NESTA EDIÇÃO: CADERNO ESPECIAL TRAZ OS DADOS DE CONSUMO DE SUCO DE LARANJA NO MUNDO
WWW.CITRUSBR.COM
ANO 1
NÚMERO 2
AGOSTO 2014
DE BRAÇOS ABERTOS
PARA O SUCO
O BRITÂNICO ANDREW BILES JÁ FOI UM GRANDE COMPRADOR DE SUCO
DE LARANJA DO BRASIL. HOJE ELE PRESIDE A ASSOCIAÇÃO EUROPEIA
DE SUCOS DE FRUTA E LIDERA, NA EUROPA, UM INOVADOR PROJETO
DE COMUNICAÇÃO QUE, EM PARCERIA COM A CITRUSBR PRETENDE
DEFENDER A BEBIDA E ALAVANCAR O SEU CONSUMO
Índice
Carta ao leitor
CAPA
TODOS PELOS
SUCOS
Informação para consumir
Como uma inovadora parceria
entre AIJN e CitrusBR pretende
colocar de pé um arrojado projeto
de comunicação voltado para a
defesa e retomada do consumo de
suco de laranja. Pág. 4
ENTREVISTA
ANDREW BILES
Nosso personagem de capa
fala sobre o mercado de
sucos de frutas na Europa e as
preocupações com a queda no
consumo da bebida. Pág. 8
PULVERIZAÇÃO
LASER E RAIO X
ESPECIAL
Pesquisa da Esalq coloca a
agricultura de precisão nos
pomares e promete um novo
modelo para aplicação de
agroquimicos. Pág. 26
O TREM DO
CONSUMO
CLIMA
CHINA
ESPANHA
EVENTOS
Previsões climáticas
indicam que chuvas
só devem voltar a cair
nos pomares no mês
de outubro.
Pág. 13
Com tecnologia e
manejo diferenciados,
o país consegue
controlar a doença
e aumentar seus
pomares. Pág. 14
Os principais países
produtores de citrus
da Europa registram
queda na colheita da
fruta.
Pág. 22
Eventos discutem a
cadeia produtiva e
fazem de Cordeirópolis
a "capital da
citricultura".
Pág. 23
TEMPO SECO
CONTINUA
O COMBATE
O MAPA DA
AO GREENING PRODUÇÃO
FRUTA EM
DEBATE
Veja o detalhamento
do estudo que analisa a
demanda por suco de laranja
nos 40 principais mercados
da bebida e entenda por que
isso mexe com toda a cadeia.
Pág. 29
BENEFÍCIOS
ALÉM DA
VITAMINA C
O pesquisador Leandro Peña
realiza estudo para desvendar
todos os fitonutrientes da
laranja. Pág. 24
Equipe CitrusBR
Revista CitrusBR
Diretor-executivo Ibiapaba Netto
Diretora de Relações internacionais Larissa
Editor Eduardo Savanachi
Colaboraram nesta edição: Juliana Ribeiro,
Popp
Erica Polo (texto) e Julio Vilela (fotos)
Direção/Produção/Revisão Typodigital
Agradecimentos Fundecitrus, Markestrat,
AIJN e ESALQ
Coordenadora de projetos Isabela Costa
Coordenadora administrativa Debora Dezan
Assistente administrativo Tamires Pereira
Ribeiro
4 | CITRUSBR agosto 2014
ASSOCIAÇÃO
NACIONAL DOS
EXPORTADORES DE
SUCOS CÍTRICOS
ASSOCIAÇÃO
NACIONAL DOS
EXPORTADORES DE
SUCOS CÍTRICOS
expediente
PROJETO LARANJA
O DOCE SABOR
DA FRUTA
Cidades do interior de São
Paulo colocam a laranja
no cardápio das crianças e
promovem o suco. Pág. 16
“Para todo problema complexo existe uma solução clara, simples e errada”, escreveu certa
vez o prêmio Nobel de literatura e cofundador da London School of Economics, George
Bernard Saw. Cunhada ainda no começo do século XX, a expressão ganhou fama e mostra
que para certos problemas não há solução fácil. Esse é o caso, por exemplo, do consumo de
suco de laranja no mundo, que enfrenta sérios problemas. Qualquer solução simples seria
certamente fadada ao fracasso. Por essa razão, a CitrusBR tem trabalhado desde a sua fundação para entender melhor o problema, propor soluções e, acima de tudo, tentar virar o jogo.
Na capa desta edição, trazemos o britânico Andrew Biles, presidente da Associação
Europeia de Sucos de Frutas, a AIJN, com que a CitrusBR acaba de fechar um projeto para
promoção de suco de laranja. Durante 15 anos, Biles esteve à frente da Gerber-Emig, grande compradora de suco do Brasil. No ano passado, a empresa se juntou à Refresco, outra
gigante europeia, e dessa união nasceu a maior compradora de suco de laranja do Brasil –
que “puxa” cerca de 15% de toda a produção nacional. Biles deixou a empresa para se
dedicar justamente à promoção das categorias de sucos integrais que, segundo relatório
recém-publicado pela própria AIJN, encolheu 4% no Velho Continente. Assim como tem
acontecido nos últimos anos, os dados da AIJN vêm em linha com os da CitrusBR, que
para o mesmo período, e para sabor laranja, mostra uma queda de 3%.
Para mudar essa história, a CitrusBR e a AIJN firmaram um compromisso de financiar
um projeto de comunicação e mídia, cujo foco está na divulgação dos benefícios do suco
de laranja para os chamados públicos prioritários, como médicos, nutricionistas e profissionais de saúde em geral. Em 2014, serão investidos um milhão de euros, ou cerca de R$ 3
milhões, dos quais 50% são financiados pelas empresas associadas à CitrusBR. Esses investimentos constituem um primeiro passo de um setor que precisa reinventar a forma como
se posiciona.
Também no assunto consumo, conforme prometido na primeira edição da revista
CitrusBR, começamos a nossa série de detalhamento do estudo da Markestrat. Em 20 páginas, o professor Marcos Fava Neves faz um apanhado geral do comportamento do mercado mundial em diferentes aspectos. Sem dúvida vale a leitura.
Também mostraremos nesta edição como algumas prefeituras colaboram com o consumo de suco incentivando projetos seja para o consumo da fruta, seja do suco. E ainda
trazemos uma reportagem com um projeto pioneiro do Fundecitrus, liderado pelo pesquisador espanhol Leandro Peña para comprovar os benefícios da laranja.
Para quem gosta de acompanhar o desempenho da bolsa, trazemos uma série histórica
com médias mensais das últimas 20 safras e periodicamente vamos atualizar esses dados.
Saindo um pouco do consumo, trazemos uma reportagem de como a China está lutando
contra o greening e quais soluções aquele país tem encontrado para superar o problema. A
exemplo da primeira frase que ilustra este editorial, não há nada de simples. É ver para crer.
Para quem gosta de novas tecnologias, também apresentamos reportagem sobre novidades no mundo da pulverização. Uma delas é decorrente de pesquisa da prestigiosa
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP).
Como se vê, assuntos e desafios não faltam. Que venham as soluções e muito trabalho.
Ibiapaba Netto
Diretor-executivo
CitrusBR
CITRUSBR agosto 2014 | 3
capa |
Por Eduardo SAVANACHI
Em busca
de uma nova
imagem para
o suco
Associação Europeia une forças com
CitrusBR para iniciar uma inovadora
campanha de comunicação que
pretende defender o suco de laranja
e fazer com que os consumidores
redescubram a bebida
A maioria dos citricultores pode
não conhecer o senhor que ilustra a
capa desta edição da Revista CitrusBR, mas Andrew Biles é um velho
conhecido do mercado de sucos no
Brasil e no mundo. Durante 15 anos,
esse cidadão inglês esteve à frente de
uma das maiores fabricantes de sucos de frutas do mundo, a britânica
Gerber Emig. A companhia se uniu à
outra gigante, a Refresco, para juntas
formarem a terceira maior envasadora
de sucos do mundo, responsável pela
compra de nada menos do que 15% do
suco de laranja produzido no Brasil.
Hoje Biles não possui mais atividades
executivas na nova empresa, porém,
seu trabalho no mercado de sucos
continua muito importante.
Presidente da Associação Europeia
de Sucos de Frutas (AIJN, na sigla em
inglês), ele tem focado seus esforços
para unir toda a cadeia produtora de
sucos de fruta em torno do objetivo de
resgatar a boa reputação do produto,
que sofre com uma avalanche de informações equivocadas que colocam
os sucos como um dos vilões da saúde,
principalmente no que diz respeito à
obesidade. Tais acusações vêm refletindo diretamente na queda de consumo
de sucos nos principais mercados. De
acordo com o último relatório publicado neste ano pela AIJN, o consumo de
suco de fruta na Europa havia recuado
4,2%, número, aliás, em linha com o
publicado pela CitrusBR, com queda
de 3% para o sabor laranja. O estudo
de consumo feito pela consultoria
Markestrat, utilizando dados
da TetraPak e Euromonitor,
demonstrou que em 2013 o
consumo de suco de laranja
no mundo despencou 10,8%
(veja mais no Caderno
Consumo na página 29)
Para tentar barrar essa
onda e recolocar o suco no
“hall” dos alimentos saudáveis e impulsionar as vendas
novamente, Biles está coordenando um arrojado projeto
global de comunicação cuja maior
parceira é justamente a CitrusBR. “Precisamos criar mensagens-chave baseadas em dados científicos, destacando
a grande quantidade de vitaminas e
nutrientes e os benefícios dos sucos.
Seu consumo é uma forma saborosa
e conveniente de aumentar a ingestão
de frutas”, revelou Biles em entrevista
exclusiva disponível na página 8.
A ideia é elaborar uma campanha
de relações públicas proativa e positiva, atuando diretamente junto a
formadores de opinião, comunidade
cientifica, nutricionistas e a mídia em
geral, levando informações concretas
ESTUDO DEMONSTRA
QUE CONSUMO DE SUCOS
DE FRUTAS NA
EUROPA RECUOU
4,2% EM 2013
sobre os benefícios do suco. Preparada pela conhecida agência europeia
Porter Novelli, essa campanha multimilionária deverá ter duração mínima de pelo menos três anos e será
supervisionada por um comitê diretor
CITRUSBR agosto 2014 | 5
chapéu
capa
| Por Eduardo SAVANACHI
"DESCOBRIMOS QUE AS
GERAÇÕES MAIS NOVAS NÃO
CONHECEM MAIS OS BENEFÍCIOS
DO SUCO DE LARANJA".
JUAN MARESCA, DA CONCRETO BRASIL
sênior formado por representantes de
diversos elos, incluindo a CitrusBR.
“Isso é inédito na nossa indústria”,
afirma Biles.
Para 2014, 500 mil euros
(R$ 1,5 milhão) serão destinados para
os primeiros passos. Esse montante
será aportado pelas empresas associadas à CitrusBR. Nos próximos três
anos, serão investidos R$ 6 milhões
ao ano divididos entre CitrusBR e
AIJN“A categoria de sucos de frutas
vem sofrendo ataques constantes e
isso, obviamente, afeta diretamente o
sabor laranja, que acaba sendo um dos
mais visados. É hora de nos unirmos
para tentar reverter esse quadro”, ressalta o diretor-executivo da CitrusBR,
Ibiapaba Netto.
DE OLHO
para desvendar queda no
consumo, CitrusBR investiu
US$ 1 milhão num amplo
estudo que investigou o
mercado de suco de laranja
em 10 países
A ideia de uma campanha global
pró-sucos de frutas não é algo novo.
No ano passado, durante o Juice Summit, evento que reuniu em Bruxelas
cerca de 90% do mercado de bebidas,
a CitrusBR apresentou o resultado de
"AS MARCAS POSICIONARAM
O SUCO DE LARANJA
CONCORRENDO COM
REFRIGERANTES E
ENERGÉTICOS, UM ERRO".
um amplo estudo, finalizado
em 2012 que analisou 10 países-chaves, cujo objetivo era
fazer um diagnóstico sobre as
razões da queda do consumo de suco
de laranja. Com investimentos de
US$ 1 milhão, o estudo foi realizado
pela agência especializada em marketing Concreto Brasil. Nesse período, a
empresa visitou oito países prioritários:
Alemanha, Rússia, França, Reino Uni-
do, Estados Unidos, Polônia, Japão e
China e dois mercados de referência
em que o consumo de suco cresce de
forma consistente: Canadá e Noruega.
“Nesses países conversamos com varejistas, engarrafadores, produtores,
antropólogos e todo tipo de gente que
pudesse nos ajudar a levantar os principais pontos em relação ao consumo
de suco de laranja”, revela Juan Maresca, sócio-diretor da empresa. “Ao todo
foram mais de 400 horas de entrevistas
e visitas à 50 mais importantes companhias de suco do mundo”, diz.
O diagnóstico apresentado pelo
estudo revelou que as novas gerações
não sabem mais por que devem beber
suco de laranja ou mesmo qualquer
suco de frutas. “Gerações mais antigas
foram educadas sobre benefícios como
GUSTAVO PINTO, DA CONCRETO BRASIL
vitaminas e nutrientes, mas hoje em
dia as marcas não comunicam mais
esses atributos”, explica o Gustavo
Pinto, que também é sóciodiretor da
Concreto Brasil. “Isso acontece porque
as marcas, que são responsáveis pelas
propagandas, acabaram posicionando
o suco de laranja como uma bebida
que oferece refrescância e energia, concorrendo com refrigerantes e enérgicos. No entanto, são outros os atributos
que o produto entrega”, ressalta.
O estudo foi bem aceito durante
o encontro de Bruxelas em 2013 e
criou o ambiente para que fornecedores de suco representados pela
CitrusBR começassem uma conversa
formal com as empresas envasadoras
interessadas em fazer o mercado de
suco voltar a crescer . “O setor como
um todo precisa reagir e acreditamos
que usar parte dessa inteligência que
adquirimos com esse estudo, somada
à experiência de outros agentes da
cadeia, pode gerar um trabalho de
comunicação muito bem elaborado”,
pondera Ibiapaba Netto, da CitrusBR.
A expectativa é de que a campanha
comece a ser colocada em prática já
nos próximos meses e, quem sabe,
logo mais consiga fazer as pessoas
redescobrirem o saboroso mundo dos
sucos de frutas. l
Mais de
100 ENTREVISTAS
O DIAGNÓSTICO
Entenda como foi feito
o estudo que apontou
motivos da queda
de consumo
Mais de
em torno de
8 MESES
de duração
80 HORAS
Mais de
1.700 CHARTS
apenas para apresentar os
resultados das análises dos
países e posição final
de apresentações para
mostrar as anålises dos países
Cerca de
Mais de
400 HORAS
de entrevistas com
especialistas
135.000 KM
percorridos
50 DAS MAIS
importantes companhias
do setor participaram
com uma ou mais
entrevistas
com especialistas de
marcas globais e regionais,
supermercados,
varejo, engarrafadores,
associações e analistas
culturais, além de associados
à CitrusBR, no Brasil
e no exterior
entrevista
|
Andrew Biles,
Presidente da Associação Europeia de Sucos de Frutas (AIJN)
“Temos que sair em defesa do
suco de frutas”
Nos últimos anos, o consumo de suco de frutas vem caindo em todo o mundo. Uma das
principais razões para esse fenômeno é onda de ataques que essas bebidas vem sofrendo.
Alegações que colocam o suco como um dos vilões da obesidade. Para reverter esse quadro, o presidente da AIJN, Andrew Biles, vem costurando uma campanha global, envolvendo vários elos da cadeia produtiva de suco espalhados pelo mundo, entre eles a CitrusBR. A ideia é preparar uma ampla campanha de comunicação e mídia para divulgar os
benefícios dessas bebidas e defender a imagem do suco de frutas. Em entrevista exclusiva
à Revista CitrusBR, Biles explica como irá funcionar essa parceria e quais as perspectivas
para o mercado mundial de sucos de frutas
CitrusBR – Nos últimos anos, observamos a indústria de
sucos sendo alvo de ataques constantes, em que o produto
é muitas vezes acusado de ter alto teor calórico, excesso
de açúcares e, portanto, levar à obesidade, a problemas
dentários, etc. Qual é a sua opinião sobre esse cenário de
não se poder falar dos benefícios à saúde (especialmente
após a nova regulamentação sobre alegações de saúde),
quando esses benefícios são justamente uma das razões
pelas quais as pessoas devem beber mais suco?
Andrew Biles – Poucos produtos alimentares têm autorização para alegar efetivamente que são benéficos à saúde.
Hoje, as agências reguladoras não enxergam as alegações
de saúde como uma ferramenta de incentivo ao consumo,
em geral, que leve as pessoas a ter uma dieta mais saudável.
Ainda não existem alegações de saúde permitidas para sucos. No entanto, não devemos nos esquecer de que também
existe um regulamento sobre alegações nutricionais na
União Europeia que nos permite fazer alegações nutricionais sobre os sucos. Essas alegações referem-se ao conteúdo
de vitaminas e minerais (magnésio, folato, cálcio). Podemos, portanto, facilmente rotular um suco de laranja como
sendo uma "fonte de vitamina C" ou como "rico em vitami8 | CITRUSBR agosto 2014
HOJE HÁ UM SÉRIO RISCO DE OS SUCOS
SEREM TIRADOS DAS RECOMENDAÇÕES
NUTRICIONAIS DE PORÇÕES DIÁRIAS DE
ALGUNS PROGRAMAS QUE
ESTIMULAM O CONSUMO
na C". Não devemos superestimar o impacto potencial de
uma alegação de saúde direta, especificamente tratando-se
de frutas cítricas. Mas devemos continuar buscando estudos sobres os benefícios à saúde que possam, ao menos,
corroborar essas alegações nutricionais positivas.
rança para a indústria de suco de frutas, mas precisamos
continuar cautelosos e ser próativos nesta área. Devemos
lembrar que a rotulagem que pode afetar nossos produtos
é, em essência, de competência dos legisladores da União
Europeia e não de um país específico.
CitrusBR – No Reino Unido, o governo parece se preocupar com quantidades de sal, açúcares e gorduras e
por isso tem aprovado regulamentações que alertam
os consumidores sobre a quantidade de açúcar e limitam a quantidade de sucos nas escolas - e até sugerem
acrescentar água a ele. O senhor acredita haver esperança para a indústria de suco de frutas perante esse
cenário? Outros países devem seguir o exemplo do
Reino Unido?
Biles – No Reino Unido e em outros países, há muita discussão sobre o consumo de sal, açúcar e gordura e o papel
deles na epidemia de obesidade. Certas recomendações
estão sendo feitas especialmente para crianças e escolas.
Por enquanto são apenas ideias, geralmente sem aplicação
nem transformadas em regulamentação. Até o momento,
nenhum outro país apoia tais medidas. Existe, sim, espe-
CitrusBR – Falando especificamente sobre benefícios à
saúde, o senhor vê a possibilidade de os sucos de frutas
serem retirados das campanhas que recomendam cinco
porções diárias de frutas e vegetais?
Biles – Até agora o que há são incertezas sobre a necessidade e como regular sucos com os "legisladores". Porém,
há um sério risco de os sucos serem tirados das recomendações nutricionais, das orientações alimentares e de
recomendações de porções diárias, como nos programas
que estimulam o consumo de cinco porções diárias de
frutas e verduras nas escolas, etc.
CitrusBR – Qual seria o impacto no consumo se isso
acontecer? A AIJN e a indústria estão tomando alguma
medida para evitar que isso aconteça?
