Constipação Intestinal: como tratar Dra. Elisa de Carvalho Gastroenterologia Pediátrica – HBDF www.paulomargotto.com.br Brasília, 17/7/2011 Constipação Intestinal: importância 1 Recife: 14,7 a 21,8% Rio de Janeiro: 28% Botucatu: 38,4% Rib. Preto: 26,8% São Paulo:17% Porto Alegre: 36,5% Mundial: 2 a 30% Consultas pediátricas: 3% a 5% Gastroenterologistas: 20% a 30% 2 3 Constipação intestinal: como tratar Constipação intestinal Doenças orgânicas Doenças digestivas Doenças extra digestivas Aganglionose adquirida Alergia alimentar Ânus anteriorizado Ânus ectópico anterior Ânus imperfurado Doença celíaca Doença de Hirschsprung Estenose anal Fibrose cística Má formação anorretal Pseudo-obstrução intestinal Doenças endócrinas e metabólicas Diabetes melito e insipidus Hipercalcemia - Hipocalemia Hipotiroidismo Doenças neurológicas Anormalidades da medula espinhal Encefalopatia crônica Uso de fármacos Antiácidos Anticolinérgicos - Anticonvulsivantes Codeína - Sais de ferro Constipação crônica funcional Recém-nascidos e Lactentes Crianças maiores e adolescentes Constipação intestinal: lactentes Constipação funcional em lactentes Sinais característicos Freqüência Idade Evacuação semanal 0 – 3 meses Doenças orgânicas Fórmula 5 – 40 5 – 28 6 -12 meses 5 – 28 L. Materno Característica Especialmente: aleitamento materno exclusivo. Disquesia Esforço e choro, antecedendo a evacuação de fezes pastosas. (até 6 meses de vida). Pseudoconstipação Evacuação de fezes macias, < 3 vezes por semana, nos lactentes em aleitamento exclusivo. Constipação funcional lactentes Constipação funcional em lactentes Aleitamento materno e alimentos complementares Fórmulas artificiais Frutas: maçã (sorbitol) Grãos: feijão, lentilha Fórmulas com prebióticos Laxante: lactulose 1 a 3 mL/kg/dia Alergia alimentar: APLV Constipação em lactentes: alergia alimentar Lactentes:amamentação Fórmulas Após o desmame e a introdução de fórmulas artificiais. Início: introdução de fórmulas Eritema perianal Sangue nas fezes Dor para evacuar Sinais de atopia História familiar de atopia Teste terapêutico: fórmulas hipoalergênicas Summary of Updated Recommendations of the North American Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology and Nutrition. JPGN, 2006: 43(3)405-407. Constipação em lactentes: alergia alimentar Soja: proteína alergênica Idade: > 06 meses Melhor resultado: alergias IgE mediadas Barreira intestinal íntegra Fórmulas hipoalergênicas/não alergênicas Proteína: forma terciária Alergenicidade Parcialmente hidrolisada Extensivamente hidrolisada Aminoácidos Constipação intestinal funcional: lactentes Impactação: não é evento comum nesta faixa etária Desimpactação Supositórios de glicerina Clister: microenemas de sorbitol Não se recomenda: óleo mineral, enemas de fosfato e laxantes estimulantes. Não se aconselha o treinamento esfincteriano. Se este foi iniciado, de modo precoce, orientar interromper! Constipação crônica funcional: crianças maiores e adolescentes Doenças orgânicas Doenças digestivas Doenças extra digestivas Aganglionose adquirida Alergia alimentar Ânus anteriorizado Ânus ectópico anterior Ânus imperfurado Doença celíaca Doença de Hirschsprung Estenose anal Fibrose cística Má formação anorretal Pseudo-obstrução intestinal Doenças endócrinas e metabólicas Diabetes melito e insipidus Hipercalcemia - Hipocalemia Hipotiroidismo Doenças neurológicas Anormalidades da medula espinhal Encefalopatia crônica Uso de fármacos Antiácidos Anticolinérgicos - Anticonvulsivantes Codeína - Sais de ferro Constipação crônica funcional 95 % a 97 % dos casos Constipação crônica funcional Erros alimentares Alergia alimentar Anorexia (por infecção) Fissura anal Aspectos emocionais Fezes endurecidas Evacuação dolorosa Medo de evacuar Retenção fecal Fezes impactadas Megarreto Outras causas de constipação Fezes mais duras e calibrosas Escape fecal Calibre Sensibilidade Relaxamento EAI Abertura do esfíncter anal interno, sem