REVENDO A RETINOPATIA DA PREMATURIDADE: PREVALÊNCIA EM NOSSO MEIO E ABORDAGEM TERAPÊUTICA ATUAL | PRORN | Ciclo 11 | Volume 4 | 27 EG ■■ INTRODUÇÃO U ST AÇ ÃO ALINE PIOVEZAN ENTRINGER ANDREA ZIN D A retinopatia da prematuridade (ROP) é uma enfermidade vasoproliferativa secundária à vascularização inadequada da retina imatura dos recém-nascidos pré-termo (RNPTs), e permanece como uma das principais causas de cegueira e baixa visão infantil nos países desenvolvidos e em desenvolvimento.1 A realização da crioterapia e da fotocoagulação a laser da retina periférica como formas de tratamento representou um grande avanço na prevenção da cegueira. Contudo, os resultados visuais ainda são insatisfatórios. A proporção de cegueira causada é muito influenciada pela qualidade do cuidado neonatal (disponibilidade, acesso e qualidade de atendimento), assim como pela existência de programas eficazes de triagem e tratamento.2 Por conseguinte, existe grande variabilidade de ocorrência no Brasil e em outros países desenvolvidos e em desenvolvimento.3,4 ProRN_C11V4_2_Revendo a retinopatia.indd 27 16/07/2014 14:07:29 ■■ Objetivos Ao final da leitura deste artigo, em relação à ROP, o leitor deverá ser capaz de: ■■ ■■ ■■ ■■ ■■ reconhecer a fisiopatologia; identificar os aspectos gerais da epidemiologia e os fatores de risco; descrever sua classificação internacional; descrever as indicações de tratamento; identificar a população de risco, de forma a possibilitar o agendamento do exame oftalmológico na época adequada. ■■ Esquema Conceitual AÇ ÃO Fisiopatologia Histórico e epidemiologia Classificação internacional Identificação do grupo de risco – quem deve ser examinado Indicação de tratamento Manifestações oftalmológicas tardias ST Tratamento da retinopatia da prematuridade Métodos alternativos de tratamento da retinopatia da prematuridade grave U REVENDO A RETINOPATIA DA PREMATURIDADE: PREVALÊNCIA EM NOSSO MEIO E ABORDAGEM TERAPÊUTICA ATUAL 28 EG Prevenção primária D Prevenção da retinopatia da prematuridade Casos clínicos Prevenção secundária Prevenção terciária Caso clínico 1 Caso clínico 2 Conclusão ProRN_C11V4_2_Revendo a retinopatia.indd 28 16/07/2014 14:07:29 ■■ Fisiopatologia O desenvolvimento dos vasos sanguíneos retinianos se inicia aproximadamente na 17ª semana de idade pós-menstrual. Os vasos crescem a partir do nervo óptico, alcançando a periferia da retina nasal no oitavo mês e da temporal ao termo. Assim, a retina do RNPT encontra-se avascular na periferia por ocasião do nascimento.5 No nascimento prematuro, o crescimento vascular normal é interrompido, havendo também obliteração de alguns vasos. À medida que o RN cresce, aumenta a demanda metabólica da retina e, como resultado da não vascularização, a retina torna-se hipóxica. Em modelos animais, foi comprovada a associação entre hipóxia e oclusão vascular.6 | PRORN | Ciclo 11 | Volume 4 | 29 Quando a demanda metabólica da retina em desenvolvimento é maior do que o oxigênio ofertado, ocorre a estimulação da produção do fator de crescimento vásculo-endotelial (VEGF). Esse fator é angiogênico, provocando, então, a neovascularização. AÇ ÃO O VEGF também é importante para o desenvolvimento normal da vasculatura retiniana. Ao sair do ambiente uterino, onde a saturação de oxigênio é de cerca de 60-70%, para outro relativamente hiperóxico, ocorre down-regulation do VEGF, cessando o crescimento normal dos vasos (fase I da ROP). Contudo, não é o único no processo de desenvolvimento vascular, havendo outros fatores envolvidos. O uso suplementar controlado de oxigênio, apesar de provocar inibição do VEGF, não impede que a doença se manifeste. D EG U ST O fator de crescimento insulina like (IGF-1) também tem seu papel no desenvolvimento normal da vasculatura retiniana. Logo após o nascimento prematuro, as fontes de IGF-1, como a placenta e o líquido amniótico, são perdidas. Se o IGF-1 se eleva rapidamente após o nascimento, permitindo o crescimento vascular, a ROP não se desenvolve. Se os valores permanecerem baixos por mais tempo, o crescimento vascular cessa, e a retina avascular torna-se hipóxica. Nessa condição, o VEGF se acumula no vítreo. Valores baixos de IGF-1 parecem potencializar a ação do VEGF (Figura 1). Desenvolvimento dos vasos retinianos intraútero IGF1 e VEGF-nl Retina do prematuro em amadurecimento Hipóxia ↑ lenta do IGF-1 ↑↑ do VEGF Neovascularização retiniana ↑ do IGF-1 ao nível limiar (34 semanas) ↑↑ do VEGF ↑ do VEGF ↑ Retinopatia proliferativa Deslocamento de retina Cessa neovascularização ↓ VEGF ROP regride Figura 1 – Representação esquemática do desenvolvimento dos vasos sanguíneos retinianos na ROP. Fonte:Zin (2005).7 ProRN_C11V4_2_Revendo a retinopatia.indd 29 16/07/2014 14:07:30 Sugere-se, então, que os níveis séricos de IGF-1 podem ser utilizados como indicadores do desenvolvimento da ROP. O IGF-1 dosado entre 30 e 33 semanas de idade gestacional (IG) pósconceptual é preditivo para a evolução da ROP, sendo:8 ■■ ■■ ■■ grave: 25 ± 2,41µg/L; moderada: 29 ± 1,76µg/L; ausência de ROP: 33 ± 1,72µg/L. LEMBRAR Fatores que parecem estar associados a aumento lento pós-natal de IGF-1 são grau de prematuridade, baixa ingesta proteica enteral e ganho ponderal lento.9 AÇ ÃO O desenvolvimento vascular retiniano é dependente tanto de VEGF quanto de IGF-1. Na ausência do IGF-1, normalmente fornecido pela placenta e pelo fluido amniótico, o crescimento dos vasos cessa (fase I). Como a demanda metabólica do olho em desenvolvimento é crescente, ocorre hipóxia, que estimula a produção de VEGF e a consequente neovascularização (fase II). A transição para a fase II (proliferativa) ocorre quando os vasos obliterados não fornecem oxigênio e nutrientes suficientes para a retina em desenvolvimento, levando a maior expressão dos fatores induzidos pela hipóxia. Esses fatores de crescimento estimulam o desenvolvimento de neovasos no limite entre a retina vascularizada e a avascular. Os neovasos não perfundem a retina avascular e, caso a demanda metabólica não seja alcançada, a proliferação vascular irá aumentar, provocando pregas retinianas, tração macular e alterações cicatriciais que podem levar a descolamento irreversível da retina e cegueira. ST REVENDO A RETINOPATIA DA PREMATURIDADE: PREVALÊNCIA EM NOSSO MEIO E ABORDAGEM TERAPÊUTICA ATUAL 30 EG U A fase proliferativa, de modo geral, se inicia em torno da 32ª semana de idade pósmenstrual. Contudo, mesmo os bebês nascidos com 32 semanas ou mais estão suscetíveis à perda dos vasos quando expostos a saturações muito altas de oxigênio, resultando em retinopatia proliferativa. D ATIVIDADE 1. Defina ROP. ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ 2. Descreva quais são os fatores envolvidos no desenvolvimento da ROP. ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ProRN_C11V4_2_Revendo a retinopatia.indd 30 16/07/2014 14:07:30 ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ 4. Segundo o artigo, “a proporção de cegueira causada pela ROP é muito influenciada pela qualidade do cuidado neonatal”. Explique. | PRORN | Ciclo 11 | Volume 4 | 3. Sabendo que os níveis séricos de IGF-1 podem ser utilizados como indicadores do desenvolvimento da ROP, que marcadores sugerem casos moderados e graves? 