Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas
(Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana
LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3
SLG 29 – Politicas linguísticas para a internacionalização da Língua Portuguesa.
AS
UNIDADES
FRASEOLÓGICAS:
UM
DESAFIO
INTERNACIONALIZAÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA
PARA
A
Gislene Lima CARVALHO¹
RESUMO
A compreensão e o domínio de uma língua estrangeira não se limitam ao
conhecimento da estrutura dessa língua. É necessário que se conheça as manifestações
culturais do povo que a utiliza. As unidades fraseológicas (UFs) são estruturas da língua
que estão intimamente ligadas a esse contexto, por isso, o conhecimento do vocabulário
torna-se insuficiente em sua compreensão. Durante muito tempo, as unidades
fraseológicas permaneceram à margem do ensino de línguas. Não se percebia sua
importância para um bom desempenho em língua estrangeira. Recentemente, têm
surgido vários trabalhos relacionados ao assunto que têm colaborado para o
desenvolvimento da área que as estuda, a fraseologia. As UFs são indecomponíveis,
conotativas e cristalizadas. Elas não podem ser decompostas nas partes que a compõem,
já que só possuem significado em um todo e estão fixas na cultura que a criou. O falante
que se expõe a esse aprendizado precisa conhecer essas unidades para um bom
desempenho na língua-alvo ou, em contrário, poderá prejudicar a interação nesta língua.
O conhecimento linguístico não irá auxiliar ao aluno, já que o valor da expressão não irá
coincidir com o sentido literal dos componentes das unidades. Essas expressões são
idiomáticas, não no sentido de pertencer a um idioma, mas no sentido de serem nãotransparentes e opacas. O ensino de português como língua não-materna encara o
desafio de passar ao estudante estrangeiro, as unidades cristalizadas do português,
utilizadas por seus falantes como forma de preencher uma lacuna deixada pelo léxico da
língua. As unidades fraseológicas transmitem sentimentos ou emoções, através de
combinações de lexias que, unidas, adquirem um significado novo, distinto do valor
semântico de cada palavra. Daí, a importância de tornar o ensino das UFs algo basilar
no ensino de português língua não-materna, em interação com a pragmática da língua e
a cultura na qual está inserida. É preciso criar métodos de ensino dessas unidades para a
internacionalização da língua portuguesa.
PALAVRAS-CHAVE: Unidades Fraseológicas; Idiomaticidade; Português Língua nãoMaterna; Cultura; Ensino
______________________
1. Mestranda da Universidade Federal do Ceará (UFC) no Programa de Pós-Graduação em Linguística
(PPGL) e bolsista da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(FUNCAP). Rua Celeste Arruda, 760, bairro Água Fria CEP 60834-455, Fortaleza – Ceará – Brasil;
[email protected]
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INTRODUÇÃO
As sociedades desenvolvidas do mundo moderno encaram como parte do
processo de ascensão o ato de conhecer e dominar línguas estrangeiras. Este
conhecimento se faz necessário devido ao grande desenvolvimento das sociedades que
se tornam cada vez mais globalizadas, fazendo de suas línguas ferramentas que
viabilizam este crescimento.
As comunidades que querem dar um passo ainda mais audacioso lutam por
tornar a língua de sua sociedade um idioma de alcance mundial. Para que isso ocorra, é
necessário que haja um processo de viabilização para o ensino desta língua em países
em que esta não figure como oficial. (ALMEIDA FILHO, 2008)
Este processo não é fácil, visto que o ensino de línguas sempre é perpassado
por influencias outras que são externas ao ensino propriamente dito. Como exemplo,
podemos citar a relação exercida entre professor e aluno, o método utilizado no ensino
de línguas, características inerentes a professores e alunos e a cultura da sociedade em
que se dá este ensino. Todos esses itens irão influenciar na qualidade do ensino que se
deseja implantar.
Concernente ao ensino da língua portuguesa não é diferente. Considerando que
se fala português em todos os continentes, há que se admitir que várias culturas podem
intervir no ensino a depender do país que esteja viabilizando este processo.
Nos últimos anos, a língua portuguesa tem apresentado um aumento
representativo no número de alunos que desejam aprendê-la como língua estrangeira.
Este constante aumento tem proporcionado aos países lusófonos a oportunidade de
internacionalizar sua língua e torná-la universal como hoje são o Inglês e o Espanhol.
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Com o constante aumento da globalização e o fortalecimento dos países da
América do Sul na economia mundial, cada vez mais tem aumentado a procura pelo
ensino de português nos países não-lusófonos que integram esta esfera do continente
americano, principalmente por nativos de países que integram o MERCOSUL e que não
falam português. O português e o espanhol são tidos como línguas de cultura nos países
que formam o bloco. Dessa forma, o ensino dessas línguas tem se tornado obrigatório
nesses países. No Brasil, o ensino de espanhol já faz parte do currículo escolar nacional.