Biles – Essas medidas teriam um impacto enorme na indúsFOTO: ERIK LUNTANG
tria de sucos pela simples razão de que não haveria qualquer
"recomendação oficial" para o consumo de suco de frutas
como parte de uma dieta saudável. Estudos sobre saúde e
uma campanha positiva de relações públicas podem ajudar
a manter o suco como parte da recomendação de cinco porções diárias de frutas e verduras para uma dieta equilibrada.
CitrusBR – Como a parceria entre AIJN e a CitrusBR
planeja neutralizar essas tendências negativas na indústria de sucos, como os ataques ao produto e a concorrência de outros tipos de bebidas?
Biles– Teremos de envolver os formadores de opinião, ou
seja, a comunidade científica, os divulgadores de nutrição
e, por último, a mídia em geral. Para isso, precisamos
criar uma narrativa para a elaboração de mensagens-chave baseadas em dados científicos sobre a composição
(grande quantidade de vitaminas e nutrientes) e os benefícios dos sucos (uma forma saborosa e conveniente de
aumentar a ingestão de frutas).
CitrusBR – É preciso mostrar as qualidades do suco?
Biles – No momento, a mídia tem se posicionado de modo
CITRUSBR agosto 2014 | 9
entrevista
|
Andrew Biles
tendencioso contra o nosso setor. Mas não existe consenso
na comunidade científica e nutricional sobre o assunto. Para
dizer a verdade, uma parte influente dessa comunidade
entende os benefícios dos sucos e está disposta a apoiar a
indústria. Precisamos envolver essas pessoas e ajudá-las a
divulgar mensagens positivas sobre os sucos para assegurar
um debate equilibrado e objetivo. A AIJN, financiada pela
CitrusBR e por protagonistas da indústria de suco num
sentido mais amplo, está prestes a lançar uma campanha
HÁ MUITO PRODUTOS
ALIMENTARES E BEBIDAS
NOVAS COMPETINDO COM O
SUCO PELOS MESMOS
CONSUMIDORES
de comunicação e mídia próativa e positiva. Preparada pela
conhecida agência Porter Novelli, essa campanha multimilionária deverá ter duração mínima de pelo menos três anos
e será supervisionada por um comitê diretor sênior formado
por líderes da indústria, incluindo a CitrusBR. Isso é "inédito" na nossa indústria.
CirusBR – Quais são os objetivos almejados por essa parceria da AIJN com a CitrusBR, em médio e longo prazo?
Biles – Em suma, nosso objetivo principal é equilibrar
o debate em torno dos sucos de frutas, que atualmente é
unilateral e até mesmo tendendo a uma cobertura imparcial, tendenciosa e negativa da mídia, que acaba tendo um
impacto dramático não só na percepção dos consumidores de sucos, mas também na esfera política. O que queremos é que os sucos de frutas sejam mais uma vez vistos
como parte da nutrição sustentável e também de uma
dieta saudável e um estilo de vida ativo.
CitrusBR – Na sua opinião, como a cadeia de fornecimento de sucos poderia estabelecer um sistema de autofinanciamento que gerasse fundos para a expansão e
continuidade dessa iniciativa conjunta da AIJN com a
CitrusBR?
10 | CITRUSBR agosto 2014
Biles – É premente a necessidade de toda a cadeia de fornecimento de sucos assumir a responsabilidade de disponibilizar os meios financeiros para reforçar e garantir a continuidade da ação de comunicação e mídia da AIJN com
a CitrusBR. Não se trata apenas de suco de laranja, mas de
todos os tipos de sucos que estão sendo atacados sistematicamente quando dizem para o consumidor que nenhum
suco faz necessariamente bem à saúde. Ficará claro para os
participantes do setor de sucos que engajamento e apoio
financeiros são necessários quando eles entenderem do que
se trata o nosso plano de ação. A primeira oportunidade de
mostrar à comunidade do suco que essa medida conjunta é
necessária e gratificante será no Juice Summit, que acontece em outubro na Antuérpia, na Bélgica, onde apresentaremos os detalhes da estratégia e o conteúdo do plano, além
dos primeiros resultados.
CitrusBR – A Alemanha foi o mercado menos afetado
pela crise econômica mundial e mesmo, assim registrou
uma queda de 34% no consumo de suco de laranja na
última década, passando de 253 mil toneladas equivalente de suco congelado e concentrado (FCOJ) em 2003
para 167 mil toneladas em 2013. Quais são as principais
razões para essa queda contínua?
Biles – Devemos lembrar que a Alemanha ainda tem um
consumo per capita de suco bastante elevado. Segundo a
Canadean, que elaborou o último Relatório de Mercado
de Néctares e Sucos de Frutas da AIJN, as seguintes razões contribuíram para a redução do consumo: aumento
dos preços dos concentrados; mudanças no comportamento do consumidor, como o café da manhã tradicional,
que não é mais tão popular; a preferência por "refrescos
mais leves", que têm 50% de suco e 50% de água mineral;
e o apelo de produtos regionais que levam ao desenvolvimento de variações de sucos com sabores baseados em
frutas locais tradicionais.
CitrusBR – Então existe uma concorrência acirrada
nesse mercado...
Biles – Sem dúvida. É preciso reconhecer que há muitos
mais produtos alimentares e bebidas novas no mercado
hoje que competem pelo dinheiro do consumidor. E o
suco precisa reter o consumidor.
CitrusBR – Na sua opinião, quanto tempo levaria até
que o aumento do consumo de suco de laranja nos
mercados do Leste Europeu, como a Bielorrússia, Bul-
gária, Hungria, Romênia, Rússia, Polônia ou Ucrânia,
compense um consumo menor nos mercados da Europa
Ocidental? O senhor acredita que isso seja provável?
Biles – Esses países não podem ser comparados entre si. A
situação econômica e, portanto, o poder de compra da população é muito baixo na Bielorrússia e na Ucrânia, mesmo
quando comparado com Romênia e Bulgária, que são os
mais pobres dos países da União Europeia. É provável que
os dois países ainda levem um tempo para recuperar essa
defasagem em relação aos países orientais da União Europeia. E mesmo entre os países orientais da União Europeia,
ou seja, Polônia comparado a Bulgária e Romênia, há uma
grande defasagem. A Polônia responde por um consumo
per capita de 17,5 litros de sucos e néctares (dos quais 11,4
litros são suco de fruta), que é um pouco abaixo da média
de 19,6 litros per capita (dos quais 12,7 litros são suco de
fruta) da União Europeia. A Bulgária tem um consumo
per capita de apenas 2 litros de suco de frutas, enquanto
a Romênia nem chega a 1 litro. Então, claramente, deve
demorar um bom tempo até que esses países compensem a
redução do consumo na Europa Ocidental.
CitrusBR – Quais países da Europa registram um consumo maior de suco não concentrado (NFC) de laranja em
relação ao consumo de suco de laranja reconstituído?
Biles – Os países que respondem por mais de 20% do consumo total de suco não concentrado NFC são: França (60%),
Países Baixos (20,2%), Espanha (22,6%) e Reino Unido
(40,2%). Os países com consumo de NFC entre 10% e 20%
do consumo total de suco são: Áustria (11%), Alemanha
(15%), Polônia (14,9%) e Suécia (14,75%). A Finlândia e a Dinamarca têm cada um entre 8% e 9% de consumo de NFC.
CitrusBR – E de onde o senhor prevê que virá o crescimento do consumo de suco não concentrado (NFC) de
laranja na próxima década?
AINDA DEVE DEMORAR UM BOM
TEMPO PARA QUE OUTROS
PAÍSES COMPENSEM A REDUÇÃO
DE CONSUMO NA EUROPA
Biles – O crescimento nos próximos anos provavelmente
virá do noroeste da Europa (Holanda, Bélgica, Dinamarca, Finlândia, Suécia e Alemanha), países em que os consumidores tendem mais a comprar suco não concentrado
(NFC), percebido como mais natural. Em geral, sucos não
concentrados (NFC) serão o segmento de preferência dos
consumidores que podem se dar ao luxo de adquiri-los.
CitrusBR – Em quais mercados e formatos e em que
nível o suco de laranja espanhol compete com o suco de
laranja brasileiro?
Biles – Com a melhoria da qualidade do suco não concentrado (NFC) de laranja da Espanha, ele sempre terá seu
lugar no mercado europeu de NFC, em todos os formatos,
refrigerados ou em embalagem longa vida, PET ou em
garrafas de vidro. Por causa da demanda total e crescente, o Brasil ainda deve dominar o mercado de NFC. E, em
vista da sua estrutura de custos, a Espanha é incapaz de
competir com o Brasil em concentrados cítricos.
CitrusBR – Qual é a vantagem em termos de custo que
o suco não concentrado (NFC) de tangerina espanhol
tem em relação ao NFC de laranja também espanhol e
brasileiro?
Biles – Estes são dois produtos diferentes, com diferentes
bases de custos das frutas. A produção de tangerina é um
dos pilares da citricultura espanhola, seja para frutas frescas, seja para o setor de conservas de frutas ou suco.
CitrusBR – Por que o concentrado de suco de maçã
(AJC), em diversos momentos da história, representou
uma ameaça direta ao suco de laranja brasileiro?
Biles – Os preços globais do suco de laranja e do suco de
maçã nem sempre aumentam e abaixar da mesma forma
e ao mesmo tempo. Em termos de volume do mercado de
suco concentrado, o consumidor pode escolher entre um
suco de maçã e um suco de laranja com base no preço. Se
o suco de maçã for mais em conta, as vendas de suco de
laranja podem sofrer no curto prazo. Atualmente, o preço
da maçã está em baixa em relação ao da laranja.
CitrusBR – Quanto da distribuição de suco na Europa
é realizada pelas marcas de suco comparado aos distribuidores de marcas próprias e por que as marcas de
sucos europeias não se desenvolveram no mesmo grau
como nos EUA? O senhor acredita que esse cenário
contribui para atrapalhar a imagem dos sucos de frutas
CITRUSBR agosto 2014 | 11
entrevista
|
Andrew Biles
ao passo que os investimentos em marketing possam
ter sido reduzidos por uma questão de manutenção das
margens de lucro?
Biles – Eu gostaria de responder à pergunta dizendo que,
historicamente, o crescimento do consumo de suco foi
proporcionado por varejistas de marca própria, como
Aldi, Lidl e Tesco, que também atenderam à indústria
brasileira. Em 2013, o consumo de marcas próprias na
União Européia foi de 45% contra 55% do total para sucos
de marca. No entanto, toda a categoria de suco de frutas
sofreu queda de 4,6% na comparação com 2012; e observamos, pela primeira vez em muitos anos, que a redução
de 6,4% em marca própria superou a redução média, com
queda de 3% em produtos de marca. Independentemente
do segmento de venda do suco, a eficiência de custos se
faz necessária. Atualmente, a maioria dos varejistas quer
ter a mesma margem de lucro tanto com produtos de
marca quanto marca própria. Mais uma vez, a campanha
de comunicação e mídia do suco é necessária para manter
o suco no carrinho de compras do consumidor.
CitrusBR – O que está alavancando o consumo de novas
categorias, como bebidas energéticas, isotônicos e águas
aromatizadas, que estão substituindo os produtos mais
saudáveis, como sucos 100% naturais? O senhor acredita que os sucos vão continuar a perder participação
para essas bebidas e outras novas que são lançadas no
mercado a cada mês?
Biles – O consumidor moderno tem cada vez mais curiosidade por novidades. Viajam o mundo e abraçam novas
experiências em comida e bebida. Os sucos terão de brigar
por sua participação de mercado da mesma forma que os
setores tradicionais das indústrias de laticínios e de cerveja. O suco também pode ser ingrediente de novas formulações de bebidas.
A CAMPANHA É
NECESSÁRIA PARA MANTER O
SUCO DE FRUTAS NO CARRINHO
DE COMPRAS DO CONSUMIDOR
12 | CITRUSBR agosto 2014
CitrusBR – Na última década, vimos uma significativa
consolidação na indústria de envase, distribuição e de
marcas de sucos, tendo sua empresa Refresco-Gerber
como um exemplo importante. O que está levando tantas empresas a se afastar dessa categoria, decidindo pelo
fechamento, pela liquidação ou pela fusão com outras?
Biles – A consolidação, em todas as etapas da cadeia de
abastecimento, é o modo de fazer negócio da maioria
das grandes categorias de alimentos e bebidas. Economias de escala são necessárias para permitir que as empresas reduzam custos e invistam em novas tecnologias.
E a nossa indústria não pode ficar parada. Os varejistas
se juntaram. Indústrias de suco de maçã e de laranja se
fundiram. Empresas de embalagens e de equipamentos
se concentraram. É normal e saudável que as engarrafadoras façam o mesmo.
CitrusBR – Você acredita que as grandes redes varejistas algum dia, finalmente, passem a se preocupar com
a sustentabilidade econômica das cadeias de abastecimento de alimentos, permitindo preços e margens mais
justos, em contraponto a suas estratégias de maximização de lucro e de preços baixos todos os dias (EDLP)?
Biles – É claro que os grandes varejistas já estão preocupados com as questões de sustentabilidade, que também
incluem preços justos. A segunda diz respeito á indústria,
no nosso caso, às empresas de processamento de frutas,
começando a pagar salários mais justos tanto para o produtor quanto para quem participa da colheita. Se isso se
traduzirá em margens melhores para o setor de envase é
esperar para ver. Obviamente, é paradoxal que os varejistas
queiram que salários justos sejam pagos aos agricultores e
colhedores de frutas e, ao mesmo tempo, oferecer preços
baixos ao consumidor final, seus clientes. Isso não é apenas
um problema para alimentos procedentes de fora da UE,
mas também se aplica aos agricultores europeus. Um elemento fundamental neste debate é o próprio consumidor,
que deve perceber que existe uma ligação direta entre o que
ele quer pagar por seu alimento e o preço que o agricultor
recebe por ele. Desse modo, as organizações tradicionais de
consumidores deviam sensibilizar seus membros. Sempre
haverá tensão competitiva em qualquer cadeia de abastecimento. Trata-se da própria natureza da relação de oferta e
demanda. Porém, sendo a natureza humana o que parece
ser, será preciso escassez de verdade para a gente aprender a lição. Por ora, nos países desenvolvidos, temos uma
abundância de produtos para escolher. l
1
clima
5
10
15
Previsões indicam tempo seco
nas principais regiões
citrícolas de São Paulo,
onde os pomares só devem
receber chuvas significativas a
partir de outubro
A seca está
no horizonte
O clima seco que persiste nos
pomares paulistas deve continuar
nos próximos meses. Essa é a análise
feita pelos principais órgãos de
monitoramento climático do País.
Uma das principais razões para a
escassez de água é a ocorrência do
El Niño, fenômeno de anomalia
climática, já bem conhecido por
quem acompanha, e depende, das
mudanças do vento. De acordo com
a avaliação da empresa De Olho no
Clima, que usa dados da Centro
de Previsão de Tempo e Estudos
Climáticos, do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (CPTEC/Inpe),
historicamente, em anos de El Niño
chove em demasia no Sul e falta água
nas Regiões Sudeste, Centro-Oeste e
nordeste, além de temperaturas bem
13 | CITRUSBR Mês 2014
mais elevadas que o comum.
No atual prognóstico, os modelos
meteorológicos indicaram pouca
chuva para as principais regiões da
citricultura, até o mês de outubro.
Dessa forma, novas pancadas de
chuvas devem ocorrer apenas no
início de outubro.
O principal efeito desse cenário
é a falta de umidade nos solos.
Como é normal nesta época do
ano, o ressecamento do solo ocorre
de forma agressiva e instantânea
sobre boa parte do Brasil, pela falta
de chuva e pela grande amplitude
térmica. Os dias são mais quentes
e as noites mais frias e isso acaba
eliminando a pouca umidade
presente na superfície.
Segundo o monitoramento feito
30
60
90
pelo CPTEC/Inpe, apenas em parte
do Paraná, Santa Catarina, Rio
Grande do Sul e sul de Mato Grosso
do Sul, as taxas de umidade seguem
elevadas, principalmente por conta
das chuvas torrenciais registradas
no início de junho. Nas demais áreas
agrícolas de São Paulo, Goiás, Mato
Grosso do Sul e Minas Gerais, a
estiagem agrícola já passa de 30 dias,
o que reduziu consideravelmente o
nível de umidade no solo até uma
profundidade de 37,5 centímetros.
Segundo o meteorologista
da Climatempo, Alexandre
Nascimento, outro aspecto de
anomalia que deve ser causada pelo
El Niño são as altas temperaturas.
“Embora não devemos ter uma seca
igual ao do ano passado, devemos ter
um ou dois graus acima do normal
para os próximos meses. Não há
expectativa de frio intenso para esse
inverno”, explica. l
mercado
SALTO
com tecnologia
e manejos
diferenciados,
país consegue
controlar doença
e alcança
bom nível de
produção
O POMAR VERMELHO
Controle sanitário tem mostrado resultados e país avança
na produção de citros
12,96 milhões
de caixas de
outras frutas
71,28
Como a China está
lutando contra o
Greening
Há pouco mais de dez anos, o
cultivo comercial de frutas cítricas
era praticamente inexistente na China. O país, berço da laranja, tinha
sérios problemas para avançar seus
pomares. Limitações de área, baixa
produtividade e principalmente a alta
incidência de greening devastavam as
plantações que tentavam sobreviver
por lá. Uma realidade que esta mudando no já conhecido ritmo chinês.
Nos últimos anos, o país implementou
14 | CITRUSBR agosto 2014
uma verdadeira “cruzada” contra o
greening. Com investimentos em tratos culturais diferenciados e seguindo
um rígido programa de controle e
monitoramento do Psilídeo, mosquito
responsável por transmitir a doença,
a China está conseguindo reduzir a
presença da doença. “A China deu um
salto de qualidade na citricultura em
oito anos. Há ainda muita coisa a fazer, mas eles estão fazendo uma revolução na forma de produzir”, conta o
gerente do departamento de Pesquisa
e Desenvolvimento do Fundecitrus,
Juliano Ayres, que recentemente foi
até o outro lado do mundo ver de perto a citricultura chinesa. Atualmente
a área plantada com citrus já ocupa
nada menos do que 2,1 milhões de
hectares. Por lá, são produzidas 648
milhões de caixas de citrus, numa
produtividade média de 308,5 caixas
por hectare. A maior produção é de
mandarina com 233,3 milhões de
caixas. A segunda
é tangerina com
207,4 milhões de
caixas, seguida
da laranja com
123,1 milhões de
caixas. O pomelo
aparece na
seqüência com 7,3
milhões de caixas. Outras variedades
ainda produzem 13 milhões de caixas.
Uma das alternativas encontradas
pelos produtores chineses para a manutenção da produção é a busca por
regiões livres do HLB, já que dez das
19 províncias citrícolas ainda não
detectaram a doença.
Para manter o trabalho em evolução constante, o país tem estudado algumas formas e estratégias
de controle adotados em outras regiões, como no Brasil. Algumas das
medidas inspiradas na citricultura
paulista consistem na instalação
de viveiros protegidos e o monitoramento do Psilídeo por meio de
armadilhas adesivas e o controle
intensivo/regional do inseto. Essa
medida faz parte da política fitossanitária do Estado chinês que
também estimula o plantio de novas
áreas a eliminação das plantas doentes após a colheita. l
36%
de caixas de
mandarina
2%
11%
milhões
Berço da citricultura, país investe em novos
tratos culturais e controle rigoroso para
controlar a doença, aumentar a produtividade
e expandir sua produção
233,28 milhões
648 milhões
de caixas
de caixas
de pomelo
123,12
é a produção total
de citrus
19%
32%
milhões
207,36
milhões
de caixas de
tangerinas
de caixas de laranja
2,1 milhões
de hectares é a
atual área plantada
com citrus
na China
308
caixas
por hectare foi a
produtividade
alcançada
em 2013.
