é o correio eletrônico, através do qual são trocadas mensagens e textos. Coscarelli (2002) afirma que essa ferramenta possibilita a produção de textos cooperativos entre os interlocutores, sem a necessidade de que estejam conectados sincronicamente. Por meio da troca de mensagens e textos anexados, os componentes de uma equipe de trabalho podem produzir textos cooperativamente. Esse tipo de produção cooperativa de textos requer a manutenção assídua da correspondência eletrônica. Por outro lado, não exige a sincronização do tempo entre os interlocutores, o que é necessário quando se está utilizando programas que estabelecem uma comunicação sincrônica. (COSCARELLI, 2002, p. 60). Passando a abordar o aspecto da leitura, é preciso ressaltar a presença dos hipertextos, que têm ganhado destaque no ensino de línguas e caracterizam-se pela não-linearidade, ou seja, o leitor tem a possibilidade de escolher diferentes caminhos, viabilizados pelos hiperlinks contidos no hipertexto. Por isso mesmo, a linguística textual pode auxiliar eficazmente na compreensão do funcionamento do hipertexto, que deve, assim, ser submetido às mesmas condições básicas da textualidade. Entre os seus princípios de acesso, destacam-se a informatividade e a relevância, pois os hiperlinks devem contribuir para fazer convergir, em torno de um texto eletrônico, dados e informações complementares e ampliadoras e acrescentar aspectos que não tenha sido possível acondicionar na mesma superfície virtual pela falta de espaço na janela do cristal líquido. (SANTOS; SIMÕES, 2009, p. 29). 31 O hipertexto pode ser trabalhado via internet, e, de acordo com Santos e Simões (2009), refere-se a qualquer hiperdocumento ou coleção de informações interconectadas. Outro termo utilizado nesse contexto é hipermídia, que é o hipertexto que contém, além do texto, imagem, som, vídeo, gráfico, animação e realidade virtual. “Os aplicativos dos hipertextos são projetados para que se possa navegar através de um espaço de informações. A estrutura navegacional se dá sobre nós e links” (SANTOS; SIMÕES, 2009, p. 30). Entretanto, os professores devem estar atentos ao trabalhar com hipermídias, pois, segundo Pansanato e Nunes (1999 apud Santos; Simões, 2009), essa modalidade não foi criada para fins pedagógicos, mas sim para a recuperação de informações e entretenimento. Consequentemente, o professor deve distinguir as aplicações destinadas à pesquisa das aplicações destinadas a tarefas que envolvem compreensão e aprendizagem. Já Spiro e seus colegas (apud Santos; Simões, 2009) consideram os hipertextos como instrumentos adequados para a reestruturação de informações, e apresentam cinco condições pedagógicas que favorecem a aprendizagem a partir do hipertexto, sendo: a. utilização de representações múltiplas dos conhecimentos; b. relacionamento entre conceitos abstratos e casos concretos; c. respeito à complexidade dos conceitos em todos os níveis de ensino; d. percepção das relações semânticas entre conceitos; e. aplicação dos conhecimentos elementares em situações-problema reais. Assim, o professor que utiliza o trabalho com hipertextos, tendo como suporte as novas tecnologias, possui um importante aliado no ensino da Língua Portuguesa, pois esse recurso “[...] amplia seja na escrita seja na leitura, o processo de aprendizagem do aluno, assim como o gabarita a produzir uma autonomia que não se encontra nos suportes tradicionais” (VALADARES, 2012, p.74). Portanto, o uso de ferramentas tecnológicas, especialmente da internet, é imprescindível para as aulas de Língua Portuguesa, pois nela circulam inúmeros textos, em variadas formas/configurações. Cabe ao professor propiciar atividades aos alunos, utilizando o ambiente informatizado, para que aprimorem a leitura e a escrita, desenvolvendo suas habilidades linguísticas e capacitando-os a fazer uso competente da língua nos mais variados contextos. 