Rodolfo Ilari
Depto.de LingUfstica
IEL - UNlCAMP
~vemente,
na cabe~a de quem passou pela nos-
sa escola secundaria,
0
ensino de lfngua materna
vem
associado a tres experiencias mais marcantes: a alfabetiza~ao,
0
aprendizado dos primeiros rudimentos de gra-
matica tradicional e
0
primeiro contacto com a literat~
ra. Receio que essas tres experiencias, marcantes
pela
energia investida e por seu carater de inicia~ao,
dei-
xam muitas vezes de ser realmente enriquecedoras
par
algum equlvoco serio de nosso sistema de ensino. Tentarei apontar alguns desses equivocos; por uma deforma~ao
profissional que confesso, nao terei nada a dizer
so-
bre a inicia~ao ;.'literatura e terei nuito lD-tDadi2e:s::ixe
alfabetiza~ao; de modo geral, estarei repetindo observ~
~oes que sac obvias no ambiente universitario mas
que
-talvez nao
se-
0
sejam para professores de primeiro e
gundo grau: uma das questoes sempre envolvidas no debate sobre ensino de lingua num ambiente universitario,
que
0
interlocutor real nao costumaestar
presente: via
de regra, os textos sac escritos e debatidos por
fessores do terceiro grau, mas
0
e
real interessado
pro-
e
0
achar que este texto fala de coisas obvias demais, sugiro que
0
tome como pretexto para uma troca de ideias com
seus colegas do secundario ou primario: imagino que
to de que se pensa a alfabetiza~ao
como
0
am-
mero aprendi-
zado de uma tecnica para transcrever a fala; na real ida-
exame um pouco mais atento: 1) em primeiro lugar,
ciso considerar que a ortografia
e
aprender ~
coerentes,
e
e
pr~
da lingua portuguesa,
jogo cujas regras sao apenas parcial.u""Le
assimilar ao mesmo tempo as regras e
uma
serie de exce~oes sem qualquer base racional; 2) em segundo lugar,
e
comum que a alfabetiza~ao coincida
os primeiros contactos com um nivel de linguagem
nao
e
proprio do aluno:
inves de ~rvor~
0
aluno' que pronuncia
com
que
Carve] ao
prec isa aprender a interpor, entre sua
propria fala e a escrita a fala da professora; a dificul
habitos de .leitura, intera~ao escrita, etc., quando
a
alfabetiza~ao e vista como simples aquisi~ao de urncodigo de transcri~ao, esses habitos nao recebem a aten~ao
adequada, e previsivel que haja retrocessos. Quando
reconhece que
0
se
sentido mais fundamental da alfabetiza-
~ao qao e tecnico, mas de acesso a urnoutro universe cul
tural, percebe-se, mais realisticamente, que
a
escola
primaria cabe desencadear .acompanhar e sustentar urnprQ
cesso que tende a reproduzir em seus resultados as eno~
mes diferen~as de nos sa sociedade; que
mario precisa entender com clareza
0
0
professor pri-
seu proprio papel,
nao.so do ponto de vista profissional como politico;que
ele precisa'saber identificar com clareza as
culturais de seus alunos e desperta-los
carencias
para a supera~ao
das mesmas. Fica clara tambem a necessidade de que a h§
tru~ao se pro longue apos as series ~niciais do primario,
e podem avaliar-se em toda a sua perversidade os efeitos
negativos dos altos indices de reprova~ao e a evasao e~
colar; por fim, fica claro que
ponde
0
trabalho pelo qual re~
0
~rofessor I e a tarefa pela qual responde
fessor II nao admitem solu~ao de continuidade,
0
prQ
porque
sac faces de uma mesma moeda.
