Sulfato de magnésio pré-natal e perfuração intestinal espontânea
em recém-nascidos menores de 25 semanas de gestação
Antenatal magnesium sulfate and spontaneous intestinal perforation in
infants less than 25 weeks gestation
Journal of Perinatology advance online publication, 5 June 2014; doi:10.1038/jp.2014.106
BN Rattray, DM Kraus, LR Drinker, RN Goldberg, DT Tanaka, CM Cotten
Apresentação: Aline Saliba-R3 em UTI Pediátrica
Unidade de Neonatologia do HRAS/HMIB/SES/DF
Coordenação: Fabiana Márcia A. de Moraes Altivo
www.paulomargotto.com.br
Brasília, 8 de agosto de 2014
Introdução
O sulfato de magnésio (MgSO4) tem um uso amplo em
obstetrícia, a despeito da controvérsia da sua eficácia1:
o
o
o
Tratamento anticonvulsivante na eclâmpsia;
Prevenção da eclâmpsia em mulheres com pré-eclâmpsia;
Tocolítico
Vários estudos observacionais sugeriram menor prevalência
de paralisia cerebral nos RN de muito baixo peso
expostos ao magnésio intrautero2,3, embora outros
estudos observacionais e um pequeno estudo
randomizado não tenham demonstrado este efeito4-9.
Estudos clínicos randomizados, com diferentes doses,
entre 2003 e 2008 indicaram a possibilidade de
neuroproteção10-12.
Introdução
● Iniciado protocolo de MgSO4 para
neuroproteção na Universidade de Duke
(Durham, NC, USA) em 2010 - MgPro:
o
o
Foi observado aumento nas perfurações intestinais
(PIE) espontâneas e consequentemente na
mortalidade nos recém-nascido (RN) pré-termos
extremos extremos.
O Protocolo foi suspenso para investigar as causas
da PIE e a possível relação com a administração de
sulfato de magnésio pré-natal
Objetivo
Avaliar a PIE/morte entre os RN pré-termos
extremos antes, durante e depois a iniciação
do magnésio antenatal para protocolo de
neuroproteção.
Também foi avaliado o efeito da dose no risco
de PIE/morte
Métodos
● Estudo coorte realizado com gestações
únicas ou múltiplas com RN com peso ao
nascer < 1000g nascidos no Centro Médico
da Universidade de Duke e internados na
UTIN
● Foram definidos 3 grupos:os nascidos antes
do uso do magnésio pré-natal, durante e
após Protocolo de uso de Mg (MgPro)
Métodos
● Neuroproteção com Mg antenatal foi
considerada para:
Gestações 24 - 32 sem com rotura prematura de
membranas entre 22 a 32 semanas;
o Trabalho de parto avançado (dilatação de 4 a 8 cm)
com membranas intactas;
o Interrupção indicada com previsão entre 2 e 24h
o
Métodos
● Dose de ataque: 6g
● Dose de manutenção: 2g/h
● Se o parto não ocorresse em 12h e seu
risco não fosse iminente, o Mg era
descontinuado:
o
Se necessário repetir após 6h, nova dose de ataque
era realizada.
RN com grandes malformações e cromossopatias foram excluídos
Métodos
Dados maternos:
●
●
●
●
●
Idade;
Etnia;
Peso;
Tipo de parto;
Presença de pré-eclâmpsia ou
corioamnionite;
● Número de fetos;
● Indicação do Mg;
● Dose total.
Dados do RN
●Idade gestacional;
●Gênero;
●Apgar;
●Corticóide antenatal;
●Taxas de perfuração intestinal;
●Enterocolite necrosante (ECN) clínica ou
cirúrgica;
●Exposição pós-natal à hidrocortisona,
dexametasona, indometacina;
●Presença de persistência do canal arterial
(PCA);
●Hipotensão;
●Morte.
Métodos
ANÁLISE ESTATÍSTICA
O principal resultado:incidência ou morte antes da alta ou Perfuração intestinal
espontânea, assim definida: achados tantos cirúrgicos ou radiográficos de
evidência de ar intraperitoneal na AUSÊNCIA de pneumatose.