32 3. METODOLOGIA Este capítulo aborda os aspectos metodológicos da pesquisa, apresentando os métodos, as técnicas, as definições constitutivas e operacionais, os instrumentos utilizados para a produção dos dados e a forma de análise. Apresenta também o contexto no qual esteve inserida a pesquisa cujo objetivo foi investigar e analisar o uso das tecnologias da informação e da comunicação pelos professores de Língua Portuguesa em escolas públicas de Pará de Minas, buscando direcionamentos para a incorporação dessas tecnologias ao ambiente educacional. Com base no objetivo geral, a presente pesquisa pode ser classificada como descritiva, pois propõe a identificação, registro e análise de dados. Para Gil (2002), esse tipo de pesquisa tem como objetivo primordial: “[...] a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis. São inúmeros os estudos que podem ser classificados sob este título e uma de suas características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação sistemática. (GIL, 2002, p. 42) Utilizou-se como método de abordagem o indutivo, uma vez que se partiu de dados particulares para chegar-se a uma questão mais ampla. Esse tipo de método é definido por Lakatos e Marconi (2003): Indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não contida nas partes examinadas. Portanto, o objeto dos argumentos indutivos é levar a conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo do que o das premissas nas quais se basearam. (LAKATOS, MARCONI, 2003, p.86) A primeira parte desse estudo refere-se ao levantamento bibliográfico que foi extremamente importante para o desenvolvimento do tema abordado. Ao conceituar a pesquisa bibliográfica, Lakatos e Marconi (2003) explicam: A pesquisa bibliográfica é um apanhado geral sobre os principais trabalhos já realizados, revestidos de importância, por serem capazes de fornecer dados atuais e relevantes relacionados com o tema. O estudo da literatura pertinente pode ajudar a planificação do trabalho, evitar publicações e certos erros, e representa uma fonte indispensável de informações, podendo até orientar as indagações. (LAKATOS, MARCONI, 2003, p. 158) 33 O levantamento bibliográfico possibilitou o conhecimento de outros trabalhos desenvolvidos na mesma linha de estudo, através da consulta de livros, artigos, dentre outros. O embasamento textual, por meio de pesquisas realizadas anteriormente, proporcionou melhor entendimento do tema a ser investigado. Segundo as autoras Lakatos e Marconi (2003) “A citação das principais conclusões a que outros autores chegaram permite salientar a contribuição da pesquisa realizada, demonstrar contradições ou reafirmar comportamentos e atitudes”. (LAKATOS, MARCONI, 2003, p. 225) Constata-se, portanto, que um levantamento bibliográfico é fundamental para o desenvolvimento de um trabalho investigativo, pois fundamenta cientificamente a pesquisa. Porém, o desenvolvimento desse trabalho não se limitou ao estudo bibliográfico e para ampliação desse conhecimento científico, foi realizada uma coleta de dados por meio de questionários, direcionados aos Diretores e aos professores de Língua Portuguesa de escolas públicas de Pará de Minas. Questionário é um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador. Em geral, o pesquisador envia o questionário ao informante, pelo correio ou por um portador; depois de preenchido, o pesquisado devolve-o do mesmo modo. (LAKATOS, MARCONI, 2003, p. 201) Para aplicar os questionários, foram visitadas três escolas da rede pública de Pará de Minas, sendo duas estaduais e uma municipal. As escolas participantes dessa pesquisa não foram identificadas, recebendo como denominação as letras de X, Y e Z. Também foi permitido aos diretores e professores, valerem-se do anonimato ao responder aos questionários. Ao serem informados sobre o trabalho que seria desenvolvido, os diretores e professores disponibilizaram-se prontamente a participar da pesquisa, sendo que nas duas escolas estaduais responderam imediatamente aos questionários e na escola municipal foi solicitado, pela diretora, que os questionários fossem buscados posteriormente. Os resultados obtidos através dos dados coletados foram descritos e analisados, o que demonstra a aplicação da abordagem qualitativa nessa pesquisa. A seguir serão apresentados os resultados obtidos e espera-se, através deles, contribuir para outros estudos que envolvam o uso das tecnologias da informação e da comunicação no ensino da Língua Portuguesa. 