Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa Lato Sensu em Gestão Educacional Trabalho de Conclusão de Curso Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa Programa de Pós-Graduação Lato Sensu Especialização em Gestão Educacional Trabalho de Conclusão de Curso GESTÃO DEMOCRÁTICA NA ESCOLA PÚBLICA GESTÃO DEMOCRÁTICA NA ESCOLA PÚBLICA Autor: Liliam Luiza Soares Silva Orientador: Relcytam LagoSilva Caribé Autora:MsC. Liliam Luiza Soares Orientadora: MsC. Relcytam Lago Caribé Brasília – DF Brasília - DF 2011 2011 LILIAM LUIZA SOARES SILVA GESTÃO DEMOCRÁTICA NA ESCOLA PÚBLICA Artigo apresentado ao curso de Pósgraduação lato sensu em Gestão Educacional da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Especialista em Gestão Educacional. Orientadora: MsC. Relcytam Lago Caribé Brasília 2011 Artigo de autoria de Liliam Luiza Soares Silva, intitulado, “GESTÃO DEMOCRÁTICA NA ESCOLA PÚBLICA”, apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Especialista em Gestão Educacional da Universidade Católica de Brasília, em (data a consultar), defendido e aprovado pela banca examinadora abaixo assinada: ____________________________________________ Orientadora................... ________________________________________ Profa. MSc Neusa Fátima Maiochi Brasília 2011 Dedico este artigo a Deus, minha família e principalmente aos profissionais da educação que buscam fazer da escola um espaço de mudança e formação integral do cidadão. 4 Gestão Democrática na Escola Pública Liliam Luiza Soares Silva Resumo: O presente artigo busca examinar no âmbito escolar, os aspectos positivos e as características do processo de implantação da gestão democrática de educação no Brasil e, em especial no Distrito Federal. Como instrumentos técnicos para investigação utilizaram-se a pesquisa bibliográfica, com o uso de fontes diversas como artigos científicos e livros, a pesquisa documental, em que foram analisados os documentos legais relevantes para a implantação deste tipo de gestão, e foi realizado o estudo de caso de uma escola pública do Distrito Federal. O texto aborda sobre a importância de uma gestão que possibilite a participação da comunidade escolar nas tomadas de decisões e elaboração dos projetos da escola. Enfatiza sobre a necessidade de o gestor assumir a postura de um mediador de relações humanas, o estudo busca também mostrar que a formação continuada (tanto do gestor quanto dos professores), à reflexão sobre a prática pedagógica e o repensar das ações, são pontos essenciais para o bom andamento do trabalho coletivo, pedagógico e principalmente na busca de uma educação de qualidade. Palavras-chave : Gestão Educacional. Gestão Democrática. Participação. Gestor. 1. INTRODUÇÃO A gestão da educação brasileira, no final dos anos setenta, apontava para a criação de políticas de plano educacional que priorizassem os níveis educacionais iniciais em regiões de concentração de pobreza, uma vez que apresentavam continuam apresentando e um crescimento populacional acelerado, garantindo assim mão de obra qualificada e acessível. É certo, que a educação brasileira é ainda caracterizada pela administração e autoritarismo de uma hierarquia dominante que na maioria das vezes se encontra as margens da realidade escolar e de seu funcionamento. Segundo Gentili (1998), no início dos anos setenta com o declínio ditatorial em países da América latina dentre eles o Brasil, uma série de medidas neoliberais 5 passam a ser implantadas o que caracteriza a hegemonia do neoliberalismo, não só no campo político e econômico, como também no campo educacional. As ideias neoliberais privilegiam uma qualidade total do ensino, onde o que importa é o produto e a diminuição dos gastos. As regras de mercado são aplicadas dentro da escola estimulando a competitividade o individualismo e principalmente desqualificando a educação como a responsável pela formação do ser humano, pois sendo meritocrática o valor é atribuído apenas ao esforço do indivíduo. Entretanto, em meio a esse contexto de investimento na educação em busca de uma qualidade total de ensino, ganha força no início dos anos oitenta a ideia de uma gestão democrática que visa à participação da comunidade