31 AÇ ÃO ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ 5. Qual a conduta adotada por você e sua equipe frente aos casos de ROP em RNs? U ST ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ EG ■■ Histórico e Epidemiologia D Inicialmente denominada como fibroplasia retrolental, a ROP foi reconhecida pela primeira vez em 1941, pelos doutores Paul Chandler e Frederick Verhoeff. Desde sua descrição por Terry, em 1942, muitos aspectos da doença têm se modificado.10 Nos anos 1950, chegou a ser a principal causa de cegueira em alguns países desenvolvidos (“primeira epidemia”). Nessa fase, o oxigênio era administrado aos RNPTs de baixo peso sem monitorização. Ao final dos anos 1950, o oxigênio foi reconhecido como um fator de risco no desenvolvimento da doença, e sua utilização foi restringida. Seguiu-se, então, uma redução da incidência de cegueira, acompanhada, contudo, de elevação da mortalidade e morbidade infantis. ProRN_C11V4_2_Revendo a retinopatia.indd 31 16/07/2014 14:07:30 Nos anos 1970, com a introdução de moderna tecnologia para controle dos níveis sanguíneos de oxigênio, a incidência de ROP tornou a cair. Entretanto, com a constante e crescente sobrevida dos bebês de muito baixo peso (peso de nascimento < 1.500g), a incidência de ROP tornou a se elevar em alguns países (“segunda epidemia”) (Figura 2).11 Restrição de oxigênio Sobrevida de RNs de baixo peso 1940 1950 1960 “Primeira epidemia” AÇ ÃO Cegueira por ROP PN bebês afetados: 1.000-1.500g 1970 1980 1990 “Segunda epidemia” PN bebês afetados: 600-900g Figura 2 – Evolução da incidência de ROP limiar em países desenvolvidos, taxa de sobrevida de RNs de baixo peso e cegueira por ROP. ST REVENDO A RETINOPATIA DA PREMATURIDADE: PREVALÊNCIA EM NOSSO MEIO E ABORDAGEM TERAPÊUTICA ATUAL 32 Fonte:Cedida pela Dra. Clare Gilbert, London School of Hygiene and Tropical Medicine, London, UK. EG U O termo “retinopatia da prematuridade” foi inicialmente utilizado por Heath, em 1951, mas só foi amplamente adotado a partir de 1984, quando a Classificação Internacional da Retinopatia da Prematuridade (ICROP) foi elaborada por um grupo de oftalmologistas.12 D Entre janeiro de 1986 e novembro de 1987, 4.099 RNPT foram avaliados em um ensaio clínico – o Multicenter Trial of Cryotherapy for Retinopathy of Prematurity Cooperative Group (CRYO-ROP), envolvendo 23 centros em todos os Estados Unidos.13 Os resultados desse ensaio indicaram que o tratamento está associado à redução de 41% da ocorrência de pregas tracionais retinianas ou descolamentos e redução de 19-24% na incidência de cegueira quando avaliado nos cinco anos subsequentes.14,15 A aplicação de laser tem se tornado uma opção de tratamento mais aceita, por apresentar um índice de regressão mais elevado e menos complicações operatórias e sequelas oculares em longo prazo.16 A cirurgia vitreorretiniana para o estágio 5 apresenta resultado funcional e anatômico muito insatisfatório, embora alguns cirurgiões reportem bons resultados no estágio 4.17,18 LEMBRAR De acordo com estudos recentes, os principais fatores de risco para o desenvolvimento de ROP nos países desenvolvidos são prematuridade e baixo peso ao nascer. A maioria dos RNPT apresenta IG inferior a 29 semanas e peso de nascimento (PN) inferior a 900g. ProRN_C11V4_2_Revendo a retinopatia.indd 32 16/07/2014 14:07:31 ■■ ■■ ■■ ■■ ■■ flutuação nos níveis de oxigênio nas primeiras semanas de vida; pequeno para a idade gestacional (PIG); hemorragia intraventricular; transfusões sanguíneas; alguns fatores de risco maternos. Estima-se que haja, no mundo, cerca de 1,5 milhão de crianças cegas.21 As causas irão variar de acordo com cada região, mas a ROP tem sido uma das causas mais importantes nos países desenvolvidos e em desenvolvimento. | PRORN | Ciclo 11 | Volume 4 | Outros fatores de risco envolvidos são: 33 19,20 Nos países com altas taxas de mortalidade infantil, a ROP não irá ocorrer, pois os RNPT não sobrevivem. Um estudo de Gilbert indica a relação direta entre o risco de cegueira por ROP e a taxa de mortalidade infantil, a qual reflete o acesso e a qualidade do cuidado à saúde. AÇ ÃO Quando a mortalidade infantil é 60/1.000 nascimentos vivos, de modo geral, não há acesso ou disponibilidade ao cuidado pré-natal e neonatal intensivo. Dessa forma, não se espera encontrar cegos por ROP. A mortalidade infantil inferior a 9/1.000 nascidos vivos reflete acesso e boa qualidade de cuidado neonatal intensivo, incluindo o diagnóstico e o tratamento de ROP.1 LEMBRAR ST Países com economias em desenvolvimento, com mortalidade infantil entre 9-60/1.000 nascidos vivos e que estão implementando ou expandindo serviços de tratamento intensivo neonatal nos setores público e privado parecem apresentar um maior percentual de cegueira infantil por ROP. EG U De modo geral, os RNPT não estão sendo examinados para ROP, elevando a prevalência de cegueira e deficiência visual grave. Estima-se que das 100 mil crianças cegas na América Latina, 24 mil são cegas em decorrência da ROP.3 D Blencowe e colaboradores estimaram que, no ano de 2010, 3.500 RNPT apresentaram comprometimento visual grave ou cegueira em decorrência de sequelas de ROP.22 Vários estudos realizados na América Latina reportam doença limiar em crianças com PN variando entre 6002.000g (peso médio 1.000g) e muitos com IG superior a 30 semanas, o que afeta claramente a definição dos critérios dos programas de triagem e tratamento.23,24 Uma revisão sobre a prevalência de ROP na América Latina mostrou uma variação de 6,6 a 82% para algum estágio de ROP e 1,2 a 25% para ROP grave. No Brasil, a prevalência variou de 20 a 62,4% para qualquer estágio de ROP e de 2 a 10% para ROP com necessidade de tratamento.25 Estudo de coorte realizado em sete unidades neonatais do Rio de Janeiro entre os anos de 2004 e 2006, incluindo 3.437 RNs com PN ≤ 2.000g e < 37 semanas de IG examinados para ROP identificou que 16,9% dos examinados (11,9 a 34,9%) apresentaram algum estágio de ROP e 3,6% (2,1 a 7,8%) necessitaram de tratamento.4 Vale ressaltar que a prevalência de qualquer estágio de ROP não representa um bom indicador para planejamento de programas de triagem e tratamento dessa doença, pois o que interessa é a prevalência dos que desenvolveram estágios graves que necessitaram de tratamento. A mediana do PN e da IG daqueles que precisaram tratar será uma importante informação para definição de critério de triagem.2 ProRN_C11V4_2_Revendo a retinopatia.indd 33 16/07/2014 14:07:31 LEMBRAR Não há dados epidemiológicos disponíveis acerca de quantos RNPT têm indicação de tratamento e quantos são efetivamente tratados a cada ano no Brasil. Os dados acerca da incidência de ROP são extremamente variáveis. As estimativas para o Brasil estão descritas no Quadro 1.26,27 Quadro 1 ESTIMATIVA DE PREVALÊNCIA E PORCENTAGEM DE CEGUEIRA POR RETINOPATIA DA PREMATURIDADE NO BRASIL 190 milhões Nascidos vivos 2.861.868 Nascidos vivos PN < 1.500g 36.609 (1,28%) AÇ ÃO População total Acesso à unidade de tratamento intensivo neonatal 27.457 (75%) Sobrevida média PN < 1.500g 60% Sobreviventes 16.474/ano Se 10% com indicação de tratamento 1.647/ano ST Se nenhuma providência for tomada, cerca de 50% desses RNs com indicação de tratamento evoluiriam para descolamento de retina e consequente cegueira. Ou seja, cerca de 800 crianças ficariam cegas desnecessariamente pela ROP em nosso país. Esses indivíduos serão cegos por muitos anos, o que aumenta o impacto socioeconômico que a cegueira provoca. EG ATIVIDADE U REVENDO A RETINOPATIA DA PREMATURIDADE: PREVALÊNCIA EM NOSSO MEIO E ABORDAGEM TERAPÊUTICA ATUAL 34 D 6. Que fatores podem ser considerados importantes na epidemiologia da ROP? ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ 7. Que fatores influenciam na incidência de ROP? ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ProRN_C11V4_2_Revendo a retinopatia.indd 34 16/07/2014 14:07:31 A)( ) O termo fibroplastia retrolental foi inicialmente utilizado por Heath e amplamente adotado desde 1984. B)( ) No final dos anos 1950, o uso do oxigênio foi restringido, elevando a incidência de cegueira infantil. C)( ) Os anos 1970 são considerados como a segunda epidemia de ROP pela constante e crescente sobrevida dos bebês de muito baixo peso. D)( ) Em 1984, foi elaborada, por um grupo de oftalmologistas, a Classificação Internacional da Retinopatia da Prematuridade. | PRORN | Ciclo 11 | Volume 4 | 8. Com relação ao histórico da ROP, assinale V (verdadeiro) ou F (falso). 35 Resposta no final do artigo AÇ ÃO ■■ Classificação Internacional Em 1984, foi formado um comitê constituído de 23 oftalmologistas de 11 países que definiu a classificação internacional usada até recentemente. ST A ICROP define a doença de acordo com sua gravidade (estágios 1-5), localização (zonas I-III) e extensão em horas (1-12h), com ou sem a presença de doença plus (dilatação arteriolar e tortuosidade venosa) – indicador de atividade da doença (Quadro 2 e Figuras 3 a 7).12 Quadro 2 U CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DA RETINOPATIA DA PREMATURIDADE Estágio 2 Estágio 3 D Estágio 4 Linha branca e plana que separa a retina vascular da avascular Crista elevada EG Estágio 1 Proliferação fibrovascular a partir da crista A proliferação pode provocar um descolamento de retina subtotal, (4a: a fóvea está poupada; 4b: a fóvea está acometida) Estágio 5 Descolamento total de retina (funil aberto ou fechado) Doença limiar (se não tratada, pode apresentar resultados anatômicos ruins em 50% dos casos) Retinopatia estágio 3, em zona I ou II, com, pelo menos, cinco horas de extensão contínuas ou oito horas intercaladas, na presença de doença plus (dilatação arteriolar e venodilatação) Doença pré-limiar tipo 1 Qualquer ROP em zona I com plus Estágio 3, zona I, sem plus Estágio 2 ou 3 em zona II, com plus Doença pré-limiar tipo 2 Estágio 1 ou 2, zona I, sem plus Estágio 3, zona II, sem plus Fonte:Zin e colaboradores (2007).28 ProRN_C11V4_2_Revendo a retinopatia.indd 35 16/07/2014 14:07:31 Em 2005, essa classificação foi atualizada (ICROP-revisited), sendo reconhecida uma forma grave de doença posterior – a delimitação da zona I e a existência da doença pré-plus.29 12 Olho direito 12 Horas do relógio 9 3 Zona I 9 Pupilas Zona II Zona III Olho esquerdo 3 Zona I Zona II Zona III Ora serrata 6 AÇ ÃO 6 Figura 3 – Representação esquemática do fundo de olho. A ICROP define a doença de acordo com sua gravidade (estágios 1-5), localização (zonas I-III) e extensão em horas (1-12h). ST Fonte:Cedida pela Dra. Andrea Zin, Dra. Cynthia Magluta e Chao Lung Wen. Curso Atenção ao Recém-Nascido de Risco: Superando Pontos Críticos, 2013. D EG U REVENDO A RETINOPATIA DA PREMATURIDADE: PREVALÊNCIA EM NOSSO MEIO E ABORDAGEM TERAPÊUTICA ATUAL 36 ProRN_C11V4_2_Revendo a retinopatia.indd 36 Figura 4 – Estágio 1: presença de linha de demarcação entre a retina vascularizada à esquerda, e a retina avascular à direita. Fonte:Cedida pelo Dr. Graham Quinn, Universidade da Pensilvânia. 16/07/2014 14:07:32 | PRORN | Ciclo 11 | Volume 4 | 37 Figura 5 – Estágio 2: presença de crista isquêmica e neovasos. ST AÇ ÃO Fonte:Cedida pelo Dr. Graham Quinn, Universidade da Pensilvânia. Figura 6 – Estágio 3: presença de proliferação fibrovascular. D EG U Fonte:Cedida pelo Dr. Graham Quinn, Universidade da Pensilvânia. Figura 7 – Doença plus: dilatação e tortuosidade vascular em polo posterior. Fonte:Cedida pelo Dr. Graham Quinn, Universidade da Pensilvânia. ProRN_C11V4_2_Revendo a retinopatia.indd 37 16/07/2014 14:07:32 O conhecimento dos componentes da classificação permite ao pediatra uma melhor compreensão do prognóstico. O principal fator preditivo é a zona em que está localizada a doença. Em RNs muito pré-termo, a ROP pode ter localização bem posterior, ao passo que, naqueles mais maduros, a doença se apresenta em região mais periférica da retina. Como dito anteriormente, os vasos partem do nervo óptico em direção à periferia da retina. Os vasos que ainda não saíram da zona I, a mais posterior, são os mais imaturos. A zona II é intermediária, e a zona III, a mais periférica, na qual os vasos estão mais maduros. Um dos principais efeitos da ROP é retardar a vascularização normal da retina. Assim, a ROP pode terminar sua regressão muitas semanas após a data do termo. A IG corrigida influencia a época em que a criança desenvolve um estágio mais grave. AÇ ÃO O RN de IG maior ao nascimento desenvolve a ROP mais cedo do que aqueles muito pré-termo. Dificilmente, a ROP grave se desenvolve antes de 32 semanas de IG corrigida, sendo o pico em torno das 38 semanas. ■■ Identificação do grupo de risco – quem deve ser examinado O desenvolvimento de programas de triagem para a identificação dos RNs de risco que necessitam de tratamento é imprescindível para a redução da cegueira por ROP (Figura 8). ST REVENDO A RETINOPATIA DA PREMATURIDADE: PREVALÊNCIA EM NOSSO MEIO E ABORDAGEM TERAPÊUTICA ATUAL 38 EG U Recém-nascido de risco PN ≤ 1.500g e/ou IG ≤ 32 s D Retina imatura Sem ROP Seguimento 2/2 semanas Retina vascularizada ROP 1-2 Seguimento 2/2 semanas até regressão da ROP Com ROP ROP pré-limiar 1 ROP pré-limiar 2 ROP limiar Seguimento 1/1 semana até regressão Tratamento em até 72 h Tratamento em até 72 h Seguimento até regressão Seguimento até regressão ROP cicatricial Cirurgia vitreorretiniana ??? Estágio 4 – Sim Estágio 5 – Não Figura 8 – Representação esquemática da identificação do grupo de risco e conduta a ser seguida. Fonte:Zin (2005).7 ProRN_C11V4_2_Revendo a retinopatia.indd 38 16/07/2014 14:07:33 Quadro 3 CRITÉRIOS ADOTADOS PARA A SELEÇÃO DE PACIENTES PARA EXAME DE RETINOPATIA DA PREMATURIDADE Peso de nascimento/idade gestacional Royal College of Ophthalmologists e British Association of Perinatal Medicine31 ■■ ■■ PN ≤ 1.500g ou IG < 30 semanas Crianças com peso entre 1.5002.000g com curso clínico instável PN < 1.501g ou IG < 32 semanas (boa prática) ■■ PN < 1.251g ou IG < 31 semanas (nível B de evidência) ■■ IG ≤ 27 semanas: primeiro exame com 31 semanas de idade pós-menstrual ■■ IG > 28 semanas: quarta semanas de vida ■■ IG < 27 semanas: primeiro exame entre 31-32 sem idade pós-menstrual; ■■ IG < 27-32 semanas e > 32 e PN < 1.501g: 4a e 5a semanas de vida ■■ AÇ ÃO Academia Americana de Pediatria e Associação Americana de Oftalmologia Pediátrica30 Primeiro exame | PRORN | Ciclo 11 | Volume 4 | Vários são os critérios adotados para a seleção de pacientes para exame; contudo, os mais conhecidos são os apresentados no Quadro 3, a seguir. 