Cabe agora aos governantes dos demais países ofertarem o ensino de língua portuguesa
e de sua cultura nos países de língua espanhola que compõem o MERCOSUL.
Na Europa, com a intenção da Comunidade Europeia de expandir o
multiculturalismo e o multilinguismo nos países que a compõem, fazendo com que cada
falante domine uma ou duas línguas da comunidade, Portugal, por pertencer à união,
tem condições de expandir o ensino de português neste continente. Esse constante
crescimento de fomento à língua faz com que os profissionais do ensino desenvolvam
novas formas de trabalho que auxiliem a complexa tarefa do ensino e da aprendizagem
de Português língua não-Materna (PLNM).
O crescimento considerável da procura pelo português tem proporcionado o
desenvolvimento de trabalhos de investigação do português enquanto língua nãomaterna e a iniciativa de universidades brasileiras que se dedicam à pesquisa deste
ensino, o que favorece a possível internacionalização da língua. No entanto, ainda são
poucas as universidades que fazem esse trabalho e ainda há muito por fazer em uma
longa caminhada. Em poucas instituições são ofertadas disciplinas que contemplem o
ensino de PLNM, que possam colaborar para a qualificação dos futuros profissionais de
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letras, preparando-os para que desenvolvam trabalhos consistentes relacionados ao
tema. Essa preparação se faz importante visto que a didática aplicada ao ensino de
línguas, estrangeiras ou segundas, não é a mesma aplicada ao ensino de língua materna.
AS UNIDADES FRASEOLÓGICAS
O ensino de uma língua estrangeira não deve prender-se somente à gramática e
ao conhecimento do vocabulário do idioma em questão. Ele deve envolver muito mais,
como, por exemplo, a cultura do povo que fala este idioma, pois os costumes culturais
da comunidade de fala influenciam o modo de falar desta sociedade. Esta influência
pode ser comprovada se analisarmos as expressões denominadas unidades fraseológicas
que serão o foco de nosso trabalho.
O estudo dessas unidades se faz importante visto que elas pertencem ao léxico
da língua e estão relacionadas à cultura, sendo utilizadas constantemente na
comunicação e, geralmente, não gozam de um tratamento especializado quando da
participação em dicionários ou na inclusão destas em materiais didáticos bem como no
ensino de línguas. Esse trabalho objetiva comprovar a importância do estudo dessas
unidades na constante busca de, nas palavras de Santamaría Pérez (2000) “... um
tratamento teórico adequado destes fenômenos que lutam por encontrar o lugar que
merecem dentro do sistema da língua...”
Para compreender uma língua necessitamos, também, compreender a cultura
do povo que a utiliza. Pois, como afirmam Soler e Rodriguez (2008),
Todos temos em comum universais humanos (cenários, frames), que,
no entanto, vêm matizados por cada cultura, de maneira que possuem
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valores específicos e diferenciados. Assim, as sociedades possuem
suas próprias visões de mundo, atitudes e condutas sobre diversos
temas e circunstâncias, distinguindo-se assim as distintas
comunidades culturais. Uma das disciplinas linguísticas que melhor
aborda estas especificidades linguísticas é a fraseologia, pois põe em
relevo numerosos aspectos sócio-culturais.²
Língua é forma de expressão, carrega em si a ideologia de uma sociedade, daí,
a importância de que se aborde o estudo da cultura na qual esta se insere. Os valores
sociais dos indivíduos definem as formas de interação entre eles. Estes valores estão na
fala e nas escolhas de interação do falante. As UFs sofrem influência direta desses
valores, visto que apresentam uma ligação que foge à semântica e, muitas vezes, à
sintaxe da língua, sendo o conhecimento linguístico insuficiente para sua compreensão.
Portanto, elas devem ser ensinadas uma a uma, individualmente, pois não há regra para
sua criação, o que dificulta seu ensino e assimilação por parte doa aprendizes.
Comunicar-se com competência não é somente saber ler e escrever em uma
determinada língua. É, fundamentalmente, compreender e se fazer compreender em
situações reais de comunicação. Para que haja compreensão, o aprendiz deve ser capaz
de utilizar a língua na comunicação de forma efetiva e não apenas conhecer a
sistemática da língua. É necessário que se conheça, além disso, a sociedade, cultura e
costumes nos quais a língua está inserida, para que o falante possa se comportar da
maneira mais adequada e que não cometa erros que possam ferir o interlocutor ou, até
mesmo, deixá-lo em condições constrangedoras. Este conhecimento deve envolver,
além de termos e expressões próprios da língua em questão, a forma peculiar de esta
sociedade ver o mundo e interpretá-lo.
