Canudos: destruído em nome
da Ordem e do Progresso
Professor Jayme Ribeiro
Prédicas do Conselheiro
Visão teocrática de sociedade
“Só a Deus se deve adorar, o verdadeiro Rei [...], quem, em
primeiro lugar se deve obediência”. (CUNHA, E. 1975 pp. 262-263).
Sebastianismo
“ Sebastião já chegou
conta muito rijimento
acabando com o Civil
e fazendo os casamento”
“Visita vem fazer
Rei D. Sebastião
coitadinho d’aquele pobre
que estiver na lei de Cão”.
CUNHA, E. 1975 p. 58-59.
Prédicas do Conselheiro
Visão da República
“grande mal para o Brasil”, “exterminadora da
religião”, “opressora da Igreja e dos Fiéis”, “ludíbrio
da tirania”, “tirania para os fiéis”.
(CUNHA, E. 1975 pp. 561-562).
“Nassio o Antecristo
p.a o mundo governar
Ahi esta o conselheiro
p.a dele nos livrar”.
(CUNHA, E. 1975 p. 58).
Caricatura
retratando
Antônio
Conselheiro.
Revista
Ilustrada,
1897.
Canudos
“terra da promissão”, Em tal terra corre “um
rio de leite”, sendo “de cuscuz de milho as
barrancas” e o “trabalho desnecessário”.
(CUNHA, E. 1975 p. 149).
Visão Euclidiana
Sobre falência do negócio do pai e a
passagem para a vida de peregrinação
“Partiu para profissões menos trabalhosas, exigindo
cada vez menos a constância do esforço, o contínuo
despear-se da disciplina primitiva, a tendência
acentuada para a atividade mais irrequieta e mais
estéril, o descambar para a vadiagem franca”.
CUNHA, Euclides. Os Sertões: campanha de Canudos.
São Paulo: Círculo do Livro, 1902, p. 127.
O Homem
“A mistura de raças mui diversas e, na maioria das vezes,
prejudicial. Ante as conclusões do evolucionismo, ainda
quando reaja sobre o produto o influxo de uma raça superior,
despontam vivíssimos estigmas da raça inferior. A
mestiçagem extremada é um processo”.
CUNHA, Euclides. Os Sertões: campanha de Canudos. São
Paulo: Círculo do Livro, 1902, p. 77.
“A observação cuidadosa do sertanejo do Norte mostra
atenuado esse antagonismo de tendências e uma quase
fixidez nos caracteres do tipo social emergente”.
CUNHA, Euclides. Os Sertões: campanha de Canudos. São
Paulo: Círculo do Livro, 1902, p. 78.
O Homem
“A sua evolução psíquica, por mais demorada que
esteja destinada a ser, tem, agora, a garantia de
um tipo fisicamente constituído e forte. Aquela raça
cruzada surge autônoma e, de algum modo,
original, transfigurando, pela própria combinação,
todos os atributos herdados; de sorte que,
despeada afinal da existência selvagem, pode
alcançar a vida civilizada por isto mesmo que não
a atingiu de repente”.
CUNHA, Euclides. Os Sertões: campanha de
Canudos. São Paulo: Círculo do Livro, 1902, p. 79.
Sobre Canudos
“urbes monstruosas de barro”, “cidade selvagem”, “acampamento
de guerreiros”, “vasto kraal africano”, “tapera colossal” “objetivação
daquela insãnia imensa, [...] permitindo o corpo de delito direto
sobre os desmandos de um povo” [...] “albergue de inválidos”,
“homizio de famigerados facínoras. [...] Cívitas sinistra do erro”.
CUNHA, Euclides. Os Sertões: campanha de Canudos. São Paulo:
Círculo do Livro, 1902, pp. 141-144.
“Não posso definir a comoção ao entrar no arraial”. As ruas
substituídas “por um dédalo desesperador de becos estreitíssimos.
[...] As casas em absoluta desordem, [...] construídas febrilmente –
numa noite – por uma multidão de loucos”.
CUNHA, Euclides. Os Sertões: campanha de Canudos. São Paulo:
Círculo do Livro, 1902, pp.69,107-109
Sobre o Conselheiro
“um bufão arrebatado numa visão do Apocalipse”, “sua
oratória bárbara e arrepiadora [...], desconexa, abstrusa [...],
misto inextricável e confuso de conselhos dogmáticos,
preceitos vulgares da moral cristã e de profecias esdrúxulas”.
