TRATAMENTO CIRÚRGICO
Terminado o tratamento ortodôntico préoperatório, o paciente faz os exames de
rotina para a cirurgia sob anestesia geral,
bem como uma avaliação pré anestésica
com o anestesista, com finalidade de
orientar o paciente a respeito da cirurgia,
bem como reduzir possíveis riscos que
possam complicar a anestesia geral.
A cirurgia proposta à paciente, baseada nos
exames clínicos radiográficos foi
Osteotomia do tipo Le Fort I na maxila e
lipoaspiração na região submentoniana.
Cinco minutos antes de iniciar-se a incisão,
foi infiltrado no fundo do vestíbulo da
maxila em ambos lados, solução de
xilocaína 2 % com epinefrina na diluição
de 1.200.000. (Merrell Lepetit
Farmacêutica- Ltda.).
A incisão foi realizada em ambos os lados
na região do fundo de vestíbulo na maxila
desde os primeiros molares até a linha
média, onde ambas se encontram, o
retalho mucoperiostal foi levantado
expondo toda vestibular da maxila, bem
como a mucosa nasal no assoalho da fossa
nasal.
A osteotomia realizada foi do tipo Le Fort I
estendendo-se desde a abertura piriforme
até a região distal do último molar de
ambos os lados. Em alguns casos especiais
a análise estética da face pode indicar
algum tipo de deficiências, a osteotomia
realizada na parede lateral da maxila é
mais alta. Para este caso onde a paciente
possuía um tipo de deficiência na porção
mais inferior do 1/3 médio da face a
osteotomia de tipo Le Fort I alta, sem
dúvida pode ser uma escolha, evitando
muitas vezes em alguns casos enxertos
autógenos ou aloplásticos.
Após completadas as osteotomias de
ambos os lados das paredes internas e
externas da maxila, o septo nasal é
cuidadosamente cortado desde a espinha
nasal anterior até a espinha nasal posterior.
É realizada osteotomia na região posterior
do processo pterigóide do osso esfenóide
e evitar fraturas no mesmo. A maxila foi
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DE
então abaixada e reposicionada em sua
nova posição com auxílio de uma guia
cirúrgica de acrílico confeccionando
previamente nos modelos do gesso, dando
a oclusão ideal. Foi realizado bloqueio
maxilo-mandibular e osteossíntese, com
fio de aço inoxidável n°.1 (Aciflex EthiconBrasil).(fig.4b)
Com a intenção de melhorar a estética
aumentando a definição das bordas
inferiores da mandíbula, realizou-se
lipoaspiração na região submentoniana e
cérvico-facial. Realizando-se uma incisão
na pele de aproximadamente 4mm na
região retroauricular de ambos os lados e
uma terceira incisão. Lipoaspiração
penetrou para aspirar o tecido gorduroso
subcutâneo.(fig.4a)
Seguindo a rotina dos pacientes
submetidos a cirurgia ortognática, a
paciente passou uma noite no hospital
sendo liberada 24 hs após a cirurgia.
Alimentação - dieta líquida.
Medicação:
- Antibiótico-terapia durante uma semana.
- Antinflamatório e analgésico por uma
semana.
- Descongestionamento nasal 4 vezes por
dia.
A referida paciente permaneceu por seis
semanas sob bloqueio intermaxilar,
quando então foi aberto e orientada
fisioterapia para abertura da boca e
acomodação da musculatura em sua nova
posição, bem como readaptação dos
côndilos. Ortodontia pós cirúrgica.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Muito embora os resultados
cefalométricos não apresentam-se
condizentes com os valores de
normalidade os resultados estéticos pósoperatórios atingiram os objetivos do
tratamento, dando um perfeita harmonia
aos tecidos moles da face da
paciente(fig.5a,5b). Com base nestes
achados pode-se concluir que a avaliação
clínica deve considerar o paciente como
um todo e não apenas como grandezas
ORTODONTIA E ORTOPEDIA MAXILAR
VOLUME 2, Nº 3
numéricas do esqueleto craniofacial. Como
exemplo desta afirmação temos as medidas
ANB e Co-Gn que apresentam valores finais
considerados discrepantes. Os resultados
estéticos indica-se numericamente pelo
avanço maxilar de 3 mm na medida Co-A,
aumentando o ângulo naso-labial em 50,
entretanto sem alterar a AFAI obtido na
fase ortodôntica pré-cirúrgica. Procedimentos como a análise de Bolton e a
lipoaspiração mostraram-se como alternativas ocasionais na obtenção dos objetivos do tratamento combinado ortodôntico cirúrgico (fig.6a,6b,6c)
Agradecemos à Dra. Marisa L.Cruz Marques (Anestesista) e à Dra. Telma
Vidôtto (cirurgiã plástica)
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Caso
Clínico
Apresentação ilustrada de casos tratados em Ortopedia,
Ortodontia e/ou Cirurgia Ortognática
Considerações Sobre o
Tratamento Conservador de
um Caso Clínico com Incisivo
Lateral Superior Conóide
É apresentado um caso clínico com um incisivo lateral conóide que poderia ter sido extraído durante o tratamento ortodôntico, tendo
em vista o seu reduzido tamanho e posição no arco. O tratamento conservador, com auxílio da cosmética restauradora, providenciou
um resultado considerado muito bom, o que indica que em situações semelhantes, a extração precipitada do dente conóide pode não
ser a única , nem mesmo a melhor alternativa.