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No caso específico da língua portuguesa, a dificuldade no ensino das unidades
fraseológicas está na condição de que esta é uma língua falada em diferentes continentes
e, portanto, influenciada por variadas culturas, fato que irá refletir nas unidades
escolhidas pelos falantes para suprir a necessidade deixada pelo léxico em continentes
distintos e que serão associadas à cultura de cada um.
2. “Todos tenemos en común universales humanos (escenarios, frames), que, sin embargo, vienen
matizados por cada cultura, de manera que poseen valores específicos y diferenciados1. Así, las
sociedades poseen sus propias visiones del mundo, actitudes y conductas sobre diversos temas y
circunstancias, distinguiéndose así las distintas comunidades culturales. Una de las disciplinas lingüísticas
que mejor recoge estas especificidades lingüísticas es la fraseología, pues pone de relieve numerosos
aspectos socio-culturales.” (tradução nossa)
As características apresentadas por estas unidades fazem com que o ensino
unicamente do vocabulário da língua bem como da sintaxe da língua não sejam
suficientes para que o aprendiz seja capaz de utilizar as UFs, pois estas não são simples
junções de palavras, mas sim um bloco de palavras que apresenta um sentido único que
apresenta as características elencadas abaixo.
A pluriverbalidade é a primeira característica de um fraseologismo. Com
isto se quer dizer que toda unidade fraseológica deve estar integrada por duas ou mais
palavras, uma das quais, ao menos, deve ser una palavra dotada de significado. Dentro
dessa característica, só seriam UFs as composições de palavras, excluindo-se as
palavras isoladas.
No entanto, autores como González-Rey (2007) expande o conceito de
unidade fraseológica, ao que denomina unidade fixa, e inclui neste grupo desde as
expressões idiomáticas a sintagmas idiomáticos, ou seja, idiomatismos formados por
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apenas uma palavra imaginados a partir de termos concretos (animais, corpo humano,
cores), como os zoomorfismos e os somatismos.
Outro ponto comum às chamadas UF é a Fixação apresentada pelas unidades
compostas de duas ou mais palavras. É a capacidade que as unidades fraseológicas
possuem de serem utilizadas como formas pré-determinadas, não sendo meras
combinações livres de palavras. São uniões fixas que só podem ser utilizadas da forma
que se repete na língua, pois pertencem ao acervo léxico dos falantes antes mesmo de
serem repetidas, não se produzem, já estão feitas. Por fixação, entendemos que as UFs
não sofrem variações, inovações na forma utilizada, salvo poucas exceções.
Idiomaticidade é o fato de os componentes da unidade não manterem seu
sentido literal. Seu valor semântico não é o mesmo que adquirem as palavras isoladas.
Elas possuem um sentido idiomatizado, que não é a soma dos elementos componentes
das unidades e sim um sentido figurado adquirido pelo uso repetido da unidade. Vale
ressaltar que idiomático não deve ser interpretado como algo pertencente a apenas um
idioma. Significa, sim, o que não é transparente, aquilo que apresenta opacidade em seu
significado. Tagnin (2007) denomina o que é peculiar a uma língua como vernáculo ou
natural. A autora distingue ainda convencionalidade como algo que é comumente
usado, consolidado pelo uso e que é aceito pela sociedade. Neste caso, não
necessariamente há opacidade na expressão, mas existe uma convenção de como e em
que momento utilizar ditas expressões. Vejamos o exemplo abaixo:
I. Engolir sapos.
No exemplo acima, o sentido da expressão não pode ser levantado pela soma
dos componentes, pos não significa comer os anfíbios e sim, ser contrariado, ser
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insultado sem revidar. A sociedade que usa essa expressão tem acordado o seu uso e só
o convívio com esta sociedade pode tornar claro o significado que se pode extrair dela.
Após esta tentativa de caracterização das unidades fraseológicas, faz-se
necessário que exemplifiquemos em que consiste, na prática, classificar expressões
dentro destes pontos apresentados. A seguir, alguns exemplos do que consideramos UF.
As fórmulas de rotina são aquelas utilizadas como forma de educação e que o
não uso deixa o falante na condição de mal educado.
As fórmulas fixas compreendem as frases feitas, os provérbios e as citações.
Seu uso não é obrigatório na situação comunicativa, mas indica domínio da língua. As
frases feitas são comentários feitos durante a conversação.
Os provérbios são fórmulas fixas que passam um ensinamento moral e estão
ligadas à cultura em que se utiliza. Há ainda os refrães e os ditados populares que são
classificados como algo popular, de tom jocoso que se assemelham aos provérbios por
trazer um ensinamento ou uma moral. Ao estudo dessas unidades, dedica-se a
Paremiologia.