Regressão logística multivariada foi realizada para avaliar a influência de
variáveis independentes tais como:época, peso ao nascer, idade gestacional,
preeclâmpsia, exposição ao esteróide pré-natal, exposição à hidrocortisona e
indometacina pós-natal
Após análise primária, modelos multivariados foram construídos para testar a
interação entre exposição ao Mg e idade gestacional e PIE. Para a
significância estatística, foi considerado um p<0.05 como significante
Resultados
● 155 RN < 1000g:
o
o
o
81 (52%) antes
23 (15%) durante
51 (33%) após
MgPro
● Características maternas e neonatais foram
similares nos três períodos (Tabela 1)
Resultados
Resultados
● Prevalência da exposição antenatal ao Mg:
o
o
o
Pré-MgPro: 50,6%;
Durante MgPro: 78,3%
Pós-MgPro: 60,8%
P=0,05
Resultados
PIE/Morte foi mais frequente durante o período de MgPro,
embora não estatisticamente significativo.
PIE isoladamente foi mais frequente durante a época do
MgPro (30,4%) do que o combinado antes e após a época
do MgPro (12,9%)-p=0,03), assim como a morte associada
com perfuração (30,4% versos 12,9%) – p=0,02
A incidência de PIE e morte está na Tabela 2
Resultados
Resultados
● Dose cumulativa de Mg:
o Durante MgPro: 50.9 ± 45,7 g
o Pré-MgPro: 23,4 ± 34,9g
o Pós-MgPro: 28,1 ± 32,5 g
P≤ 0,01
● Dose total de Mg como fator de risco isolado para PIE
não foi estatisticamente relevante (P = 0,107)
Resultados
No entanto:Interação entre menores idades
gestacionais e níveis mais elevados de
Magnésio foram associados com risco elevado
de perfuração intestinal e morte
(P<0,01)
A Figura 1 demonstra esta interação, com
doses de Mg tendo seus efeitos nos RN de
menores idades gestacionais (Tabela 3).
Fig.1
Resultados
Hidrocortisona, indometacina profilática ou tratamento
associam-se a risco de PIE14.
Os autores realizam análise multivariada examinando o
efeito independente da hidrocortisona, indometacina e Mg
no risco de PIE ou morte. Neste modelo os autores
observaram
que a hidrocortisona (P = 0,021) e dose de Mg como
função da idade gestacional (P = 0,06) estão
associadas ao risco maior de perfuração intestinal
Discussão
● A análise demonstrou uma incidência maior de
perfuração intestinal e morte durante o MgPro;
● Houve a sugestão que o efeito da exposição ao Mg é
fortemente influenciado pela idade gestacional.
Discussão
● Três grandes estudos sugeriram o benefício do Mg na redução da
incidência de paralisia cerebral:
o
o
o
ACTOMgSO4 (Austrália)10:
 Dose de Ataque: 4g;
 Dose de manutenção 1mg/h
PREMAG (Europa)11:
 Dose única 4g;
 RN > 1300g.
NIHCD-MFMU (EUA)12
● Os pesos e as idades gestacionais eram maiores que no estudo
apresentado e perfuração intestinal não foi incluída; Não houve
diferença estatística nas taxas de mortalidade
Discussão
● Uma metanálise Cochrane15 evidenciou
eficácia similar sem aumento da
mortalidade:
o
o
Não considerou-se perfuração intestinal espontânea
como possível resultado;
RN com maiores idades gestacionais
Discussão
● Patogênese:O magnésio (Mg) e a hidrocortisona
exercem efeitos biológicos que podem contribuir
com a patogênese da PIE.
● Mg cruza a placenta rapidamente:
o
Os níveis séricos do RN são proporcionais aos maternos18;
● Regulação do tônus muscular:
o
o
Antagonista competitivo do Ca:
 Redução do Ca intracelular que favorece a interação
actina-miosina16.
Atonia intestinal e impactação fecal18.
Discussão
●
●
●
●
Estudos em animais mostram que a administração de Mg causa
aumento da resistência arterial mesentérica e cerebral, e redução
do fluxo sanguíneo cerebral e mesenterico17.