CITRUSBR agosto 2014 | 15
mercado
| por Érica Polo
Municípios do interior de São Paulo apostam
em programas que colocam a laranja e seu
suco na merenda das escolas e mostram que
a iniciativa pode trazer vantagens para quem
consome e para quem produz a fruta
Laranja na boca da
criançada
Desde que a CitrusBR começou
a divulgar em 2010 os primeiros
dados que mostravam que o consumo mundial de suco não ia bem, os
olhos se voltaram para o mercado
interno como uma possível oportunidade para a cadeia citrícola. Fazia
sentido, afinal, o Brasil surgia como
uma potência emergente, com renda
crescente e um contingente de novos
consumidores capazes de balançar a
MAIS SABOR NA ESCOLA:
crianças da rede municpal de
ensino de Bebedouro recebem
diariamente a fruta como parte
da merenda escolar
16 | CITRUSBR agosto 2014
FOTOS: JULIO VILELA
estrutura de qualquer setor. Porém,
problemas como impostos elevados
sobre sucos integrais indicavam que o
crescimento da venda de suco industrializado no Brasil não seria algo tão
fácil. Mesmo que sejam grandes os
esforços para desonerar essa categoria
de bebidas, um incremento mais robusto só seria possível mediante o interesse de marcas em desenvolver esse
mercado. Para o curto prazo, restaram apenas projetos públicos em que
a distribuição de fruta e de suco é amparada por políticas de Estado. Nesse
sentido, a Revista CitrusBR procurou
prefeituras de importantes cidades
citrícolas com o objetivo de saber se
havia projetos dessa natureza, qual
o tamanho desses empreendimentos
e, acima de tudo, que o potencial de
consumo de fruta e suco que há nesses municípios. Em muitos casos a
solução mora ao lado. Cooperativas e
produtores trabalham de forma organizada e encontram maneiras criativas de vender seus produtos.
Ensinar desde cedo para as
crianças os benefícios, as qualidades
e o gosto pela laranja. O que pode
parecer uma utopia, já faz parte da
realidade de diversos municípios espalhados pelo interior do Estado de
São Paulo. Ainda de forma tímida, algumas prefeituras começam a dar os
primeiros passo na implementação de
projetos experimentais que inserem a fruta e o suco de laranja no cardápio dos alunos
da rede municipal de ensino.
Uma aposta que pode ajudar a
cultivar desde já os consumidores
do futuro e que tem potencial para,
no longo prazo, criar um novo canal
de distribuição para a laranja produzida nos arredores dessas cidades. Um
dos pioneiros nesse tipo de iniciativa
é o município de Bebedouro. Desde o
ano passado, o suco de laranja passou
a ser distribuído nas escolas municipais e estaduais da cidade na hora da
merenda. “A vantagem é a valorização
dos produtores citrícolas porque, ao
tomar iniciativas desse tipo, os prefeitos e secretários de educação podem
deixar o dinheiro em seus próprios
municípios”, afirma o prefeito de Bebedouro, Fernando Galvão. Segundo
o prefeito, é importante despertar
o hábito do consumo nas crianças
desde bebês. “Se elas começam a consumir desde os primeiros anos, vão
desenvolver o hábito e deixar de lado
bebidas que não são saudáveis.”
Quando o projeto teve início, 13
mil alunos das redes municipais e
CITRUSBR agosto 2014 | 17
mercado
estaduais recebiam o suco de laranja.
Ao todo a prefeitura banca a distribuição diária de 8,5 mil saquinhos de
200 ml da bebida. Um dos fornecedores é a Delta Citrus, que comercializa
o suco concentrado, posteriormente
diluído em água. Outra parte vem da
Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf), de Bebedouro. Além da
entrega do suco, a prefeitura também
fechou uma parceria com a empresa
Jacobs Citrus e iniciou o projeto “Laranja Descascada”, que coloca a fruta
in natura, já descascada, na merenda
das crianças. Ao todo são distribuídos
por mês cerca de 250 mil saquinhos
de suco de laranja de 200 ml cada
um e mais 120 mil laranjas in natura.
“Nosso objetivo agora é expandir esses programas para a rede de saúde,
levando o suco de laranja para os postos e hospitais”, revela Galvão.
A poucos quilômetros de Bebedouro, o município de Barretos também mantém uma iniciativa no mesmo molde. “Começamos em 2013 em
um processo de melhoria da merenda
FERNANDO GALVÃO:
prefeito de Bebedouro planeja
expandir programa e distribuir o
suco também nos postos de saúde
do município
escolar. E a laranja é uma vocação
da nossa região”, diz o secretário de
Educação do município, Aparecido
Cipriano. A prefeitura adquire suco e
a fruta da Cooperativa de Produtores
Rurais de Barretos e Região (Coopbar), que reúne cerca de 79 produtores. A bebida é distribuída para 21
mil alunos da rede municipal de ensino. “Fazemos um investimento de R$
220 mil na compra desses produtos”,
diz o secretário.
Já em Itápolis serão distribuídos,
em neste ano, 2 toneladas de laranja
em saladas de fruta para 12 escolas do
ensino infantil e fundamental. Os for-
SUCO NO CARDÁPIO
CONHEÇA AS CIDADES QUE MANTÊM PROGRAMAS QUE
INCENTIVAM O CONSUMO DE SUCO DE LARANJA
Cidade: São José do Rio Preto
Projeto: Laranja no cardápio das escolas
Criado em: 2013
O que faz: os 36 mil alunos que integram a
rede municipal recebem a fruta e o suco pelo
menos 1 vez por semana
Cidade: Itápolis
Projeto: Laranja na salada de fruta
Criado em: 2014
O que faz: 2 mil quilos da fruta
farão parte de saladas de frutas
distribuídas para as crianças
MINAS GERAIS
SÃO PAULO
Cidade: Araraquara
Projeto: Distribuição de Suco
Criado em: 2001
O que faz: distribui suco de laranja
semanalmente para cerca de 23 mil
crianças de 54 unidades escolares
necedores são os 67 produtores agrícolas ligados à Associação dos Produtores
de Hortifrútis de Itápolis (APHI), que
participam do projeto desde 2011.“Já
fornecemos suco, mas, em razão de
algumas mudanças na unidade responsável pela alimentação, a laranja passou
a ser distribuída na salada de frutas”,
diz o secretário de Desenvolvimento
Ambiental, Nestor Dias Filho. “A ideia
é que o suco volte para as mesas.”
No município de Araraquara há
um programa bem mais antigo. Ele
que existe desde 2001 com patrocínio
da Cutrale. Em números atuais, 23 mil
crianças de 54 creches e escolas de ensino fundamental da rede municipal
bebem o suco durante o lanche. Ao
longo de 2013 foram distribuídos 1,7
mil quilos de suco concentrado – ou
6,6 mil litros – mensais, de acordo
com Jansem Mercaldi, gerente de
abastecimento da merenda escolar
do município. São iniciativas ainda
pequenas, mas que, dão o exemplo de
com criatividade e disposição, há ainda muito campo para o suco crescer. l
Cidade: Uberaba
Projeto: suco concentrado nas escolas
Criado em: 2005
O que faz: distribui semanalmente suco
concentrado para cerca de 29 mil crianças
da rede escolar
Cidade: Barretos
Projeto: Laranja na merenda
Criado em: 2013
O que faz: distribui fruta in natura e
suco para cerca de 21 mil crianças da
rede municipal escolar
Cidade: Bebedouro
Projeto: Laranja Descascada
Criado em: 2013
O que faz: distribui suco de laranja e
fruta in natura para alunos da rede
municipal de ensino
economia
CitrusBR confirma
redução de estoques
Levantamento aponta redução de 30,3% em
relação ao mesmo período do ano passado
Os estoques de passagem de suco de
laranja equivalente a FCOJ 66º Brix em
poder das empresas associadas à CitrusBR no Brasil e no mundo em 30 de
junho de 2014 somaram 534 mil toneladas e são suficientes para 23 semanas
de consumo, considerando uma média
anualizada de 90 mil toneladas exportadas por mês. Nessa contagem está contido apenas suco de laranja produzido
no Brasil (ver matéria página 20).
A redução de 232 mil toneladas
equivale a mais do que o consumo anual
da Alemanha, segundo maior destino
brasileiro. No mesmo período do ano
passado, os estoques somavam 766 mil
toneladas e a queda chega 30,3%. “Essa
redução já era esperada, diante de um
processamento estimado de apenas 851
mil toneladas na safra passada, com
vendas na ordem de 1,135 milhão de
toneladas, considerando os mercados
e o mercado interno de 55 mil toneladas.
O dado confirma a tendência de queda nos estoques, que nos últimos anos se
acumularam em função de dois períodos
de superoferta nas safras 2011/12, com
428 milhões de caixas e na 2012/2013,
com 385 milhões de caixas.
O levantamento de estoques é realizado por auditorias externas independentes
em cada uma das empresas associadas e,
posteriormente, consolidado por auditoria externa independente. Para se calcular
o volume de suco brasileiro disponível
para comercialização, as auditorias realizam a medição do suco físico em metros
cúbicos e/ou por painel de controle. Também são calculados e somados os totais de
suco em movimento, seja em caminhões
no Brasil ou navios. “É importante destacar que quando o Consecitrus estiver em
operação, o acompanhamento de dados
será semanal, a exemplo do que acontece na Flórida por meio da Associação
dos Processadores de Citrus da Flórida
(FCPA), inclusive com informações de
subprodutos”, avalia Netto. l
interno e externo”, explica Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBR.
Para o próximo ano, a entidade
acredita que os estoques devem chegar
em 30 de junho de 2015 com cerca 364
mil toneladas, bem próximo ao limite
técnico de 350 mil toneladas. Para tanto,
a CitrusBR estima que a safra 2014/15
será de 308,8 milhões de caixas de 40,8
quilos para o cinturão citrícola que
compreende São Paulo e sul de Minas
Gerais. Desse total, 50 milhões de caixas
devem ser destinadas ao mercado interno e 259 milhões de caixas poderão ser
processadas por empresas associadas e
não associadas à CitrusBR. A produção
total de suco deve ser de 973 mil toneladas, considerando um rendimento industrial de 265 caixas necessárias para a
produção de uma tonelada de FCOJ. As
exportações devem se manter nos mesmos níveis de 1,080 milhão de toneladas
HISTÓRICO DE ESTOQUES
1200
1.136
1.019
992
972
1000
965
800
897
894
832
Soma dos estoques
de passagem
CitrusBR+FCPA
969
915
775
853*
766
757
600
479
473
417
306
200
249
230
153
279
177
194
1996
242
358
637
562
511
498
481
474
403 426
359
456
359
316
289
283
662
609
468
468
437
341
1995
400
483
395
675
582
535 562
441
534
476
388
439
352
249
257
491
370
319*
307
277
364*
214
* Estimativas
2015
2014
2013
2012
2011
2010
2009
2008
2007
2006
2005
2004
2003
2002
2001
2000
1999
1998
1997
1994
1993
0
ESTOQUE CITRUSBR
Estoque de passagem
de suco de laranja
brasileiro em poder
das empresas
associadas à CitrusBR
no Brasil e no mundo
em 30/06 de cada ano
ESTOQUE FCPA
Estoque de passagem
de suco de laranja na
Flórida em 30/09 de
cada ano Disponível
até 30/09/2014
economia
Onde
está o
suco?
CitrusBR promove encontro com entidades
de pesquisa e governos para explicar
metodologia de contagem de estoques
No último dia 21 de julho, a CitrusBR recebeu em sua sede, entidades de
pesquisa e do governo interessadas em
conhecer a metodologia de contagem
de estoques físicos de suco de laranja.
Estiveram presentes representantes da
Secretaria de Agricultura do Estado de
São Paulo (SAA), Agência Paulista de
Tecnologia dos Agronegócios (Apta),
Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e Instituto de Economia Agrícola. A única
instituição convidada que não enviou
nenhum representante foi o Centro
de Pesquisa em Economia Aplicada
(Cepea/USP), alegando não possuir
ninguém disponível no departamento
para aquele dia. Por parte da CitrusBR
participaram o diretor financeiro da
Cutrale, José Luiz Cervato; o diretor
de controladoria da Citrosuco, Sérgio
Canassa; e da Louis Dreyfus Commodities, Pedro Feitosa, do departamento
tributário. Também acompanharam a
reunião o sócio-diretor da empresa de
auditoria PWC, Maurício Moraes e o
auditor Tiago Pauli. “Esse é um assunto bastante sensível, que muitas vezes
gera incompreensão por parte dos atores da cadeia citrícola e entendemos ser
importante sanar todas as dúvidas que
possam existir sobre como esse processo acontece, bem como sua segurança”,
explica o diretor-executivo da CitrusBR, explicou Ibiapaba Netto.
PRESENÇAS:
(da esq. p/ dir.) José Luiz Cervato,
da Cutrale; Pedro Feitosa, da
LDC; Tiago Pauli, da PWC; Sergio
Barros, do USDA; Denise Caser,
do IEA; Claudio Lobo; Antônio
Amaro; Ibiapaba Netto, da
CitrusBR; Sérgio Canassa, da
Citrosuco; Adriana Verti, da APTA
e Mauricio Moraes, da PWC;
Vagner Martins do IEA
Metodologia
A medição do estoque físico de
suco acontece em duas fases. A primeira é presencial, com os auditores se
deslocando para todos os pontos onde
haja suco brasileiro armazenado. Suco
embarcado e faturado ao cliente final,
não faz parte da contagem.
O suco concentrado é medido
levando-se em consideração o peso
e a “cubicagem”, que nada mais é do
que a medida dos tanques que armazenam suco concentrado. No caso
do NFC, cujos tanques são fechados
hermeticamente, a medição acontece
via painel eletrônico e todo volume
de suco aferido, para efeito de cálculo, é convertido para 66º Brix. “Mas
essa é apenas uma pequena parte da
medição”, afirmou Moraes, da PWC.
Segundo ele, existem diferentes pontos de checagem ao longo do processo
e todos têm de bater.
Esse tipo de operação envolve
números superlativos. Ao todo, são
checados mais de 110 pontos, em
sete países. Cerca de 40 auditores
participam do processo, auxiliados
por mais de 70 funcionários das
empresas. O custo total de cada ope-
AUDITORES PELO MUNDO
ração passa dos R$ 500 mil e nas sete
medições realizadas na CitrusBR, o
investimento acumulado ultrapassa
R$ 3,5 milhões.
Quando o suco sai da fábrica ele
é pesado, operação que se repete na
chegada aos terminais no Brasil e fora
dele. “Tudo isso acontece de forma
eletrônica e automática, não há interferência humana no sistema e todas
as balanças são aferidas regularmente
para tirar eventuais diferenças”, que
comenta. “Caso haja qualquer tipo de
intervenção manual no sistema, isso
fica registrado e novos protocolos são
adotados para se certificar a veracidade
dos dados”, quem completa. “Esses
dados são utilizados para os balanços
das empresas e é muito importante que
todos os números estejam batendo do
começo ao fim, caso contrário todo o
sistema fica em xeque”, explica Canassa, da Citrosuco.
De acordo com José Luiz Cervato,
da Cutrale, o avanço dos sistemas permite um controle rígido da movimentação dos estoques. “Qualquer erro é
detectado pela auditoria, o que sem
sombra de dúvidas ajuda na melhora
dos processos dentro da própria companhia, que está o tempo todo movimentando suco de um lado para o
outro”, diz. Pedro Feitosa, da Dreyfus,
avalia que a contagem de estoques e
sua conferência são assuntos bastante
sensíveis nas companhias e fazem
parte do acompanhamento diário das
empresas. l
Para se realizar a contagem de estoque de suco de laranja, são
necessárias checagens em diversas partes do planeta
Citrosuco
Fábricas, entrepostos de
armazenagem, em trânsito
terrestre, terminais marítimos
auditados no Brasil
Cutrale
LDC
Total
Auditado
7 unidades
9 Unidades
4 Unidades
20 unidades
Em trânsito marítimo e terminais
marítimos auditados no exterior
10 unidades
12 Unidades
5 Unidades
27 unidades
Total
17 unidades
21 unidades
10 unidades
47 unidades
PELOS QUATRO CANTOS
Auditorias levam em consideração toda a armazanegem de suco
brasileiro em qualquer parte do globo
5
4
3
6
1
2
7
OS NÚMEROS
Conheça o que envolve as operações
de checagem dos estoques
110
PONTOS
são checados em
sete países
é o investimento
total após sete
levantamentos
realizados
trabalham no
levantamento, sendo
40 auditores e 70
funcionários de
auxilio
34
localidades
R$3,5
MILHOES
110
PESSOAS
R$ 500
MIL
é o custo estimado
de cada
levantamento
CITRUSBR agosto 2014 | 21
internacional
Para onde vão os
pomares da Europa
Sofrendo com problemas climáticos e de sanidade,
USDA diminui estimativa de safra no Velho Continente
A colheita de laranja nos principais
países produtores da Europa não deverá ser tão farta. De acordo com um relatório de oferta e demanda divulgado
pelo Departamento de Agricultura dos
Estados Unidos (USDA), a produção
de frutos cítricos no Velho Continente
deve somar 148 milhões de caixas de
40,8 kg. Esse volume representa uma
redução de 8% em relação ùltima
estimativa. De acordo com o relatório, a queda tem sido puxada
pela redução da produção na
Espanha, principal produtor
europeu da fruta.
Os pomares espanhóis têm
sofridos com a seca e as altas temperaturas. Essas condições climáticas, além
de desfavoráveis, têm contribuído para
o surgimento de doenças e problemas
fisiológicos com má qualidade dos
frutos. O estudo aponta ainda que o
cenário impactou no preço da fruta,
que não conseguiu atingir bons valores
no mercado, chegando a registrar uma
redução de 50%.
Os problemas climáticos ainda
provocaram aumento nos custos
de produção, com a necessidade de
maior irrigação e mais gastos com
energia. Além disso, os níveis de consumo permanecem baixos.
Após muitos anos consecutivos de
crise econômica no setor, produtores
de laranja da região de Valência decidiram substituir sua produção por
outras mais rentáveis como a de kiwi.
Apesar do clima complicado,
em outros países, como a Itália, há
crescimento na produção. Os pomares
italianos devem colher 44 milhões de
caixas, aumento de 4%, em relação ao
último levantamento. Na Grécia e no
Chipre, a estimativa é de que a colheita
cresça 4,3% e 15%, respectivamente.
Já em Portugal a produção permanece
nos mesmos níveis de anos anteriores,
com frutos de boa qualidade. l
EUROPA
2 | CITRUSBR Mês 2014
eventos
NO INTERIOR:
CitrusBR recebeu produtores em seu estande
durante a Semana de Citricultura e acompanhou
os debates realizado no fórum Citrus de Mesa
O palco da
Citricultura
O Centro Sylvio Moreira, em Cordeirópolis, promove
eventos para discutir a cadeia produtiva da laranja
Nos últimos meses a cidade de
Cordeirópolis se tornou a capital da
"citricultura". Isso porque a cidade
sediou dois eventos importantes, que
reuniram representantes dos diversos
elos da cadeia produtiva para debater
os desafios que o setor enfrenta.
O primeiro deles foi a tradicional Semana de Citricultura, organizada pelo
Centro de Citricultura Sylvio Moreira.
O evento, que aconteceu entre os dias
2 e 5 de junho, fez o local se transformar numa verdadeira mostra de
tecnologias, com a presença de várias
empresas e entidades demonstrando
suas inovações voltadas para a produção de laranja. “A semana é uma
oportunidade de o produtor
ver de perto as últimas
novidades. Acreditamos
que cerca de 8 mil produtores tenham passado pelo evento”, revela
FOTO: JULIO VILELA
o diretor do centro de citricultura,
Marcos Machado.