34 4 RESULTADOS Para atender ao objetivo da pesquisa, que foi investigar e analisar o uso das tecnologias da informação e da comunicação pelos professores de Língua Portuguesa em escolas públicas de Pará de Minas, foram aplicados dois questionários, sendo o primeiro, direcionado aos Diretores das Escolas e o segundo aos professores de Língua Portuguesa. O questionário direcionado aos Diretores foi composto por dezoito perguntas que visaram a uma identificação: Do perfil da escola – número de alunos, nível de ensino que atende, a qual sistema educacional pertence, quantidade de professores de Língua Portuguesa, incorporação das TICs ao Projeto Político Pedagógico; Infraestrutura disponível – quais equipamentos tecnológicos a escola possui para serem utilizados como recursos pedagógicos, se há laboratório de informática, acesso à internet, locais da escola em que os computadores estão disponíveis para os professores. Profissional para apoio e manutenção técnica – frequência e responsabilidade pela manutenção. Obstáculos que interferem na real integração das tecnologias ao ensino-aprendizagem. Já o questionário direcionado aos professores possui sete perguntas voltadas para a identificação: Perfil do Professor – nível de formação, tempo de atuação, formação em TICs. Fluência Digital – quais atividades os professores executam com os computadores, como utilizam os recursos tecnológicos em sua prática docente. Dificuldades no uso das TICs – obstáculos pessoais ou existentes na escola que dificultam o uso dos recursos tecnológicos. 4.1 Análise dos Questionários dos Diretores A) Tabela 1 - Perfil das Escolas ITENS ESCOLA X ESCOLA Y ESCOLA Z 950 950 548 Educação Infantil Não Não Sim Fundamental I Sim Não Sim NÚMERO DE ALUNOS NÍVEIS DE ENSINO 35 Fundamental II Sim Sim Sim Médio Sim Sim Não Estadual Estadual Municipal 08 06 03 Sim Sim Sim SISTEMA EDUCACIONAL NÚMERO DE PROFESSORES DE LÍNGUA PORTUGUESA USO DAS TICs FAZ PARTE DO PPP Fonte: dados da pesquisa, 2013. A partir dos dados demonstrados na tabela 1, verificou-se que as escolas estaduais atendem a um número maior de alunos do que a municipal, os níveis de ensino diferem entre as três escolas, porém todas apresentam o uso das tecnologias incorporado ao Projeto Político Pedagógico. B) Tabela 2 - Infraestrutura disponível EQUIPAMENTOS ESCOLA X ESCOLA Y ESCOLA Z Televisão X X X DVD Player X X X Retroprojetor X X X Datashow X X X Notebook X X X Máquina Fotográfica Digital X X X Lousa Digital X Filmadora Laboratório de Informática X X X Acesso à Internet X X X Fonte: dados da pesquisa, 2013. Quanto à infraestrutura disponível, foi possível comprovar nos resultados descritos na tabela 2, que todas as escolas possuem equipamentos tecnológicos disponíveis, inclusive laboratório de informática com acesso à internet. 36 Tabela 3 – Localização dos Computadores LOCAIS EM QUE HÁ COMPUTADORES ESCOLA X ESCOLA Y Sala dos Professores X X Secretaria X X Diretoria X X X X ESCOLA Z Sala de Aula Biblioteca Laboratório de Informática X Fonte: dados da pesquisa, 2013. Nas instituições estaduais pesquisadas, conforme dados da tabela 3, os computadores encontram-se disponíveis aos professores em diversos locais das escolas, enquanto na escola municipal estão localizados somente no laboratório de informática. Além disso, a tabela 4 demonstra que o número de computadores é maior nas escolas estaduais do que na municipal. Tabela 4 – Computadores do Laboratório de Informática QUANTIDADE DE ESCOLA X ESCOLA Y ESCOLA Z 32 28 18 COMPUTADORES NO LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA Fonte: dados da pesquisa, 2013. Os dados apresentados confirmam que o