As citações são passagens famosas e que devem ser conhecidas tanto pelo
falante como por seu interlocutor. O não conhecimento por parte do interlocutor gera a
perda do efeito da citação.
As expressões idiomáticas são unidades que perderam totalmente o valor
semântico e adquiriram um valor convencionalizado pela sociedade.
Os símiles são comparações que vão variar de acordo com a cultura de cada
país.
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Os binômios são junções de palavras que se unem sempre na mesma ordem.
As colocações são as composições de palavras, onde um elemento é pleno
semanticamente e o outro não tem valor por si só. As últimas são denominadas por
Tagnin (2005) como “colocado”, este é determinado pela palavra plena.
QUADRO EUROPEU COMUM DE REFERÊNCIA PARA AS LÍNGUAS
O ensino de línguas é algo tão complexo e importante que foi criado, na
Europa, o Quadro Europeu Comum de Referência para as línguas (QECR), semelhante
aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) do Brasil, que rege o ensino de línguas na
Europa. O QECR serve de guia para professores que atuam na área do ensino de
línguas. Para isso, distingue “plurilinguismo” de “multilinguismo”. O segundo consiste
em conhecer determinadas línguas ou mesmo no convívio destas em dada sociedade. O
primeiro vai além disso, pois,
(...) acentua o facto de que, à medida que a experiência pessoal de um
indivíduo no seu contexto cultural se expande, da língua falada em
casa para a da sociedade em geral e, depois, para as línguas de outros
povos (aprendidas na escola, na universidade ou por experiência
directa), essas línguas e culturas não ficam armazenadas em
compartimentos mentais rigorosamente separados; pelo contrário,
constrói-se uma competência comunicativa, para a qual contribuem
todo o conhecimento e toda a experiência das línguas e na qual as
línguas se inter-relacionam e interagem. (p. 23)
Para que se definam os parâmetros para ensino de línguas e avaliação de
aprendizado, faz-se necessário definir o termo competência, que estará sempre presente
no processo de ensino-aprendizagem. O QECR assim define, “Competências são o
conjunto dos conhecimentos capacidades e características que permitem a realização de
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ações.” E no âmbito do aprendizado de línguas, “As competências comunicativas em língua
são aquelas que permitem a um indivíduo agir utilizando especificamente meios
linguísticos.” As competências de língua, segundo o quadro, compreendem três áreas:
linguística, sociolinguística e pragmática. Estes componentes unidos formam a competência
em língua.
Neste quadro de referência, cita-se também a importância da competência
sócio-cultural do aprendiz na língua-alvo e das unidades influenciadas por este fator.
São citados:
Os marcadores linguísticos das relações sociais, as chamadas fórmulas de
rotina, que incluem formas de saudação, de tratamento, convenções para a tomada de
palavra e exclamações.
O QECR cita ainda as expressões de sabedoria popular, denominadas como:
fórmulas fixas que exprimem e reforçam as atitudes correntes,
contribuem significativamente para a cultura popular. (...) O
conhecimento acumulado de sabedoria popular expresso na língua,
considerado como um conhecimento generalizado, é uma
componente significativa do aspecto linguístico da competência
sociocultural. (p. 170).
O documento classifica como as referidas fórmulas fixas, os provérbios, as
expressões idiomáticas, as expressões familiares, as expressões de crenças, atitudes e
valores, equivalentes aos ditos e refrães, além dos denominados graffiti, slogans nas Tshirts e na TV e frases de cartazes.
Dentro da competência léxica, capacidade de uso do vocabulário da língua,
também são citadas as unidades fraseológicas, chamadas expressões fixas e que
incluem: expressões feitas, expressões idiomáticas, estruturas fixas, combinatórias fixas
e, inclusive, palavras isoladas que apresentam polissemia.
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Como se pode perceber, as unidades fraseológicas são citadas como elemento
essencial para um bom desempenho linguístico, devendo figurar nos manuais de ensino
de línguas. O próprio documento que rege o ensino das linguas europeias prevê que se
aborde esse ensino. Daí, comprova-se a importância do estudo destas. Pois, uma das
competências que o aprendiz deve apresentar descrita no QECR é:
Possui um bom domínio de expressões idiomáticas e de
coloquialismos com consciência dos níveis conotativos do
significado. Conhece bem as implicações sociolinguísticas e
socioculturais da linguagem utilizada pelos falantes nativos e é capaz
de reagir de acordo com esse conhecimento. É capaz de desempenhar
o papel de mediador entre locutores da língua-alvo e da sua
comunidade de origem, considerando as diferenças socioculturais e
sociolinguísticas. (p. 173)
E, em outra ocasião diz-se que há que verificar se o aluno:
Tem um bom domínio de um vasto repertório lexical que inclui
expressões idiomáticas e coloquialismos; demonstra consciência de
níveis conotativos de significado. (...) Domina um repertório alargado
que lhe permite ultrapassar dificuldades/lacunas com circunlocuções;
não é evidente a procura de expressões ou de estratégias de evitação.
