PRÉ-MODERNISMO CONTEXTO No Brasil, os primeiros vinte anos do século XX apresentaram uma vasta e diversificada produção literária. Essas duas décadas marcaram um longo período de transição entre o que era passado (representado pelas manifestações que se prolongavam desde o século XIX) e o que seria chamado de moderno (a arte posterior às tendências de vanguarda). Havia variadas tendências e estilos literários, desde os poetas parnasianos e simbolistas, que continuavam a produzir, até os escritores que começavam a desenvolver um novo regionalismo, além daqueles preocupados com uma literatura política e outros, ainda, com propostas realmente inovadoras. CONTEXTO O que se convencionou chamar de Pré-Modernismo, no Brasil, não constituiu uma “escola literária” – não há um grupo de autores afinados em torno de um mesmo ideário, seguindo determinadas características. O Pré-Modernismo é um termo genérico que designa a produção literária de autores que, não sendo ainda modernos, já promovem rupturas com o passado. Principais autores: Euclides da Cunha, Lima Barreto, Graça Aranha, Monteiro Lobato e Augusto dos Anjos. CONTEXTO O Brasil começava a viver, a partir de 1894, um novo período de sua história republicana: com a posse do paulista Prudente de Morais, primeiro presidente civil, iniciou-se a “República do café-com-leite”. Essa época foi marcada pelo auge da economia cafeeira no Sudeste, pela entrada de grandes levas de imigrantes no país, pelo esplendor da Amazônia, com o ciclo da borracha, e pelo surto da urbanização de São Paulo. Toda essa prosperidade veio acentuar cada vez mais os fortes constrastes da relidade brasileira. Por isso, nesse período também ocorreram várias agitações sociais, muitas delas no Nordeste. EUCLIDES DA CUNHA (1866-1909) Como correspondente do jornal O Estado de S. Paulo, Euclides da Cunha é enviado a Canudos, na Bahia, para cobrir a revolta que lá explodira. Os Sertões, publicado em 1902, tem como tema principal a Revolta dos Canudos. Apesar de Euclides da Cunha ser um determinista, cientificista e naturalista, deve ser estudado como um prémodernista pela denúncia que faz da realidade brasileira, trazendo à tona as verdadeiras condições de vida do Nordeste brasileiro. EUCLIDES DA CUNHA OS SERTÕES A obra é dividida em três partes: A TERRA: uma detalhada descrição da região, respaldada nos amplos conhecimentos do autor das Ciências Naturais: a geologia, o clima e o relevo. Essa parte é ilustrada por mapas do relevo e da hidrografia feitos pelo próprio autor. O HOMEM: em elaborado trabalho sobre a etnologia brasileira – a ação do meio na fase inicial da formação das etnias, a gênese dos mestiços. Nesse cenário, introduz a figura de Antônio Conselheiro. A LUTA: relato do conflito, da luta. GRAÇA ARANHA (1868-1931) Graça Aranha é um autor cuja importância se deve a um único livro: Canaã, romance que retrata a vida em uma colônia de imigrantes europeus no Espírito Santo. Tudo gira em torno de dois personagens, imigrantes alemães, com diferentes visões de mundo: enquanto um acredita na humanidade e pensa encontrar a “terra prometida” no Brasil, o outro não se adapta à realidade brasileira, voltado que era para a superioridade germânica. O autor participa da Semana de Arte Moderna, em 1922, proferindo o discurso inaugural. MONTEIRO LOBATO (1882-1948) Monteiro Lobato é estudado como um pré-modernista por conta de duas características fundamentais de sua obra de ficção: o regionalismo e a denúncia da realidade brasileira. Tais características são somente no plano estético, já que o autor assumiu posições antimodernistas. Como regionalista, Lobato dá a dimensão do Vale do Paraíba do início do século XX, sua decadência após a passagem da economia cafeeira, seus costumes e sua gente. Lobato é o criador do personagem Jeca Tatu, um símbolo do atraso e da miséria do caboclo brasileiro.