o fechamento voluntário do externo. A consciência do escape só ocorre com o contato das fezes com a pele. Tratamento: 03 etapas Primeira etapa: promover a eliminação das fezes impactadas. Objetivos do tratamento: Desimpactação: etapa essencial para o sucesso do tratamento! Regressão da distensão do reto e do cólon, recuperação da sua motilidade e da dinâmica das evacuações. Segunda etapa: formação de macias para que as evacuações dolorosas. Restaurar a confiança dafezes criança nela mesma e melhorarnão suasejam autoestima. Manutenção: fundamental para que o paciente perca o medo de evacuar e a postura de retenção fecal. Restaurar a dinâmica familiar, alterada em muitos casos. Evitar as recidivas. Terceira etapa: Treinamento para recondicionar o hábito intestinal e as evacuações. Constipação crônica funcional Tratamento: 1ª etapa Desimpactação Via retal Via oral Enema de fosfato hipertônico Laxantes osmóticos Enema de solução glicerinada Laxantes lubrificantes Laxantes estimulantes Desimpactação via retal Enema fosfatado Dose: 3 a 6 mL/kg, máximo de 135 mL. Tempo de uso: 2 a 3 dias (até 5 dias). Efeitos colaterais: hipernatremia, hipocalemia, hipocalcemia e hiperfosfatemia. Não é recomendado: Menores de dois anos Obstrução intestinal Insuficiência renal Solução glicerinada 12%: 10mL/kg Mais utilizada Desimpactação: via oral Óleo mineral: laxante emoliente Dose: 15 a 30 mL/ano de idade, até 240 mL/dia 20 a 50 mL/vez Risco de aspiração e pnemonia lipoídica. Não é recomendado: Menores de dois anos Neuropatas Pacientes com DRGE Polietilenoglicol (PEG): laxante osmótico Mais Molécula capaz de formar pontes de hidrogênio com 100 moléculas de água. utilizado Hidrata o conteúdo fecal Desimpactação via oral: PEG Dose: 1,0 a 2,0 gr/kg/dia, máximo de 100 gr. Crianças e adolescentes (12 a 18 anos): 04 sachês/dia, com máximo de 08 sachês/dia. Tempo: 03 a 05 dias. Preparado comercial:13,12gr/sachê. Taxa de sucesso: 90% em 3 a 4 dias. Efeito: pode ser mais demorado, comparado aos enemas. Início: pode aumentar o escape e a dor abdominal. Não é invasiva e evita manipulações dolorosas em pacientes que já apresentam medo de evacuar. Desimpactação Duração desta fase: 3 a 5 dias Internação PEG em altas doses: via SNG *Cuidado com risco de aspiração Lavado contínuo: 15ml/kg/hora até o máximo de 40ml/kg/hora ou 1 litro/hora, por 04 horas. 25 ml/kg/hora por 06 horas. Em geral: desimpactação em 8 a 24 horas. Constipação crônica funcional Tratamento: 2ª etapa Manutenção: Iniciar apenas após esvazimento do colo. Laxantes Dieta Hábitos de vida Tratamento de manutenção: laxantes Estimulantes Emolientes Osmóticos Sene Óleo mineral Hidróxido de magnésia Bisacodil Lactulose Picossulfato Polietilenoglicol Estimulam a secreção e a motilidade. Emulsificam as fezes e absorção de água. Carreiam água para luz intestinal. Tratamento de manutenção: laxantes estimulantes Xarope de sene (8,8 mg de Sene/5 mL): 2 a 6 anos: 2,5 a 7,5 ml/dia 6 a 12 anosa: 5 a 15 ml/dia Podem alterar a mucosa colônica e ocasionar dano neuromuscular e dismotilidade. Sene: hepatite, osteoartropatia hipertrófica e nefropatia. Bisacodil: litíase urinária. Utilizado como terapia de resgate! Após melhora: retornar para osmóticos Tratamento de manutenção: laxante emoliente Óleo mineral Dose: 1 a 3 mL/kg/dia Risco: aspiração e pneumonia lipoídica. Não utilizar: Menores de dois anos Neuropatas DRGE Tratamento de manutenção: laxantes osmóticos Hidróxido de magnésia: 1 a 3 mL/kg/dia Pequeno percentual é absorvido e o restante cria um gradiente osmótico. Lactulose (10g/15mL): 1 a 3 mL/kg/dia (doses crescentes para evitar a flatulência). Dissacarídeo sintético (galactose e frutose) resistente à lactase e não absorvido. Colo: produção de AGCC (ação das bactérias). Polietilenoglicol: 0,25 a 1,0 gr/kg/dia, dose única. Mais Se necessário: 2x/dia. Polímero orgânico: pouco absorvido e não metabolizado pelas bactérias colônicas. utilizado Laxantes osmóticos: seguros, eficazes e bem tolerados, a curto e longo prazos. Escolha: preferência da criança e na experiência de uso. Tratamento de manutenção: laxantes osmóticos Ficha técnica: recomenda para maiores de 02 anos. PEG: menores de 02 anos. Loening-Baucke V, Krishna R, Pashankar D. Polyethylene Glycol 3350 without electrolytes for the treatment of functional cons- tipation in infants and toddlers. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2004;39:536 Michail S, Gendy E, Preud’Homme D, Mezoff A, Pashankar D, Loening-Baucke V, et al. Polyethylene Glycol for constipation in children younger than eighteen months old. J Pediatr Gas- troenterol Nutr. 2004;39:197—9. PEG: menores de 01 ano. National Institute for Health and Clinical Excellence (NICE). Constipation in children and young people. Diagnosis and mana- gement of idiopathic childhood constipation in primary and secondary care. Quick reference guide. Mayo 2010. Sem sabor Dose Macroglol (3350 KDa), com eletrólitos. Manipulado: PEG (4000 KDa), sem eletrólitos. individualizada Em geral: não ocasiona distúrbios eletrolíticos. Tratamento de manutenção: laxantes Dose inicial: ajustada até que seja alcançada a dose mínima (dose de manutenção). Permitir evacuações de fezes macias, indolores, sem medo ou dor, sem ocasionar fissuras e o esvaziamento completo do reto/sigmóide. Voltar o aumentar a dose, ao final de dois dias sem evacuar. Tempo de uso: longo (3 a 24 meses). Suspensão: evacuações regulares e sem dor ou dificuldade (pelo menos 02 meses). Suspensão precoce: recidiva e falha terapêutica. Tratamento: dieta Corrigir erros alimentares. Organização da dieta (alimentação saudável). Bom aporte de líquidos e dos alimentos ricos em fibras. Aumentar o consumo de leguminosas (feijão, ervilha, lentilha e grão de bico), milho, pipoca, coco, verduras, frutas (com casca e bagaço) e o farelo de trigo. Pirâmide alimentar: 2 a 4 porções de frutas 3 a 5 de hortaliças 6 a 11 de cereais Leguminosas, sementes, oleaginosas ½ dos cereais integrais Grãos e frutas secas ou in natura ingeridos com casca Fibras O ESPAÇO NA HORIZONTAL APROVEITAR Não usar fundos chapados (cores solidas) Dieta equilibrada com aporte suficiente de fibra. Antes da fibra comercial: dieta rica emusar frutas,textura verduras,elegumes e cereais. Procurar não usar fundo Idade em anos + 5 a 10 gramas, com máximo de 25 a 30 gr/dia. branco Água: necessária para hidratação das fezes. Dieta: não é preocupação na fase de desimpactação. fibras com obstrução terminal bolo fecal: estimula contração colônica Dor abdominal Gases Escape fecal 3ª etapa : recondicionamento do hábito intestinal Não adiar as evacuações. As crianças são estimuladas a permanecerem sentadas no vaso sanitário, com apoio fixo para os pés, após as principais refeições, aproveitando o reflexo gastrocólico. Para as crianças em treinamento esfincteriano, recomenda-se a interrupção deste treinamento, até que o paciente apresente melhora da constipação. Sucesso do tratamento: educação aos pais e desmistificação de conceitos Cooperação médico-família / relação de confiança Importante: melhor adesão Esclarecimentos sobre a fisiopatologia da constipação e do escape fecal. Escape fecal: não é volontário. Situações constrangedoras desencadeam sentimentos de fragilidade, inferioridade e baixa autoestima. Os laxantes não causam dependência a longo prazo. Não fazer treinamento coercitivo. Não punir por acidentes. Estímulos positivos! Biofeedback Indicação: anismo (contração paradoxal do assoalho pélvico) Dissinergia do assoalho pélvico Novos fármacos Bloqueadores dos receptores da setorotonina ou ativadores dos canais de cloro. Fármacos: Tegaserode, Lubiprostona, Almivopan e Prucalopride. Estimulam a motilidade e a secreção intestinal: sem estudos em crianças. Constipação crônica funcional: tratamento Obrigada! PEG Recondicionamento Manutenção Osmóticos Estimulantes Desimpactação PEG Enemas CCF: excluir doenças orgânicas