Bom domínio de expressões idiomáticas e coloquialismos.
O estudo destas unidades faz-se importante no aprendizado de uma língua por
ser algo constantemente utilizado pelos falantes nativos desta e que a estes passam
despercebidas. No entanto, aos falantes não-nativos não deixam de ser facilmente
percebidas e tornam-se uma dificuldade a mais a ser superada para uma melhor
competência na língua. Os falantes nativos utilizam as UF de forma natural sem
preocupar-se com o significado visto que já o conhecem, posto que elas foram criadas
antes do momento da fala e convencionalizadas pela sociedade como algo fixo,
utilizado sempre da mesma forma.
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No entanto, isto não ocorre com os falantes de outras línguas, pois se estes só
possuem conhecimento lexical e sintático da língua, não serão capazes de compreender
e se fazer entender no uso dessas unidades já que, quase sempre, seu valor semântico
não corresponde à soma de suas partes. Um aprendiz desavisado, ao entrar em contato
com estas unidades irá interpretá-las erroneamente traduzindo-as ao pé-da-letra, de
acordo com as palavras que a compõem. Este método, certamente, irá causar transtornos
já que aquilo que ele interpretou não é o que o interlocutor quis dizer. Dessa forma, a
comunicação não acontecerá e o aluno, em condição constrangedora, estará
demonstrando não possuir competência na língua em que desejou obter conhecimento.
O ensino das UFs também apresenta-se como desafio ao professor que o fará,
já que não é fácil explicar a um falante de outra língua as condições de uso e significado
de todas as unidades utilizadas na língua. O que se pode fazer é oferecer ao falante
condições para que possa extrair o significado pelo contexto, ou ainda, familiarizá-lo
com o uso delas. Além de alertá-lo para o constante uso destas unidades na sociedade
para que, assim, o aluno fique atento e não se encontre em constrangimento quando
defrontar-se com seu uso.
CONCLUSÃO
Com este breve trabalho, pretendemos mostrar a importância dos estudos das
unidades fraseológicas no ensino de línguas estrangeiras, especialmente da língua
portuguesa. O ensino destas unidades surge como um desafio a ser superado pelos
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profissionais que se dedicarão a este processo. Desafio que deve ser encarado como algo
que irá engrandecer o processo de ensino-aprendizagem, tornando o aprendiz ainda mais
competente na língua a que se dispôs aprender.
Com a inserção das UFs no ensino de PLNM, abre-se uma porta para a
imersão na cultura da sociedade luso falante, dos costumes e riquezas que estão
presentes na comunidade de fala e que exercem influência na linguagem cotidiana dos
falantes.
Esperamos, com este trabalho, chamar a atenção dos profissionais de língua
portuguesa para que abordem as unidades fraseológicas em seu programa de ensino,
visando, com isso, divulgar as culturas e sua influência nas línguas. Além disso, contará
para enriquecimento das aulas de língua que culminarão no grande objetivo de nosso
projeto: a internacionalização da língua portuguesa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA FILHO, J. C. P. O ensino de português como língua não-materna:
concepções e contextos de ensino. Universidade de Brasília. 2008. Disponível em:
www.estacaodaluz.org.br. Acesso em 19 fev. 2009.
GONZÁLEZ-REY, Isabel. La didactique du français idiomatique. Fernelmont:
E.M.E., 2007. 217 p.
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Aprendizagem, ensino e avaliação. Conselho de Europa, 2001.
SANTAMARÍA PÉREZ, M. I. Tratamiento de las Unidades Fraseológicas em la
Lexicografía Bilingüe Español-Catalã. 2000. 388f. Tese (Doutorado em Letras),
universidade de Alicante, Alicante, 2000.
SOLER, N. P; RODRÍGUEZ, J. J. B. Unidades fraseológicas y Variación. Ogigia:
revista electrónica de estudios hispánicos, n. 3, p 43-52, jan. 2008.
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TAGNIN, S. E. O. O Jeito que a Gente Diz: expressões convencionais e idiomáticas.
São Paulo: Disal, 2005. 117p.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ALMEIDA FILHO, J. C. P. Dimensões comunicativas no ensino de línguas. Ed. 4.
campinas, SP: Pontes Editores, 2007. 75 p.
BIDERMAN, M. T. C. Unidades Complexas do Léxico. 2007. Disponível em:
<http://ler.letras.up.pt>. Acesso em: 22 abr. 2009.
CAMARGO, D. S. de. Aspectos do Ensino de Língua Portuguesa como Língua
Estrangeira. Disponível em www.mackenzie.br/inicie/1/danielladecamargo.pdf.