Depois da alfabetiza~ao,
niciatica que espera
0
a grande experiencia i-
educando e
0
dominio da gramati-
ca: conhecimento das principais no~oes e regras, e apl!
ca~ao perfeita em exercicios de analise. Para as
pes-
soas de escolaridade
media, a gramatica e sem duvida
imagem que fica da lingua pqrtuguesa
a
e
como urn todo, e
essa imagem que passaremos a analisar agora. Para tanto,
ha necessidade de um pequeno preambulo sobre 0 que enten
demos por imagem ou represe~ta~ao
Qconhecimento
mental.
humane se cria e se transmit~ em
grande medida na forma de representa~oes
mentais~
que
nos permitem dominar conceptualmentesegmentos mais ou menos complexos da realidade que nos cerca. Sao representa-
QDeS mentais desse tipo as teorias elaboradas pelos cien
tistas ao longo da historia e as doutrinas que a esco1a
transmite aos a1unos em seus traba1hos de informa~ao:um
e
exemp10 t1pico,
a geomettia
materia obrigatoria
euc1idiana, que se tornou
das primeiras
sial: ela n~s permite organizar
cipais observa~oes
series do curso gina-
inte1ectua1mente
as~
<pese p::d:m fazer so~re. figuras planas.
t claro que nenhuma das inumeras representa~oes que
a
ciencia foi acumu1ando ao 10ngo de sua historia ·permite
dominar a rea1idade a que se refere na tota1idade
de
seus aspectos e para todos os propositos que se possam
visar: acreditar em representa~oes
abrangenciaseria
e
de
tao ingenue como imaginar que podemos
viajar, isto e, des10car-nos
bre urnmapa;
com esse grau
fisicamente, caminhando
claro tambem que ha representa~oes
SQ
mais
ou menos ricas, mais ou menos fieis; os mapas da costa
do Brasil sac melhores hoje do que em mil e seiscentos.
Finalmente, lenbrennsque
nar a representa~ao,
havera
conhecimento
0
conhecimento efetivo implica
e nao em ser dominados
real se nao formos
domi-
por elainao
capazes
de perc~
ber as insuficienciasde uma representar,;ao qualqu.er, se cedermos
a
tentar,;aode acreditar
mais no mapa que descobri
mos no bau, do que no pais que ele representa.
Infeliz-
mente,ao
diferen-
inves de acostumar
a aluno
tes representar,;oes, e a escolher
teriosa
entre elas, a esc?la
de maneira
livre e cri
tende a passar
e reforr,;ar
as "versoes"
em que todo mundo
sedimentaram
e
Todas
CXlfB::JLdldll
.
aquelas
essas considerar,;oes cheiram
e poderiam
sobre ensino
do portugues.Na
indisp~nsaveis
dicional
acredita,
parecer
de nosso ensino:
realidade
0
elas nos
de tamar
tavel),
nossos
com
a gramatica
trS!.
0 equl-
ser uma repre-
representar,;oes e inevi
se acost\.ll1aram
a at:!!
professores
a
tituir
essa representar;ao realidade
dar-se
conta de sua abso~ta
alguns
sintomas
sensiveis
sao
mais umgren
da lingua.
voco nao se da pelo fate de a gramatica
trabalhar
do
em um text~
reconhecer
como representar,;ao correta
sentar,;ao (ela e,e
a t~oria
deslocadas
para que possamos
mas porque
que se
em nos sa cul tura.
conhecimento
de equivoco
a comparar
representada,
pobreza.
da pobreza
Abordo
a
da gramatica
sem
seguir
tradi
cional:
1. A fa1ta de atenr,;ao
a
situar,;ao de fala
2. A limitar,;aoda analise
ao nivel
do perlodo
tra critica. pela maneira cientificamente
mo estabelece
suas categorias.
inadequada cQ
fun~oes e rela~oes. ~~
portanto aqueles tras pontos para tentar em seguida uma
explica~ao da sobrevi~ia
dessa representa~ao inadequa-
obvio e pouco interessante de que todo uso real de
expressao lingulstica se da em algum ponto do tempo
junto de rela~oes. representa~oes
:'
uma
de
impllcitas econheci-
ora~oes como entidades fechadas e autosuficientes.
sulta disso que mutias vezes a,'analise do aluno e a
Redo
a ~ao de ser de mentirinha,
taria. A segunda o~ao
escolar; a primeira
e
por uma decisao
autori-
e a saida habitual da gramatica
a que gostariamos de ver adotada.