MEC/FNDE, cumpriu com sua parte correspondente ao programa PROINFO, distribuindo computadores e instalando laboratórios de informática nas escolas públicas. Porém, a tabela 5, apresentada abaixo, demonstra uma falha no programa quanto à contratação de profissionais especializados em informática para prestarem apoio aos professores, parte que caberia aos governos locais e que não está sendo cumprida, pelo menos no âmbito estadual, uma vez que somente a escola municipal possui esse profissional. Portanto, não há possibilidade de implantação da ação proposta por Costa e Fernandes (2013), quanto à atuação do profissional especializado em informática como formador dos colegas. 37 C) Tabela 5 - Profissional para apoio e manutenção técnica ITENS Possui ESCOLA X ESCOLA Y ESCOLA Z Não Não Sim Quando estragam Quando estragam Quando estragam Funcionário da Funcionário da Funcionário da Secretaria de Secretaria de Secretaria de Educação ou outro Educação ou outro Educação ou outro órgão do governo. órgão do governo. órgão do governo. Profissional Responsável pelo Laboratório de Informática Manutenção dos Equipamentos Profissional que faz a manutenção Fonte: dados da pesquisa, 2013. Outro dado apresentado na Tabela 5 refere-se à manutenção dos equipamentos que nas três escolas, é realizada apenas quando os equipamentos estragam e o profissional responsável pela manutenção é um funcionário da secretaria de educação ou outro órgão do governo. D) Tabela 6 - Obstáculos para integração das TICs: ITENS ESCOLA X ESCOLA Y ESCOLA Z Opinião do Diretor Falta de recursos Falta de recursos Falta de motivação maior humanos para apoio humanos para apoio dos professores. na ao professor em suas ao professor em suas dificuldades. dificuldades. quanto obstáculo ao integração das TICs. Fonte: dados da pesquisa, 2013. Os diretores foram questionados quanto ao maior obstáculo que precisa ser ultrapassado para que haja uma real integração das tecnologias no ensino aprendizagem. Nas duas escolas estaduais, que não possuem funcionário responsável pelo laboratório de informática, os diretores indicaram a falta de recursos humanos para apoio ao professor em suas dificuldades. Porém na escola municipal, na qual há esse profissional, o diretor considerou a falta de motivação dos professores como maior obstáculo. 38 Com base nos dados levantados através dos questionários respondidos pelos diretores é possível concluir que tanto as escolas estaduais quanto municipais possuem equipamentos tecnológicos disponíveis para serem utilizados pelos professores em suas práticas pedagógicas e o uso das tecnologias faz parte do Projeto Político Pedagógico dessas instituições. No entanto, essas constatações não significam que o uso das tecnologias está contribuindo para a melhoria do processo educacional. 4.2 Análise dos Questionários dos Professores A) A primeira parte dos questionários destinados aos professores objetivou a identificação do perfil dos treze entrevistados que conforme demonstrado no gráfico 1 correspondem em sua totalidade ao sexo feminino. Gráfico 1 – Professores por sexo: Fonte: dados da pesquisa, 2013. O gráfico 2 apresenta o nível de formação das entrevistadas que em sua maioria são graduadas e possuem especialização. Apenas uma das professoras questionadas ainda está cursando graduação. 39 Gráfico 2 – Nível de Formação: Fonte: dados da pesquisa, 2013. Os dados do gráfico 3 referem-se ao tempo de atuação das professoras e comprova que somente três delas atuam há menos de cinco anos, cinco atuam entre cinco e vinte anos e as outras cinco estão atuando há mais de vinte anos. Gráfico 3 – Tempo de Atuação: Fonte: dados da pesquisa, 2013. 