A brief thought about borders A smile. One of the most beautiful forms the human body has to express himself. Thus, we got used to interpret this human sign, as a manifestation of happiness, desire, care. Communities grow; they are continuously being reloaded with people, when there is no more space to fill. The anonymity imposes the order – the order needed so we can share, without conflicts, an overcrowded space. Conflicts are avoided, since our desire to share is repressed, we feel a disavowal for the others, a desire to keep distance. We gather each other in groups where we can find some comfort. We create a collective identity; a way to be distinguished, protected by those we believe we belong to. A process of social segmentation takes place. A self-destructive process of division and rearrangement of previous divisions. We smile when we don't sense beauty, or we don't feel the beauty when we are smiled at. We have created an empty space: a border. We are so many and so different. Each one of us with its own language, with its own expressions. We think in distinct ways, we play in different ways, but we still share the same desire to absorb from the world that surrounds us its bloom, its colour, its light. We all seek the same thing, so why this need to lock our uniqueness and deny sharing? Why do we partition ourselves and reject other's desire for affection? Just because the form in which they present themselves is different, are we allowed to be dominated by this need to possess? This is mine! To authorize a poorly justified (and, for this matter, any reason will always be a poor justification) greed to overtake the other's identity, the other's space. I want this! We forget – or we ignore – that the desire to live form this close person, though strange to me, is the same. We have lost the will to learn. We have resigned ourselves to our initial format, we fear the new. Borders are a human construction, a product of fear. Fear, the most destructive human intrinsic characteristic. Understanding borders, is a matter of studying fear; tackling borders, is a matter of learning how to enjoy beauty once again. Édi Kettemann Dresden, 17.10.2014 (updated 20.10.2014) The text above was originally written in Portuguese, here follows the original text: Uma breve nota sobre fornteiras Um sorriso. Uma das mais belas formas que o corpo humano tem de se exprimir. Assim, habituámo-nos a interpretar este sinal humano, como uma manifestação de felicidade, de desejo, de carinho. As comunidades crescem; são continuamente recarregadas de gente, quando já há pouco espaço para preencher. A anonimidade impõe a ordem – ordem necessária para que possamos partilhar, sem conflitos, um espaço sobrelotado. Evitam-se os conflitos porque no nosso desejo de partilha é reprimido, sentimos então um repúdio pelo próximo, um desejo de manter distância. Aglomeramo-nos em grupos onde conseguimos encontrar algum conforto. Criamos uma identidade colectiva; uma forma de nos podermos distinguir, protegidos por aqueles que acreditamos serem nossos semelhantes. Entra-se assim num processo de segmentação social. Um processo auto-destrutivo de divisão e reordenação de divisões anteriores. Sorrimos quando não pressentimos o belo, ou não sentimos o belo quando nos sorriem. Criámos um espaço vazio: uma fronteira. Somos tantos e tão diferentes. Cada um com a sua língua, com os seus jeitos. Pensamos de formas diferentes, brincamos de formas diferentes, mas continuamos a partilhar um mesmo desejo de absorver do mundo que nos rodeia o seu cheiro, a sua cor, a sua luz. Procuramos todos o mesmo, mas então porquê esta necessidade de enclausurar a nossa unicidade, negando a partilha? Porque é que nos particionamos e rejeitarmos o desejo de afecto do próximo? Apenas porque a forma como se apresenta é diferente, estamos autorizados a rendermo-nos à vontade de possuir? Isto é meu! Autorizamos que uma ganância mal justificada (e, no caso, qualquer razão seria sempre uma má justificação) domine a identidade do outro, o seu espaço. Eu quero isto! Esquecemo-nos – ou ignoramos – que o desejo de viver, deste vizinho que nos é estranho, é o mesmo. Perdemos a vontade de aprender. Resignamo-nos ao nosso formato inicial, tememos o novo. As fronteiras são uma construção humana, um produto do medo. O medo, a característica intrínseca mais destrutiva do Homem. Entender fronteiras, trata-se de de estudar o medo; combater fronteiras, trata-se de voltar a aprender a apreciar o belo. Édi Kettemann Dresden, 17.10.2014 (actualizado 20.10.2014)