2. A lingua ja foi caracterizada como um "sist~
ma de sistemas" em que se d~stinguem unidades de compl~
xidade cre~cente
- os fonemas, os morfemas, as
vras, sintagmas de complexidade
as ora~oes.
variavel e
pala-
finalmente
Nossa experiencia da lingua falada e escri
ta ensina-nos
que a ora~ao nao
e
a unidade de maior com
plexidade que se possa imaginar: acima dela ha ainda y
nidades como
0
coextensivas
ou nao com as partes e sub-partes de
gum genero
paragrafo,
0
capitulo, e muitas outras,
literario ou ret6rico (a "invoca;ao" de
poema epico,
0
alum
preambulo com que come~amos uma carta cu
um pedido o}'al de desculpas, cada um dos "considerandos"
de um parecer
juridico, etc. sac unidades desse tipo).
Enquanto falantes da lingua somos perfeitamente capazes
de saber se um conjunto de ora;oes foi organizado como
um texto coeso ou nao; na realidade, todo texto coeso
se baseia Dum uso adequado da rela~ao que os linguistas
chamam - num sentido moderno do termo - d~ anafora:
a
rela~ao pela qual a interpreta~ao de uma expressao qua~
quer se define por referencia a outras expressoes
do
mesmo texto. Todo falante sabe reconhecer a ana fora nas
formas variadas que assume no texto: uso de artigos
pronomes
e
("Era uma vez urn rei. 0 rei tinha uma filha;~-
la gostava muito
de brincar com as amigas no jardim •.•
),
uso da elipse (" •••0 rei era rico e famosa. [
J era
mui
to querido por todos os seus .suditos ••.,,),uso das conjunc;oes ("havia porem perto da divisa do reino um cast~
10, no qual morava um senhor muito invejoso ..•") uso de
expressoes relacionadas quanto ao sentido (..•
0
caste-
lao da divisa jurou um dia que se vingaria do bom sobe~
tirando a vida da princesinha •••).
Entretanto,
por uma divisao de trabalho feita
seculos, foi reservado
a
gramatica 0 estudo das
des menores do que a orac;ao, ao passo que
estruturas mais complexas foi confiado
a
0
ha
unida-
estudo
de
a
retorica e
poetica. Como essas duas ultimas disciplinas
nao
sao
mais estudadas na escola elementar e media, e como
a
formac;aode nosso professor de segundo grau se
limita
aos aspectos mais tipicamente literarios, estamos
je diante de uma situac;ao paradoxal:
segue, grac;as
a
0
ho-
professor
con-
~ramatica tradicional, realizar anali~
incrivelmente minuciosas da orac;ao e do per10do gramati
cal; sem dar importancia ao carater contra-intuitivo ~
sas analises, confia cegamente em sua justeza e
sente-
-se por isso extremamente seguro; ao contrario,
diante
de unidades mais complexas do que 0 per10do gramatical,
desconfia de suas proprias intuic;oes d~ falante da lingua, e sente-se desamparado por nao dominar teorias com
respaldo em alguma autoridade. Essa inseguranc;a em
fa-
cria em rela~ao
as reda~oes dos alunos:
de ao aluDo que produza
0
professor
pe-
reda~oes, isto e, textos comple-
tos, mas ao inves de avalia-Jas
numa perspectiva
tex-
guir (que foi objeto de discussao no ultimo treinamento
dado na CENP-SESp'para
monitores de lIngua portuguesa),
ro£ 0 peDeu de traz do lado esquemo ja era 5: 30 todo *i!!.
/
do .aiu do carro pega.os 0 estepe para.os
WI
puta
"ONSA
EXPREsslo CONSIDERADA:
born
CORRE~loDAS ORA~OES
DA REDA~lo: intromissao
cxam;;.o
~
cxam;;.o
M RDllt(to:
p:mtuac;aodo texto:marca a passagemda introdQ
~:
deis do
DAS auv,iEs
da oralidade
M
cgneco.