Redução similar em fluxo sanguíneo e perfusão tem sido
demonstrada em pré-termos.
Tem sido demonstrado similares reduções do fluxo sanguíneo
cerebral e perfusão nos pré-termos19.
O Mg reduz a ativação colinérgica na junção mioneural,
produzindo hipomotilidade intestinal20 e esta pode levar a21,22:
 Aumento da absorção de água com a formação de plugs
fecais -- Crescimento bacteriano;
 Aumento da pressão intraluminal;
 Exarcebação secundária ao uso de outras medicações Morfina.
Discussão
● Corticóide:
o
Múltiplos efeitos nas criptas ileais:
 Aumenta o crescimento epitelial dependente de
fatores de crescimento:
●
●
Trofismo aberrante com afinamento da submucosa e
hiperplasia da mucosa23.
Sinergia prejudicial pode existir deficiente motilidade
intestinal induzida pelo Mg e afinamento da submucosa
devido a hidrocortisona.
Não há relatos do aumento de PEI em RN expostos a HC em conjunto com a exposição pré-natal
de magnésio
Discussão
● Múltiplos países possuem protocolos de
administração de Mg antenatal15:
o
o
Monitorar RN com exposição antenatal ao Mg;
Considerar a implementação do MgPro em RN com menores
idades gestacionais com doses menores, como usadas no
estudo ACTOMg10.
● RN < 25 semanas tem maior risco: com as doses
recomendadas pelo ensaio NICHD-MFM12 pode
resultar em PIE
o
Dose de Mg pré-natal alcançou 100g
Discussão: Limitações do estudo:
Pequena amostra
O efeito notado pode ser devido às características
não avaliadas do manuseio local, em particular ao
uso de hidrocortisona, morfina e uso precoce de
indometacina ou de práticas obstétricas levando a
uma prolongação da exposição ao magnésio
Discussão: em resumo
Em resumo os autores demonstram preocupação quanto
à associação entre exposição ao magnésio e perfuração
intestinal espontânea, principalmente nos RN com idade
gestacional menor que 25 semanas, tornando-se
necessária a análise da exposição a dose cumulativa em
um grande número de pré-termos extremos para verificar a
segurança.
ABSTRACT
References (em forma de links!)
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Nota do Editor do site, Dr. Paulo R. Margotto.
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Sulfato de magnésio para neuroproteção fetal
Autor(es): Fabrício da Silva Costa, Laudelino Lopes, Shaun Brennecke.
Apresentação Larissa Rávila Sacch de Oliveira
-MgSO4
reduziu significativamente o risco de Paralisia Cerebral-PC (RR=0.68;
95%CI=0.54 – 0.87)
Permanece significante quando somente os quatro ensaios em que magnésio com intenção de
neuroproteção foi considerado (RR=0.71; 95%CI=0.55 – 0.91)
Redução de risco mantida na PC moderada a severa (RR=0.64; 95%CI=0.44 – 0.92) e
disfunção motora (RR=0.61; 95%CI=0.44 – 0.85)
-MgSO4 antenatal não teve efeito significante na mortalidade (RR=1.04; 95%CI=0.92 –
1.17)
Este foi um importante achado negativo, visto que questionamentos foram levantados a partir
de um dos primeiros ensaios que sugeriu que a paralisia cerebral poderia ter sido alcançada
às custas de aumento das taxas de mortalidade no grupo MgSO 4 .
O resultado foi inalterado quando restrito àqueles em que o MgSO 4 foi especificamente usado
com a intenção de neuroproteção.
Efeitos da exposição pré-natal ao
sulfato de magnésio na
neuroproteção e mortalidade em
pré-termos
Costantine MM, Weiner SJ. .