39 ST Com o objetivo de delinear o perfil dos RNs de risco que apresentam ROP limiar em nosso país, foi realizado o I Workshop de ROP, no Rio de Janeiro (em 3-5 de outubro de 2002), com o suporte do Programa Visão 2020 – Agência Internacional de Prevenção da Cegueira (IAPB). Foi organizado pelo IAPB, Instituto Vidi, Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).32 Sessenta e sete participantes de 17 cidades compareceram, entre pediatras e oftalmologistas, com o intuito de discutir a situação da ROP no Brasil. EG U Países com economias em desenvolvimento e que estão implementando ou expandindo serviços de tratamento intensivo neonatal nos setores público e privado parecem apresentar um maior percentual de cegueira infantil por ROP. De um modo geral, os RNPT não estão sendo examinados para ROP, elevando a prevalência de cegueira e de deficiência visual grave. D Foram apresentados dados de 16 programas de diagnóstico e tratamento de ROP. A ROP estágio III plus afetou cerca de 7,5% dos RNs examinados. O PN e a IG médios foram 948g e 28,5 semanas, respectivamente. ProRN_C11V4_2_Revendo a retinopatia.indd 39 16/07/2014 14:07:33 De acordo com os dados expostos no I Workshop de ROP, a SBP e a Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica recomendam as seguintes diretrizes a serem adotadas em todas as unidades neonatais do país (Quadro 4). Quadro 4 DIRETRIZES A SEREM ADOTADAS EM TODAS AS UNIDADES NEONATAIS DO PAÍS PARA DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA RETINOPATIA DA PREMATURIDADE Critérios de exame28 PN < 1.500g e/ou IG < 32 semanas Considerar o exame em RNs com presença de fatores de risco: ●● síndrome do desconforto respiratório ●● sepse ●● transfusões sanguíneas ●● gestação múltipla ●● hemorragia intraventricular ■■ Primeiro exame entre a 4ª e 6ª semana de vida ■■ AÇ ÃO ■■ O exame deve ser realizado por oftalmologista com experiência em mapeamento de retina em RNPT e conhecimento de ROP para identificar a localização e as alterações retinianas sequenciais, utilizando o oftalmoscópio binocular indireto ■■ A ICROP11 deve ser utilizada Técnica ■■ Retina madura (vascularização completa): seguimento com 6 meses (avaliação do desenvolvimento visual funcional, estrabismo, ametropias). RNPT apresentam 46% de chance de apresentarem alguma dessas alterações oftalmológicas.33 ■■ Retina imatura (vascularização não completa) ou presença de ROP < pré-limiar: avaliação de 2/2 semanas. ■■ Retina imatura, zona I: exames semanais ■■ ROP pré-limiar 2: exames 3-7 dias ■■ ROP pré-limiar 1 (zona I, qualquer estágio com plus; zona I, estágio 3; zona II, estágio 2 ou 3 plus) e limiar: tratamento em até 72 horas ■■ ST O agendamento dos exames subsequentes deverá ser determinado pelos achados do primeiro exame EG U REVENDO A RETINOPATIA DA PREMATURIDADE: PREVALÊNCIA EM NOSSO MEIO E ABORDAGEM TERAPÊUTICA ATUAL 40 D Orientações à família Exame e seguimento dos RNs em risco ■■ ■■ Risco de cegueira ■■ Equipamento de exame ■■ Os pais das crianças que apresentam ROP devem ser informados da natureza do problema e suas possíveis consequências, além da necessidade de acompanhamento constante A responsabilidade pelo exame e seguimento dos RNs em risco deve ser definida por cada unidade neonatal. Se, por algum motivo, houver necessidade de transferência do RN em acompanhamento de ROP, a necessidade de sua manutenção precisa ser assegurada. Se após a alta houver necessidade de acompanhamento oftalmológico, os pais precisam ser esclarecidos do risco de cegueira e que o seguimento na época adequada é crucial para o sucesso do tratamento. Essa informação deve ser dada oralmente e por escrito Oftalmoscópio indireto Lente de 28 dioptrias ■■ Blefarostato ■■ Depressor escleral ■■ Dilatação ProRN_C11V4_2_Revendo a retinopatia.indd 40 ■■ Colírios de tropicamida 1% ou ciclopentolato 1% e fenilefrina 2,5% – uma gota de cada com intervalo de 5 minutos em cada olho 40 minutos antes do exame 16/07/2014 14:07:33 Estudo realizado por Zin e colaboradores4 em sete unidades neonatais no Rio de Janeiro mostrou que unidades neonatais com sobrevida de RNs < 1.500g maior do que 80% poderiam usar o critério de exame brasileiro. Contudo, aquelas unidades com sobrevida < 80% deveriam usar critério de exame mais amplo (IG < 35 semanas e/ou PN ≤ 1.500g), indicando que o critério brasileiro precisa ser revisado, levando-se em conta diferentes níveis de cuidado neonatal oferecido no país. | PRORN | Ciclo 11 | Volume 4 | O critério de exame brasileiro baseia-se em dados de PN e IG de RNs tratados em UTINs universitárias, em sua maioria, integrantes da Rede Brasileira de Pesquisas Neonatais (RBPN), com boa qualidade de cuidado neonatal. 41 Durante o exame para triagem da ROP, é recomendado o uso de medidas não farmacológicas para alívio da dor. AÇ ÃO Uma metanálise34 evidenciou que o uso de sacarose/glicose oral 25% dois minutos antes do exame e sucção não nutritiva são medidas eficazes para diminuir o desconforto durante esse procedimento. A associação de medidas para alívio da dor potencializa a analgesia durante os procedimentos dolorosos. LEMBRAR Devem ser examinados os RNs com PN < 1.500g e/ou IG < 32 semanas, e o primeiro exame oftalmológico deve ser agendado entre a 4ª e 6ª semana de vida. Deve-se considerar o exame em RNs com presença dos seguintes fatores de risco: U ST síndrome do desconforto respiratório; sepse; transfusões sanguíneas; gestação múltipla; hemorragia intraventricular. EG ■■ ■■ ■■ ■■ ■■ D ATIVIDADE 9. Descreva a classificação da ROP. ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ 10.Qual é a importância da padronização da ICROP? ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ProRN_C11V4_2_Revendo a retinopatia.indd 41 16/07/2014 14:07:33 11. Além do PN e da IG, que outros fatores devem ser considerados de risco para desenvolvimento de ROP? ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ 12.Explique a relação entre IG e gravidade da ROP. AÇ ÃO ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ 13. Enumere as diretrizes a serem adotadas em todas as UTINs do país para diagnóstico e tratamento da ROP. ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ST REVENDO A RETINOPATIA DA PREMATURIDADE: PREVALÊNCIA EM NOSSO MEIO E ABORDAGEM TERAPÊUTICA ATUAL 42 Deve ser realizado logo ao nascimento. Deve ser realizado entre a 4ª e 6ª semana de vida. Deve ser realizado após a alta da UTIN. Não é necessário realizá-lo. EG A) B) C) D) U 14.Em relação ao primeiro exame oftalmológico de RN com PN < 1.500g e IG < 32 semanas, assinale a alternativa correta. D Resposta no final do artigo 15.Qual é o equipamento considerado adequado para o exame de fundo de olho de RNPT? A) B) C) D) Oftalmoscópio direto. Oftalmoscópio indireto. Lanterna. Todas as respostas anteriores. Resposta no final do artigo ProRN_C11V4_2_Revendo a retinopatia.indd 42 16/07/2014 14:07:33 ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ | PRORN | Ciclo 11 | Volume 4 | 16. Tendo em vista sua experiência, que medidas não farmacológicas podem ser usadas para o alívio da dor durante o exame para triagem da ROP? 43 ■■ Indicação de Tratamento AÇ ÃO Classicamente, quando a doença limiar era detectada, o tratamento pela crioterapia ou laser estava indicado. Mais recentemente, o Early Treatment for Retinopathy of Prematurity (ETROP) demonstrou que o tratamento precoce, quando comparado ao convencional, está associado à redução no risco de baixa visão (19,5% vs. 14,5%; P = 0,01) e de dano estrutural ao olho (15,6% vs. 9,1%; P < 0,001)35 (Quadro 5). Quadro 5 Pré-limiar tipo 1 ST INDICAÇÃO DE TRATAMENTO DA RETINOPATIA DA PREMATURIDADE Fonte:Zin e colaboradores (2007).28 ■■ Doença limiar Retinopatia estágio 3, em zona I ou II, com, pelo menos, 5 horas de extensão contínuas ou 8 horas intercaladas na presença de doença plus U Zona I: qualquer estágio com plus ■■ Zona I: estágio 3 ■■ Zona II: ROP 2 ou 3 com plus ■■ D EG A opção do uso do laser, quando existe disponibilidade, tem sido a mais utilizada, por apresentar menor número