RED!lI;k>:
incorrec;aoortografica na divisao
de palavras.
cxam;;.o
~
<DlRI!J;1D
M RDW;1\D:
consciencia da necessidade de caracterizar
<Xl\ISIIDADl\: ele trocou
DAS
a.w!Es
0
uma
peneu;
M RmllI;1Io: orac;aoirrepreens!vel
do ponto de
vista gramatical-sintacico.
<DlRI!J;1D
M
.REIlll(;Jlo:
orac;aoerrada do ponto de vista do texto porque
0
referente de ele
000
apareeeu.
to filosOfico do seculo XVIIque CQ'lsistiu na recuperac;aoda filosofia e, can ela, da lc5gicaaristotelica.
t correto falar emsu~
duto, porque a05 filosofos de vanguardadquela epoca interessou an
tes de mais nada elaborar ma analise do pensamentosegundoas
de
0-
analisar as frases da lingua can vistas nessa analise. Deixana~II'
do de lade>ma po~ao de questOes que 000 hcicaro tratar (por exem
plo:
a silogistica
a apenas
<;Oesde CCIOO
funciona
uma das
pensarnento; outras
0
mento leva ram mais tarde a analisar
neira canpletamente
dicional
diferente)
se justifica
0
to na perspectiva
pelas
rnatica tradicional
seriedade
tematiza:
guagem
mento
da
e expressao
a, provavelmente,
a ser
~logans
da reflexao
vez
mais
pre-existente
IXlr
que fi
0
da
pensamen-
plagio,a
gr.!!
de perguntar-se
can
as afirma<;Oes de que "lin-
claro
e
transcritas
desvinculados
sobre
que
varias
a ver
fun<;oes
ea
orienta<;oes
livros
dos
conteudos.
da
linguagem,
de
pobredas
e outros,
a linguagem
representa<;ao
nos
a "expressao"
uma imagem
Com Malinowski
come<;ou-se
recentemente
literalmente,
do pensamento", ou "linguagem
como meros
cada
que
de una origern filos6fica
inconseqUentemente,
continuam
linguagem.
saculo,
esqueceu-se,
tan-
para que serve a lingua que ela suIXlstamente sis-
Do lado
ficou
1IIJdou,
seculos de elabora<;ao, e de uuito
repetidas
da realidade"
ticos,
coisa
e com ela a cren<;a na fUn<;aode representar
to: ao cabo de tres
algma
uuita
fUn<;Oesda linguagem: no to-
cou cada vez mais vaga a conscieocia
gramatica,
tern caIn fUn<;ao
caIn na dos intelectuais
dado mais importante
0
tr.!!
pensamento".
dos gramaticos
a gramatica,
das ora<;Oes de ma-
ve-se que a origem da gramatica
qualquer IOOtivose interessaram
cante
a estrutura
seculo XVII e nossos dias,
0
representa-
representa<;Oes do penS2.
pela cren<;a ~e que a lingua
b3sica "representar
Entre
possiveis
urn pens.!!
iun<;oes
no come<;o deste
como
a<;ao;
"funcionalistas"
rum-nos a ver a linguagem CCIOOuma sarie
did~
de recursos
mais
ensin.!!
expressivos
que facultam a satisfa~ao de necessidades vitais bastante
das. uma das leituras mais est~lantes
varia-
sob este aspecto sao
os
textos de N.A.K. Halliday: ele IOOstra,por eXeq>lo,que a linguageminfantil
se organiza internamentede modoa satisfazer
varios
tipos de necessidades: l)obter a presta~ao de servi~os, 2)regular
o cc.crpJrt<Bentodos outros, 3)estabelecer a intera~ao, 4) definir
a propria individualidade, S)explorar 0 ambiente (e a fun~ao heuristica,
isto e, a f~o
cria~as,
de perguntar, tao fundamentalpara
e tao mal recebida no ambienteescolar), 6)para
tar, brincar e fingir
as
inven-
(e a flJll(,fao
do faz de conta). MJstra mais:
as fun<;Oesque interessam ao adulto (por exeuplo, a de relatar,i.!i!.