Acesso em 27 mar. 2009.
TAGNIN, S. E. O. Os corpora: instrumentos de auto-ajuda para o tradutor.
Disponível em <www.webcorp.org.uk> . Acesso em 15 abr. 2009.
ANEXO
Expressões utilizadas no Brasil e em Portugal
Abrir o coração
Abrir o jogo
Desabafar; declarar-se sinceramente
Denunciar; revelar detalhes
Abrir os olhos a alguém
Convencer, alertar
Agarrar com unhas e
dentes
Não desistir de algo ou alguém facilmente.
Andar feito barata tonta
Estar distraído.
Armar-se até aos dentes
Estar preparado para uma qualquer situação.
Arrancar cabelos
Desesperar-se.
Arregaçar as mangas
Iniciar algo.
Bater as botas
Morrer, falecer.
Bater na mesma tecla
Insistir.
Baixar a bola
Acalmar-se, ser mais comedido.
Comprar gato por lebre
Ser enganado.
Dar com o nariz na porta
Decepcionar-se, procurar e não encontrar
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Dar o braço a torcer
Voltar atrás numa decisão
Dar com a língua nos
dentes
Contar um segredo.
Dar uma mãozinha
Ajudar.
Engolir sapos
Fazer algo contrariado; ser alvo de
insultos/injustiças/contrariedades sem reagir/revidar,
acumulando ressentimento
Estar com a cabeça nas
nuvens
Estar distraído.
Estar com a corda no
pescoço
Estar ameaçado, sob pressão ou com problemas
financeiros
Estar com a faca e o
queijo na mão
Estar com poder ou condições para resolver algo
Estar com a pulga atrás da
Estar desconfiado.
orelha
Estar com aperto no
coração
Estar angustiado
Estar com o pé atrás da
porta/de pé atrás
Estar desconfiado, cabreiro
Estar com os pés para a
cova/o pé na cova
Estar para morrer
Estar com uma pedra no
sapato
Ter um problema por resolver.
Estar de mãos a
abanar/abanando
Não conseguir o que pretendia
Estar de mãos atadas
Não poder fazer nada
Fazer com uma perna às
costas/de olhos fechados
Fazer com muita facilidade.
Fazer tempestade em
copo d'água
Transformar banalidade em tragédia
Fazer um negócio da
China
Aproveitar grande oportunidade
Fazer vista grossa
Fingir que não viu, relevar, negligenciar
Feito nas coxas
De qualquer modo, sem cuidado
Ficar à sombra da
bananeira
Ficar despreocupado.
Gritar a plenos pulmões
Gritar com toda a força
Ir desta para melhor
Morrer, falecer
Lavar roupa suja
Discutir assunto particular.
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Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas
(Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana
LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3
SLG 29 – Politicas linguísticas para a internacionalização da Língua Portuguesa.
Meter os pés pelas mãos
Agir desajeitadamente ou com pressa; confundir-se no
raciocínio.
Meter o rabo entre as
pernas
Submeter-se
Onde Judas perdeu as
botas
Lugar remoto.
O gato comeu a língua
Diz-se de pessoa calada.
Pendurar as chuteiras
Aposentar-se, desistir
Ir pentear macacos
Ir chatear outra pessoa.
Pensar na morte da
bezerra
Estar distraído/a.
Perder as estribeiras
Desnortear-se.
Pôr as barbas de molho
Precaver-se
Pôr as cartas na
mesa/lançar os dados
Expor os fatos.
Pôr mãos à obra
Trabalhar com afinco
Pôr os pontos/pingos nos
Esclarecer a situação detalhadamente
ís
Procurar uma agulha num
Tentar algo quase impossível.
palheiro
Prometer mundos e
fundos
Fazer promessas exageradas
Receber um balde de água
Inverter o entusiasmo em desilusão.
fria
Riscar do mapa
Fazer desaparecer
Sem pés nem cabeça
Sem lógica; sem sentido.
Sentir dor de cotovelo
Sentir despeito amoroso.
Sentir dor de corno
Sentir despeito amoroso.
Segurar a vela
Estar sozinho/a com um casal.
Ser um chato de galocha
Ser uma pessoa de comportamento desagradável
Ter macacos (ou
macaquinhos) no sótão
Ter ilusões, achar que algo muito improvável de
acontecer é bastante possível
Tirar água do joelho
Urinar
Tirar o cavalo (ou
cavalinho) da chuva
Desistir com relutância por motivo de força maior ou
impedimento hierárquico.
Subir pelas paredes
Estar desesperado.
Trocar alhos por bugalhos Confundir fatos e/ou histórias.
Uma mão lava a outra (e
Entreajuda; trabalhar em equipe ou para o mesmo fim.
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as duas lavam as orelhas)
Virar casacas
Mudar de ideias facilmente; traídor.