Com objetivo de se aproximar
ainda mais do setor produtivo,
a CitrusBR marcou presença no
evento. Pela primeira vez a entidade
teve um estande próprio, em que
recebeu citricultores, apresentou os
estudos publicados nas últimas safras, explicou um pouco do trabalho
realizado, além de distribuir suco de
laranja para os visitantes. “É importante esse contato direto com os produtores para que eles saibam o que
estamos fazendo e para que nós também possamos saber o ponto de vista
deles”, afirma o diretor-executivo
da CitrusBR, Ibiapaba
Netto, que também exibindo uma palestra
sobre o estudo que
demonstra a queda no
consumo mundial de
suco de laranja. “Esse é um dos grandes desafios do setor e é importante
que os produtores estejam cientes
desse problema”, diz.
Já no mês de agosto, o Centro de
Citricultura reuniu um outro segmento da citricultura, com um evento voltado para a fruta in natura. Trata-se do
Citrus de Mesa: da produção à comercialização. Um fórum com uma série
de debates e palestras, no qual os produtores puderam ver questões técnicas
e de mercado, importantes para quem
pretende vender sua fruta diretamente
para o consumidor. “Precisamos nos
organizar para sermos mais eficientes”,
ressaltou o presidente da Alfa Citrus,
Emílio Fávero, que está à frente da formação da Associação de Fruta de Mesa.
O evento ainda marcou o lançamento do livro “Colheita e pós-colheita do
Citrus”, de autoria dos pesquisadores
Lenice M. do Nascimento Abramo, Ricardo A. Kluge e Juan S. Del Aguila. l
CITRUSBR agosto 2014 | 23
benefícios
| por Eduardo Savanachi
Uma inédita pesquisa pretende desvendar os fitonutrientes
presentes na laranja e tentar provar que ela é um dos
alimentos mais importantes para a nossa saúde
Um viva para os
benefícios
Responda rápido: qual benefício
da laranja você conhece? A resposta
mais óbvia e que vem à mente de 99%
da população é, sem dúvida, que ela
tem vitamina C. Afinal, a associação
entre a fruta e esse componente é tão
forte que eles são quase sinônimos. No
entanto, a resposta já não é assim tão
certeira se a pergunta for direcionada
ao pesquisador espanhol Leandro
Peña. Não que ele não reconheça a
presença e a importância da vitamina
C nesse cítrico. É que Peña garante que
algumas variedades de laranja possuem uma série de outros nutrientes
tão ou até mais benéficos e que raramente são encontrados juntos num
mesmo alimento. Potássio, Magnésio,
Cálcio, Ferro, Zinco, Acido Fólico,
Flavonóides, Caratenóides e mais
uma série de compostos integram a
lista dos chamados fitonutrientes
muito bem-vindos ao nosso
organismo e que apenas
presentes nessa fruta. Doutorado em
Ciências Biológicas pela Universidade
Autônoma de Madrid, Peña trabalha
há mais de 20 anos com melhorias biotecnológicas em citrus e é atualmente
uma das principais autoridades no
assunto. Há pouco mais de oito meses
ele desembarcou no Brasil para atuar
no Fundecitrus. Além de todo trabalho
envolvendo a busca por o controle das
principais doenças dos pomares, ele
tem uma missão especial: provar cientificamente que a laranja é a verdadeira
superfruta. “Queremos provar em
laboratório, com bases científicas, uma
série de benefícios que a laranja pode
possuir e como os fitonutrientes interagem com o nosso organismo”, explica
o pesquisador.
Para isso, o especialista está
colaborando em uma pesquisa pioneira realizada em parceria com a universidade de São Paulo, e que tem como
objetivo selecionar frutas, mapear a
Vitamina C – antioxidante
Ácido Fólico – ajuda a prevenir a anemia
Zinco – ajuda o sistema imunológico
Flavonoides – previne inflamações
Potássio – ajuda a regular pressão arterial
Carotenoides – antioxidante
Terpenóides – previne doenças arterial
quantidade presente de determinados
compostos e depois analisar seus benefícios para a saúde. “Nós estamos interessando em observar os fitonutrientes
da laranja. Quando você consome
esses suplementos em forma de pílula,
eles são rapidamente metabolizados
pelo intestino e não são absorvidos
tão bem pelo corpo como são quando
consumidos na forma de fruta ou do
suco. Queremos comprovar que não é
a mesmo coisa tomar um remédio ou
suco. O suco é melhor”, afirma Peña.
De acordo com o pesquisador,
no primeiro momento o estudo será
focado nos benefícios que a laranja
pode trazer na prevenção de doenças
cardiovasculares. “Algumas variedades de laranja possuem compostos
antioxidantes que podem ajudar no
tratamento desse tipo de doenças. Vamos fazer uma série de estudos para
demonstrar isso de forma cientifica”,
pondera o pesquisador. A expectativa é
que em dois anos já seja possível observar os primeiros resultados concretos
da pesquisa, que ele garante ser inédita
em todo o mundo. “Há pouquíssimas
pesquisas voltadas para os benefícios
da laranja ou do suco de laranja. O que
é intrigante, visto que é uma das bebidas mais apreciadas do mundo, com
grande potencial de salubridade”. l
FOTOMONTAGEM SOBRE FOTO DE JULIO VILELA
O ESPANHOL LEANDRO PEÑA
É UM DOS PESQUISADORES
QUE IRÁ DESENVOLVER
O ESTUDO NOS PRÓXIMOS ANOS
CITRUSBR Junho 2014 | 19
finanças
A cotação do
suco na bolsa e o
Preço médio mensal do fechamento diário das cotações do
FCOJ na Bolsa de Nova Iorque nas últimas 20 safras
Dólares por Libra de Sólido Solúvel (Incluso Imposto de Importação Americano e Taxas Anti-Dumping)
líquido no bolso
Como transformar dólar por libra de sólido solúvel
em dólar por tonelada de FCOJ
A Bolsa de Nova Iorque é uma
das mais visíveis referências para
as cotações de suco de laranja, isso
todo mundo sabe. Porém, são raras
as vezes em que analistas de mercado levam em consideração impostos
pagos ao governo americano, distorcendo assim a ordem de grandeza dos
números. De forma geral, o suco brasileiro paga 415 dólares por tonelada
de FCOJ para acessar aquele mercado.
Durante os anos de 2005 e 2011, houve um aumento médio de desconto
de 3% no valor do produto graças a
uma prática irregular adotada pelos
americanos que cobravam uma
espécie de “taxa anti-dumping”,
o zeroing, que foi derrubado
Média de cotação da Bolsa
de Nova Iorque em dólar por
libra de sólidos solúveis em
junho de 2014
Média de cotação da Bolsa de
Nova Iorque em dólar por libra
de sólidos solúveis em junho
de 2014, livre de imposto de
importação norte americano
Quantidade de sólidos solúveis
existente em 1 tonelada
de FCOJ 66º Brix
na OMC. Mas como, então, podemos
calcular o preço? O exemplo nesta
página, explica o raciocínio.
Ler os preços da bolsa de forma
adequada ajuda a compreender melhor alguns fenômenos de mercado.
Um deles, diz respeito às próprias importações de suco no mercado americano. Por conta de acordos bilaterais
no ambiente da Aliança Comercial
do Atlântico Norte (Nafta, sigla em
inglês), os Estados Unidos passaram
a comprar suco livres de impostos do
México, Costa Rica e outros países
na América Central. Como resultado,
a participação de suco brasileiro nas
importações americanas caiu de 88%
em 2003 para 56% em 2013.
Veja ao lado o histórico, safra a
safra, dos preços médios cotados na
Bolsa de Nova Iorque, das últimas
20 safras. A Revista CitrusBR irá
trazer periodicamente atualizações
a respeito.
Mas acima de tudo, fazer as devidas deduções de impostos incidentes
e respectivas conversões ajuda a levar
a informação correta aos citricultores que muitas vezes recebem
dados imprecisos de institutos de
pesquisa que acabam repercutindo na mídia e desinformando todo o setor.
77
U S$ 1 , 57
, 28
– U S$ 0
54
923
2
,
1
$
S
U
=
x 1 .455
0, 3
8
8
.
1
$
S
=U
0
Desconto do imposto
de importação norte
americano em dólar por
libra de sólidos solúveis/
equivalente a US$ 415
por tonelada
de FCOJ 66º Brix
Média de cotação da Bolsa
de Nova Iorque em dólar
por tonelada de FCOJ 66º
Brix em junho de 2014,
livre de imposto de
importação norte
americano
Safra
Jul
Ago
Set
Out
Nov
1994-95 $0.8999 $0.9412 $0.9025 $1.0012 $1.0899
Dez
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Média
da
Safra
$1.1121 $1.0333 $1.0268 $1.0098 $1.0701 $1.0465 $1.0090 $1.0119
1995-96 $0.9782 $1.0500
$1.1161 $1.1596 $1.2327 $1.2090
1996-97 $1.1640 $1.1720
$1.1014
Média do
Ano Calendário
1994 $1.0080
$1.1793 $1.2416 $1.3278 $1.3207 $1.2323 $1.2217 $1.1891
1995 $1.0784
$1.1150 $1.0159 $0.8870 $0.8356 $0.8036 $0.8298 $0.7513 $0.7864 $0.7595 $0.9351
1996 $1.1649
1997-98 $0.7486 $0.7221 $0.6999 $0.6982 $0.7802 $0.8411 $0.9098 $0.9767 $1.0594 $0.9707 $1.0996 $1.0373 $0.8786
1997 $0.7714
1998-99 $1.0401
1998 $1.0577
1999-00
$1.1018 $1.0818
$1.1524 $1.1772 $1.0857 $0.9966 $0.9300 $0.8348 $0.8447 $0.8542 $0.8923 $0.9993
$0.816 $0.9255 $0.9297 $0.8852 $0.9485 $0.9319 $0.8437 $0.8466 $0.8482 $0.8249 $0.8177 $0.8444 $0.8707
1999 $0.8979
2000-01 $0.7965 $0.7407 $0.7142 $0.7003 $0.7399 $0.8042 $0.7601 $0.7569 $0.7480 $0.7425 $0.7833 $0.7702 $0.7547
2000 $0.7934
2001-02 $0.8136 $0.7768 $0.8081 $0.8526 $0.9376 $0.9167 $0.8941 $0.8964 $0.9268 $0.8961 $0.9117 $0.9140 $0.8787
2001 $0.8055
2002-03 $0.9542 $1.0093 $1.0030 $0.9514 $1.0053 $0.9736 $0.9204 $0.8708 $0.8468 $0.8549 $0.8574 $0.8530 $0.9250
2002 $0.9447
2003-04 $0.8131 $0.7866 $0.7717 $0.7077 $0.7011 $0.6701 $0.6295 $0.6097 $0.6121 $0.5945 $0.5611 $0.5766 $0.6695
2003 $0.8045
2004-05 $0.6674 $0.6727 $0.7999 $0.8249 $0.7499 $0.8346 $0.8211 $0.8502 $0.9484 $0.9529 $0.9371 $0.9624 $0.8351
2004 $0.6777
2005-06 $0.9988 $0.9159 $0.9572 $1.0803 $1.1995 $1.2506 $1.2307 $1.3018 $1.3994 $1.4484 $1.5509 $1.5823 $1.2430
2005 $0.9895
2006-07 $1.6304 $1.7749 $1.7478 $1.8462 $1.9772 $2.0123 $2.0033 $1.9562 $1.9998 $1.7173 $1.6503 $1.3836 $1.8083
2006 $1.6252
2007-08 $1.3310 $1.2960 $1.2506 $1.4253 $1.3643 $1.4436 $1.3692 $1.2823 $1.1880 $1.1573 $1.1230 $1.1200 $1.2792
2007 $1.5684
2008-09 $1.2163 $1.0360 $0.9476 $0.8141 $0.7981 $0.7382 $0.7440 $0.6925 $0.7372 $0.8055 $0.9074 $0.8195 $0.8547
2008 $1.0658
2009-10 $0.9366 $0.9776 $0.9361 $1.0796
$1.1327 $1.2883 $1.3747 $1.3738 $1.4630 $1.3312 $1.4029 $1.4105 $1.2256
2009 $0.9214
2010-11 $1.4351 $1.3888 $1.5029 $1.5068 $1.5648 $1.6316 $1.7551 $1.7342 $1.6812 $1.6887 $1.8006 $1.8799 $1.6308
2010 $1.4488
2011-12 $1.9806 $1.7465 $1.6365 $1.7000 $1.7988 $1.7023 $1.9766 $1.9043 $1.8192 $1.4918
$1.1439
$1.1613 $1.6718
2011 $1.7587
2012-13 $1.1826 $1.2199 $1.2617 $1.1254 $1.1581 $1.3044 $1.1323 $1.2522 $1.3400 $1.4390 $1.4665 $1.4378 $1.2767
2012 $1.3958
2013-14 $1.4090 $1.3635 $1.3168 $1.2312 $1.3348 $1.3989 $1.4238 $1.4574 $1.5277 $1.6010 $1.5785 $1.5777 $1.4350
2013 $1.3435
Dólares por Tonelada de FCOJ 66 Brix (Livre de Imposto de Importação Americano e
Taxas Anti-Dumping)
Safra
Jul
Ago
Set
Out
Mar
Jun
Média
da
Safra
Média do
Ano Calendário
Nov
Dez
Jan
Fev
Abr
Mai
1994-95
$820
$880
$824
$968
$1,097
$1,129
$1,014
$1,005
$980
$1,068
$1,034
$979
$983
1994
$978
1995-96
$947
$1,051
$1,147
$1,211
$1,317
$1,283
$1,239
$1,330
$1,455
$1,445
$1,316
$1,301
$1,254
1995
$1,093
1996-97
$1,230
$1,241
$1,139
$1,158
$1,014
$827
$752
$705
$743
$629
$680
$641
$897
1996
$1,231
1997-98
$638
$599
$567
$564
$684
$772
$872
$969
$1,090
$961
$1,148
$1,058
$827
1997
$671
1998-99
$1,074
$1,164
$1,135
$1,238
$1,274
$1,141
$1,011
$914
$776
$790
$804
$859
$1,015
1998
$1,100
1999-00
$740
$920
$926
$862
$954
$929
$801
$805
$808
$774
$763
$802
$840
1999
$880
2000-01
$739
$657
$619
$599
$656
$750
$686
$681
$668
$660
$719
$700
$678
2000
$734
2001-02
$763
$710
$755
$820
$944
$913
$881
$884
$928
$883
$906
$910
$858
2001
$752
2002-03
$968
$1,048
$1,039
$964
$1,042
$996
$919
$847
$812
$824
$827
$821
$926
2002
$954
2003-04
$763
$724
$702
$609
$600
$555
$496
$467
$470
$445
$396
$419
$554
2003
$750
2004-05
$551
$558
$744
$780
$671
$794
$774
$817
$960
$966
$943
$980
$795
2004
$566
2005-06
$1,033
$885
$943
$1,117
$1,285
$1,357
$1,329
$1,430
$1,567
$1,636
$1,781
$1,825
$1,349
2005
$1,005
2006-07
$1,893
$2,097
$2,059
$2,198
$2,383
$2,432
$2,420
$2,353
$2,415
$2,016
$1,921
$1,545
$2,144
2006
$1,886
2007-08
$1,471
$1,421
$1,357
$1,604
$1,518
$1,630
$1,525
$1,402
$1,269
$1,226
$1,177
$1,173
$1,398
2007
$1,806
2008-09
$1,309
$1,054
$930
$741
$719
$634
$642
$570
$633
$729
$873
$749
$799
2008
$1,097
2009-10
$914
$972
$913
$1,116
$1,191
$1,411
$1,532
$1,531
$1,657
$1,471
$1,572
$1,583
$1,322
2009
$893
2010-11
$1,618
$1,552
$1,713
$1,719
$1,801
$1,895
$2,069
$2,040
$2,026
$2,037
$2,200
$2,315
$1,915
2010
$1,637
$2,128
2011-12
$2,461
$2,121
$1,961
$2,053
$2,197
$2,056
$2,456
$2,350
$2,227
$1,750
$1,244
$1,269
$2,012
2011
2012-13
$1,305
$1,359
$1,420
$1,222
$1,269
$1,482
$1,232
$1,406
$1,534
$1,678
$1,718
$1,676
$1,442
2012
$1,615
2013-14
$1,634
$1,568
$1,500
$1,376
$1,526
$1,620
$1,656
$1,705
$1,807
$1,914
$1,881
$1,880
$1,672
2013
$1,525
CITRUSBR agosto 2014 | 27
tecnologia
| por Juliana RIBEIRO
LARANJA HIGH TECH
Como funciona
o sistema que usa laser
e ultrassom para melhorar
a pulverização
Pulverização
sob
controle
1 - UM SENSOR
a laser acoplado nas
máquinas agrícola
escaneia as árvores
do pomar
Pesquisa da Esalq usa laser e ultrassom para
controlar a aplicação de insumos nos pomares.
Uma nova tecnologia que pode reduzir em até 50% o
custo dessa operação na citricultura
Imagine se fosse possível identificar a necessidade de cada planta
do pomar em tempo real e calcular
a quantidade de insumos necessária
para que cada uma delas cresça com
todo o potencial? Esse é justamente
o foco de uma tecnologia que já está
em fase de testes no Laboratório de
Agricultura de Precisão da Escola
Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz (LAP) ESALQ/USP. Com
o uso extensivo de alta tecnologia
embarcada, a ideia é levar para a
citricultura conceitos que já fazem
sucesso no cultivo de outras culturas,
como soja e milho. Trata-se de um
modelo arrojado que pode aumentar
a eficiência das pulverizações, ajudando no controle de doenças e promovendo uma redução de custo que
pode chegar até a 50%.
O projeto, que tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), consiste
28 | CITRUSBR agosto 2014
em um sensor acoplado às máquinas
que fazem a aplicação de fertilizantes
e defensivos nos pomares de citrus.
Equipado com sensores a laser e
ultrassom, o equipamento mede em
tempo real o volume da copa das laranjeiras. A partir disso, a máquina
faz as medições e guia a aplicação
de insumo com base na estrutura e
no tamanho de cada planta. Ou seja,
cada planta recebe exatamente a
quantidade de insumo que necessita,
nem mais, nem menos. Segudno André Colaço, engenheiro agrônomo
responsável pelo
estudo, atualmente qualquer operação
de manejo
dentro de um
pomar é conduzida de maneira uniforme
sem considerar as diferenças existentes dentro dele. “Esse projeto visa
quebrar esse paradigma, ou seja,
cada planta deve receber a quantia
exata necessária de acordo com medições precisas por sensores”, explica
André Colaço, que conta também
com a orientação do coordenador do
LAP, professor José Paulo Molin.
Nesta fase inicial do trabalho,
Colaço revela que a pesquisa está focada em medir de forma detalhada
ANDRÉ COLAÇO
Pesquisa com
agricultrua de precisão
em citrus pode elevar a
eficiência dos pomares
2 - EQUIPADOS
com ultrassom, esses
aparelhos medem o
volume da copa das
árvores
3 - AS INFORMAÇÕES
são analisadas e
enviadas em tempo
real para um computador
de bordo
4 - COM OS DADOS,
a máquina faz a análise
automaticamente e guia a
aplicação de insumos com base
na necessidade de cada planta
a variabilidade das plantas existentes
nos pomares comerciais, com o objetivo de estimar o potencial benefício
dessa tecnologia. “Se o foco é tratar
planta a planta de forma diferenciada, quanto maior a variabilidade dos
pomares maior é o potencial benefício da tecnologia”, revela Colaço.