to
e de representar
objetivamente os fatos) ternpara as
UID
peso insignificante.
cri~as
Para Halliday, M una relacwao
de corres-
pondencia entre a maneira COIOO
a linguagerne e as necessidades q..e
ela satisfaz;. independentementedo detalhe de suas descri~s,essa ideia
e extremamenteoportuna: estinuia-nos
os escritos
de nossos alunos COIOO
necessidades expressiva5,
foram satisfeitas
sob
UIa
a pensar a fala
de, maneira mais au menosfeliz;
Wen-se
e
que
aS5im
luz nova UIa aerie de fatos que, de outro modo,seriam en.
carados ccmQ'erro gratuitos e avulsos.
Ccm:> explicar que a graaatica tradicional continua sendo a
principal estrategia
betizar,;ao,
Be
de ensino da lingua maternadepois da alfa-
a lingiiistica rrodernapropOsabordagensalternati-
vas e deu novas armas a seus criticos,
sens1veis e obvias, se
0
se as suas limita~Oes 9i>
seu insucesso foi tantas vezes sentido e
apontado?
No
meuentender a gramatica tradicional resiste porql.le tern
constituldo
urn poderoso fator
rio e secuncliirio,
de auto-confia~a
e faz parte
da reptesenta~ao
portugues faz de sua prOpria ~tencia
ria profissional
can furx;;ao social
de de encenar para a sociedade
de ccmpetenciai
preparo fOI1&i~
-escolar,
diversificada
pr~
professor
de
Toda categQ
sent~ a necessid!!
representii~ao
em todo grupo can a for<;a
en nossa sociedade, quem queira
~
ccmprovar primeiro que passou por
un
que lhe deu un diplooa e un corpo de conh~
cimentos' que "excedem" as necessidades
Oaf a tendencia para assunir
para ostentar
0
e Para si mesmauma
das defoI'lllaQOesprofissionais.
precisa
que
profissional.
alguna iJna9ernenralza-se
sar por c~tente,
do professor
profissionais
OOnportamentos altamente
corriqueiras.
conotados, e
conhecimentos apenas marginalmente relevantes •.. mas
que iIIpressiaJam.
Quemja precisou
queixa na policia
falar
au falar
can
0
agente do BNH,registrar
a un func:ionario de cartOrio_ sabe
teim::>siacaD que a maioria dos "servidores
contribuinte
seu linguajar
tecnico,
tas e orientae;Oes em ternos
assistido
te ao casal
algo caro
"0
0
ao
suas pergun
(Lembro-mede un dialogo,
minha vez na Caixa EconCrnica, entre
.encarregado dos financiamentos habitacionais
casal de condi~ao humilde:
da
pUblicos" inp)em
e evitam foraular
corriqueiros
enquanto eu esperava
urn funcionario
I.mi
funcionario
e
un
perguntava insistentemeJ!
pagamento do prenu.o da aP5lice
sera fei-
to em cheque au numerario? Diante do estupor causado pela pergunta,
0
funcionario
jar tecnico
lIffi
e
canmic..;ao
limitava-se
inutil,
eficaz,
a repeti-la).
e meSlOO
prejudicial
Esse aooso do linguado ponto de vista
mas e extremamente eficaz
no sentido
de
de
passar
uma imagernde competencia profissional
to de vista
profissional
e social,
e autoridade.
canportamentos desse tipo
quadram-se na nesma matriz que os teminhos
medicos alardeiam sua presenca,
leireiros
de alta
classe,
alW'lOs, de carregar
ca le-los.
ou
livros
a afeta~ao
hcibito,
0
sensata,
tende as expectativas
~a do profissional.