40 O gráfico 4 apresenta os dados referentes à formação específica em cursos de informática e tecnologia na educação. Gráfico 4 - Cursos de Informática e Tecnologia na Educação: Fonte: dados da pesquisa, 2013. Ao analisar os resultados obtidos na pesquisa, quanto à capacitação das docentes para uso das tecnologias, verifica-se que a maioria das professoras possui apenas cursos de informática que, segundo Valente (1999), não é suficiente para se obter bons resultados nas práticas pedagógicas aliadas ao uso das tecnologias. [...] a formação desse professor envolve muito mais do que provê-lo com conhecimento sobre computadores. O seu preparo não pode ser uma simples oportunidade para passar informações, mas deve propiciar a vivência de uma experiência que contextualiza o conhecimento que ele constrói. (VALENTE, 1999, p. 02) Para Tajra (2008), a capacitação do professor também é fundamental para que haja sucesso na aplicação da tecnologia na educação. Um dos fatores primordiais para a obtenção do sucesso na utilização da informática na educação é a capacitação do professor perante essa nova realidade educacional. O professor deve estar capacitado de tal forma que perceba como deve atuar a integração da tecnologia com a sua proposta de ensino. (TAJRA, 2008, p. 105). 41 B) A segunda parte do questionário visou diagnostigar a fluência digital das docentes, identificando quais atividades são desenvolvidas usando os computadores e como os recursos tecnológicos são utilizados. Gráfico 5 - Recursos/equipamentos utilizados no auxílio às aulas: Fonte: dados da pesquisa, 2013. A partir dos dados apresentados no Gráfico 5 foi possível comprovar que equipamentos como televisão, DVD, Datashow e notebook são utilizados por grande parte das entrevistadas, no entanto, o laboratório de informática somente é utilizado por três delas. Ao deixar de utilizar o laboratório de informática, o professor também deixa de enriquecer suas aulas através de um dos maiores recursos tecnológicos disponíveis na atualidade: a internet, que para Tajra (2008) traz muitos benefícios para a educação, permitindo além da realização de pesquisas de maneira mais rápida e com dados mais atualizados o intercâmbio e a troca de informações e experiências entre professores e alunos. A Internet é mais um dos motivos da necessidade de mudança do papel do professor. Ela é uma oportunidade para que professores inovadores e abertos realizem as mudanças de paradigma. A Internet é ilimitada; a cada momento são inseridas, excluídas e alteradas suas páginas. (TAJRA, 2008, p. 135). A internet é também, de acordo com Pais (2002, p. 16), “[...] uma das mais importantes criações dos últimos tempos para a melhoria dos sistemas de informação e de comunicação e, consequentemente, para ampliar as formas de aprender e de ensinar”. 42 Em seguida foi questionado se os computadores são utilizados pelas docentes para executar tarefas realizadas extra-classe. O gráfico 6 demonstra que apesar da maioria das professoras não utilizar o laboratório de informática com seus alunos, o uso dos computadores para planejamento de aulas, pesquisas, elaboração de atividades e compartilhamento de informações, faz parte das suas rotinas pedagógicas. Gráfico 6 - Uso dos computadores e internet para realizar atividades: Fonte: dados da pesquisa, 2013. C) Na terceira e última parte do questionário investigou-se os obstáculos pessoais ou existentes na escola que dificultam o uso dos recursos tecnológicos. Tabela 7 – Dificuldades para o uso de computadores na escola: Quanto ao uso dos recursos ESCOLA X ESCOLA Y ESCOLA Z Espaço físico inadequado. 0 2 2 Indisciplina dos alunos. 2 3 1 2 2 1 tecnológicos na escola: Número insuficiente computadores. de 43 Falta de softwares ou materiais didáticos. Falta de 0 1 2 5 5 0 3 4 2 1 3 0 1 2 0 0 2 2 3 2 1 profissional especializado em informática. Número elevado de alunos por turma. Falta de familiaridade com o uso dos recursos da informática. Limitação do acesso aos computadores por problemas de segurança. Falta de acesso à internet ou acesso lento. Dificuldade em trabalhar os conteúdos usando os recursos da informática. Fonte: dados da pesquisa, 2013. A tabela 7 comprova que nas escolas estaduais, a falta de profissional especializado para apoio às atividades utilizando recursos da informática, foi apontada como maior obstáculo