Expressões utilizadas no Brasil
Acertar na mosca
acertar precisamente
Abotoar o paletó
morrer
Acabar em pizza
quando uma situação não resolvida acaba encerrada
(especialmente em casos de corrupção quando ninguém é
punido)
Acertar na lata (ou na mosca) acertar com precisão, adivinhar de primeira
A céu aberto
ao ar livre
Achar (procurar) chifre em
cabeça de cavalo
procurar problemas onde não existem.
Achar (procurar) pêlo em ovo buscar coisas impossíveis
A dar com pau
em grande quantidade
Afogar o ganso
fazer sexo (homem)
Agarrar com unhas e dentes
agir de forma extrema para não perder algo ou alguém
Água que passarinho não
bebe
pinga, bebida alcoólica
Amarrar o burro
ficar em descanso (folgado); Se comprometer
(normalmente em relação a relacionamentos)
Amigo da onça
falso amigo, amigo interesseiro ou traidor
Andar na linha
estar elegante ou agir corretamente (ver também "perder
a linha")
Andar nas nuvens
estar desatento
Ao deus dará
abandonado, sem rumo
Ao pé da letra
literalmente
Aos trancos e barrancos
de forma atabalhoada, desajeitada
Armado até os dentes
exageradamente armado, preparado para uma situação
Armar um barraco
criar confusão em público, discutindo ou brigando com
alguém
Arrancar os cabelos
entrar em desespero
Arrastar as asas (para
alguém)
enamorar-se, insinuar-se romanticamente para alguém
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SLG 29 – Politicas linguísticas para a internacionalização da Língua Portuguesa.
Arregaçar as mangas
dar início a um trabalho ou atividade com afinco
Arrumar sarna para se coçar
procurar por problemas
Até debaixo d'água
em todas as circunstancias
Babar ovo
puxar o saco, idolatrar incondicionalmente
Banho de água fria
romper as espectativas de alguém, decepcionar, desiludir.
Banho de gato
lavar superficialmente as partes do corpo
Barata tonta
perdido, desorientado, sem saber o que fazer
Barra pesada
situação difícil, ou pessoa grosseira e violenta
Bate e volta
ir e voltar a algum evento ou lugar rapidamente
Bater as botas
morrer
Bater com as dez
morrer
Bater na mesma tecla
insistir demais no mesmo assunto
Bater papo
conversar (informalmente)
Boca do inferno
entrando em problemas sérios
Bode expiatório
aquele que leva a culpa no lugar de outro
Bola pra frente
expressão de encorajamento, para se seguir em frente
mesmo frente a adversidades
Bom de bico
galanteador, que tenta convencer os outros na conversa
Borracho
bêbado (ver Portugal)
Botar a boca no trombone
revelar um segredo, tornar algo público
Botar o carro na frente dos
bois
pular ou queimar etapas de forma inapropriada,
geralmente atrapalhando o andamento ou resolução de
uma situação
Botar pra quebrar
fazer algo com extrema intensidade, em geral em sentido
positivo; similar a "mandar ver"
Briga de cachorro grande
embate entre forças as quais se julga superiores.
Briga de foice (no escuro)
mulher feia
Cara de pau
Descarado, sem-vergonha
Comer água
Ato de sair para consumir bebida alcoólica (em grande
quantidade)
Comer cru e quente
Ser apressado e pouco perfeccionista
Confundir alhos com
bugalhos
confundir ou misturar conceitos ou fatos
Conversa com a minha mão
quando alguém fala sobre um assunto chato e não se
deseja continuar a conversa.
Chutar o balde / Chutar o pau
agir irresponsavelmente em relação a um problema
da barraca
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SLG 29 – Politicas linguísticas para a internacionalização da Língua Portuguesa.