da ao professor
0
professor
direito
tade na escola autoritaria
CUlTprir; para quem esteja
cola,
recathecer
mente arraigada
de algtUls de nossos
sao inuteis
a granatica
e sentida
tem e
0
a iniciativa.
disposto
numa perspecti-
tradicional
caro aquele "conhe-
Para quem se sente a von-
e todo
un programa
dessa orienta~o
na cria~ao de uma atitude
ensinar
nao apenas sobre aquilo
que algumas sugestOes nesse sentido
mente algumas expectativas
possiveis
que
0
0
pri-
a "lingua materna" enseja
que a escola
tern feito,.
em fazer.
mas
Penso
acabaram passando nas entreli
ainda que de maneiraextremamente
- para evitar
e
independente.
tarnbBmsobre aquilo que a escola deve esfor9ar-se
ha. interesse
a
tao fort~
e pergtUltar as razOes de sua resistencia
texto,
de-
a sonhar com outro tipo de es-
intemas
A perg\.D1ta "0 que significa
nhas deste
nun-
aluno nao tem e por isso
que temos, ela
as fraquezas
meiro gesto necessario
uma reflexao
tipico
e cabe-
Sobrevive eni:lora seja uma repr~
da lingua porque
0
dos costureiros
da sociedade e contriOOi para a auto-confian.
ve ser leni>rada nessa perspectiva.
cim:mto a mais" que
brancos com que certos
mas servem para canpor uma imagernque a-
No neu entender,
senta~ao sinplista
en-
de poemas embaixo do sovaco sern
TOoos esses carp:>rtanentos
va profissialal
Do porr
alusiva.
equivocos e situar
texto poderia
t~
Mas
adequadater gerado
- em r:etOlBr:a questao dos objetivos
maneir:a nais positiva
riam odentar
e explicita;
do ensino
pontos que seguem.
1. A escola deve proporcionar
Nuna vivencia
variante
objetivos
e iniciar-se
-105
na pratica
nao
nar a variante
culta
e
listas
niza
de autDres,
de obraS.
0
literarios
daninar a
continuam
abstrato
MO
e
sendo
a inp>£
e depois esvazia-
algtmt sucedaneo acanhado: ter a-
apenas aprender a tecnica de escreveri
gramatica tradicionali
grafias
tao canpleta
Mas nao adianta afirmar
como principio
substituindo-lhes
a escrita
cesso
vivmcia
aprender a escrita,
aos valores
leg1.tinos e fundarrentais.
taneia desses objetivos
lITla
da iingua natema.
rica da lingua materna,
culta
1111<]tJa
materna de
Tento r:estInir:as linhas que dev~
a nudan<;anos quatro
quanta possivel
C!"
empanturrar-se
iniciar-se
can a metalinguagem
em literatura
caracteiisticas
Nao se aprende
dcmi-
nao
e decorar
de mvimentos literarios
0
que
e vivido,
MO
e
080
da
bioou
se orga-
que nao se aprendeui procuremos dar antes de mais nada
a
escrita,
linguagem culta
e
a
literatura
un carater
vera seUpre tempo para fazer da care.;;a de
a
de vivencia;h2.
nossos alunos urnquadro
sinOtico.
2. A escola deve tamar como ponto de partida
ais,
e necessidades
A lingtJa naterna
inclui
da, as variantes
sociais
c(~nte
desinter:essantes.
cola tem ass~ido
de
expressao r:eais.
as mais variadas
e regionais
~ preciso
em r:ela<;ao a esses
alunos r:e-
for:masde expr:essao fala-
nao-padr:ao, e os usos estetisuperar
° pr:econceito
~Ie a e~
tipos de linguagem, que
expressivament.e tao r:icos e estrutur:almente
sao
tao n~JlIlar:es e canplg
xos quanta a linguagem de qualquer
nao queiramos,
peitar
0
material
esse material
que
Ruy Baroosa: elas sao, meSllDque
professor
0
recebe para trabalhar .R~
e antes
Ii.ngi.iIstico
de mais nada respeitar
Cl!=eitar os alunos caOOas pessoas que sao; e isso
e no m:inino
bOa Iredida diplanatica:
lingiHstico
no terrena
do intercfunbio
que em outro Vale a regra de que a aceitac;ao
dproca:
drao,
por
mais iq:lortante
de que ele
a receber
acredita
e real
que seja a variedade
e porta-voz,
de volta dos alunos
discriminaterio
so
0
professor
0
mesmocarp:lrtamento
- que adota em relac;ao
matematica a alguem
- receptivo
linguagem deles.