para o uso dos computadores, em seguida está o número elevado de alunos por turma e a indisciplina dos alunos. Na escola municipal, que possui o profissional que presta apoio aos professores, os maiores obstáculos apontados foram: o espaço físico inadequado, falta de materiais didáticos, número elevado de alunos por turma e acesso lento à internet. Os dados relativos ao profissional responsável pelo laboratório de informática vão contra a definição do governo sobre a presença de um especialista em cada escola. Presença que segundo Costa e Fernandes (2013), poderia contribuir até mesmo para a capacitação dos professores “é fundamental fazer com que esse profissional atue como um formador dos colegas, ajudando-os a se familiarizar com as ferramentas tecnológicas” (COSTA; FERNANDES, 2013, p. 15). 44 Tabela 8 – Obstáculos Pessoais: Quanto ao uso dos recursos tecnológico nas aulas: ESCOLA X ESCOLA Y ESCOLA Z Têm dificuldades em usar. 4 3 0 Não sabe como utilizá-los em 0 2 0 0 1 0 3 2 1 0 0 1 0 0 0 0 1 0 3 2 3 1 2 3 suas aulas. Nunca recebeu orientações sobre como utilizar. Os alunos dominam melhor as tecnologias. Não se sente motivado a usar. Não conhece pedagógicas do vantagens uso das tecnologias em suas aulas. Não utiliza porque a escola não possui recursos apropriados e/ou suficientes. Usa os recursos tecnológicos para tornar as aulas mais atrativas. As tecnologias facilitam suas rotinas pedagógicas. Fonte: dados da pesquisa, 2013. Os dados da tabela 08 demonstram que: nas escolas estaduais, as docentes têm dificuldades em usar os recursos tecnológicos, consideram que os alunos dominam melhor as tecnologias do que elas e somente a metade afirma utilizar esses recursos para tornar suas aulas mais atrativas. Na escola municipal, todas afirmam utilizar os recursos tecnológicos para tornar suas aulas mais atrativas e que esses recursos facilitam suas rotinas pedagógicas. Esses resultados comprovam que apenas implantar o uso dos computadores nas escolas não garante melhorias e que conforme Oppenheimer (1997 apud Godoy, 2008), mais urgente se faz investir na formação dos professores e em aulas práticas, colocar menos alunos em cada sala de aula, promover excursões e experiências com os alunos. 45 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo foi realizado a partir de questionamentos sobre a incorporação dos recursos tecnológicos aos projetos pedagógicos das escolas e à prática pedagógica dos professores de Língua Portuguesa. Objetivou-se, portanto, investigar e analisar o uso das tecnologias da informação e da comunicação pelos professores de Língua Portuguesa em escolas públicas de Pará de Minas, buscando direcionamentos para a incorporação dessas tecnologias ao ambiente educacional. Após realizar o levantamento bibliográfico, foram estudados vários trabalhos desenvolvidos na mesma linha de estudo, através de livros, artigos, dentre outros e foi possível adquirir um melhor entendimento do tema a ser investigado. Em seguida partiu-se para a pesquisa de campo e os dados coletados foram descritos e analisados. Os resultados obtidos demonstram que houve um investimento do governo em recursos tecnológicos e todas as escolas investigadas possuem, além de outros equipamentos, laboratório de informática com acesso à internet. No entanto, a maioria dos professores dessas escolas não possui formação específica em tecnologia educacional e sentem-se despreparados para aplicar tais recursos em suas práticas pedagógicas. Dentre os dados apurados outro fator que não contribui para a incorporação das tecnologias na educação é a falta de profissional especializado em informática para prestar apoio e até mesmo contribuir para a formação dos professores. Portanto, é fundamental a realização de outras pesquisas mais aprofundadas sobre o tema, levando a maiores discussões sobre a inserção das tecnologias na prática pedagógica. Esses estudos e debates precisam proporcionar a criação de estratégias de ensino voltadas para a incorporação das ferramentas tecnológicas visando à melhoria do processo ensinoaprendizagem. 