UNITERMOS: Dentes conóides; tratamento ortodôntico; cosmética restauradora.
Conservative Treatment of a Peg-shaped Maxillary Lateral Incisive Case
It’s presented a case report in which there was a peg-shaped lateral incisor that could have been extracted during the orthodontic
treatment considering its size and position in the arch. The conserving treatment helped by the restorative dentistry got an excellent
result which indicates that in similar situations the early extraction of a peg-shaped tooth is not necessarily the best solution.
UNITERMS: peg-shaped teeth; orthodontic treatment; cosmetic dentistry.
Joel Claudio da Rosa MartinsA
Ana Cláudia Moreira MeloB
Lídia Parsekian MartinsC
Carolina Chan CirelliC
A
B
C
PROFESSOR ASSISTENTE DOUTOR DO DEPARTAMENTO DE CLÍNICA INFANTIL DA FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE ARARAQUARA - UNESP.
ALUNA DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO/MESTRADO, Á REA ORTODONTIA, DO DEPARTAMENTO DE CLÍNICA INFANTIL DA FACULDADE DE ODONTOLOGIA
ALUNAS DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO/DOUTORADO, ÁREA ORTODONTIA, DA FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE ARARAQUARA - UNESP.
DE
ARARAQUARA - UNESP.
Joel Martins
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ORTODONTIA E ORTOPEDIA MAXILAR
VOLUME 2, Nº 3
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INTRODUÇÃO
Anomalias de desenvolvimento com
alteração na morfologia da coroa dentária
são freqüentemente encontradas para os
terceiros molares, incisivos laterais
superiores e segundos pré-molares
inferiores8.
“Incisivo lateral conóide” é o termo
aplicado à anomalia dos incisivos laterais
superiores
caracterizada
pela
mineralização apenas do lóbulo médio
dentário. Esse tipo de anomalia ocorre em
aproximadamente 19% da população4, é
mais comum no sexo feminino, sendo mais
freqüente no lado esquerdo5.
A hereditariedade como fator etiológico de
alteração na forma dentária já foi
comprovada2,5, e considerada como um
evento associado ao mesmo mecanismo
genético que causa a ausência dos incisivos
laterais superiores, sendo ambas as
situações expressões diferentes do mesmo
gene2.
No planejamento do tratamento
ortodôntico de um paciente com incisivo
lateral conóide, fatores como a idade do
paciente, tamanho e forma da coroa e da raiz
dentária, devem ser considerados8 para a
tomada de decisão buscando o melhor
procedimento ortodôntico, protético ou
ambos. Muitas vezes procedimentos
ortodônticos e protéticos combinados,
permitem que o tratamento proporcione
um equilíbrio estrutural, eficiência
funcional e harmonia estética 1,7, que
procedimentos alternativos isolados
dificilmente conseguiriam.
RELATO DO CASO CLÍNICO
DIAGNÓSTICO
Paciente do sexo feminino, idade de 7
anos, portadora de má oclusão Classe I
de Angle e mordida cruzada posterior
(Figura 1). O exame clínico mostrou o
padrão facial favorável e perfil reto
(Figura 2a, b). O exame da análise da
telerradiografia de perfil, evidenciou o
bom relacionamento da maxila e
mandíbula em relação à base do crânio
(SNA = 830 , SNB = 800 e ANB = 30), e
um padrão de crescimento facial normal
(SN.Gn = 650, FMA = 250 e SN.GoMe =
250) (Figura 3). O exame da radiografia
panorâmica mostrou uma alteração na
forma do incisivo lateral superior direito,
ainda incluso, o que foi comprovado na
tomada periapical. Os caninos superiores
apresentavam-se com áreas radiolúcidas
em torno das coroas, sugerindo cistos
pericoronários (Figura 4 a,b), o que
indicava uma provável extensão do tempo
de tratamento, com cirurgia e
tracionamento dos referidos dentes.
Figura 2a - Vista frontal inicial
da face da paciente.
Figura 2b - Vista de perfil inicial
da paciente.
Figura 1- Slide inicial da paciente numa vista
frontal intra-bucal mostrando a mordida cruzada posterior.
Figura 3 - Telerradiografia de perfil inicial da
paciente.
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Figura 4a - Radiografia periapical da região de
incisivo lateral direito.
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VOLUME 2, Nº 3
Figura 4b - Radiografia periapical da região de
incisivo lateral esquerdo.
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