de complicações oculares em longo prazo. Contudo, a crioterapia permanece como uma excelente opção no caso de o laser não estar disponível. É bastante utilizada, ainda, em caso de opacidade dos meios e de necessidade de retratamento. A cirurgia vitreorretiniana não alcança resultados satisfatórios no estágio 5. No estágio 4, os resultados já são melhores;18 contudo, a decisão de operar e a natureza da intervenção cirúrgica, devem ser baseadas em uma avaliação cuidadosa feita por um cirurgião vitreorretiniano experiente, em colaboração com o anestesista e o pediatra. Tratamento da retinopatia da prematuridade Tratamento para ROP tipo 1 ou APROP consiste na ablação da retina avascular periférica anterior à região da doença ativa a fim de deter a progressão da ROP.35 A fibroproliferação extravascular e a crista na junção entre a retina avascular e vascularizada devem ser evitadas. ProRN_C11V4_2_Revendo a retinopatia.indd 43 16/07/2014 14:07:33 Tanto o tratamento com crioterapia quanto com laser são procedimentos dolorosos; assim, ambos devem ser realizados sob sedação e analgesia ou anestesia completa. O estresse causado pela dor deve ser evitado, pois podem surgir complicações sistêmicas. Quando o anestesista não estiver disponível, um neonatologista experiente deve dar apoio. Se o tratamento não está sendo realizado na UTIN, devem estar disponíveis facilidades, como ventilação artificial, equipamento de reanimação e acesso venoso. Métodos alternativos de tratamento da retinopatia da prematuridade grave Não foi comprovado cientificamente o uso de medicamentos anti-VEGF intravítreos em casos de ROP grave, assim como os efeitos colaterais oculares e sistêmicos ainda não são conhecidos. AÇ ÃO Tem havido um grande número de relatos e séries de casos que documentam o uso de medicamentos anti-VEGF (geralmente, bevacizumab), sugerindo efeitos benéficos, mas não foi realizada qualquer avaliação sistemática dos potenciais efeitos adversos em longo prazo. ST Apenas um estudo aleatório foi realizado – o Bevacizumab Eliminates the Angiogenic Threat of Retinopathy of Prematurity (BEAT-ROP)36 e foi conduzido em UTINs nos Estados Unidos e publicado em 2011. Bebês foram aleatoriamente alocados para receber laser ou bevacizumab intravítreo (0,625mg em 0,05mL) em ambos os olhos se ROP estágio 3 com doença plus for observada na zona I ou zona II “posterior”. Houve benefício significativo do tratamento com bevacizumab, definido como a necessidade de retratamento em 54 semanas de idade pós-menstrual. O efeito foi largamente confinado à doença na zona I, mas o ensaio foi muito pequeno para determinar os efeitos colaterais sistêmicos, como morte ou alterações do sistema nervoso central (SNC), pulmonares ou renais, além do acompanhamento ser de curto prazo. U REVENDO A RETINOPATIA DA PREMATURIDADE: PREVALÊNCIA EM NOSSO MEIO E ABORDAGEM TERAPÊUTICA ATUAL 44 EG Uma importante descoberta de outros estudos é que bevacizumab intravítreo é absorvido sistemicamente com consequente diminuição no soro do VEGF por, pelo menos, um mês. A absorção sistêmica desse medicamento é maior do que outros medicamentos anti-VEGF, incluindo ranibizumab e pegaptanib. D Além disso, há uma preocupação com recorrência tardia de ROP com descolamento posterior e a necessidade de acompanhamento em longo prazo, mas indeterminado, para os olhos tratados com bevacizumab.37 LEMBRAR Embora a injeção de bevacizumab pareça ser um procedimento relativamente simples, que pode ser realizado na UTIN, é importante lembrar que o olho do bebê pré-termo é muito diferente do olho adulto, que a maioria dos oftalmologistas está habituada a tratar. ProRN_C11V4_2_Revendo a retinopatia.indd 44 16/07/2014 14:07:34 No entanto, pode haver circunstâncias em que a injeção anti-VEGF possa ser indicada para uso compassivo, incluindo a malvisualização em virtude da turvação dos meios, hemorragia vítrea (mas verificando-se, primeiro, se não há descolamento de retina) ou se o bebê é muito instável. | PRORN | Ciclo 11 | Volume 4 | Embora o uso de anti-VEGF em ROP seja muito promissor, existem muitas incógnitas sobre as indicações, a dosagem apropriada, os efeitos oculares e sistêmicos em longo prazo, ou mesmo se medicamentos anti-VEGF são adequados para utilização nos olhos de bebês pré-termo. Portanto, existe necessidade urgente de investigação mais aprofundada acerca desse tratamento, com grande cautela em usá-los até que mais conhecimento esteja disponível. 45 ATIVIDADE AÇ ÃO 17.Qual é a razão da recomendação do tratamento precoce da ROP? ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ST 18.Qual é a indicação de tratamento da ROP? EG U ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ 19.Em que situação estaria indicado o tratamento da ROP? Retina imatura. Retina imatura, zona I. ROP pré-limiar 2. ROP pré-limiar 1 ou limiar. D A) B) C) D) Resposta no final do artigo 20.Qual é a indicação de tratamento nos casos de ROP grave? ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ProRN_C11V4_2_Revendo a retinopatia.indd 45 16/07/2014 14:07:34 ■■ Manifestações oftalmológicas tardias Durante os primeiros meses após a regressão da ROP, o lactente deve ser submetido a exame oftalmológico completo. Cerca de 46% dos RNPT apresentam, até o quinto ano de vida, alguma alteração oftalmológica, como ambliopia, erros refrativos ou estrabismo. A probabilidade de esses bebês, mesmo aqueles que não tiveram ROP, desenvolverem erros refrativos é maior do que a das crianças nascidas a termo.33 Schalij-Delfos e colaboradores estudando RNPT com PN ≤ 1.500g e/ou IG ≤ 32 semanas encontraram 22% de ambliopia, 17% de estrabismo e 17% de erros refrativos,38 e recomendam, então, avaliação oftalmológica em longo prazo em todos aqueles RNPT com IG < 32 semanas. ■■ ■■ ■■ ■■ ■■ AÇ ÃO Os exames devem ser realizados aos 12 e 30 meses e na idade pré-escolar, e incluir:38 aferição da acuidade visual com tabela de optotipos; avaliação da motilidade ocular; biomicroscopia; refração sob cicloplegia; mapeamento de retina. Segundo Graziano e colaboradores, as crianças que necessitaram ser submetidas ao tratamento de ROP apresentaram 30% de estrabismo.39 Se comparada com a população nascida a termo, a frequência de estrabismo é de 2-4%.40 Os autores recomendam exame oftalmológico aos 6, 12, 18 e 24 meses e, a seguir, anualmente.39 ST REVENDO A RETINOPATIA DA PREMATURIDADE: PREVALÊNCIA EM NOSSO MEIO E ABORDAGEM TERAPÊUTICA ATUAL 46 EG U A criança que apresenta deficiência visual deve ser encaminhada ao oftalmologista logo que possível, pois a prescrição de auxílios ópticos e a intervenção precoce não devem ser postergadas. Não há idade mínima para a prescrição de óculos. Contudo, esse seguimento rigoroso é extremamente difícil, e as barreiras são inúmeras. A estreita interação entre neonatologistas, oftalmologistas e pais é imprescindível para que o acompanhamento seja realizado satisfatoriamente. D LEMBRAR Todos os RNPT com IG < 32 semanas devem ser encaminhados para seguimento oftalmológico. Quarenta e seis por cento deles desenvolvem alguma alteração oftalmológica até os 5 anos, como erros refrativos, estrabismo, ambliopia. Caso haja deficiência visual, encaminhar para o oftalmologista o quanto antes. ProRN_C11V4_2_Revendo a retinopatia.indd 46 16/07/2014 14:07:34 ATIVIDADE 21.Qual condição a seguir NÃO está relacionada com prematuridade? A) Erros refrativos. B) Descolamemento de retina. C)Ambliopia. D)Catarata. | PRORN | Ciclo 11 | Volume 4 | 47 Resposta no final do artigo AÇ ÃO 22.No que diz respeito às manifestações oftalmológicas tardias, descreva como deve ser realizada a avaliação oftalmológica em longo prazo de pré-termo com IG < 32 semanas. D EG U ST ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ProRN_C11V4_2_Revendo a retinopatia.indd 47 16/07/2014 14:07:34 ■■ Prevenção da Retinopatia da Prematuridade As intervenções para a prevenção de cegueira causada por ROP podem ser divididas em primária, secundária e terciária. Prevenção primária As medidas de prevenção primária são: AÇ ÃO ■■ prevenção de parto prematuro – envolve as seguintes medidas: •• educação no sentido de se evitar gravidez na adolescência; •• redução da taxa de cesariana; •• pré-natal para detecção e tratamento de infecções. intervenções pós-natais com o intuito de reduzir o risco de ROP: •• vitamina E suplementar: metanálise realizada em 1997 confirma a ausência de benefícios; contudo, recomenda novos ensaios clínicos;41 •• surfactante: não reduz a proporção de ROP entre RNPT, mas aumenta a população em risco, por melhorar a sobrevida;42 •• restrição à luz (light ROP): ensaios clínicos realizados revelaram não haver nenhum benefício.43 •• suporte nutricional: -- leite materno: um estudo que utilizou a base de dados de dois ensaios clínicos randomizados multicêntricos realizados na Itália com 498 RNs evidenciou que aqueles que receberam fórmula láctea tiveram maior chance de desenvolver ROP do que os alimentados com leite materno;44 -- suporte de calorias e lipídeos: estudo de coorte incluindo 1.180 RNs analisou a administração da nutrição por quartil e mostrou que o risco de ROP zona I é maior em RNs de baixo peso que tiveram a nutrição com lipídeos e calorias totais no menor quartil e o risco de ROP zona III para o menor quartil de calorias totais;45 -- hiperglicemia: tem sido associada ao desenvolvimento de ROP. Dessa forma, o manejo adequado da glicemia contribui para a prevenção da ROP.46,47 •• monitorização do oxigênio e qualidade da assistência neonatal: existe grande variabilidade de incidência de ROP em diferentes centros. A implementação de uma política rígida de administração de oxigênio e sua monitorização no sentido de evitar repetidos episódios de hipóxia e hiperóxia parece contribuir significativamente para a redução da incidência de ROP grave entre RNPT de muito baixo peso;48 •• um dos desafios contínuos na prevenção da ROP é determinar protocolos “ideais” de saturação de oxigênio para o tratamento de RNPT. Metanálise de cinco ensaios clínicos randomizados que compararam dois limiares de saturação de oxigênio (85-89% e 91-95%) evidenciou que o menor limiar de oxigênio (85-89%) diminui o risco de ROP (RR 0,74 IC 95% 0,59-0,92). No entanto, o menor limiar de oxigênio aumenta o risco de morte em RNPT (RR 1,41 IC 95% 1,14-1,74) e de enterocolite necrosante (RR 1,25 IC 95% 1,05-1,49), quando comparado com o maior limiar (91-95%). Não houve diferença significativa para o desfecho broncodisplasia pulmonar, hemorragia intraventricular e persistência de canal arterial. Nesse sentido, a metanálise sugere que o melhor limiar de saturação de oxigênio para RNPT menores do que 28 semanas é entre 91-95%, até que novos estudos sejam realizados.49 ST ■■ D EG U REVENDO A RETINOPATIA DA PREMATURIDADE: PREVALÊNCIA EM NOSSO MEIO E ABORDAGEM TERAPÊUTICA ATUAL 48 ProRN_C11V4_2_Revendo a retinopatia.indd 48 16/07/2014 14:07:34 Prevenção secundária As medidas de prevenção secundária incluem: ■■ EG U ST ■■ tratamento médico da ROP: •• o uso de oxigênio suplementar proposto pelo ensaio clínico Supplemental therapeutic oxygen for prethreshold retinopathy of prematurity (STOP-ROP) não se mostrou eficaz para a prevenção da evolução da ROP pré-limiar para a limiar.50 intervenções cirúrgicas: •• ensaios clínicos demonstraram que a crioterapia da retina avascular periférica em pré-termo com retinopatia limiar pode prevenir a progressão para a cegueira. O estudo clássico foi o CRYO-ROP, que, ao identificar um pré-termo com doença limiar bilateral, randomicamente alocou um olho para crioterapia e o outro ficou sem tratamento. Quando a ROP era apenas em um olho, este era randomizado para tratamento ou não. Os resultados desse estudo mostraram que a crioterapia reduzia em 50% a probabilidade de descolamento de retina.51 No entanto, apesar de o tratamento ser benéfico, cerca de 44% dos olhos tratados ainda apresentavam acuidade visual igual ou menor do que 20/200 na idade de 10 anos;15 •• ensaios clínicos não controlados sugeriram que o tratamento da ROP mais precocemente, antes do estágio limiar, conferia melhores resultados. Em 2003, foram publicados os resultados do ETROP, ensaio clínico randomizado que confirmou que a realização do tratamento mais precocemente está associada à redução no risco de baixa visão e de dano estrutural ao olho (Quadro 5).35 tratamento medicamentoso: •• bevacizumab: o ensaio clínico randomizado BEAT-ROP comparou o bevacizumab intravítreo com a fotocoagulação a laser para tratamento da zona I ou 2, estágio 3 da ROP, com doença plus. O estudo concluiu que o medicamento é superior ao laser para tratamento da doença estágio 3, na zona I, mas não para a zona II, a vascularização da retina continuou normal no grupo que recebeu a medicação, mas não no grupo laser, além do medicamento ser de baixo custo, podendo ser administrado à beira do leito pelo oftalmologista.52 No entanto, o estudo foi pequeno e não avaliou a segurança do medicamento em longo prazo. Por essa razão, outros estudos são necessários para indicar o uso rotineiro do bevacizumab para tratamento da ROP. AÇ ÃO ■■ | PRORN | Ciclo 11 | Volume 4 | 49 D Prevenção terciária As medidas de prevenção terciária incluem: ■■ ■■ cirurgia vitreorretiniana para os estágios 4 e 5: •• estudos demonstram que cirurgias vitreorretinianas complexas podem obter bons resultados anatômicos, mas nem sempre isso está associado a bons resultados funcionais. Alguns cirurgiões relatam resultados satisfatórios no estágio 4,18 mas nenhum ensaio clínico randomizado foi realizado para determinar se a intervenção nos estágios 4 e 5 traz melhores resultados do que nenhuma intervenção. intervenção precoce e habilitação visual com recursos ópticos. ProRN_C11V4_2_Revendo a retinopatia.indd 49 16/07/2014 14:07:34 ATIVIDADE 23.No caso da prevenção do desenvolvimento da ROP, quais são as medidas preventivas? A) Só o exame oftalmológico pode preveni-la. B) Não há prevenção. C) A prevenção pode ser realizada em diversos níveis (primário, secundário e terciário) envolvendo diversos profissionais de saúde (obstetras, neonatologistas, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, oftalmologistas e terapeutas ocupacionais). D) Nenhuma das alternativas anteriores. Resposta no final do artigo AÇ ÃO 24.Em caso de ROP grau 5 (descolamento de retina total), qual o procedimento? A) Encaminhar para cirurgia vitreorretiniana, pois os resultados são satisfatórios. B) Não encaminhar para avaliação oftalmológica, pois nada pode ser feito. C) Encaminhar para avaliação oftalmológica, pois existe possibilidade de habilitação visual. D) Nenhuma das alternativas anteriores. ST Resposta no final do artigo U REVENDO A RETINOPATIA DA PREMATURIDADE: PREVALÊNCIA EM NOSSO MEIO E ABORDAGEM TERAPÊUTICA ATUAL 50 EG ■■ CASOS CLÍNICOS CASO CLÍNICO 1 D RNPT, com PN de 1.275g, IG de 30 semanas, permaneceu durante a internação na UTIN por 12 horas em ventilação mecânica, 15 dias de CPAP, cinco dias de capuz de oxigênio. Fez uma dose de surfactante e foi submetido a duas transfusões sanguíneas. No primeiro exame de fundo de olho, realizado na quarta semana de vida (34 semanas IG corrigida), foi encontrada ROP estágio 1 pré-plus, zona I, 2 horas de extensão. ProRN_C11V4_2_Revendo a retinopatia.indd 50 16/07/2014 14:07:34 ATIVIDADE 25.Com base nesse resultado, para quando deve ser agendado o segundo exame no RN? ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ | PRORN | Ciclo 11 | Volume 4 | 51 Resposta no final do artigo AÇ ÃO 26.O segundo exame foi realizado e encontrada ROP 2 plus em zona I em ambos os olhos. Como proceder? Deve-se agendar novo exame? Há indicação de tratamento com laser ou anti-VEGF intravítreo? ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ U CASO CLÍNICO 2 ST Resposta no final do artigo EG RNPT, com PN 1.250g, IG de 32 semanas. O primeiro exame de fundo de olho realizado na quarta semana de vida (36 semanas IG corrigida) foi encontrada vascularização incompleta, sem retinopatia. D ATIVIDADE 27. Com base nos resultado dos exames desse RN, pode-se dar alta do acompanhamento oftalmológico? ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ ProRN_C11V4_2_Revendo a retinopatia.indd 51 16/07/2014 14:07:34 ■■ Conclusão Com a disponibilidade de um tratamento eficaz e seguro, é importante identificar os RNPT em risco para que o tratamento possa ser efetuado. Faz-se necessária a conscientização das equipes de saúde envolvidas – neonatologistas, equipe de enfermagem, oftalmologistas – no sentido de se implementar um programa de triagem e prevenção da cegueira pela ROP. ■■ RESPOSTAS ÀS ATIVIDADES E COMENTÁRIOS AÇ ÃO Atividade 8 Resposta: F– F – V – V O termo “retinopatia da prematuridade” foi inicialmente utilizado por Heath, em 1951, mas só foi amplamente adotado a partir de 1984. Ao final dos anos 1950, o oxigênio foi reconhecido como um fator de risco no desenvolvimento da doença, e sua utilização foi restringida. Seguiu-se, então, uma redução da incidência de cegueira, acompanhada, contudo, de elevação da mortalidade e morbidade infantis. Atividade 14 Resposta: B Comentário: A retinopatia grave ocorre na maioria dos casos entre 37-41 semanas de IG corrigida, não havendo justificativa para examinar logo ao nascimento. ST Atividade 15 Resposta: B Comentário: O único equipamento que permite a adequada avaliação do fundo de olho de RNPT é o oftalmoscópio indireto. U REVENDO A RETINOPATIA DA PREMATURIDADE: PREVALÊNCIA EM NOSSO MEIO E ABORDAGEM TERAPÊUTICA ATUAL 52 D EG Atividade 19 Resposta: D Comentário: O tratamento da ROP está indicado em situações de pré- limiar tipo 1 (zona I, qualquer estágio com plus; zona I, estágio 3; zona II, estágio 2 ou 3 plus) e limiar (estágio 3, com doença plus, 5 horas contínuas ou 8 horas interrompidas). Atividade 21 Resposta: D Comentário: O descolamento de retina pode ocorrer se a ROP não for tratada. Erros refrativos, ambliopia e estrabismo podem ocorrer em até 46% dos RNPT nos primeiros cinco anos de vida. Atividade 23 Resposta: C Comentário: Faz-se necessária a conscientização das equipes de saúde envolvidas – neonatologistas, equipe de enfermagem, oftalmologistas – no sentido de se implementar um programa de triagem e prevenção da cegueira pela ROP. Atividade 24 Resposta: C ProRN_C11V4_2_Revendo a retinopatia.indd 52 16/07/2014 14:07:34 Atividade 25 Comentário: O próximo exame nesse RN deve ser agendado para 3-7 dias, por se tratar de retinopatia pré-limiar tipo 2. Atividade 26 Comentário: ROP 2 com plus em zona I caracteriza a doença pré-limiar tipo 1, o que implica na realização de novo exame em até 72 horas. Não se deve esperar nesses casos. O laser é o padrão-ouro, não havendo estudos acerca da segurança e dos efeitos colaterais sistêmicos. | PRORN | Ciclo 11 | Volume 4 | Comentário: As intervenções para a prevenção de cegueira causada por ROP podem ser subdivididas em medidas de prevenção primária, secundária e terciária com a participação de diversos profissionais de saúde. 53 AÇ ÃO Atividade 27 Comentário: A alta do acompanhamento oftalmológico não deve acontecer. Deve-se acompanhar até que a vascularização da região nasal esteja completa. ■■ Referências 1. Gilbert C. Retinopathy of prematurity: a global perspective of the epidemics, population of babies at risk and implications for control. Early Hum Dev. 2008;84:77-82. ST 2. Zin A, Gole GA. Retinopathy of prematurity-incidence today. Clin Perinatol. 2013;40:185-200. 3. Gilbert C, Rahi J, Eckstein M, O’Sullivan J, Foster A. Retinopathy of prematurity in middle-income countries. Lancet. 1997;350:12-4. EG U 4. Zin AA, Moreira ME, Bunce C, Darlow BA, Gilbert CE. Retinopathy of prematurity in 7 neonatal units in Rio de Janeiro: screening criteria and workload implications. Pediatrics. 2010;126:e410-7. 5. Smith LE. Pathogenesis of retinopathy of prematurity. Acta Paediatr Suppl. 2002;91:26-8. D 6. Penn JS, Tolman BL, Lowery LA. Variable oxygen exposure causes preretinal neovascularization in the newborn rat. Invest Ophthalmol Vis Sci. 1993;34:576-85. 7. Zin A. Retinoplastia da prematuridade: detecção e conduta. Prorn. 2005;2:115-40. 8. Hellström A, Engström E, Hard AL, Albertsson-Wikland K, Carlsson B, Niklasson A, et al. Postnatal serum insulin-like growth factor I deficiency is associated with retinopathy of prematurity and other complications of premature birth. Pediatrics. 2003;112:1016-20. 9. Engström E, Niklasson A, Wikland KA, Ewald U, Hellström A. The role of maternal factors, postnatal nutrition, weight gain, and gender in regulation of serum IGF-I among preterm infants. Pediatr Res. 2005;57:605-10. 10. Pierce EA, Mukai S. Controversies in the management of retinopathy of prematurity. Int Ophthalmol Clin. 1994;34:121-48. 11. Gilbert C. Retinopathy of prematurity: epidemiology. Comm Eye Health. 1997;10:22-4. ProRN_C11V4_2_Revendo a retinopatia.indd 53 16/07/2014 14:07:34 12. An international classification of retinopathy of prematurity. Prepared by an international committee. Br J Ophthalmol. 1984;68:690-7. 13. Cryotherapy for Retinopathy of Prematurity Cooperative Group. Multicenter trial of cryotherapy for retinopathy of prematurity. Preliminary results. Arch Ophthalmol. 1988;106:471-9. 14. Cryotherapy for Retinopathy of Prematurity Cooperative Group. Multicenter trial of cryotherapy for retinopathy of prematurity. Snellen visual acuity and structural outcome at 5 1/2 years after randomization. Archives of ophthalmology. 1996;114:417-24. 15. Cryotherapy for Retinopathy of Prematurity Cooperative Group. Multicenter Trial of Cryotherapy for Retinopathy of Prematurity: ophthalmological outcomes at 10 years. Arch Ophthalmol. 2001;119:1110-8. 16. White JE, Repka MX. Randomized comparison of diode laser photocoagulation versus cryotherapy for threshold retinopathy of prematurity: 3-year outcome. J Pediatr Ophthalmol Strabismus. 1997;34:83-7. AÇ ÃO 17. Quinn GE, Dobson V, Barr CC, Davis BR, Palmer EA, Robertson J, et al. Visual acuity of eyes after vitrectomy for retinopathy of prematurity: follow-up at 5 1/2 years. The Cryotherapy for Retinopathy of Prematurity Cooperative Group. Ophthalmology. 1996;103:595-600. 18. Trese MT, Droste PJ. Long-term postoperative results of a consecutive series of stages 4 and 5 retinopathy of prematurity. Ophthalmology. 1998;105:992-7. 