Apresentação: Débora Raulino,
Mariana Mesquita, Sofia Jácomo,
Paulo R. Margotto
-O NNT (número necessário para tratamento) para
prevenir um episódio de eclâmpsia é 400 para
mulheres com pré-eclâmpsia leve e 71 para mulheres
com pré-eclampsia grave
-Baseado nos resultados desta metanálise calculamos que
46-56 fetos (IC 95% 26-187) teriam que ser expostos
ao MgSO4 intraútero antes de 30 ou 32-34 semanas de
gestação, respectivamente, para prevenir um caso de
paralisia cerebral
:: Neuroproteção em UTI Neonatal (4ª Jornada de UTI Pediátrica
e Neonatal da SPSP , Maternidade Sinhá Junqueira, Ribeirão
Preto,SP, 29/9/2012 e Congresso de Cooperativismo em
Pediatria (12/10 a 13/10/2012, João Pessoa, PB)
Autor(es): Paulo R. Margotto
Magnésio:potente antagonista do receptor NMDA e,
portanto, bloquea o influxo neuronal de cálcio
durante a evolução da agressão hipóxicoisquêmica, alem de se constituir em antioxidante,
vasodilatador cerebral e regulador da concentração
cerebral de ATP
Quando o MgSO4 foi dado exclusivamente para a
neuroproteção fetal, o desfecho composto de paralisia
cerebral ou de morte infantil ou perinatal foi
significativamente reduzido no grupo alocado com
magnésio sem evidência sem aumento do risco de
morte perinatal e infantil ou prematuridade
Sulfato de Magnésio-Rationale e diretrizes para conduta (I Congresso
Paraibano de Saúde Materno-Infantil, 30/3-1/4/2011)
Autor(es): Melania Amorim (PB)
Mecanismos de Ação
Antagonismo do cálcio intracelular
 PGI2 – alívio do vasoespasmo
Antagonista da N-metil-D-aspartato
Vasodilatação periférica
 liberação de prostaciclina
 Óxido Nítrico
 enzima conversora de angiotensina
 agregação plaquetária
Broncodilatação
Caso Clínico: Perfuração intestinal espontânea em um recém-nascido
pré-termo extremo
Autor(es): Thales da Silva Antunes, Patrícia B.M. Castro, Helena Araújo Lapa,
Danielle Gumieiro, Sarah A. Cardoso, Paulo R. Margotto
É uma rara entidade, de etiologia ainda desconhecida.
 Sendo uma patologia que se apresenta com necrose e perfuração focal de um pequeno segmento
de intestino delgado (mais comum), geralmente distal, em intestino de aspecto normal, sem
características macro ou microscópicas de enterocolite necrosante.
 Epidemiologia:
 A incidência global em recém-nascidos de extremo baixo peso (≤1000g) é estimada em 5% a 6%.
 Os recém-nascidos são de extremo baixo peso (~700 g) e prematuros (~25 semanas).
 O local de acometimento mais frequente é o íleo terminal (devido à vascularização específica) e,
secundariamente, o cólon transverso e o cólon descendente.
Etiologia
Ventilação mecânica por máscara;
 Doença da membrana hialina;
 Uso de cateter de artéria umbilical (formação de trombos e liberação sob
a forma de pequenos êmbolos);
 Defeitos congênitos da musculatura intestinal;
 Episódios de hipoxia e isquemia (hipoperfuração intestinal transitória,
ulceração de mucosa e submucosa, necrose transmural e perfuração);
 Indometacina; ibuprofeno oral
Uso de dexametasona precoce no tratamento da displasia
broncopulmonar (aumenta o risco em 12,3 vezes mais(Gordon et al, 1999)
Pré-eclâmpsia:risco de 13,5 (1,82-65,1) (Yilmaz et al, 2013)
 Corioamnionite subclínica/Candida;
 Staphylococcus coagulase-negativo.

EM RESUMO:
Trata-se de um recém-nascido pré-termo extremo (27sem5
dias/1000g) que apresentou perfuração intestinal espontânea com 2
dias e a provável causa, corioamnionite (Patogênese:lesão da mucosa
intestinal pela aumento da produção de interleucina 1-ß pela
corioamnionite
translocação de Candida e Staphylococcus para
circulação sistêmica)
Maternal factors in extremely low birth weight infants who develop spontaneous
intestinal perforation.
Ragouilliaux CJ, Keeney SE, Hawkins HK, Rowen JL.