Dar bola (para alguém)
insinuar-se romanticamente para alguém
Dar a volta por cima
se recuperar
Dar com a cara na porta
levar um fora, decepcionar-se, procurar e não encontrar
Dar mancada
descumprir promessa, relaxo, deslize
Dar pau na máquina
dar urgência
Dar uma mãozinha
dar uma pequena ajuda
Deixar na mão
não colaborar, abandonar
Descascar o abacaxi
resolver problema complicado
Estar com dor de cotovelo
estar despeitado devido a uma decepção amorosa
Encher/entortar o caneco
beber até cair
Enfiar o pé na jaca
embriagar-se, cometer excessos, cometer um erro
Encher lingüiça
enrolar, preencher espaço com embromação
Ensacar fumaça
fazer trabalho inútil
Entrar pelo cano
se dar mal, ficar encrencado
Estar com a bola murcha
estar sem ânimo
Estar com a corda toda
estar animado, empolgado
Estar dando sopa
estar inadvertidamente vulnerável
Estar no bico do corvo
estar para morrer
Enxugar gelo
insistir em um trabalho inútil
Fazer boca de siri
manter segredo sobre algum assunto
Fazer nas coxas
fazer sem cuidado
Ficar a ver navios
ficar sem nada ou sem coisa alguma
Ir catar coquinho
ir fazer outra coisa
Ir para o espaço
não funcionar, falhar, dar errado
Ir para o saco
não funcionar, falhar, dar errado
Lavar as mãos
não se envolver
Lavar a roupa suja
acertar as diferenças com alguém
Levar chumbo/ferro/pau
fracassar ou dar-se mal; sofrer violência
Levar toco
ser dispensado(a) pela namorada(o)
Levar um fora
ser descartado, desprezado, bloqueado ou impedido por
alguém (sentimental)
Levar tudo por trás
entender tudo de maneira pejorativa ou oposta
Marcar touca
distrair-se e perder uma oportunidade
Molhar o biscoito
fazer sexo (homem)
Mudar da água para o vinho
mudar totalmente, mudar radicalmente
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SLG 29 – Politicas linguísticas para a internacionalização da Língua Portuguesa.
Mudar do saco para a mala
mudar totalmente de assunto
Na mão do palhaço
ver-se numa situação fora de controle
Não fazer bom cabelo
não ouvir, não servir, não combinar bem
Onde Judas perdeu as botas
lugar muito distante
Pagar o pato
ser responsabilizado por algo que não cometeu
Pendurar as chuteiras
aposentar-se, desistir
Pendurar melancia no
pescoço
querer aparecer, se exibir
Pensar na morte da bezerra
distrair-se
Perder a linha
perder a educação, perder a elegância
Pirar na batatinha
pensar/imaginar ou propor coisa improvável ou
impossível de acontecer
Pisar na bola/no tomate
cometer deslize
Plantar bananeira
colocar-se de cabeça para baixo
Pôr minhoca na cabeça
criar ou refletir sobre problemas inexistentes
Procurar chifre em cabeça de procurar significados ou imaginar problemas que não
cavalo/pêlo em ovo
existem
Procurar sarna para se coçar
Se envolver em problemas sem necessidade
Quebrar o galho
dar solução precária, improvisar
Segurar vela
atrapalhar namoro, acompanhar um casal ou ser o único
solteiro numa roda de casais
Sem pé nem cabeça
confuso, sem sentido
Dar uma de João sem braço
fazer-se de desentendido
Ser uma mala sem alça
ser muito chato e difícil de ser tolerado
Ser uma mão na roda
ajudar muito, ser prestativo
Ser uma pedra no sapato/no
caminho
ser um estorvo, atrapalhar
Soltar a franga
desinibir-se (geralmente assumindo um lado
feminino/alegre)
Tirar o cavalo da chuva
desistir de algo ou alguém
Tomar um chega para lá
ser descartado
Trocar as bolas
atrapalhar-se
Trocar os pés pelas mãos
agir desajeitadamente, com pressa
Trocar seis por meia dúzia
trocar uma coisa por outra que não vai fazer a menor
diferença
Voltar à vaca fria
retornar a um assunto inicial/principal numa discussão,
após divagação
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SLG 29 – Politicas linguísticas para a internacionalização da Língua Portuguesa.
Tempestade em copo d'agua
dar importância muito grande a uma coisa muito pequena
Tirar de letra
fazer algo com facilidade
Expressões utilizadas em Portugal
Pôr-se a pau
Estar atento
Prometer mundos e fundos
Fazer promessas infundadas ou exageradas
Procurar uma agulha num palheiro Tentar algo impossível.
Rebeubéu, pardais ao ninho
Grande alvoroço
Riscar do mapa
Fazer desaparecer
Sem pés nem cabeça
Sem lógica; sem sentido.
Segurar a vela
Estar sozinho/a com um casal.
Ser um troca-tintas
Mudar de ideias facilmente; traídor.
Ter macacos (ou macaquinhos) no Ter ilusões, achar que algo muito improvável de
sótão
acontecer é bastante possível
Tirar água do joelho
Urinar
Tirar o cavalo (ou cavalinho) da
chuva
Desistir com reluctância por motivo de força maior
ou impedimento hierárquico.
Trepar paredes
Estar desesperado.
Trocar alhos por bogalhos
Confundir factos e/ou histórias.
Ter lata
Ser descarado
Uma mão lava a outra (e as duas
lavam as orelhas)
Entreajuda; trabalhar em equipa ou para o mesmo
fim.
Virar casacas
Mudar de ideias facilmente; traídor.
Voltar à vaca fria
Voltar ao assunto com que se iniciou uma conversa.
Quadro disponível no site http://wikipedia.org/wiki/lista_de_expressoes_idiomaticas
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