De acordo com o pesquisador, o que
se espera nas medições é justamente
FOTOS: JULIO VILELA E ARQUIVO
encontrar variações entre plantas,
mesmo em curtas distâncias. “Isso se
dá por causa da disseminação cada
vez maior de doenças”, afirma.
Por enquanto, o sistema está em
fase final de ajustes ainda no laboratório e a previsão é de que os primeiros testes com a leitura de campo comecem nos próximos meses e
sejam concluídos até 2016. Colaço
explica que esse estudo é pioneiro
no Brasil, embora já existam sistemas similares mais desenvolvidos
na Europa e nos Estados Unidos. Ele
cita como exemplo o caso da Espanha, país que está na dianteira na
pesquisa e no desenvolvimento de
sistemas de agricultura de precisão
para aumento da produção em culturas como a uva, a oliveira, a maçã
e até de citrus. “Nessas regiões, relatos de uso da prática já são observados e a redução no uso de agroquímicos pode atingir 50%”, afirma.
De acordo com o pesquisador,
na prática, o equipamento poderá
ser utilizado para fazer adubações e
pulverizações. O objetivo do sistema
é que as aplicações e a variação de
doses sejam guiadas em tempo real,
sem qualquer interferência do operador. “O objetivo é que o equipamento
gere equações que traduzam as leituras dos sensores em recomendações
agronômicas, ajudando a melhorar o
manejo dos pomares”, conclui. l
CITRUSBR agosto 2014 | 29
tecnologia
SEM DOENÇAS:
empresas investem em
novas tecnologias voltadas
para a citricultura
Novas armas
para proteger seu
pomar
Uma nova geração de moléculas e princípios
ativos chega ao campo para revolucionar o
controle sanitário dos pomares
Poucas culturas sofrem tanto
com a incidência de pragas e doenças como a citricultura. São insetos,
vírus e bactérias que atrapalham o
desenvolvimento das plantas, afetam
a qualidade dos frutos e, principalmente, podem devorar uma boa
parte dos ganhos da produção. Nos
últimos anos, algumas das principais
empresas agroquímicas que atuam
no País desenvolveram uma nova
geração de produtos, criados a partir
de novas moléculas e diferentes princípios ativos, que prometem revolucionar a sanidade nos pomares.
30 | CITRUSBR agosto 2014
Um exemplo disso é a multinacional japonesa Arysta, que acaba de
lançar no mercado brasileiro um novo
acaricida feito a partir de uma molécula desenvolvida para ter ação de
choque. “Trata-se de um novo grupo
químico e novo ingrediente ativo.
RICARDO
BALDASSARI:
Em testes, modelo da
Bayer reduziu em 29% o
número de plantas com
sintomas do greening
Uma novidade mundial, lançada quase simultaneamente no Brasil, Estados
Unidos e Europa”, destaca o gerente
de produtos e mercados HF da Arysta,
Eduardo Figueiredo. De acordo com a
empresa, a nova molécula afeta a respiração celular dos ácaros. Isso prolongaria o efeito do produto, aumentando
a proteção as plantas. “Trata-se de um
novo conceito de manejo de ácaros”,
garante Figueiredo.
Outra companhia que investiu em
um novo ingrediente ativo no combate de pragas é a Ihara. A empresa
desenvolveu um acaricida que utiliza
uma substância chamada Cyflumetofen, que controla o ácaro da leprose. “Esse produto tem um mecanismo
que confere ação de choque sobre ácaros, eliminando a praga por contato”,
diz o consultor de Desenvolvimento
de Mercado, Rodrigo Naime.
Já a multinacional alemã, Bayer,
aposta em um novo inseticida focado no combate ao greening. A grande novidade do produto está no modelo de aplicação diferenciado, feito
via tronco. Sistema testado durante
quatro anos. “Se comparado ao tratamento convencional de inseticidas
do produtor, tivemos um aumento
médio de 7% em produtividade,
uma redução de 40% no número de
aplicações de inseticidas e
29% menos de plantas
com sintomas de
HLB”, revela o
gerente de Cultura Citrus da
Bayer CropScience, Ricardo
Baldassari. l
ESPECIAL
Consumo
a nossa
locomotiva
NUMA SÉRIE DE ARTIGOS QUE COMEÇA
NESTA EDIÇÃO, O PROFESSOR MARCOS FAVA
NEVES, TITULAR DA FEA/USP DE RIBEIRÃO
PRETO E SÓCIO DA CONSULTORIA
MARKESTRAT, ANALISA O COMPORTAMENTO
DO CONSUMO DE SUCO DE LARANJA NO
MUNDO E MOSTRA AS PRINCIPAIS
TENDÊNCIAS DO MERCADO MUNDIAL
Por Marcos Fava Neves, Vinicius Gustavo
Trombin e Rafael Bordonal Kalaki
Série consumo mundial de suco de laranja
A força que puxa a
laranja
O consumo mundial, responsável por 98% das vendas de suco
de laranja do Brasil, é a principal locomotiva da citricultura.
Entenda os desdobramentos das constantes quedas nas
vendas e o que isso significa para todo o setor
Começamos com este texto uma contribuição periódica ao informativo da
CitrusBR, um radar sobre o consumo mundial do suco e de seus concorrentes
e um laboratório de hipóteses. Consideramos esta análise de grande importância à cadeia produtiva da laranja no Brasil, que é basicamente exportadora,
pois deixaremos dados que muitas vezes ficam escondidos em diversas fontes
à disposição de industriais, produtores, empresas de insumos e todos que fazem parte desta importante cadeia produtiva do agronegócio brasileiro.
Na última década, a população dos 40 principais mercados
consumidores de suco de laranja, que representam quase
100% do consumo mundial, aumentou 8,7%, enquanto o
Produto Interno Bruto (PIB) desses países registrou um
crescimento de 67,3%. Do ponto de vista per capita, esse
aumento na produção de riquezas foi de 53,9%, associado
a um ganho líquido de renda de 56,8%. Em contrapartida, o consumo de suco de laranja sofreu uma retração
de 11,1% (Tabela 1, página 40) em valores absolutos e de
18,2% em consumo por pessoa, sempre considerando os
40 países. É importante destacar, em se tratando de demanda, que o Brasil como pulmão de suco de mundo tem
suas vantagens e desvantagens. A tabela 02 (página 42), que
cruza os dados de exportações da Secex com os dados de consumo, mostra grande aderência entre a queda apontada
na
na demanda mundial e a retração das exportações via porto de Santos.
32 | CITRUSBR agosto 2014
Série consumo mundial de suco de laranja
Isso acende um sinal amarelo:
enquanto a demanda recuou 11,1%
as exportações diminuíram 17,8%
no mesmo período, entre os anos de
2004 e 2013. Isso pode ser explicado
pelo fato de que os países sempre
priorizam consumir suas produções
locais. No caso da Europa, Espanha e
Itália são exemplos, enquanto nos Estados a Flórida é a referência. O resultado final é que, quando a demanda
cai, o primeiro a sofrer é o fornecedor
de fora, no caso o Brasil. E quando
a demanda se recupera o último a se
beneficiar também é o fornecedor de
fora, mais uma vez o Brasil, sempre
em posição caudatária.
Os dados acima fazem parte de
um trabalho de monitoramento
que realizamos, via Markestrat, nos
últimos quatro anos e lança mão
de grande número de fontes disponíveis para se analisar o mercado
mundial de bebidas e o de laranja
em particular. São dados que recebemos de diversas organizações com grande apoio
de entidades e empresas como Associação Europeia de Sucos de Fruta
(AIJN), CitrusBR, Concreto Brasil,
Euromonitor, Florida Citrus Commission, Florida Department of
Citrus, IRI, Nielsen, Planet Retail,
Tetra Pak (que possui um dos maiores bancos de dados de bebidas do
mundo) USDA, World Bank, e profissionais que trabalham em indústrias de envasamento e distribuição
de suco e organizações varejistas.
Em termos de consumo, muitas
informações têm sido analisadas.
Do comportamento sociocultural
desses mercados até o ambiente de
negócios, da competição do suco de
laranja com outras bebidas não alcoólicas dentro das próprias empresas envasadoras ao efeito das marcas
próprias (Private Labels) frente às
grandes marcas e no varejo.
Com essas diversas fontes é possível cruzar informações e fazer raio
X do consumo mundial de suco de
laranja sob diversas ópticas.
E é isso que veremos a
seguir e nos próximos artigos desta
série, que depois se transformarão
em um livro de tendências de consumo e do consumidor de suco.
Ao se comparar o consumo total
de suco de laranja entre os anos de
2004 e 2013, nota-se que 267 mil toneladas de FCOJ equivalente 66º brix
deixaram de ser tomadas anualmente. Isso representa uma diminuição
no volume de vendas das envasadoras, elo da cadeia imediatamente
seguinte à indústria brasileira e anterior ao varejo, que resultou numa
perda de quase 75 milhões de caixas
de laranja (Tabela 3, página 42) de
40,8 kg que deixaram de ser vendidas
ao ano na forma de suco. Para esse
cálculo, admitimos como base o rendimento industrial apurado em São
Paulo na safra 2013/14.
Nos últimos 10 anos, caso o consumo mundial tivesse se mantido
nos mesmos 2,4 milhões toneladas de
FCOJ equivalente a 66º brix observados em 2004, a soma total do consumo no período teria sido de 24,1
milhões de toneladas. Porém, devido
à queda na demanda, o mundo consumiu apenas 22,7 milhões de toneladas. Com tal retração, a citricultura
mundial perdeu um consumo de 1,4
milhão de toneladas acumuladas no
período. Hoje, as exportações brasileiras ocorrem a um ritmo anual de
1,08 milhão de toneladas.
No fim das contas, em dez anos, o
mundo deixou de beber mais de uma
safra brasileira, considerando-se um
rendimento industrial anual médio
de 260 caixas para a produção de
uma tonelada de FCOJ Equivalente
66º brix. Este exercício pode ser feito
com outros rendimentos também,
aliviando ou até piorando os resultados. E para o produtor ter mais claro
o que isso significa, é possível afirmar que, caso a demanda tivesse se
mantido estável desde 2004, teriam
sido necessários mais 363 milhões
de caixas de laranja de 40,8 kg para
abastecer esse mercado.
Uma das regiões que mais sofrem
com a queda de demanda é a região
da América do Norte, com Estados
Unidos e Canadá. Apesar de na safra
passada ter apresentado ligeira recuperação, voltou a cair e é consenso em
todos os estudos disponíveis que os
mercados tradicionais sofrem mais
em do que o mundo emergente, que
até cresce, ainda que sobre bases de
vendas muito pequenas. A preocupante situação nos Estados Unidos
será alvo de análise na próxima edição desta revista CitrusBR.
Em decorrência de todas essas
transformações que vêm acontecendo nos mercados consumidores
percebemos um nítido deslocamento
no eixo central de consumo do suco
de laranja e com isso a participação
do consumo da América do Norte
por nós compreendida entre EUA e
Canadá em relação ao consumo total
mundial caiu em 10 anos de 48%
para 39% (Tabela 4, página 43).
Da mesma forma que os Estados
Unidos passam a representar uma
parcela menor do consumo total
mundial, o Brasil também diminui
sua representatividade no volume
total consumido pelos americanos.
Enquanto na safra 1992/93 representávamos 88,5% das remessas recebidas pelos Estados Unidos, na safra
2002/03 caímos para 78,4% e em
2012/13 ficamos com apenas 56,4%
(Tabela 5, página 43).
Essa perda de participação aconteceu principalmente para o México
e Costa Rica que devido ao acordo de
isenção tributária do NAFTA adentram com seu suco de laranja nos
Estados Unidos com alíquota zero
de imposto de importação. Já o suco
brasileiro paga hoje US$ 407 por tonelada de FCOJ ou U$1,60 por caixa
de laranja. Em outras palavras, as
indústrias mexicana e costa-riquenha
crescem atreladas aos Estados Unidos
e em cima do produto brasileiro. No
fim do dia, o suco de laranja brasileiro
participa cada vez menos da oferta
total na America do Norte compreendida por EUA e Canadá, ficando com
apenas 18,4% de tudo o que se consumiu por lá no último ano-safra. l
Série consumo mundial de suco de laranja
Gosto se discute ou
não se
discute?
O crescimento populacional impulsiona outras commodities, mas
não o suco de laranja. Preço, hábitos de consumo e produtos exóticos
são explicações para as mudanças que afetaram o passado, afetam o
presente e afetarão o futuro deste mercado mundial
Na década de 1980, o Brasil
chegou a importar carne para seu
consumo. Hoje, somos os maiores
exportadores de proteína animal do
mundo, num show de desempenho
das cadeias produtivas bovina, avícola e suinícola. Em 1980, o Cerrado
brasileiro engatinhava na produção
de soja. Hoje rivalizamos com os
Estados Unidos o posto de maior
produtor mundial, falta pouco para
que os passemos, mas encabeçamos a
lista de maior exportador em diversas oportunidades.
O Brasil se transformou numa
verdadeira máquina exportadora
no agronegócio. Veja que o agro no
primeiro semestre de 2014 escapou
do percalços da economia brasileira
e do fiasco da seleção do Felipão. As
exportações de junho (US$ 9,61 bilhões), se comparadas com o mesmo
período de 2013 (US$ 9,18 bi), aumentaram 4,7%. O saldo na balança
do agro foi de US$ 8,40 bilhões, um
crescimento de 6,3% em relação a
junho de 2013, graças também às
importações brasileiras, que diminuíram 3,8% no mês. Os demais produtos brasileiros fora do agro tiveram
uma expressiva e preocupante queda
de 9,2% nas exportações
(US$ 11,9 bilhões em 2013, para
US$ 10,8 bilhões em 2014), o que
levou a participação do agronegócio
nas exportações a alcançar incríveis 47% em relação às
exportações totais do
Brasil, ou seja, o agro foi responsável
em mais um mês por quase metade
de tudo que o Brasil exportou. Se não
fosse o agronegócio, a balança comercial brasileira teria um déficit de US$
43,3 bilhões acumulados no ano.
Um dos pioneiros e até inspirador
deste desempenho foi o suco de laranja nacional, que ganhou o mundo
muito antes de a maioria desses “novos” produtos terem ingressado no
radar de nossas exportações.
A FAO – Organização das Nações
Unidas para a Agricultura e Alimentação estima que até o ano de 2050
seremos 9 bilhões de habitantes, 2
bilhões a mais do que hoje. E, para
alimentar toda essa gente, apenas o
Brasil terá de incrementar sua produção em pelo menos 40%. E uma das
perguntas que façam é: conseguirá o
suco de laranja surfar nessa onda?
Diferentemente do que tem
acontecido com outras commodities
agrícolas, o suco de laranja não tem
se beneficiado da crescente demanda
mundial por alimentos. Há questões
ligadas a preço, hábitos de consumo
e até mesmo do interesse de algumas
empresas em ofertarem um produto
cuja margem pode ficar mais apertada
dependendo das variações do mercado internacional. Nos países “ricos”,
a exemplo do publicado na primeira
edição da Revista CitrusBR, campanhas contra obesidade e o consumo
de açúcar colocam os sucos de fruta,
independentemente do sabor, numa
posição delicada. Por outro lado,
nota-se que, quanto maior a renda
líquida per capita de um país, maior
é o consumo de suco 100% e menor o
de néctares e refrescos – campeões de
venda em regiões com menor poder
aquisitivo justamente por serem mais
baratos (Gráfico 1, tabelas 6, 7 e 8, páginas 44, 45 e 46).
Embora os americanos tenham
alcançado uma renda per capita média de US$ 39.901 em 2013, a categoria
de Refrescos foi responsável por 51%
de tudo que por aquelas bandas. Uma
das razões é a preferência de uma
parcela dos consumidores a outros
sabores de frutas nas modalidades
Punches e Ades. Nos Ponches de
Multifrutas, destacam-se sabores
como Berry, Cranberys, Uva, Morango, Grapefruit e Limão, com características exóticas de paladar, que não
se adéquam na forma de suco 100%.
Diferentes também são os hábitos
no Japão. Lá, a carne de preferência
é a de peixe e a bebida não alcoólica
mais consumida é um mix de vegetais
com forte predominância de cenoura. E esse é um mercado cuja renda
líquida per capita é foi de US$24.785
em 2013. E, mesmo assim, mostra
um baixíssimo consumo per capito
de suco de laranja - da ordem de 2,7
litros por habitante. A Itália, que
possui abundância de laranja e limão
de produção local, também mostra
um baixo consumo de 2,4 litros por
habitante. Isso porque, a exemplo do
Brasil, a fruta espremida está mais
disponível em restaurantes, hotéis ou
residências. Vai entender... É por isto
que gosto... não se discute. l
Série consumo mundial de suco de laranja
Suco gostoso e saudável,
do Brasil e
para o Brasil
Fatores como o aumento de custos de produção e a valorização do
real diminuem a competitividade do suco de laranja brasileiro no
exterior e fazem com que o mercado interno seja uma nova opção a
ser explorada, algo que defendemos com unhas e dentes
Não são apenas os fatores externos que complicaram a vida da
cadeia produtiva da laranja no Brasil.
Doenças como o greening cuja cura
ainda não é conhecida ou o controle do cancro elevam os custos nos
pomares. E, a cada nova operação
que se coloca no campo, menos competitivo fica o produto na prateleira
e menos renda sobra no campo.
Também podemos destacar a valorização do real frente ao dólar, fato
que, aliás, atinge todo o agronegócio
e é tema de análises constantes da
Markestrat. Os custos com mão de
obra também vêm subindo de forma
acelerada nos últimos anos, assim
como o preço dos insumos agrícolas.
Mas não foi isso o que se observou.
Mesmo em dólar, muitos produtos
são mais caros hoje do que em tempos de moeda brasileira mais fraca.
Outro aspecto importante e um
pouco menos conhecido é a
diminuição do conteúdo
de suco na fruta brasileira. Ou, como se diz
no mercado, a piora do rendimento
industrial. Ainda assim, esse assunto
tem sido relatado em diversas publicações recentes, seja por nós, pela
MB Agro e ou por diversos grupos de
consultores que atuam no mercado
cítrico. Todos esses aspectos somados
também contribuem para a queda do
consumo mundial, uma vez que elevam os custos de produção em toda
a cadeia e tornam o produto menos
competitivo no universo de bebidas à
disposição dos consumidores.
Diante de um cenário externo
cada vez mais desafiador, muitas
atenções se voltam para o mercado
interno como uma possível saída para
a citricultura brasileira. Hoje, o País
consome cerca de 120 milhões de
caixas de laranja na forma in natura,
sendo quase metade vindos dos pomares paulistas e o restante de Bahia,
Sergipe, Paraná e Rio Grande do Sul.
Do ponto de vista de suco industrializado, é o décimo mercado consumidor mais importante, com cerca de 55
mil toneladas consumidas ao ano e
um enorme potencial de crescimento.
