Pré-eclampsia materna prediz o desenvolvimento de displasia broncopulmonar J Pediatr 2010;156:532-6 www.paulomargotto.com.br Brasília, 29/4/2010 Ddos Diogo, Camila e Wilian Introdução • A pré-eclampsia parece ser uma doença mediada por um estado angiogênico alterado. • Altos níveis de fatores antiangiogênicos (sVEGFR- 1,também conhecido como sFLT-1 e solúvel endoglin) e os baixos níveis funcionais da circulação de fatores angiogênicos, incluindo o VEGF materno livre e fator de crescimento placentário (PlGF) estão associados com pré-eclâmpsia. Introdução • Os níveis de VEGP e PlGF são diminuídos no sangue do cordão e os níveis de sVEGFR-1 são elevados nos recém-nascidos de mães com pré-eclâmpsia • Um estado adequado angiogênico é necessário para o desenvolvimento vascular pulmonar normal e ramificação das vias aéreas. • O ambiente antiangiogênico compartilhado com o feto aumenta o risco de um desenvolvimento pulmonar adequado e de displasia broncopulmonar (DBP) • (Adequada sinalização do VEGF é necessário para manter a estrutura alveolar dos pulmões) • Os RN que desenvolvem DBP apresentam menores concentrações de VEGF no aspirado traqueal • Devido a pré-eclâmpsia representar um estado antiangiogênico, os autores levantam a hipótese que os RN de mães com pré-eclâmpsia apresentam maior risco de desenvolver DBP. • Estudo de coorte com 107 prematuros nascidos entre 23 e 32 semanas de gestação realizado entre 11 de setembro de 2006 e 27 março de 2008. • Dados maternos foram extraídos do prontuário materno. • • Dados da criança foram tirados a partir do prontuário médico e complementados por perguntas à equipe médica. • Esta pesquisa foi aprovada pelo Investigational Review Board of Brigham e pelo Hospital da Mulher. • A pré-eclâmpsia foi definida como pressão sistólica ≥ 140 mm Hg ou pressão arterial diastólica ≥ 90 mm Hg em 2 medições feitas com mais de 6 horas de intervalo em paciente anteriormente normotensas, acompanhado de proteinúria de pelo menos 300 mg em 24 horas. • Situações de parto prematuro espontâneo foram:trabalho de parto prematuro, ruptura prematura de membranas -pPROM), insuficiência cervical, e descolamento de placenta. • Corioamnionite foi definida como a presença de uma ou mais das seguintes condições: febre materna> 38,1°C ou taquicardia materna ou fetal. • Uso de corticóide: betametasona 12mg IM de 24/24h total de 2 doses. • Displasia broncopulmonar foi definida como uso de oxigênio suplementar após 36 semanas de idade gestacional pós-concepção. • Peso ao nascer. • Outras variáveis síndrome da angústia respiratória, enterocolite necrosante,hemorragia intraventricular, leucomalácia periventricular e retinopatia da prematuridade. • Para as variáveis contínuas foi utilizado a mediana. • Para variáveis categóricas foi utilizado o X². • Regressão multivariada foi utilizada para estimar o Odds ratio (OR) de DBP após ajuste para características clínicas relevantes. • Potenciais variáveis de confusão para o relacionamento entre DBP e pré-eclâmpsia foram selecionados quando um valor de p menor que 0.25. RESULTADOS •Foram estudados 107 binômios mãe-RN, • 27 (25%) desenvolveram DBP e estes RN apresentavam menor idade gestacional e menor peso (Tabela I) -O OR para a relação entre pré-eclâmpsia e DBP foi 2,96 (intervalo de confiança de 95% [IC] = 1,17-7,51, p = .01) (modelo bivariado) -A idade materna, sexo, paridade, uso de esteróide antenatal, fumo materno, diabetes gestacional e a presença clínica de corioamnionite foram equivalente no grupo com DBP e grupo sem BPD (Tabela II) RESULTADOS - Devido ao risco de DBP ser mediada em parte pela inflamação, idade gestacional, e vários outros potenciais confundidores identificados na comparação bivariada, foi realizada uma regressão logística (Tabela III): -Corioamnionite associou-se com aumento da chance de DBP e o avanço da idade gestacional foi associada com a diminuição da probabilidade de DBP. 6.4; IC:1.09-37.48; p= 0.039 e 0.37; IC: 0.24-0.56 OR para DBP após gestação complicada por pré-eclâmpsia neste modelo foi notavelmente maior do que no modelo bivariado (Pré-eclâmpsia 18.7;IC: 2.44-144.76 P=0.005) Discussão -No presente estudo, encontraram uma forte associação positiva entre a exposição fetal, pré-eclampsia e o posterior desenvolvimento de DBP. -Também encontraram uma tendência não significativa na associação entre exposição fetal, a corioamnionite e DBP eventual. Discussão -Este estudo é limitado pela falta de informações detalhadas sobre os cursos de pós-natal dos recém- nascidos prematuros, especialmente referentes aos fatores que influenciam a incidência de BPD. Também não havia informações sobre a raça, que é uma importante variável nesta doença parcialmente de base genética. Discussão Embora o tamanho da amostra seja relativamente pequeno, temos adequado poder para detectar uma diferença no risco de DBP entre as crianças expostas a pré-eclâmpsia e controles, devido à magnitude do efeito. -Testar