Pediatrics. 2007 Dec;120(6):e1458-64 Artigo Integral
Pré-eclâmpsia é um fator independente para perfuração intestinal espontânea
nos recém-nascidos muito pré-termos
Autor(es): Yavuy Yilmaz, H. Gözde Kanmaz Kutman, Hülya Özkan Ulu et al.
Apresentação: Marina Lima, Núbia Katia, Marcia Pimentel de Castro, Paulo R. Margotto
Diagnóstico de perfuração intestinal espontânea (PIE):
22, sendo 18 no grupo estudado e 4 no grupo controle.
Incidência de morbidades neonatais similar em ambos os
grupos.
No modelo de regressão logística múltipla:
pré-eclâmpsia (OR=13,5;IC a 95%:2,8-65;p=0,0001);uso
de esteróide pré-natal (OR=7;IC a 95%:1,3-37;p=0.002) e
restrição do crescimento intrauterino (OR=11.7;IC a
95%:2,2-33.8;p=0,001) foram associados ao
desenvolvimento de PIE.
Explicações para associação pre-eclâmpsia e PIE:
A combinação da hipoxia fetal e o aumento da resistência vascular mesentérica pode produzir um
estado hipóxico-isquêmico no intestino e/ou na sua mucosa no período antenatal.
Na ausência de uma lesão tecidual direta no intestino, a prolongada exposição à hipoxia pode provê
um intestino que é mais susceptível a estase, colonização anormal e supercrescimento bacteriano no
período pós-natal.
A neutropenia, que é vista na pré-eclâmpsia, pode afetar a susceptibilidade a fatores infecciosos,
predispondo à sepse.
Desequilíbrio entre endotelina e óxido nítrico  vasoconstricção, devido a interrupção da função
celular endotelial pela isquemia-reperfusão e estado de baixa perfusão mantido na pré-eclâmpsia
pode levar a ocorrência de PIE.
-Estresses associados, como necessidades metabólicas aumentadas, alterações na integridade da
mucosa e infecções  cascata de eventos lesão intestinal em prematuros que tiveram trato
gastrointestinal imaturo e precário suprimento vascular.
Devido a todos estes dados, pode ser proposto que a hipoxia tecidual
intestinal antenatal pode possivelmente levar a lesão da mucosa e
facilitar a colonização bacteriana, que resulta na PIE nos RN de mães
com pré-eclâmpsia. Este importante achado deve ser avaliada em
estudos futuros.
RCIU foi relacionado com o aumento do risco de PIE como resultado
secundário da pré-eclâmpsia.
Este estudo demonstrou aumento da incidência de PIE com o uso de
esteróide antenatal, no entanto Attridge et al demonstraram que o uso
de esteróide antenatal não se associou com o aumento da PIE. Os
resultados conflitantes entre este estudo e o de Attridge et al se deva a
grande população estudada por aqueles autores.
E-MAIL ENVIADO AOS AUTORES (SEM
RESPOSTAS!)
E-mail enviado aos autores questionamos se a presença de alterações do fluxo placentário (diástole
zero; diástole reversa)não contribuiu com este alto risco de perfuração intestinal espontânea nesta
população estudada um a vez que não houve menção a esta situação.
Dear Kanmaz , thank you for the important paper . For us it was a surprise the high risk of
spontaneous intestinal perforation in newborn preterm infants of mothers with pre-eclampsia .
We have many pregnant women with preeclampsia and our incidence of SIP is very low.
We concern when gestational age is < 29 weeks pregnant and presents the changes in blood
flow ( diastole zero / reverse diastole) umbilical arteries. As recently demonstrated by Kempley
et al ( Feeding infants below 29 weeks ' gestation with abnormal antenatal Doppler : analysis
from the randomized Dis Child Fetal Neonatal trial.Arch Ed2014 ; 99 : F6 - F11 ) the occurrence
of necrotizing enterocolitis was significant in these newborns with intrauterine growth
restriction . We have great concern with these newborns about the onset and progression of
diet . In their study , it would be interesting to have associated antenatal umbilical artery
Doppler study in ? Again , thank you for sending the paper . Paulo R. Margotto, de Brasília,
BRAZIL.
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