Essa é a maior janela de oportunidade para que no médio prazo se
desenvolva um novo polo capaz de
trazer de volta a expansão do plantio
de fruta ao invés da retração de área
e produção que se tem observado nos
últimos anos, principalmente entre
citricultores com menor produtividade
e por consequência maior custo de
produção. Para que essa oportunidade
se torne realidade, serão necessários
esforços coletivos que passam pelas
indústrias processadoras, envasadores
de suco, grandes marcas, varejistas e
governos. A Markestrat ajudou recentemente a estruturar um projeto de
redução de tarifas que foi apresentado
pela Câmara Setorial e a CitrusBR a
membros do governo em diversas esferas e que, dependendo da boa vontade,
pode culminar numa redução de impostos que seria capaz de impulsionar
toda a cadeia. Isso representa pouco
para o governo, ou quase nada, pois
hoje é um mercado irrelevante, que
quase não contribui com impostos. l
Série consumo mundial de suco de laranja
A concentração no
consumo mundial de
suco de laranja
Cada vez menos países são responsaveis pela maior parte da demanda
pela bebida. Com isso, qualquer mudança no padrão de consumo desses
mercados afeta diretamente tanto a indústria quanto os produtores
Há em um curso uma mudança
no eixo do consumo. Ao se debruçar
sobre os dados de 2013, é possível
notar uma altíssima concentração no
consumo de suco de laranja nos cinco
primeiros países, que representam
nada menos do que 61% do consumo
total (Tabela 9, página 47). Ao se esticar a régua um pouco mais, é possível
concluir que os dez maiores consumidores representam juntos 77% do
total. Ou seja, a concentração nessa
cadeia começa no mapa geográfico
do consumo antes mesmo do varejo,
das engarrafadoras, indústrias ou dos
produtores de fruta.
Tal comportamento de mercado
faz com se crie uma linha direta entre
os consumidores de Estados Unidos,
Alemanha, França, China, Rússia,
Reino Unido, entre outros, com produtores de fruta no interior de São
Paulo, separados às vezes por mais de
15 mil quilômetros e menos de um
gole de suco. Ou seja, o poder de compra, humor e vontades desses consumidores afetam diretamente a vida de
quem se dedica à citricultura no Bra-
sil. É como se fosse um grande duto
que leva suco do Brasil para outros
países. Se nesses destinos "fecha-se a
torneira", sobra fruta e suco no Brasil.
Nos 40 principais mercados, o
consumo de suco de laranja caiu
10,8% de 2003 a 2013, vindo de um
consumo mundial de 2,4 milhões de
toneladas de FCOJ Equivalente a 66º
Brix para 2,1 milhões de toneladas,
o que mostra as dificuldades enfrentadas por esta cadeia produtiva na
questão de mercados, principalmente
devido à concorrência com outras
bebidas, sejam elas a base de frutas,
chás, águas com sabor, água de coco,
energéticos e outras categorias.
Por representar quase 40% do
consumo mundial, os Estados Unidos
são o mercado mais importante a ser
analisado. Apesar do consumo de
suco de laranja ter caído 34% desde
o recorde de 1,1 milhão de toneladas estabelecido na safra 2000 até
as 729 mil toneladas observadas na
safra 2013, o fato interessante é que o
consumo para de cair e cresce 25 mil
toneladas de 2012 para 2013, mas volta a cair novamente nos dados mais
recentes que recebemos.
Após analisar os Estados Unidos
EUA, que representam 40% do consumo mundial, para facilitar o entendimento, agrupando cinco países que ficam com porcentagens entre 5 e 7,5%,
têm-se um grupo que representa 32%
do consumo mundial. Ele é formado
por Alemanha, França, China, Reino
Unido e Canadá. Destes, a Alemanha,
segundo mercado mais importante,
com 7,5% do consumo, também viu
o consumo cair 34% nos últimos 10
anos, porém ficou estável na análise
comparativa dos dois últimos anos. O
Canadá também ficou estável. Quem
teve incríveis 6% de queda em apenas
um ano foram a França e o Reino
Unido, quase 4% de queda.
Já a China cresceu de
quase 10% em um
ano, um consumo adicional de
12.000 toneladas. Na década,
a China cresce
171%, sendo o
único dos seis
grandes a apresentar resultados
animadores em
termos de consumo.
Tirando estes seis
países principais, todos os demais
representam menos de 5% do consumo mundial, volume abaixo das 70
mil toneladas/ano. Mas o agregado
destes países torna-se interessante
para uma análise mais aprofundada e
a principal mensagem que fica é que
o mercado de suco invariavelmente,
na comparação entre 2012 e 2013, cai
em países desenvolvidos e em alguns
emergentes em estágios mais elevados (Austrália, Espanha, Coreia do
Sul, Rússia, Holanda, Itália, Bélgica,
Suécia, entre outros) e o consumo
aumenta nos países em desenvolvimento, como o Brasil, África do Sul,
Argentina, Indonésia, Polônia. Mas
vale a ressalva que são mercados relativamente pequenos quando comparados aos grandes e onde o consumo
vem sendo puxado pelos néctares, que
usam menos suco na composição.
Outro ponto importante para
análise dos principais mercados é a
participação do sabor laranja dentro da
categoria de sucos 100%. Dos 40 maiores consumidores, 15 aumentaram sua
participação no sabor laranja, seis se
mantiveram estáveis enquanto 19 registraram diminuição de participação
no sabor laranja para outras frutas.
Ao nos debruçarmos nos néctares,
14 países aumentaram sua participação, dois se mantiveram estáveis e
23 países registraram diminuição de
participação no sabor laranja, cedendo
espaço para outras frutas (Tábela 10,
página 48). Um detalhe interessante:
no ano de 2004 não havia registro de
vendas de néctar sabor laranja nos Estados Unidos, enquanto em 2013 esse
sabor já representou 5% do volume
total de néctares vendidos em território americano. A introdução dessa
categoria aconteceu via Tropicana, que
lançou o Trop 50, cujo conteúdo é 40%
NFC e o restante de água. O apelo é
para um produto com sabor próximo
ao suco 100% e metade das calorias.
Contudo, para o mercado, a PepsiCo
relatou que a decisão de reduzir o
conteúdo de suco, com o lançamento
do Trop 50, partira da necessidade de
aumento de margens de lucro.
Obviamente não se pode atribuir
ao mercado todos os problemas na
cadeia. Há também questões relacionadas a mudanças nos hábitos de consumo das diferentes populações que
consomem o suco de laranja brasileiro.
A frequência no café da manhã em
família é uma delas. Cerca de 75% do
consumo de suco de laranja acontece
nessa ocasião. Outro aspecto é a preferência de jovens por embalagens menores para bebidas “on the go”, ou seja,
que se consome em trânsito. A busca
do consumidor por produtos com
maior quantidade de benefícios pelo
menor preço também deve ser levada
em consideração. E, claro, o desinteresse do varejo, com as chamadas private
labels, cujo único interesse é vender um
produto mais barato do que as marcas
de referência, independentemente da
origem, sabor ou benefício. Em anos de
alta de suco de laranja, dentro dessa lógica de mercado, o varejo impulsiona a
venda de outros sabores cujas margens
sejam mais elevadas.
A essa lista ainda podemos acrescentar o fato de que muitas empresas
focam na diminuição das embalagens com preço proporcional mais
elevado, cujo impacto é direto no
consumo porque literalmente se paga
mais por menos. E, fechando esse
quadro, podemos adicionar a diminuição da quantidade de suco em
refrigerantes como Fanta e refrescos
tipo Sunny Delight. E quando juntamos todos esse fatores num período
só, no caso, esta última década, temos a chamada tempestade perfeita.
Nosso desafio é sair dela e é para isso
que estamos trabalhando. l
CITRUSBR agostoo 2014 | 41
Série Consumo de Suco de Laranja
Tabela 1
Cruzamento de dados demográficos com a demanda de suco de
ÍNDICES DEMOGRÁFICOS E
DE CONSUMO
POPULAÇÃO EM
1º DE JANEIRO
PIB
ANUAL
MILHÕES DE HABITANTES
2004
2013
PIB
PER CAPITA
BILHÕES DE DÓLARES
VAR.
2004
2013
laranja
DÓLARES POR
VAR.
2004
2013
RENDIMENTO ANUAL
LÍQUIDO PER CAPITA
HABITANTE
VAR.
CONSUMO TOTAL
DE SUCO DE LARANJA
DÓLARES POR HABITANTE
CONSUMO PER CAPITA DE
DE SUCO DE LARANJA
MILHARES TONS FCOJ EQUIV.
2004
2013
VAR.
U$ 4.290
U$ 6.475
50,9%
2004
2013
LITROS POR HABITANTE
VAR.
2004
2013
VAR.
MUNDO
6.389,1
7.095,2
11,1%
40 MERCADOS SELECIONADOS
4.416,8
4.800,8
8,7%
$ 39.370
$ 65.863
67,3%
$ 8.914
$ 13.719
53,9%
$ 5.787
$ 9.072
56,8%
2.412
2.145
-11,1%
2,99
2,44
-18,2%
292,9
316,4
8%
$ 12.277
$ 16.800
37%
$ 41.917
$ 53.104
27%
$ 29.232
$ 39.901
36%
1.028
729
-29%
18,7
12,3
-34%
1º
ESTADOS UNIDOS
2º
ALEMANHA
82,5
81,8
-1%
$ 2.746
$ 3.635
32%
$ 33.273
$ 44.413
33%
$ 22.428
$ 29.150
30%
228
167
-27%
15,6
11,5
-26%
3º
FRANÇA
60,5
63,8
6%
$ 2.062
$ 2.734
33%
$ 34.104
$ 42.850
26%
$ 22.380
$ 28.212
26%
147
149
1%
13,7
13,1
-4%
4º
CHINA
1.292,3
1.354,0
5%
$ 1.937
$ 9.128
371%
$ 1.499
$ 6.741
350%
$ 873
$ 4.130
373%
49
136
178%
0,2
0,5
165%
5º
REINO UNIDO
59,7
63,9
7%
$ 2.202
$ 2.540
15%
$ 36.893
$ 39.754
8%
$ 23.250
$ 26.550
14%
139
123
-12%
13,1
10,8
-17%
6º
CANADÁ
32,0
35,2
10%
$ 992
$ 1.825
84%
$ 30.994
$ 51.859
67%
$ 17.886
$ 29.774
66%
119
110
-7%
19,8
16,7
-16%
7º
JAPÃO
127,8
127,3
-0%
$ 4.606
$ 4.902
6%
$ 36.044
$ 38.497
7%
$ 22.440
$ 24.785
10%
97
65
-33%
4,0
2,7
-33%
8º
RÚSSIA
144,2
143,4
-1%
$ 592
$ 2.094
254%
$ 4.104
$ 14.604
256%
$ 2.315
$ 8.723
277%
59
64
8%
2,3
2,5
8%
9º
BRASIL
181,6
200,4
10%
$ 664
$ 2.243
238%
$ 3.655
$ 11.197
206%
$ 2.278
$ 7.250
218%
37
61
63%
1,1
1,6
48%
10º AUSTRÁLIA
20,3
23,1
14%
$ 657
$ 1.496
128%
$ 32.455
$ 64.773
100%
$ 19.938
$ 42.077
111%
55
51
-7%
17,2
14,0
-18%
11º ESPANHA
42,3
46,7
10%
$ 1.045
$ 1.358
30%
$ 24.669
$ 29.087
18%
$ 15.849
$ 18.707
18%
45
38
-16%
6,0
4,6
-24%
12º COREIA DO SUL
48,0
50,2
5%
$ 722
$ 1.207
67%
$ 15.029
$ 24.040
60%
$ 9.579
$ 13.505
41%
43
36
-16%
4,8
3,9
-19%
13º POLÔNIA
38,2
38,5
1%
$ 253
$ 516
104%
$ 6.619
$ 13.398
102%
$ 4.494
$ 8.147
81%
33
32
-4%
4,9
4,6
-5%
14º ÁFRICA DO SUL
46,5
52,8
14%
$ 219
$ 351
60%
$ 4.716
$ 6.644
41%
$ 2.856
$ 4.187
47%
21
31
49%
2,4
3,1
31%
103,0
117,5
14%
$ 758
$ 1.259
66%
$ 7.361
$ 10.719
46%
$ 4.950
$ 7.550
53%
29
30
3%
1,5
1,4
-10%
16,3
16,8
3%
$ 610
$ 802
31%
$ 37.525
$ 47.732
27%
$ 19.209
$ 22.607
18%
37
30
-19%
12,8
10,0
-22%
17º ARÁBIA SAUDITA
23,1
29,3
27%
$ 250
$ 776
210%
$ 10.856
$ 26.458
144%
$ 3.689
$ 7.682
108%
16
29
82%
3,6
5,2
43%
18º ARGENTINA
38,4
41,5
8%
$ 153
$ 489
219%
$ 3.991
$ 11.781
195%
$ 2.542
$ 6.962
174%
5
27
479%
0,6
3,5
436%
15º MÉXICO
16º HOLANDA
19º ITÁLIA
57,9
61,1
5%
$ 1.728
$ 2.069
20%
$ 29.856
$ 33.883
13%
$ 20.561
$ 22.806
11%
33
26
-20%
3,2
2,4
-24%
20º BÉLGICA
10,4
11,1
7%
$ 361
$ 507
40%
$ 34.746
$ 45.510
31%
$ 20.548
$ 27.515
34%
22
21
-4%
12,0
10,8
-10%
21º SUÉCIA
9,0
9,6
6%
$ 362
$ 554
53%
$ 40.340
$ 57.974
44%
$ 20.028
$ 29.970
50%
24
19
-21%
14,8
11,0
-26%
22º NORUEGA
4,6
5,1
10%
$ 259
$ 511
98%
$ 56.492
$ 101.136
79%
$ 27.148
$ 44.789
65%
13
17
31%
16,2
19,2
19%
23º ÁUSTRIA
24º CHILE
25º SUÍÇA
26º TURQUIA
27º UCRÂNIA
8,1
8,5
4%
$ 289
$ 416
44%
$ 35.519
$ 49.033
38%
$ 20.399
$ 29.947
47%
18
17
-4%
12,3
11,3
-8%
16,1
17,6
9%
$ 96
$ 282
195%
$ 5.931
$ 16.044
170%
$ 3.689
$ 10.572
187%
6
15
147%
2,1
4,7
126%
7,4
8,0
9%
$ 363
$ 652
80%
$ 49.286
$ 81.153
65%
$ 31.901
$ 50.898
60%
14
14
-3%
10,9
9,7
-11%
67,2
75,6
12%
$ 392
$ 817
108%
$ 5.837
$ 10.813
85%
$ 4.190
$ 7.992
91%
4
11
203%
0,3
0,8
170%
47,4
45,4
-4%
$ 65
$ 181
179%
$ 1.368
$ 3.985
191%
$ 842
$ 3.258
287%
10
10
6%
1,2
1,3
10%
28º INDONÉSIA
216,4
247,2
14%
$ 257
$ 868
238%
$ 1.188
$ 3.513
196%
$ 808
$ 2.057
154%
3
10
249%
0,1
0,2
206%
29º FINLÂNDIA
5,2
5,4
4%
$ 189
$ 257
36%
$ 36.202
$ 47.350
31%
$ 19.441
$ 27.966
44%
13
10
-27%
14,5
10,2
-29%
30º DINAMARCA
5,4
5,6
4%
$ 245
$ 332
35%
$ 45.363
$ 59.176
30%
$ 20.845
$ 28.536
37%
12
10
-22%
12,7
9,6
-25%
-40%
31º IRLANDA
32º GRÉCIA
33º ÍNDIA
34º MARROCOS
35º NOVA ZELÂNDIA
4,0
4,6
14%
$ 185
$ 219
18%
$ 45.986
$ 47.692
4%
$ 22.595
$ 23.306
3%
13
9
-32%
18,8
11,2
11,0
11,4
3%
$ 231
$ 241
5%
$ 20.905
$ 21.231
2%
$ 14.670
$ 14.579
-1%
11
8
-29%
5,8
4,0
-31%
1.086,1
1.246,0
15%
$ 715
$ 1.900
166%
$ 658
$ 1.525
132%
$ 528
$ 1.253
137%
1
8
701%
0,0
0,0
598%
30,2
32,9
9%
$ 57
$ 105
84%
$ 1.889
$ 3.178
68%
$ 1.366
$ 2.217
62%
1
7
846%
0,1
1,2
766%
-14%
4,1
4,5
10%
$ 88
$ 174
98%
$ 21.471
$ 38.526
79%
$ 12.524
$ 23.109
85%
6
6
-5%
9,7
8,3
36º COLÔMBIA
42,4
48,3
14%
$ 114
$ 377
231%
$ 2.684
$ 7.798
191%
$ 1.907
$ 5.044
165%
3
4
29%
0,4
0,5
13%
37º TAIWAN
22,6
23,3
3%
$ 340
$ 489
44%
$ 15.042
$ 20.980
39%
$ 8.358
$ 13.937
67%
6
4
-28%
1,4
1,0
-30%
38º ISRAEL
6,8
8,0
18%
$ 127
$ 292
130%
$ 18.629
$ 36.337
95%
$ 10.387
$ 21.922
111%
5
4
-20%
4,3
2,9
-32%
39º FILIPINAS
83,3
98,4
18%
$ 87
$ 277
218%
$ 1.044
$ 2.812
169%
$ 728
$ 2.150
196%
3
4
30%
0,2
0,2
10%
40º ROMÊNIA
21,7
20,7
-5%
$ 76
$ 188
148%
$ 3.491
$ 9.101
161%
$ 2.206
$ 5.302
140%
3
3
3%
0,9
0,9
8%
DEMAIS PAÍSES
1.972,3
2.294,4
16%
U$ 939
U$ 1.042
11%
42 | CITRUSBR agosto 2014
CITRUSBR agosto 2014 | 43
Série Consumo de Suco de Laranja
Tabela 2
Tabela 4
Cruzamento de dados de queda de
consumo de suco de laranja apontado por
Markestrat com a queda das exportações
via Santos apontadas pela Secex
Participação regional
no consumo de suco
de laranja
CONSUMO TOTAL
DE SUCO DE LARANJA
NOS 40 PAÍSES SELECIONADOS
FONTE: MARKESTRAT
ANO CALENDÁRIO
Mil Tons
de FCOJ
Equiv. 66ºB
EXPORTAÇÕES TOTAIS
DE SUCO DE LARANJA
VIA PORTO DE SANTOS
FONTE: SECEX
Taxa de
Cresc.
Anual
Mil Tons
de FCOJ
Equiv. 66ºB
ANO SAFRA
Taxa de
Cresc.
Anual
2004
2013
Mil Tons
de FCOJ
Equiv. 66ºB
Mil Tons
de FCOJ
Equiv. 66ºB
TOTAL DOS 40 PAÍSES
SELECIONADOS
100%
100%
AMÉRICA DO NORTE
(EUA + CANADÁ)
48%
39%
EUROPA
36%
36%
2004
2.412
0,3%
2004/05
1.324
9,3%
ÁSIA
8%
12%
2005
2.397
-0,6%
2005/06
1.269
-4,2%
2006
2.346
-2,1%
2006/07
1.357
6,9%
8%
12%
2007
2.298
-2,1%
2007/08
1.254
-7,6%
AMÉRICA LATINA,
OCEANIA, ÁFRICA,
ORIENTE MÉDIO
2008
2.246
-2,3%
2008/09
1.147
-8,5%
2009
2.272
1,2%
2009/10
1.206
5,1%
2010
2.255
-0,8%
2010/11
1.100
-8,7%
2011
2.228
-1,2%
2011/12
1.095
-0,5%
2012
2.123
-4,7%
2012/13
1.092
-0,3%
2013
2.145
1,1%
2013/14*
1.088
-0,3%
2013 Vs 2004
-267
-11,1%
13/14 Vs 04/05
-236
-17,8%
Consumo de FCOJ equivalente a 66° Brix não inclui suco de
laranja utilizado em carbonatados
Tabela 5
Participação do suco de laranja brasileiro no
consumo total e nas importações norte-americanas
SAFRA NOS ESTADOS UNIDOS - OUTUBRO/SETEMBRO
Ano Safra compreendido entre Julho e Junho *Última
estimativa da CitrusBR (junho/14)
Tabela 3
Variação de consumo de suco
de laranja por região
2004
OSCILAÇÃO DE CONSUMO
POR REGIÃO
2013
Mil Tons
de FCOJ
Equiv. 66ºB
VARIAÇÃO ENTRE 2004 E 2013
Mil Tons
de FCOJ
Equiv. 66ºB
Mil Tons
de FCOJ
Equiv. 66ºB
Percentual
Milhões de
Caixas de
Laranja Equiv.