esta associação em um maior banco de dados das características maternas e os resultados dos recém- nascidos seria útil. Discussão • A associação do maior risco de DBP e pré-eclâmpsia é biologicamente plausível: o ambiente antiangiogênico da pré-eclampsia (altos níveis de sVEGFR-1 e baixos níveis de VEGF) resultam em deficiente desenvolvimento das vias aéreas fetal e neonatal Discussão • Modelos animais tem demonstrado aumento da alveolarização e crescimento vascular com terapia VEFG recombinante (os subgrupos de pré-termos de mães com pré-eclâmpsia que apresentam deficiência relativa de VEGF seriam os que poderiam se beneficiar desta terapia) Discussão Portanto: -a DBP ocorre mais em crianças prematuras de mães com préeclâmpsia. -a pré-eclâmpsia materna com seu estado antiangiogênico, prejudica o desenvolvimento intra-útero e pulmonar neonatal, diminuindo a longo prazo a função pulmonar. -Isto tem implicações possíveis para a prevenção de DBP com agentes proangiogênicos, como fator de crescimento endotelial vascular. -o oxido nítrico inalado (NOi) tem sido proposto para diminuir a inflamação e promover desenvolvimento alveolar, induzindo angiogênese, principalmente em prematuros de maior idade gestacional Abstract EDITORIAL: A HIPÓTESE VASCULAR DA DISPLASIA BRONCOPULMONAR Bernard The ´baud, MD, PhD Thierry Lacaze-Masmonteil, MD, PhD Department of Pediatrics Northern Alberta Neonatal Program Women and Children’s Health Research Institute University of Alberta Edmonton, Alberta, Canada J Pediatr 2010;156:521-522 Displasia Broncopulmonar • A Displasia broncopulmonar (DBP) é consequente ao suporte ventilatório e terapia com o oxigênio, permanece uma das principais complicações devido a sua falta de efetivo tratamento. • Distúrbios que levam ao parto prematuro hoje são basicamente divididas em dois grupos: -aquelas associados a inflamação intra-uterina -anormalidades placentárias (pré-eclampsia e restrição do crescimento intra-uterino) Em 2009, os pré-termos de risco para DBP são aqueles abaixo de 28 semanas (500-1000g) no estágio canalicular do desenvolvimento pulmonar (justamente quando as vias aéreas tornam-se justapostas a vasculatura pulmonar e quando a troca gasosa é possível) • As conseqüências de BDP não param na infância, há aumento significativo de casos de hipertensão pulmonar e enfisema pulmonar em pacientes que sofreram DBP. • A lesão perinatal do pulmão rompe a seqüência normal do desenvolvimento pulmonar, resultando o padrão histológico de simplificação alveolar Teoria • O desenvolvimento vascular acompanha o desenvolvimento alveolar. • Há evidência sugerindo que os vasos sanguíneos pulmonares promovem ativamente o crescimento alveolar e contribuem com o desenvolvimento das estruturas alveolares • Hipótese em andamento: o rompimento da angiogênese durante o desenvolvimento pulmonar piora a alveolarização, contribuindo com a DBP; a preservação do crescimento vascular promove e mantém a arquitetura do espaço aéreo distal. • A retirada dos fatores de crescimento angiogênico, como o VEFG e o óxido nítrico rompe o crescimento vascular e piora a alveolarização em ratos • • O deficiente desenvolvimento alveolar em modelos animais de DBP e estudos de autópsia em humanos que morreram por DBP demonstram redução redução do número de artérias e uma anormal distribuição dos vasos pulmonares. Isto é associado a uma redução da expressão do VEGF. Este estudos comprovam a hipófise vascular da DBP, propiciando novas terapias para proteger ou regenerar novos alvéolos e prevenir/reverter a DBP estabelecida, pelo aumento da aniogênese. • Em estudo com mães com pré-eclampsia, autores dizem que fatores antiangiogenicos uterinos afetam o desenvolvimento pulmonar fetal • O estudo de Hansen et al com mães com pré-eclampsia, evidenciaram maior risco dos RN prematuros destas mães para o desenvolvimento da DBP. O ambiente antiangiogênico no útero das mães com pré-eclampsia afeta o feto e prejudica o desenvolvimento pulmonar, aumentando o risco de DBP (aumento de 3 vezes mais o risco de DBP, em análise bivariada). -A corioamnionite clinica não aumentou o risco de DBP. • • • Recentes evidências apontam maior risco de DBP somente nos RN de mães com pré-eclâmpsia que apresentam restrição do crescimento intra-uterino, sugerindo que uma angiogênese anormal no pulmão fetal ocorre na grave pré-eclampsia. Relevância Clinica • Estudos recentes confirmam a falta de correlação entre infecção/inflamação intra-uterina e o desenvolvimento de DBP (provavelmente devido ao uso de esteróide prénatal/antibiótico) • Então, somos conduzidos a segunda maior causa da prematuridade (distúrbios na placenta): préeclampsia;restrição do crescimento intra-uterino • Há então expectativas que haja novas terapias ajudando a melhorar a ANGIOGÊNESE/ /PERFUSÃO PLACENTÁRIA e crescimento fetal, melhorando o prognóstico neonatal. Referências: Obrigado! Ddos Diogo, Wilian E Camila e Dr. Paulo R. Margotto