46 REFERÊNCIAS CAMINHA, Waleria. As novas tecnologias da educação: o computador como repassador do conhecimento. 2008. Disponível em <http://www.artigonal.com/educacao-artigos/tema-asnovas-tecnologias-da-educacao-o-computador-como-transmissor-do-conhecimento-o-projeto656447.html>. Acesso em 05 mar. 2013. COSCARELLI, Carla Viana. Novas tecnologias, novos textos, novas formas de pensar. Belo Horizonte: Autêntica, 2002. COSTA, Renata, FERNANDES, Elisangela. Computador na Educação: modo de usar. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/pdf/especial-computador-internet.pdf>, Acesso em 07 mar. 2013. GIL, Antônio Carlos.Como elaborar projetos de pesquisa. - 4. ed. - São Paulo: Atlas, 2002. GODOY, Eliana Gonçalves Ulhôa. Contribuições da Metodologia de Projetos na integração das Tecnologias de Informação e Comunicação - TIC nos Processos educativos na Educação Básica. Belo Horizonte: 2008. Disponível em: <http://www.tecnologiadeprojetos.com.br/banco_objetos/%7B2709471B-0A69-4BC7-8C28FACC0DD639F7%7D_Projeto%20de%20Pesquisa%20Eliana%20Ulhoa.pdf>. Acesso em: 05 mar. 2013 LAKATOS, Eva Maria. MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. - 5. ed. - São Paulo : Atlas 2003. PAIS, Luiz Carlos. Educação Escolar e as Tecnologias da Informática. Belo Horizonte: Autêntica, 2002. PROINFO. Disponível em: <http://www.fnde.gov.br/programas/programa-nacional-detecnologia-educacional-proinfo/proinfo-perguntas-frequentes>. Acesso em 26 ago. 2013. SANTOS, Liliane; SIMÕES, Darcilia (orgs.). Ensino de Português e Novas Tecnologias. Coletânea de textos apresentados no I SIMELP. Rio de Janeiro: Dialogarts, 2009. 160 p. Disponível em: <http://www.dialogarts.uerj.br/arquivos/livro_simelp_1.pdf>. Acesso em 27 ago. 2013. TAJRA, Sanmya Feitosa. Informática na Educação: novas ferramentas pedagógicas para o professor na atualidade. 8 ed. São Paulo: Érica, 2008. VALADARES, Flavio Biasutti. Ensino de Língua Portuguesa, Hipertexto e Uso de Novas Tecnologias. Sinergia, São Paulo, v. 13, n. 1, p. 71-76, jan./abr. 2012. Disponível em <http://www2.ifsp.edu.br/edu/prp/sinergia/complemento/sinergia_2012_n1/pdf_s/segmentos/ artigo_08_v13_n1.pdf>. Acesso em 08 set. 2013. VALENTE, José Armando. O computador na sociedade do conhecimento. Campinas, SP: 1999. Disponível em: <http://www.fe.unb.br/catedraunescoead/areas/menu/publicacoes/livros-de-interesse-na-areade-tics-na-educacao/o-computador-na-sociedade-do-conhecimento>. Acesso em: 06 abr. 2013. 47 APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO PARA OS DIRETORES ESCOLA:____________________________________________________________ Quantos alunos a escola atende em média?_________________________________ Quais os níveis de ensino? ______________________________________________ O uso das novas tecnologias faz parte do Projeto Pedagógico da escola? _____________________________________________________________________ Quantos professores de Língua Portuguesa a escola possui? ___________________ Foi oferecido algum curso de formação em tecnologia da informação aos professores da escola recentemente? ________________________________________________ Marque um X nos equipamentos abaixo que a escola possui: ( ) Televisão ( ) DVD Player ( ) Retroprojetor ( ) Datashow ( ) Notebook ( ) Máquina fotográfica Digital ( ) Lousa digital ( ) Filmadora ( ) Não possui A escola possui laboratório de informática?__________________________________ Quantos computadores há no laboratório?