TOTAL DOS 40 PAÍSES SELECIONADOS
2.412
2.145
-267
-11,1%
-75
AMÉRICA DO NORTE (EUA + CANADÁ)
1.146
839
-307
-26,8%
-87
EUROPA
880
778
-102
-11,6%
-29
ÁSIA
201
263
62
30,6%
17
AMÉRICA LATINA, OCEANIA, ÁFRICA, ORIENTE MÉDIO
184
265
81
43,9%
23
Variação de consumo entre 2004 e 2013 convertido em Milhões de Caixas de Laranja Equiv. base rendimento industrial de 282 caixas de laranja
para 1 ton de FCOJ Equiv. apurado em São Paulo na safra 2013/14
44 | CITRUSBR agosto 2014
92-93
02-03
12-13
PRODUÇÃO INTERNA DE SUCO DE LARANJA
Tons Equiv.66º
644.457
882.864
614.878
Flórida
Tons Equiv.66º
596.013
845.240
593.485
Califórnia/Arizona
Tons Equiv.66º
48.161
35.785
20.283
Texas
Tons Equiv.66º
283
1.839
1.110
IMPORTAÇÃO DE SUCO DE LARANJA
Tons Equiv.66º
210.950
100,0%
205.756
100,0%
297.387
100,0%
Brasil
Tons Equiv.66º
186.603
88,5%
161.341
78,4%
167.835
56,4%
México
Tons Equiv.66º
10.769
5,1%
9.522
4,6%
87.031
29,3%
Costa Rica
Tons Equiv.66º
1.703
0,8%
20.329
9,9%
26.153
8,8%
Belize
Tons Equiv.66º
6.940
3,3%
5.757
2,8%
8.330
2,8%
Canadá
Tons Equiv.66º
524
0,2%
1.795
0,9%
5.975
2,0%
República Dominicana
Tons Equiv.66º
235
0,1%
1.092
0,5%
428
0,1%
Honduras
Tons Equiv.66º
2.664
1,3%
895
0,4%
329
0,1%
Outros países
Tons Equiv.66º
1.512
0,7%
5.024
2,4%
1.304
0,4%
OFERTA TOTAL DE SUCO DE LARANJA:
PRODUÇÃO INTERNA + IMPORTAÇÃO
Tons Equiv.66º
PARTICIPAÇÃO DO SUCO BRASILEIRO NA
OFERTA TOTAL AOS EUA E AO CANADÁ
PERCENTUAL DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS
DESTINADAS À AMÉRICA DO NORTE
(EUA + CANADA)
855.407
1.088.620
912.265
% Do Total
21,8%
14,8%
18,4%
% Do Total
32,0%
20,0%
19,0%
Fontes: FDOC - Florida Department Of Citrus, Secex
CITRUSBR agosto 2014 | 45
Série Consumo de Suco de Laranja
Gráfico 1
Cruzamento de renda líquida per capita e consumo de suco de
laranja per capita em 2013
Consumo de Suco de Laranja per Capita
US$ 60.000
Renda Líquida per Capita
US$ 50.000
US$ 40.000
US$ 30.000
US$ 20.000
US$ 10.000
20 LITROS
18 LITROS
16 LITROS
14 LITROS
12 LITROS
10 LITROS
8 LITROS
6 LITROS
4 LITROS
2 LITROS
A
DI
ALEMANHA
DINAMARCA
FRANÇA
FINLÂNDIA
BÉLGICA
REINO
UNIDO
JAPÃO
IRLANDA
NOVA
ZELÂNDIA
ITÁLIA
HOLANDA
ISRAEL
ESPANHA
ÍN
A
CANADÁ
D O Á FR
SU IA
L
CH
IN
A
U
CR
ÂN
IA
M
AR
RO
CO
S
FI
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PI
N
AS
IN
DO
N
ÊS
IA
ÁUSTRIA
CO
RO
SUÉCIA
AR
LÔ
M
M
ÊN
BI
IA
A
TI
N
GE
BR
AS
N
IL
O
IC
ÉX
ESTADOS
UNIDOS
TU
M
RQ
U
IA
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TA
IA
N
LÔ
SS
IA
PO
AUSTRÁLIA
RÚ
NORUEGA
CO
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SU IA
L
CH
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SUÍÇA
TA
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EM
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IA
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S
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SU
A
ÁL
EG
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TR
ÍÇ
N
O
RU
SU
Tabela 6
IA
ES
TA
U
N DO
ID S
OS
0
A
U$ 0
Renda Líquida per Capita
Dólares por Habitante
$50.898
$44.789
$42.077
$39.901
$29.970
$29.947
$29.774
$29.150
$28.536
$28.212
$27.966
$27.515
$26.550
$24.785
$23.306
$23.109
$22.806
$22.607
$21.922
$18.707
Consumo de Suco de Laranja per Capita
Litros por Habitante
9,7
19,2
14,0
12,3
11,0
11,3
16,7
11,5
9,6
13,1
10,2
10,8
10,8
2,7
11,2
8,3
2,4
10,0
2,9
4,6
1.171
ÍNDICE
UNIDADE
Consumo Total - Sucos 100%, Néctares e Refrescos
Milhões de Litros
226
161
611
14.139
312
280
1.703
3.646
125
2.092
163
286
2.018
2.973
116
123
866
795
153
Consumo de Sucos 100%
Milhões de Litros
146
144
436
5.957
164
148
1.020
1.916
108
1.362
76
177
1.092
1.296
72
85
136
262
19
399
Consumo de Néctares
Milhões de Litros
64
9
174
1.004
54
86
322
650
1
314
19
31
199
289
14
10
625
244
29
348
Consumo de Refrescos
Milhões de Litros
Consumo Total - Sucos 100%, Néctares e Refrescos
Participação do Total
15
8
1
7.177
94
47
361
1.080
16
416
68
78
728
1.388
29
28
105
289
104
425
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
Consumo de Sucos 100%
Consumo de Néctares
Participação do Total
65%
90%
71%
42%
53%
53%
60%
53%
86%
65%
47%
62%
54%
44%
62%
69%
16%
33%
12%
34%
Participação do Total
29%
6%
29%
7%
17%
31%
19%
18%
1%
15%
12%
11%
10%
10%
12%
8%
72%
31%
19%
30%
Consumo de Refrescos
Participação do Total
7%
5%
0%
51%
30%
17%
21%
30%
13%
20%
42%
27%
36%
47%
25%
23%
12%
36%
68%
36%
Consumo Total de Suco de Laranja - FCOJ 66º Brix
Milhares de Toneladas
14
17
51
729
19
17
110
167
10
149
10
21
123
65
9
6
26
30
4
38
$1.253
INDONÉSIA
FILIPINAS
MARROCOS
UCRÂNIA
COLÔMBIA
ROMÊNIA
ARGENTINA
$13.505
$10.572
$8.723
$8.147
$7.992
$7.682
$7.550
$7.250
$6.962
$5.302
$5.044
$4.187
$4.130
$3.258
$2.217
$2.150
$2.057
1,0
3,9
4,7
2,5
4,6
0,8
5,2
1,4
1,6
3,5
0,9
0,5
3,1
0,5
1,3
1,2
0,2
0,2
0,03
Consumo Total - Sucos 100%, Nectares e Refrescos
Milhões de Litros
175
194
774
525
2.936
1.647
1.073
1.290
3.878
2.346
1.504
143
466
278
18.003
497
93
273
798
1.587
Consumo de Sucos 100%
Milhões de Litros
96
48
283
7
893
411
72
195
205
200
46
18
14
188
447
181
3
54
35
38
Consumo de Nectares
Milhões de Litros
40
54
203
442
1.662
190
663
346
577
1.205
330
27
47
78
1.178
285
90
9
64
191
BRASIL
ÍNDIA
$13.937
4,0
CHINA
$14.579
ÁFRICA
DO SUL
CHILE
Dólares por Habitante
Litros por Habitante
UNIDADE
MÉXICO
COREIA
DO SUL
ARÁBIA
SAUDITA
TAIWAN
Renda Líquida per Capita
Consumo de Suco de Laranja per Capita
ÍNDICE
RÚSSIA
GRÉCIA
POLÔNIA
TURQUIA
Tabela 7
Consumo de Refrescos
Milhões de Litros
39
91
287
77
382
1.046
337
750
3.096
940
1.128
97
405
11
16.379
31
210
699
1.359
Consumo Total - Sucos 100%, Nectares e Refrescos
Participação do Total
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
Consumo de Sucos 100%
Participação do Total
55%
25%
37%
1%
30%
25%
7%
15%
5%
9%
3%
13%
3%
68%
2%
36%
3%
20%
4%
2%
Consumo de Nectares
Participação do Total
23%
28%
26%
84%
57%
12%
62%
27%
15%
51%
22%
19%
10%
28%
7%
57%
97%
3%
8%
12%
Consumo de Refrescos
Participação do Total
22%
47%
37%
15%
13%
64%
31%
58%
80%
40%
75%
68%
87%
4%
91%
6%
0%
77%
88%
86%
Consumo Total de Suco de Laranja - FCOJ 66º Brix
Milhares de Toneladas
8
4
36
15
64
32
11
29
30
61
27
3
4
31
136
10
7
4
10
8
46 | CITRUSBR agosto 2014
CITRUSBR agosto 2014 | 47
Série Consumo de Suco de Laranja
Tabela 8
Tabela 9
Ranking dos 15 países com maior consumo per capita
de suco de laranja em 2013 e importantes economias
mundiais com baixo consumo per capita
Concentração no consumo de
suco de laranja nos 10 maiores
países consumidores
PAÍSES
ÍNDICES
MÉDIA 40 PAÍSES
SELECIONADOS
Per Capita
Oscilação Anual
Per Capita
1º NORUEGA
2º CANADÁ
3º AUSTRÁLIA
4º FRANÇA
5º ESTADOS
UNIDOS
6º ALEMANHA
7º ÁUSTRIA
8º IRLANDA
9º SUÉCIA
10º BÉLGICA
11º REINO UNIDO
12º FINLÂNDIA
13º HOLANDA
14º SUÍÇA
15º DINAMARCA
JAPÃO
BRASIL
RÚSSIA
ÍNDIA
CHINA
MEXICO
2004
3,0
16,2
2,6
-2,1%
19,3
8,6%
4,0%
1,4%
5,8%
1,4%
-3,0%
19,8
22,3
18,1
17,2
16,5
17,0
17,1
12,6%
-18,8%
-5,0%
-4,1%
3,2%
0,4%
17,2
13,7
18,7
15,6
12,3
Oscilação Anual
Per Capita
18,8
Oscilação Anual
Per Capita
14,8
Oscilação Anual
Per Capita
12,0
Oscilação Anual
Per Capita
13,1
Oscilação Anual
Per Capita
14,5
Oscilação Anual
Per Capita
12,8
Oscilação Anual
Per Capita
10,9
Oscilação Anual
Per Capita
12,7
Oscilação Anual
Per Capita
4,0
Oscilação Anual
Per Capita
1,09
Oscilação Anual
Per Capita
2,31
Oscilação Anual
Per Capita
0,00
Oscilação Anual
Per Capita
0,20
Oscilação Anual
Per Capita
Oscilação Anual
2011
2,7
-1,7%
19,3
Oscilação Anual
Per Capita
2010
2,7
0,3%
19,9
Oscilação Anual
Per Capita
2009
2,7
-3,1%
19,7
Oscilação Anual
Per Capita
2008
2,8
-2,9%
18,6
Oscilação Anual
Per Capita
2007
2,9
-2,9%
18,3
Oscilação Anual
Per Capita
2006
2,9
-1,5%
17,6
Oscilação Anual
Per Capita
2005
1,51
2012
2013 10 ANOS
2,4
-5,8%
19,3
2,4
-0,1%
19,2
-0,5
-18,2%
3,0
-0,2%
0,1%
-0,3%
18,6%
17,3
16,7
16,7
-3,1
1,3%
-3,4%
-0,1%
-15,6%
17,3
17,3
17,6
16,8
16,4
16,3
16,1
16,0
14,0
-3,1
0,7%
0,4%
1,6%
-4,8%
-2,1%
-0,7%
-1,2%
-0,8%
-12,2%
-18,2%
14,2
14,5
14,9
14,7
15,1
14,8
14,2
14,0
13,1
-0,5
3,6%
2,6%
2,5%
-1,0%
2,5%
-1,8%
-4,1%
-1,5%
-6,2%
-3,9%
17,8
16,5
15,6
14,5
14,8
13,9
13,5
12,0
12,3
-6,4
-4,7%
-7,3%
-5,5%
-7,2%
2,2%
-5,9%
-2,9%
-11,5%
2,7%
-34,3%
14,2
14,3
13,6
13,4
12,7
12,7
12,5
11,5
11,5
-4,1
-8,9%
1,0%
-5,3%
-1,0%
-5,6%
0,4%
-1,6%
-8,2%
-0,1%
-26,2%
12,3
11,9
11,5
11,2
11,3
11,3
12,0
11,6
11,3
-1,0
0,0%
-3,8%
-2,8%
-2,5%
0,9%
0,0%
5,7%
-3,2%
-2,6%
-8,2%
19,2
18,7
18,7
18,3
16,0
14,4
13,1
11,8
11,2
-7,6
2,3%
-2,7%
-0,0%
-2,2%
-12,7%
-10,0%
-8,9%
-10,2%
-4,6%
-40,4%
14,8
15,6
15,2
14,8
14,5
14,0
13,4
11,7
11,0
-3,9
0,0%
5,0%
-2,4%
-3,0%
-1,9%
-3,3%
-4,3%
-12,8%
-6,3%
-26,2%
12,1
12,7
12,5
12,2
12,1
11,7
11,6
11,1
10,8
-1,2
0,8%
4,8%
-1,5%
-2,3%
-0,6%
-3,6%
-0,5%
-4,2%
-3,1%
-10,1%
12,8
12,9
12,0
12,9
12,4
12,3
12,1
11,4
10,8
-2,3
-2,3%
1,2%
-7,2%
7,2%
-3,3%
-1,2%
-1,9%
-5,8%
-4,9%
-17,4%
15,5
14,4
12,0
11,0
12,1
11,6
11,5
10,7
10,2
-4,3
7,2%
-7,2%
-17,0%
-7,9%
9,4%
-3,9%
-0,8%
-6,7%
-4,7%
-29,4%
12,0
12,1
11,1
10,9
11,0
10,9
10,8
10,2
10,0
-2,8
-6,4%
1,4%
-8,6%
-1,8%
0,5%
-0,8%
-0,9%
-5,3%
-2,1%
-21,8%
10,7
10,2
10,4
10,4
10,2
10,1
10,0
9,9
9,7
-1,2
-1,7%
-5,0%
1,6%
-0,0%
-1,9%
-0,4%
-0,8%
-1,5%
-1,6%
-10,8%
12,5
12,2
11,5
11,2
10,9
10,6
10,0
9,5
9,6
-3,1
-1,2%
-2,7%
-6,0%
-1,9%
-2,9%
-3,0%
-5,2%
-4,9%
0,2%
-24,6%
4,0
4,0
3,8
3,3
3,2
3,2
2,7
2,7
2,7
-1,3
-2,1%
0,3%
-3,5%
-14,9%
-2,0%
0,4%
-16,7%
2,1%
-0,7%
-33,0%
1,16
1,19
1,05
1,07
1,15
1,25
1,35
1,53
1,62
0,52
6,5%
2,0%
-11,4%
2,0%
7,4%
8,8%
7,4%
13,5%
5,8%
48,0%
2,47
2,91
3,13
3,10
2,89
2,56
2,55
2,66
2,49
0,19
7,0%
18,1%
7,5%
-1,0%
-6,9%
-11,3%
-0,3%
4,2%
-6,1%
8,2%
0,01
0,01
0,02
0,02
0,02
0,02
0,03
0,03
0,03
0,03
28,7%
98,5%
50,5%
0,0%
1,2%
21,6%
25,8%
0,7%
16,5%
597,9%
0,23
0,26
0,30
0,34
0,38
0,47
0,50
0,49
0,54
0,33
15,6%
12,0%
16,7%
12,2%
11,1%
23,9%
6,5%
-1,8%
8,7%
165,5%
1,55
1,51
1,60
1,49
1,57
1,49
1,47
1,46
1,37
-0,15
2,6%
-3,0%
6,2%
-7,1%
5,9%
-5,0%
-1,7%
-0,3%
-6,8%
9,8%
2013
Mil Tons
de FCOJ
Equiv. 66ºB
TOTAL 40 PÁISES SELECIONADOS
Participação
por País na
Demanda
Total
2.145
100%
1º ESTADOS UNIDOS
729
34%
2º ALEMANHA
167
8%
3º FRANÇA
149
7%
4º CHINA
136
6%
5º REINO UNIDO
123
6%
6º CANADÁ
110
5%
7º JAPÃO
65
3%
8º RÚSSIA
64
3%
9º BRASIL
61
3%
10º AUSTRÁLIA
51
2%
491
23%
DEMAIS PAÍSES SELECIONADOS
Participação
Cumulativa da
Demanda
Total
100,0%
61%
16%
23%
Per capita baseado na soma de todo FCOJ Equiv. 66º Brix consumido convertido a suco 100% pronto para beber, dividido pela população de cada país
48 | CITRUSBR agosto 2014
CITRUSBR agosto 2014 | 49
Série Consumo de Suco de Laranja
Tabela 10
Participação do sabor laranja nos sucos
100%, néctares e refrescos em 2013
SUCO 100%
PARTICIPAÇÃO SABOR
LARANJA
NÉCTARES
(Contém apenas Suco de Fruta 100% Puro)
PART. LARANJA
2004
(Contém de
SABORES PREFERIDOS EM 2013
2013
1º COLOCADO
PART. LARANJA
2º COLOCADO
3º COLOCADO
1º
ESTADOS UNIDOS
57%
56%
Laranja
Maçã
Multifrutas
2º
ALEMANHA
35%
36%
Maçã
Laranja
Outros
3º
FRANÇA
55%
50%
Laranja
Multifrutas
Maçã
4º
CHINA
50%
48%
Laranja
Maçã
Multifrutas
5º
REINO UNIDO
61%
58%
Laranja
Maçã
Multifrutas
6º
CANADÁ
44%
50%
Laranja
Maçã
Multifrutas
7º
JAPÃO
32%
20%
Vegetais
Laranja
Outros
8º
RÚSSIA
15%
20%
Maçã
Laranja
Tomate
9º
2004
REFRESCOS
25% a 99,9% de Suco de Fruta)
(Contém até 24,9% de Suco de Fruta)
SABORES PREFERIDOS EM 2013
2013
PART. LARANJA
1º COLOCADO
2º COLOCADO
3º COLOCADO
2004
SABORES PREFERIDOS EM 2013
2013
1º COLOCADO
2º COLOCADO
3º COLOCADO
-
5%
Multifrutas
Damasco
Cranberry
28%
23%
Laranja
Multifrutas
Outros
23%
18%
Multifrutas
Outros
Maçã
23%
22%
Maçã
Laranja
Citrus
36%
35%
Laranja
Outros
Exóticas
40%
30%
Multifrutas
Laranja
Abacaxi
50%
53%
Laranja
Maçã
Multifrutas
50%
35%
Laranja
Pera
Multifrutas
13%
13%
Cranberry
Romã
Groselha
31%
34%
Laranja
Outros
Maçã
33%
16%
Outros
Multifrutas
Cranberry
26%
38%
Laranja
Limão
Multifrutas
36%
51%
Laranja
Outros
Maçã
38%
11%
Outros
Maçã
Laranja
16%
13%
Outros
Maçã
Multifrutas
16%
19%
Multifrutas
Outros
Laranja
91%
91%
Laranja
Pêssego
Outros
-
-
Groselha
Outros
Multifrutas
BRASIL
55%
29%
Coco
Laranja
Outros
15%
11%
Outros
Uva
Pêssego
10º AUSTRÁLIA
66%
68%
Laranja
Outros
Maçã
30%
31%
Laranja
Outros
Maçã
11º ESPANHA
29%
33%
Laranja
Pêssego
Tropical
19%
20%
Outros
Laranja
Tropical
65%
62%
Laranja
Tropical
Outros
12º COREIA DO SUL
55%
55%
Laranja
Uva
Outros
11%
24%
Tangerina
Laranja
Uva
15%
26%
Laranja
Romã
Outros
13º POLÔNIA
25%
26%
Laranja
Maçã
Outros
13%
15%
Cenoura
Multifrutas
Laranja
17%
16%
Multifrutas
Outros
Laranja
14º ÁFRICA DO SUL
71%
70%
Laranja
Maçã
Multifrutas
62%
62%
Laranja
Outros
Manga
69%
68%
Laranja
Maçã
Silvestres
15º MÉXICO
51%
48%
Laranja
Maçã
Uva
-
-
Manga
Pêssego
Maçã
14%
17%
Laranja
Manga
Maçã
16º HOLANDA
40%
34%
Laranja
Maçã
Tropical
15%
6%
Tropical
Multifrutas
Laranja
8%
6%
Multifrutas
Outros
Maçã
17º ARÁBIA SAUDITA
33%
38%
Laranja
Maçã
Damasco
30%
32%
Laranja
Manga
Tropical
32%
34%
Laranja
Manga
Multifrutas
18º ARGENTINA
39%
85%
Laranja
Maçã
Grapefruit
25%
19%
Maçã
Multifrutas
Laranja
51%
46%
Laranja
Maçã
Outros
19º ITÁLIA
28%
28%
Laranja
Abacaxi
Tropical
8%
7%
Pera
ACE
Pêssego
50%
43%
Laranja
Outros
Tropical
20º BÉLGICA
52%
50%
Laranja
Multifrutas
Maçã
45%
39%
Laranja
Multifrutas
Outros
69%
66%
Laranja
Tropical
Mult. + Limão
21º SUÉCIA
57%
44%
Laranja
Multifrutas
Maçã
53%
46%
Laranja
Tropical
Multifrutas
41%
31%
Multifrutas
Laranja
Maçã
22º NORUEGA
61%
65%
Laranja
Maçã
Uva
39%
34%
Laranja
Maçã
Tropical
66%
67%
Laranja
Maçã
Pêssego
23º ÁUSTRIA
40%
42%
Laranja
Maçã
Citrus
36%
40%
Laranja
Multifrutas
Outros
17%
17%
Multifrutas
Cereja
Laranja
24º CHILE
88%
79%
Laranja
Outros
Pêra
33%
27%
Laranja
Outros
Pêssego
55%
45%
Laranja
Maçã
Pêssego
25º SUÍÇA
40%
40%
Laranja
Maçã
Outros
41%
39%
Laranja
Maçã
Multifrutas
41%
40%
Laranja
Maçã
Multifrutas
26º TURQUIA
35%
15%
Multifrutas
Maçã
Laranja
8%
6%
Pêssego
Multifrutas
Cereja
18%
19%
Damasco
Laranja
Outros
27º UCRÂNIA