e mais
importante
se alguem do que conhecer hem matematica:
hem os alunos
e antes
pa-
naturalmente
ou
Quemreo
se lenbre ao menos da norma pedagOgica segundo a
para ensinar
mais
se for re-
que pede haver discriminac;Oes em ambos os sentidos,
classe,que
uma
lingUlstica
se arrisca
it
e
nuna
qual
conhecer hem e.§.
no nosso caso, conhecer
de mais nada conhecer sua realidade
lingiiIs-
tica.
3. A autoridade
do professor
defesa autoritaria
personalidade,
reo precisa
de teorias
ai incluida
basear-se
na
e sim na riqueza de a.a
uma vivencia
mais ampla da
lingua.
Se,
COIro
ja afirmei,
lIngua materna,
cabe ao professor
auto-confianc;;a
essa auto-confianc;;a costma
cialmente
trei
prestigiadas,
que esse
tradicional.
e
0
fundamental.
ser obtida
nas aulas
Procurei
pelo reeurso
mesmoque cientificamente
principal
~ posslvel
e
a iniciativa
IOOstrar que
a "teorias"
sQ
discutlveis;lOOs-
IOOtivode sobrevivencia
que alguns tenham visto
de
da
gramatica
em minhas observa-
l;oes sobre a gramatica tradicional
teoria
antiquada
lingU1sticas
por rodas,
LIllateoria
recentes
propOsito de substituir
e cientificamente
e
esse:
paramentadas. De LIlla
0 mal da granatica
000 esta na propria. gramatica,
pois que a escola
lingii1stica
tradicioml,
mas no fato de que d,!l
entre as i.nUmerasrepresenta-
e passou a confundi-Ia
to me leva a duas afirma~s
can a propria
realidade.I.§.
que podemparecer paradoxais,
de un li.r!<Juista, mas que sao absolutamente necessarias:
e que
pode ser un equ1vOcosubstituir
una teoria
segunda
lingiil.stica
e que
qualquer
a granatica
CCIIO
a pro~ria gramatica tradicional
de parada no qual a reflexao
CCIIO
ponto de partida
Na realidade,
creditar
penso que
0
MO
ccm:>urnponto
so ele precisa,
0
a
IIBl
sobre a lingua cane<;a.
profissional
nada esse conhecimento que interessa
la vida atora,
e
par exemplo, saber escrever
eles
serao usuarios
teorias
nesse conhecimento vi
(claro que para i.§.
uma carta
de jornal);
au entender
e antes
passar aos alunos;
intuitivos
a-
the dao un conheciJrEn
ver; sua autoridade
sentido de urneditorial
COIUII,
de protugues deveria ousar
can que par acaso passa ter tido contacto:
e explicar
do ensino;a
da lingua rruito mais amplo do que as pabres
vida que deve basear-se
per
pode ser urn instrume!!.
no qual a reflexao
que a vida e a vivencia
to intuitive
tradicional
sabre lingUagem se toma lugar
professor
vindas
a primeira
linha orientadora
to legl.tinD de viveneia da lingua se for tanada
mas
vez
a adotou se esqueceu de que ela era apenas una r,!l
presental;ao da realidade
95es poss1veis,
a LIlla
rroderna, quem sabe uma dessas teorias
meu propOsito 000
e born repetir,
0
de
mais
afinal , P.!l
da lingua e nao pes-
4. 0 ensino de portugues deve ser gratificante.
t
comumouvir do professor
bre seu proprio
visivel
trabalho.
de portugues comentarios desanimados ~
lsso nao acontece
somente - e seria
- com aqueles que precisam submeter-se
ta ou quarenta
horas,
em classes
superlotadas,
a jornadas de trin-
em condi<;Oesmenos precarias.
que essa frustra<;ao
frequente
geral
e no professor
te em exagerar
ve .ensinar,
prender.