19. Darlow BA, Horwood LJ, Clemett RS. Retinopathy of prematurity: risk factors in a prospective populationbased study. Paediatr Perinat Epidemiol. 1992;6:62-80. 20. Hammer ME, Mullen PW, Ferguson JG, Pai S, Cosby C, Jackson KL. Logistic analysis of risk factors in acute retinopathy of prematurity. Am J Ophthalmol. 1986;102:1-6. ST REVENDO A RETINOPATIA DA PREMATURIDADE: PREVALÊNCIA EM NOSSO MEIO E ABORDAGEM TERAPÊUTICA ATUAL 54 U 21. Gilbert C, Foster A. Childhood blindness in the context of VISION 2020--the right to sight. Bull World Health Organ. 2001;79:227-32. EG 22. Blencowe H, Lawn JE, Vazquez T, Fielder A, Gilbert C. Preterm-associated visual impairment and estimates of retinopathy of prematurity at regional and global levels for 2010. Pediatr Res. 2013;74:35-49. D 23. Institute of Ophthalmology.Relatório do workshop de Prevention of Blindness due to to ROP in children in Mexico [não publicado]. Londres; 2001. 24. Furtado JM, Lansingh VC, Carter MJ, Milanese MF, Pena BN, Ghersi HA, et al. Causes of blindness and visual impairment in Latin America. Surv Ophthalmol. 2012;57:149-77. 25. Carrion JZ, Fortes Filho JB, Tartarella MB, Zin A, Jornada Jr ID. Prevalence of retinopathy of prematurity in Latin America. Clin Ophthalmol. 2011;5:1687-95. 26. Brasil. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico 2010: Característica da população e dos domicílios: resultados do universo [internet]. Rio de Janeiro: IBGE; 2011 [acesso em 2014 Feb. 12]. Disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/93/cd_2010_caracteristicas_populacao_domicilios.pdf. 27. Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de Informática do SUS. Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos [internet]. Brasília: MS; 2011 [acesso em 2014 Feb. 12]. Disponível em: http://tabnet.datasus. gov.br/cgi/tabcgi.exe?sinasc/cnv/nvuf.def. ProRN_C11V4_2_Revendo a retinopatia.indd 54 16/07/2014 14:07:34 28. Zin A, Florêncio T, Fortes Filho JB, Nakanami CR, Gianini N, Graziano RM, et al. Brazilian guidelines proposal for screening and treatment of retinopathy of prematurity (ROP). Arq Bras oftalmol. 2007;70:875-83. 29. International Committee for the Classification of Retinopathy of Prematurity. The International Classification of Retinopathy of Prematurity revisited. Arch Ophthalmol. 2005;123:991-9. 30. American Academy of Pediatrics. Screening Examination of Premature Infants for Retinopathy of Prematurity. Pediatrics. 2013;131:189-95. 31. Wilkinson AR, Haines L, Head K, Fielder AR. UK retinopathy of prematurity guideline. Early human development. 2008;84:71-4. | PRORN | Ciclo 11 | Volume 4 | 55 32. Instituto Brasileiro de Oftalmologia. Relatório do I Workshop de Retinopatia da Prematuridade [não publicado]. Rio de Janeiro; 2002. AÇ ÃO 33. Holmström M, el Azazi M, Kugelberg U. Ophthalmological long-term follow up of preterm infants: a population based, prospective study of the refraction and its development. Br J Ophthalmol. 1998;82:1265-71. 34. Sun X, Lemyre B, Barrowman N, O’Connor M. Pain management during eye examinations for retinopathy of prematurity in preterm infants: a systematic review. Acta Paediatr. 2010;99:329-34. 35. Early Treatment For Retinopathy Of Prematurity Cooperative Group. Revised indications for the treatment of retinopathy of prematurity: results of the early treatment for retinopathy of prematurity randomized trial. Arch Ophthalmol. 2003;121:1684-94. ST 36. Mintz-Hittner HA, Kennedy KA, Chuang AZ. Efficacy of Intravitreal Bevacizumab for Stage 3+ Retinopathy of Prematurity. N Engl J Med. 2011;364:603-15. U 37. Tahija SG, Hersetyati R, Lam GC, Kusaka S, McMenamin PG. Fluorescein angiographic observations of peripheral retinal vessel growth in infants after intravitreal injection of bevacizumab as sole therapy for zone I and posterior zone II retinopathy of prematurity. Br J Ophthalmol. 2014;98:507-12. EG 38. Schalij-Delfos NE, de Graaf MEL, Treffers WF, Engel J, Cats BP. Long term follow up of premature infants: detection of strabismus, amblyopia, and refractive errors. Br J Ophthalmol. 2000;84:963-7. D 39. Graziano RM, Carricondo P, Warde S, Dotto P, Bigolin S, Sadeck LS, et al. Prevalência de estrabismo, erros de refração e seqüelas fundoscópicas de retinopatia da prematuridade em recém-nascidos prematuros de muito baixo peso no seguimento ambulatorial de 5 anos. In: XXXII Congresso Brasileiro de Oftalmologia; 2003 set. 10-13; Salvador. 40. Taylor D, Hoyt C. Practical Paediatric Ophthalmology. Cambridge: Wiley-Blackwell; 1997. 41. Raju TN, Langenberg P, Bhutani V, Quinn GE. Vitamin E prophylaxis to reduce retinopathy of prematurity: a reappraisal of published trials. J Pediatr. 1997 Dec;131:844-50. 42. Soll RF. Prophylactic natural surfactant extract for preventing morbidity and mortality in preterm infants. Cochrane Database Syst Rev. 2000;2:CD000511. 43. Jorge EC, Jorge EN, El Dib RP. Early light reduction for preventing retinopathy of prematurity in very low birth weight infants. Cochrane Database Syst Rev. 2013;8:CD000122. 44. Manzoni P, Stolfi I, Pedicino R, Vagnarelli F, Mosca F, Pugni L, et al. Human milk feeding prevents retinopathy of prematurity (ROP) in preterm VLBW neonates. Early Hum Dev. 2013;89:S64-8. ProRN_C11V4_2_Revendo a retinopatia.indd 55 16/07/2014 14:07:34 45. VanderVeen DK, Martin CR, Mehendale R, Allred EN, Dammann O, Leviton A, et al. Early nutrition and weight gain in preterm newborns and the risk of retinopathy of prematurity. PLoS One. 2013;8:e64325. 46. Garg R, Agthe AG, Donohue PK, Lehmann CU. Hyperglycemia and retinopathy of prematurity in very low birth weight infants. J Perinatol. 2003;23:186-94. 47. Kermorvant-Duchemin E, Pinel AC, Lavalette S, Lenne D, Raoul W, Calippe B, et al. Neonatal hyperglycemia inhibits angiogenesis and induces inflammation and neuronal degeneration in the retina. PLoS One. 2013;8:e79545. 48. Chow LC, Wright KW, Sola A; CSMC Oxygen Administration Study Group. Can changes in clinical practice decrease the incidence of severe retinopathy of prematurity in very low birth weight infants? Pediatrics. 2003;111:339-45. 49. Saugstad OD, Aune D. Optimal oxygenation of extremely low birth weight infants: a meta-analysis and systematic review of the oxygen saturation target studies. Neonatology. 2014;105:55-63. AÇ ÃO 50. The STOP-ROP Multicentre Study Group. Supplemental Therapeutic Oxygen for Prethreshold Retinopathy Of Prematurity (STOP-ROP), a randomized, controlled trial. I: primary outcomes. Pediatrics. 2000;105:295-310. 51. Multicenter trial of cryotherapy for retinopathy of prematurity. One-year outcome-structure and function. Cryotherapy for Retinopathy of Prematurity Cooperative Group. Arch Ophthalmol. 1990;108:1408-16. 52. Moshfeghi DM, Berrocal AM. Retinopathy of prematurity in the time of bevacizumab: incorporating the BEAT-ROP results into clinical practice. Ophthalmology. 2011;118:1227-8. Como citar este documento ST REVENDO A RETINOPATIA DA PREMATURIDADE: PREVALÊNCIA EM NOSSO MEIO E ABORDAGEM TERAPÊUTICA ATUAL 56 D EG U Entringer AP, Zin A. Revendo a retinopatia da prematuridade: prevalência em nosso meio e abordagem terapêutica atual. In: Sociedade Brasileira de Pediatria; Procianoy RS, Leone CR, organizadores. PRORN Programa de Atualização em Neonatologia: Ciclo 11. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2014. p. 27-56. (Sistema de Educação Continuada a Distância, v. 4). ProRN_C11V4_2_Revendo a retinopatia.indd 56 16/07/2014 14:07:35