Artigo Inédito Prevalência dos Tipos de Más oclusões Esqueléticas Avaliadas em Pacientes Portadores de Deformidades Dentofaciais Prevalence of Skeletal Malocclusion´s Types Analysed in Patients with Dentofacial Deformities Resumo Eloísa Marcantonio Boeck As más-oclusões e deformidades dentofaciais na maioria dos casos são resultantes de distorções no processo de desenvolvimento normal. Atualmente, observa-se que grande parte da população apresenta algum tipo de desvio morfológico e/ou funcional do sistema estomatognático, e a necessidade de conhecimento das estatísticas reais destes problemas é vigente. Este trabalho teve como objetivo realizar um levantamento da prevalência de más oclusões esqueléticas (Classe I, II ou III com comprometimento de bases ósseas) apresentada pelos pacientes do Centro de pesquisa e Tratamento de Deformidades Buco-Faciais (CEDEFACE), considerando-se o dismorfismo sexual e o tipo de cirurgia realizada para cada caso individualmente, assim como a análise das estruturas anatômicas afetadas. Os resultados permitiram concluir que: a prevalência de más-oclusões em pacientes portadores de deformidades dentofaciais é inversa à observada na população em geral, a Classe III foi a má-oclusão mais prevalente, acometendo 53,59% da amostra analisada, a má-oclusão de Classe I foi observada em apenas 1,65% dos pacientes avaliados e a prevalência de Classe II permaneceu dentro das médias de relatos da literatura internacional (39,22%). O sexo feminino representou a maioria em todas as másoclusões analisadas. Observou-se que na maioria dos pacientes portadores de más-oclusões esqueléticas existe uma combinação de problemas maxilares e mandibulares (63,2% da amostra analisada), o que interfere diretamente na decisão pelo plano de tratamento mais adequado. INTRODUÇÃO As más-oclusões e deformidades dentofaciais na maioria dos casos não são resultantes de processos patológicos, mas de distorções severas ou moderadas do desenvolvimento normal29. Para o diagnóstico adequado cada área regional da face e do crânio deve ser considerada separadamente e em comparação com outras regiões às quais ela deve “ajustar-se”, pois quando existe um desequilíbrio, são afetados o posicionamento dos maxilares (protrusão ou retrusão) e a natureza da oclusão (Classe I, II ou III), resultando em alterações faciais características10. Atualmente, observa-se que grande parte da população (80 a 90%) apre- Eloísa Marcantonio Boeck* Carla Maria Melleiro Gimenez** Karina Eiras Dela Coleta*** Palavras-chave: Prevalência, má-oclusão, deformidades dentofaciais. * Professora de Ortodontia da UNIP – Câmpus de Ribeirão Preto; Estagiária do CEDEFACE ARARAQUARA – Centro de Pesquisa e Tratamento das Deformidades Buco-Faciais. ** Cirurgiã-dentista; Estagiária do CEDEFACE ARARAQUARA – Centro de Pesquisa e Tratamento das Deformidades Buco-Faciais. *** Professora de Ortodontia da UNIP – Câmpus de Ribeirão Preto Estagiária do CEDEFACE ARARAQUARA – Centro de Pesquisa e Tratamento das Deformidades Buco-Faciais. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 8, n. 4, p. 73-78, jul./ago. 2003 73 Abstract The malocclusions and dentofacial deformities in several times are resulting of distortions on development’s normal process. Nowadays, significant part of population shows some type of morphological and/or functional alterations in estomatognatic system, and the necessity of knowledg of its real statistics is important and valid. This paper was the proposition to achieve a research of skeletal malocclusions prevalence (Class I, II or III) in CEDEFACE patients (Research and Treatment Center of Dentofacial Deformities), considering the sexual dismorfism and the type of surgery performed in each case, like as the analyses of anatomical structures affected. The results permit to conclud that malocclusion prevalence in patients with dentofacial deformities is the opposite of population in general. The class III was the most prevalent malocclusion, affecting 53,59% of analised sample and the class I malocclusion was observed only in 1,65% of avaliable patients, while the Class II prevalence was the same media that registered in international literature (39,22%). The female sex represents the maiority of all malocclusions analised. Noted that in the maiority of skeletal malocclusions patients, there are a combination of mandibulr and maxillary problems (63% of analised sample), which interfere directly in the treatment plan decision. Key words: Prevalence. Malocclusions. Dentofacial deformities. 12 – FOX, J. N. An American Board of Orthodontic: case report. A nonsurgical and nonextraction approach in the treatment of skeletal and dental class III malocclusion in a growing patient. Am J Orthod Dentofacial Orthop, St. Louis, v. 97, no. 5, p. 470-475, 1990. 13 – GALLAGHER, R. W. et al. Maxillary protraction: treatment and post treatment effects. Am J Orthod Dentofacial Orthop, St. Louis, v.113, no. 6, p. 612619, 1998. 14 – GOH, G.; KAAN, S. K. Dentofacial orthopedic correction of maxillary retrusion with protraction facemask: a literature review. Aust Orthod J, Brisbane, v.12, no. 3, p. 143-150, 1992. 15 – FERDER, M. 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