13%
13%
Outros
Tropical
Tomate
13%
12%
Outros
Tropical
Laranja
2%
2%
Multifrutas
Frutas Floresta
Cranberry
28º INDONÉSIA
35%
37%
Laranja
Outros
Maçã
30%
31%
Laranja
Goiaba
Maçã
22%
43%
Laranja
Outros
Maçã
29º FINLÂNDIA
66%
58%
Laranja
Maçã
Multifrutas
51%
48%
Laranja
Maçã
Multifrutas
61%
57%
Laranja
Maçã
Outros
30º DINAMARCA
47%
41%
Laranja
Maçã
Multifrutas
47%
38%
Laranja
Maçã
Cranberry
47%
41%
Laranja
Maçã
Multifrutas
31º IRLANDA
69%
67%
Laranja
Maçã
Outros
4%
7%
Cranberry
Outros
Laranja
62%
59%
Laranja
Outros
Cranberry
32º GRÉCIA
30%
31%
Multifrutas
Laranja
Pêssego
25%
23%
Multifrutas
Pêssego
Laranja
-
-
Pêssego
Multifrutas
Outros
33º ÍNDIA
43%
38%
Laranja
Multifrutas
Maçã
35%
39%
Laranja
Maçã
Outros
1%
6%
Manga
Laranja
Outros
34º MARROCOS
67%
69%
Laranja
Outros
Uva
63%
64%
Laranja
Pêssego
Outros
-
-
-
-
-
35º NOVA ZELÂNDIA
40%
38%
Laranja
Outros
Tropical
25%
19%
Tropical
Laranja
Limão
16%
17%
Outros
Groselha
Laranja
36º COLÔMBIA
93%
97%
Laranja
Outros
Grapefruit
15%
6%
Manga
Pêssego
Maçã
12%
17%
Blackberry
Manga
Laranja
37º TAIWAN
16%
19%
Multifrutas
Outros
Laranja
4%
6%
Frutas/Vegetais
Tomate
Multifrutas
18%
22%
Outros
Laranja
Multifrutas
38º ISRAEL
76%
70%
Laranja
Maçã
Tropical
41%
38%
Laranja
Maçã
Grapefruit
38%
27%
Laranja
Uva
Grapefruit
39º FILIPINAS
11%
11%
Abacaxi
Outros
Laranja
37%
34%
Laranja
Manga
Abacaxi
68%
64%
Laranja
Abacaxi
Outros
40º ROMÊNIA
36%
55%
Laranja
Maçã
Grapefruit
36%
27%
Laranja
Pêssego
Pera
37%
32%
Laranja
Tropical
Fruta Floresta
50 | CITRUSBR agosto 2014
CITRUSBR agosto 2014 | 51
notas
3
1
MENOS SUCO
PARA AS
CRIANÇAS
O governo do Reino Unido
pretende reduzir o consumo
de suco de frutas nas
escolas do país. De acordo
com a última edição do
relatório da Federação dos
Produtores de Sucos de
Frutas (IFU, na sigla em inglês),
a secretaria de Educação
daquele país, Michael Gove,
anunciou uma revisão do
regulamento Nacional de
Alimentação Escolar. Com isso,
a partir de 2015, as escolas
devem limitar o consumo
de suco de fruta para um
copo de 150 ml por dia.
Atualmente, não há limite
para o consumo de suco de
fruta nas escolas. O novo
regimento orienta ainda que
seja adicionado água ao suco.
De acordo com a secretária, a
medida visa restringir o consumo
de alimentos considerados “não
saudáveis”, categoria à qual os
sucos vêm sendo alçados.
2
Produto
COCA PARA ADOÇAR
AS VENDAS
A Coca-Cola Enterprises (CCE), distribuidora da Coca-Cola na Europa, anunciou o
lançamento de Coca-Cola Life na Grã-Bretanha no próximo outono. Lançado de forma
experimental na Argentina no ano passado,
esta será a primeira vez que o produto estará
disponível na Europa. A Coca-Cola Life é um
refrigerante de baixa caloria, com um terço
a menos de açúcar e calorias do que cola
normal. Além disso, a grande novidade do
produto é o fato dele ser adoçado com uma
mistura de açúcar e extrato de folhas de
estévia, um adoçante de origem natural.
Marketing
UM NOVO
SUPER-HERÓI
PARA A LARANJA
O Departamento de Cítricos da
Flórida, maior estado produtor de
laranjas dos Estados Unidos, está
fechando um acordo de
US$ 1 milhão com a Marvel Comics,
através de seu departamento
Marvel Custom Solutions,
para que a empresa reformule o
design de seu mascote,
o Captain Citrus. Criado para
estimular o consumo de suco de
laranja entre o público infantil, o
design atual do personagem tem
sido criticado por seu formato
arredondado, o que, segundo
alguns, estimularia a obesidade
entre as crianças, reforçando
críticas semelhantes envolvendo o
excesso de açúcar usado no suco de
laranja americano. Seu novo design
lhe daria uma forma humana, mais
semelhante à dos super-heróis
convencionais.
4 VENDAS VS ARMAZENAGEM
Mercado
As vendas de suco de laranja no varejo dos Estados Unidos caíram para o nível
mais baixo em 12 anos nas quatro semanas encerradas em 7 de junho, de acordo
com dados da Nielsen. Contudo, o volume de suco congelado armazenado em
câmaras frias está diminuindo ainda mais. Em maio, o volume armazenado era
17% menor que o do mesmo período de 2013, de acordo com o Departamento de
Agricultura dos EUA (USDA). As vendas de suco de laranja nas quatro semanas até
7 de junho, por sua vez, caíram 6,9% na comparação anual. Ou seja, os EUA
perdem vendas, mas também possuem menos suco disponível.
52 | CITRUSBR agosto 2014
FOTOS: ARQUIVO, DIVULGAÇÃO E JULIO VILELA
5
Pesquisa
O CITRUS
DECIFRADO
Um consórcio internacional de
pesquisadores do Brasil, dos Estados
Unidos, da França, Itália e Espanha
finalizou o sequenciamento do genoma das dez principais variedades de
citrus. Os detalhes foram publicados
na última edição da revista Nature
Biotechnology. Entre os principais
participantes do estudo está um
grupo de pesquisadores do Instituto
Agronômico (IAC) e da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(SP), os quais acreditam que o sequenciamento é um passo da ciência
para buscar a resistência ao greening
(huanglongbing - HLB), principal
praga da citricultura.
6
Flórida
NOVA
QUEDA
O Departamento de Agricultura
dos Estados Unidos (USDA) voltou
a rever para baixo sua projeção
de produção de laranjas na
Flórida para a safra 2013/2014.
O levantamento feito pelo órgão
aponta que a safra deve ser de
104,3 milhões de caixas. A previsão representa uma queda de
produção de 6 milhões de caixas
de laranja em relação à previsão feita em maio e de 22% em
relação à safra 2012/2013, que
teve produção de 133,6 milhões
de caixas. Um dos motivos para
a redução é a alta incidência de
greening nos pomares, que atinge
mais de metade das árvores de
citrus do estado norte-americano.
7 EM BUSCA DE NOVAS PLANTAS
Variedades
O Departamento de Agricultura da Flórida irá abrir uma nova
unidade de pesquisa destinada a desenvolver novas variedades de citrus para os pomares do Estado. O centro terá 20 mil
metros quadrados e ficará ao noter de Gainesville. De acordo
com o comissário de Agricultura, Adam Putham, o programa de
introdução de germoplasma de citrus possibilita introduzir, com
segurança, novas variedades cítricas saudáveis. A estimativa é de
que o programa apresente 20 novas variedades por ano e ajude
a proteger a saúde da indústria de citrus da Flórida, que vem
sofrendo com a alta incidência da doença do greening.
8
9
Pesquisa II
ESSE BAGAÇO PODE
VIRAR ETANOL
Um projeto da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp), desenvolvido pela
pesquisadora Ljubica Tasic, transforma
o bagaço da laranja em etanol. Segundo
ela, já existem empresas interessadas em
colocar em prática o processo de fabricação, porém, a burocracia ainda é um dos
entraves à produção comercial. A pesquisadora explica que o processo tenta usar
enzimas da bactéria do cancro cítrico para
digerir a biomassa, liberar os sacarídeos
e, após isolamento dos micro-organismos
do próprio bagaço, realizar a produção do
etanol. “Conseguimos bons resultados com
enzimas baratas e com curtos períodos de
fermentação”, garante.
Publicação
O LIVRO DO
CANCRO
O Fundo de Defesa da Citricultura –
Fundecitrus lançou o livro Cancro cítrico:
a doença e seu controle. A publicação
técnica, escrita pelo pesquisador do
Fundecitrus Franklin Behlau e pelo professor da Escola Superior de Agricultura
“Luiz de Queiroz” (ESALQ/
USP) José Belasque
Jr. traz uma visão
completa sobre
o cancro cítrico,
uma das principais doenças da
citricultura. De
acordo com Behlau,
o objetivo do livro é
auxiliar produtores
e pesquisadores
com uma abordagem completa e atual
sobre a doença. O conteúdo contempla,
entre outros assuntos, o histórico da
doença em São Paulo, o ciclo de desenvolvimento, as medidas de controle
e a legislação. O livro também estará
disponível no site do Fundecitrus www.fundecitrus.com.br.
Fale com a redação: [email protected]
CITRUSBR agosto 2014 | 53
artigo|
Por Gilberto TOZATTI
Engenheiro Agronomo Consultor do Grupo de Consultores em Citros (GCONCI)
A citricultura da
Flórida
No passado, a Flórida era considerada o maior produtor de laranjas e
de suco concentrado do mundo.
Depois de impactantes geadas na
década de 80, o Brasil expandiu sua
citricutura beneficiado pelo aumento
da demanda de suco naquela época.
Na década de 90, a Flórida recuperou
seus pomares e a produção. São
Paulo, o maior produtor brasileiro,
por apresentar condições muito favoráveis para a produção de laranjas,
como clima, solo, material genético, e
mão de obra, superou seu rival.
Baseado nas grandes produções de
ambos os estados, e portanto, devido a
maior oferta, os preços internacionais
do suco concentrado depreciaram
acendendo uma luz amarela de aviso
para o setor. Por azar ou sorte, em
2004 e 2005, uma sequência de furacões contribuiu para disseminar a
doença Cancro Cítrico na Flórida, e
em função de uma lei de erradicação,
perdeu-se um terço das plantas, “aliviando” uma situação de crise eminente, com o consumo do suco diminuindo em países desenvolvidos.
Como pouca desgraça é pouco, o
psilídeo e o HLB (Greening), alguns
anos depois de surgir no Brasil, chegaram à Flórida. Ainda sob o efeito
desastroso da lei que exigia a erradicação de plantas com Cancro, os citricultores decidiram não aceitar outra
lei similar para o caso do HLB. E,
diante do fato de não haver ações
coletivas no combate à doença por
parte dos produtores na época, o HLB
se espalhou de forma rápida por todos
54 | CITRUSBR agosto 2014
os pomares daquele estado. Hoje,
acredita-se que mais de 80% dos
pomares estejam contaminados.
Apesar das dificuldades enfrentadas
na Flórida, o negócio ainda é rentável.
A razão é que a citricultura da região
está voltada para o suco NFC, destinado principalmente ao mercado interno.
Mas, devido às recentes quedas sucessivas da produção por conta do HLB, a
indútria floridiana se vê hoje ameaçada
de se tornar inviável econômicamente.
E, para piorar, não existem alternativas
“O declínio da
citricultura
americana não
é uma vitória”
naquela agricultura como ocorre em
São Paulo, como culturas da cana de
açúcar, cereais, e etc.
No entanto, o povo americano é
resiliente e determinado a resolver
seus problemas. Não seria surpresa se
encontrassem uma solução para o
HLB no curto prazo. Mas, embora
milhões de dolares sejam destinados
às pesquisas todos os anos, providos
pelos citricultores e governo, a solução parece estar longe de acontecer.
Enquanto isso, a Flórida vem
experimentando o declinio de sua
produção ano a ano. O Brasil não
está livre deste mau, e vê seus pomares em algumas regiões, como a
Central e Leste, serem devastados
rapidamente impulsionados pela descapitalização do setor. A vantagem
que o Brasil tem sobre a Flórida é o
baixo índice de plantas sintomáticas, e
a chance de migrar os poamres para
outras regiões do estado de SP, onde a
pressão da doença é menor. Esta
migração não é uma solução definitiva, pois os pomares se distanciam das
indústrias, encarecendo o transporte
e/ou diminuindo o rendimento industrial da fruta de acordo com a região.
Mas o que pode parecer uma vitória com a inviabilidade da citricultura
da Flórida, na verdade é uma derrota.
Juntos, São Paulo e Flórida contruíram um complexo agroindustrial de
extrema importância, colocando o
suco de laranja, um produto nobre,
saudável e natural, no topo do
mundo. Mas com a vulnerabilidade
fitossanitária e econômica deste setor
nos vemos ameaçados por outros
setores de bebidas. A medida que a
Flórida perde produção, menor o
investimento em propaganda do suco
e em pesquisas.
Embora nos países desenvolvidos
como os EUA e Europa o consumo de
suco de laranja venha declinando ao
longo do tempo, um mercado que
pode atenuar esta situação são os países em desenvolvimento, como os
BRICS ( Brasil, Russia, India, China,
e Africa do Sul), mas principalmente
o Brasil. E quando falamos de Brasil
estamos falando de mercado interno
que potencialmente pode e deve ser
explorado. l
AGENDA
28/08
CURSO DE CONTROLE DE CANCRO
No próximo dia 28 de agosto, acontece na cidade de Lins o curso de
controle estratégico de cancro cítrico. Organizada pelo Fundecitrus,
as aulas teóricas tratam da importância da doença e da situação atual
de incidência no Estado de São Paulo e no Brasil. O curso é gratuito e
com vagas limitadas. Mais informações pelo tel.: (16) 3301-7000 ou
no site http://www.fundecitrus.com.br/cursos/inscricao.
05/09
SIMPÓSIO MASTERCITRUS
Idealizado para tornar ainda mais visível a produção científica e técnica gerada pelo mestrado profissional em Controle de Doenças e
Pragas, o evento acontece em 5 de setembro, na sede do Fundecitrus
em Araraquara. Mais informações no tel.: Mais informações no
tel.: (16) 3301-7000 ou no site www.fundecitrus.com.br.
09/09 A 11/09
WORLD JUICE
STO
AGO
S
S
2
1
S
D
9
8
7
16
6
15
5
4
4
1
3
3
13
22
12
1 2
1
2
1
30
10
20
29
19
8
8
2
1
17
27
26
5
2
24
Q
Q
T
31
Acontece em Barcelona, na Espanha, a edição 2014 do World Juice.
O tradicional evento conta com 13 apresentações individuais de
representantes da cadeia mundial do suco. Mais informações no
site www.worldjuice.com/I858ECBRWB.
21/09 A 28/09
CHINA JUICE
Organizado pela Câmara de Comércio de Alimentos e Produtos Nativos
da China (CFNA, na sigla em inglês), o China Juice 2014 irá debater
temas como a emergente produção de FCOJ na China, tendências de
consumo, entre outros. Mais informações no site en.chinajuice.org
SETEMBR
O
D S T
QQ
S S
1
234
56
7 8
9 10 11
12 13
14 15
16 17 18
19 20
21 22
23 24 2
5 26 27
28 29 3
0
23/09 A 25/09
10º CURSO DE DOENÇAS DOS CITROS E SEU MANEJO
O Centro de Citricultura Sylvio Moreira organiza o Curso de Doenças
dos Citrus e seu Manejo. O evento acontece de 23 a 25 de setembro,
na sede do centro em Cordeirópolis. Mais informações no
Tel.: (19) 3546-1399 ou e-mail [email protected].
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CITRUSBR agosto 2014 | 55
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DE BRAÇOS ABERTOS PARA O SUCO