___________________________________ Os professores de Língua Portuguesa utilizam o laboratório para desenvolver atividades com seus alunos? ________________________________________________________ Existe um funcionário responsável pelo laboratório de informática? _____________________________________________________________________ 48 Quanto à manutenção dos equipamentos: ( ) Não há manutenção ( ) Só há manutenção quando quebra ( ) Há manutenção preventiva Quem faz a manutenção dos equipamentos? ( ) Funcionário da escola ( ) Funcionário da secretaria de educação ou outro órgão do governo. ( ) Empresa contratada pela escola ( ) Outros A escola possui acesso à internet? ___________________________ A escola possui um site ou blog na internet? ___________________ Caso possua quem elaborou? ( ) Professor ou técnico responsável pelo laboratório de informática ( ) Professores ( ) Alunos ( ) Diretoria ( ) Secretaria ( ) Empresa privada Em que locais há computadores disponíveis para os professores utilizarem? ( ) Sala dos professores ( ) Sala de aula ( ) Secretaria ( ) Diretoria ( ) Biblioteca ( ) Laboratório de Informática ( ) Outros O número de computadores disponíveis aos professores é suficiente? ____________ Em sua opinião qual é, para a escola, o maior obstáculo a ser ultrapassado para que haja uma real integração das tecnologias no ensino aprendizagem? ( Indique somente uma opção) ( ( ) Falta de equipamentos e instalações apropriadas. ) Falta de recursos humanos para apoio ao professor em suas dúvidas e dificuldades. (Existência de um técnico em informática para atender aos professores) ( ) Falta de formação específica para operar os equipamentos tecnológicos. ( ) Falta de softwares (programas) e recursos digitais apropriados. ( ) Falta de motivação dos professores. ( ) Outro. Especificar _______________________________________________________ 49 APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO PARA OS PROFESSORES Idade: _________ Sexo: ( Escola: ( ( ) Estadual ) Feminino ( ) Masculino ) Municipal Nível de Formação:_____________________________________________________ Há quanto tempo atua como professor de Língua Portuguesa?__________________ Você considera que sua formação contribuiu para o uso das tecnologias na educação? ( ) Nada ( ) Pouco ( ) Razoavelmente bem ( ) Bem ( ) Muito bem Você possui cursos de informática? ( ) Sim ( ) Não Você possui formação específica em tecnologia na educação? ( ) Sim ( ) Não Nas próximas perguntas, assinale quantas alternativas julgar necessárias. Quais recursos/equipamentos você utiliza como auxílio à suas aulas? ( ) Televisão ( ) DVD Player ( ) Retroprojetor ( ) Datashow ( ) Notebook ( ) Máquina fotográfica Digital ( ) Lousa digital ( ) Filmadora 50 ( ) Laboratório de Informática ( ) Não utilizo Utiliza computadores e internet para realizar as seguintes atividades: ( ) Planejar aulas. ( ) Pesquisar/elaborar materiais, atividades e/ou conteúdos para as aulas. ( ) Preparar atividades para os alunos. ( ) Trocar e/ou compartilhar informações com outros professores. ( ) Não utilizo. Dificuldades para o uso de computadores na sua escola: ( ) Espaço físico inadequado. ( ) Indisciplina dos alunos. ( ) Número insuficiente de computadores ou computadores defeituosos. ( ) Falta de softwares ou materiais didáticos. ( ) Falta de profissional especializado em informática para fornecer suporte ao uso dos recursos da informática. ( ) Número elevado de alunos por turma. ( ) Falta de familiaridade com o uso dos recursos da informática ou receio de usá-los. ( ) Limitação do acesso aos computadores por problemas de segurança. ( ) Falta de acesso à internet ou acesso lento. ( ) Dificuldade em trabalhar os conteúdos usando os recursos da informática. Quanto ao uso dos recursos tecnológicos em suas aulas: ( ) Tenho dificuldades em usar os recursos tecnológicos em minhas aulas. ( ) Uso os recursos tecnológicos somente em meu benefício, pois não sei como utilizá-los em minhas aulas. ( ) Nunca recebi orientações de como utilizar as tecnologias como recurso pedagógico. ( ) Os meus alunos, em muitos casos, dominam as tecnologias melhor do que eu. ( ) Não me sinto motivado para usar as tecnologias com meus alunos. 51 ( ) Não conheço as vantagens pedagógicas do uso das tecnologias em minhas aulas. ( ) Não utilizo porque a escola não dispõe de recursos apropriados e/ou suficientes. ( ) Uso os recursos tecnológicos para tornar minhas aulas mais atrativas. ( ) As tecnologias facilitam minhas rotinas pedagógicas.