0
infelizrnente
papel do proprio professor
Basta pensar na facilidade
lingiiistica
pr~tica:
fazer
resultado
e principalmente
A primeira
iJrpressOes de leitura
consi§.
caro a pessoa que
mas de seu interesse
si,
0
aprendizado de uma va-
uma questao de exposic;ao
por exenplo,
au a uaneira
e
expondo
a
classe
de epocas literarias.
carparem e corrijam
mir
0
\.IlIa
lifiquei
ciais
0
pontes de gramatica
e
quadros
Fazer com que os PrOprios alunos
em tenros
papel de censor.
de autdodestrutivas
te-
e mais :iJrp:>£
sem escacoio sua forma de expressar-se
e mais interesssante
terrp:> todo
mais criativo
f.sl:
suas
can6 pretendem CQ'lstruir
e menos cansativo,
para a vida do que expor-lhes
cansativo
de-
com que as crian<;as aprendem a
reda<;ao, au defendendo posic;Ciespre-marcadas nun debate sebre
siooticos
em
com que os alunos leiam e ccmentem suas leituras,
zer com que conversem entre
tante
de
do papel do aluno caro alguem que pode g
lingua de seu ambiente para perceber que
d.ante
0
pensar
ccmms no professor
de portugues em particular.
em detrimento
Tendo a
e antes de mais nada
auto-destrutivas
tom nul
mas t~
tos que podem atuar
duas atittrles
pr~
de forma<;aodo que assu-
A segunda das atittrles
CQ'lsiste em exagerar
que se fazem ao ensino de portugues.
e men:s
Hii
I.ItI
que qug
as cobran<;as sovestibJlar
no 00-
ri:l'A)nte do S(..'gundograu, mas quantos alunos chegarao
cldsse
de quinta
serie?
Nao e roolhor apostar
trabalho
desagradavel,
quer repUblica
eles
COOD
suoordinadas).
tutores
tapados,
da disciplina
set"a que se trata,
num
dos pais,que
e confundem trabalho
hci diretores
ele
na vida desses alunos
do que na pobre ilusao de lIll canudo? IJii a expectativa
passaram por urn ensino gramtical,
a
serio
can
que se enc:aram em ~
(claro,
a das pessoas
a
sernpre e invariavelmente,de
casos perdidos?
Havera ainda muito a nudar,
gues possa ser
alunos,
que deve - urn processo
e os alunos entre
tilhalido
dar,
0
si,
pa, e a asstmir
vale a pena que
velroonte, essa
os riscos
ea
e entender
tarefa
0
0
ensino de port!!.
professor
se enriquecem reciprocaroonte
0
sera preciso
professor
si mesmocan un certo distane~nto
do ensino,
tas e dos pedagogos. Todas essas
os erros
em
nossos dias.
nero dos projetos
ensino,
IIU-
para
sem cuI
Prova0 inpor-
0
terreno.
nao daqueles
dos 1i.ng.J:ie
inst:anc:ias tern lIlla colaoora<;ao
mas se nao estou enganado essa colaoora<;ao, hoje,
vir para linpar
querer
independente.
mais i.np:>rtante
os
~r-
aprenda a olhar
para aceitar
de lIlla atittrle
e
que a grande nudanc;a nao vira nem das Universida-
des nem dos orgaos oficiais
dar,
no qual
sua experienc:ia vivida da lingua.
e para isso
tante
antes que
sO
pode se!'.
Mas a Itl.rlan<;avira daqueles que vivem
que especulam sobre ele.
De dentro.
a
0
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Rodolfo Ilari Depto.de LingUfstica ~vemente, na cabe~a de