CUNHA, Euclides. Os Sertões: campanha de Canudos. São
Paulo: Círculo do Livro, 1902, p. 132.
“espécie de grande homem pelo avesso [...] reunia no
misticismo doentio todos os erros e superstições que foram
coeficiente de redução de nossa nacionalidade”.
CUNHA, Euclides. Os Sertões: campanha de Canudos. São
Paulo: Círculo do Livro, 1902, p. 134.
A Repressão
“Página sem brilho” (CUNHA, E. Op. , cit, p.382)
“[...] foi, na significação integral da palavra, um
crime” (CUNHA, E. Op. , cit, p. 29)
“[...] estamos condenados à civilização. Ou
progredimos ou desapareceremos” (CUNHA, E.
Op. , cit, p. 52).
Imagem do filme "A Matadeira“, de Jorge Furtado, referindo-se ao canhão
Withworth 32 usado na última expedição militar contra Canudos.
Antônio Conselheiro morto, em sua única foto conhecida, tirada por Flávio de Barros no dia 6 de outubro de 1897.
Antônio Conselheiro morto. Foto tirada por Flávio de Barros, no dia 6 de
outubro de 1897.
Mulheres e crianças, seguidoras de Antônio Conselheiro, presas durante os
últimos dias da guerra.
Papel da Imprensa
“Que o presidente da República não se iluda sobre o sentido da agitação
latente em grande parte do território brasileiro e, apenas na Bahia, em
armas. Trata-se da restauração; conspira-se, forma-se o exército
imperialista [...]. Em grande parte do Brasil trama-se contra a República e
o movimento da Bahia é exclusivamente uma manifestação desse
trabalho”.
O Estado de S. Paulo, 9 de março de 1897, p. 01.
“Sim, foi pela República que verteu o sangue este mártir do dever e da
honra, cuja dedicação o levou aos ínvios sertões da Bahia, a combater a
horda restauradora, alugada do sr. Conde d’Eu e açulada pelo
sebastianismo retrógrado. [...] Qual o maior causador do
desaparecimento destas dezenas de vidas? [...] É única e
exclusivamente aquele que infelizmente dirige os destinos desta grande
Nação”.
O Jacobino, 13 de março de 1897, p. 01.
Canudos nos Relatórios Oficiais
“A ordem pública não foi alterada, exceto em um
outro ponto, como na comarca da Comissão, onde
uma horda de bandidos, impulsionados pelo roubo,
atacaram a florescente vila do Mundo Novo, já
normalizada. (...) Este governo não tem outro
objetivo, e a consciência não o acusa de ter faltado
ao seu dever na adoção pronta e imediata de
medidas e providências de todo o gênero no intuito
de fazer respeitar a lei e manter a tranqüilidade
geral do Estado”.
Mensagem e Relatório, Secretaria de
Polícia, Ordem Pública, 1894, pp.8-9.
Canudos nos Relatórios Oficiais
“Nesta capital a ordem pública tem sido mantida havendo um
ou outro conflito de somenos importância [...]. O interior do
estado continua infelizmente a despertar apreensões e a
exigir as mais enérgicas medidas mesmo de exceção e de
rigor para que possam ser restituídas à paz a paragens
devastadas por bandidos e celerados, já habituados à prática
dos mais hediondos delitos. (...). Andaraí, Lençóis,
Campestre, Chapada Velha, e algumas outras localidades
continuam a ser devastadas pela horda de malfeitores, cuja
ocupação única é o saque, acompanhado de assassinatos e
até atentados ao pudor das famílias [...]. Em quase todas as
outras localidades do interior e do litoral as populações vivem
em completa paz, principalmente devido à boa índole dos
nossos concidadãos”.
Mensagem e Relatórios, Secretaria
de Polícia, Ordem Pública, 1896.
Papel da Imprensa
“A causa da legalidade e da civilização, em breve
vencerá a ignorância e o banditismo. Canudos vai
ser atacado em condições de não ser possível um
novo insucesso: dentro em pouco a divisão do
Exército, ao mando do General Arthur Oscar,
destroçará os que ali estão envergonhando a
civilização”.
Mensagem apresentada ao congresso Nacional pelo
Senhor Presidente Prudente de Morais, maio de 1897, p.
151.
Canudos em 1897. Fotografia de Flávio de Barros.
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