escolar, tendo autonomia para tomar decisões e interferir em suas realidades. Essa autonomia pode ser decretada (transferência de competências) ou construída que é o resultado do aprendizado político e da construção do cenário escolar por parte de todos os sujeitos interessados. É característica dessa gestão a participação efetiva, a começar pela elaboração do projeto político pedagógico, construção do conselho escolar, grêmio estudantil dentre outros. Vale ressaltar que o papel do gestor é o de possibilitar com que a instituição seja transparente e democrática e o seu poder é descentralizado. Em contraponto, a qualidade total creditada pelas propostas neoliberais, na escola democrática busca-se a qualidade social, onde a meta é a formação integral do indivíduo, respeitando sua cultura, capacidades cognitivas e sociais e principalmente a diversidade. Na intenção de apresentar a gestão democrática como um importante instrumento de mudança e na busca de alcançar o objetivo de identificar as ações e instrumentos necessários à implantação efetiva da gestão democrática na escola pública, o artigo foi elaborado, a partir do estudo de caso de uma escola pública da regional de Ceilândia/Distrito Federal e fundamentado por investigação bibliográfica. O presente texto está dividido em sete pontos de análise: 1) Aspectos legais e teóricos da gestão democrática 2) Concepções de gestão 3) A importância da formação inicial e continuada do gestor 4) A participação da comunidade escolar na construção da gestão democrática 5) O papel do professor (a) na implantação e consolidação da gestão democrática 6) Estudo de caso de uma escola classe e 7) Considerações finais. 6 O uso desses instrumentos possibilitou a esta pesquisadora confrontar suas ideias com a observação, os dados entre si, e os obtidos com a pesquisa bibliográfica e, principalmente, garantir a esse estudo o caráter científico e empírico. 2. ASPECTOS LEGAIS E TEÓRICOS DA GESTÃO DEMOCRÁTICA O cenário mundial encontra-se na era da globalização e das novas tecnologias. E a escola está inserida neste contexto, atuando frente á desafios, onde se observa a necessidade de reconstrução do conhecimento, assim como de mudança da postura do gestor escolar e é nesse sentido que a gestão democrática vem colaborar para o sucesso das instituições de ensino frente a essa realidade. As bases legais da Gestão Democrática remontam á Constituição Federal de 1988 que em seu artigo 206 garante a gestão democrática do ensino público, na forma de lei. Também conferem a sua legitimidade a lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) artigo 3º, a lei orgânica (art.222) e o Plano Nacional de Educação (PNE). Segundo Libâneo, Oliveira e Toschi (2003), o sistema de organização e de gestão da escola é o conjunto de ações, recursos, meios e procedimentos que propiciam as condições para alcançar esses objetivos. As instituições de ensino se caracterizam como organizações, e nelas sobressai a interação entre as pessoas, para a promoção da formação humana. De fato, a escola é um sistema de relações humanas e sociais com fortes características interativas, que a diferenciam das empresas convencionais e é nessa perspectiva que a gestão democrática vista como a gestão da participação pode favorecer para o sucesso e garantia de uma administração bem sucedida. A participação é um dos instrumentos indispensáveis para assegurar a gestão democrática, uma vez que possibilita o envolvimento de toda a comunidade escolar no processo de tomada de decisões e no funcionamento da instituição. Ainda conforme Libâneo, Oliveira e Toschi (2003), a participação proporciona melhor conhecimento dos objetivos e das metas da escola, de sua estrutura organizacional, de sua dinâmica e de suas relações com a comunidade, e ainda propicia um clima de trabalho favorável a maior aproximação entre professores, alunos e pais. 7 2.1. Concepções de Gestão Segundo Libâneo, Oliveira e Toschi (2003), gestão é a atividade pela qual são mobilizados meios e procedimentos para atingir os objetivos da organização. Os processos de gestão assumem diferentes modalidades, conforme a concepção que se tenha das finalidades sociais e políticas da educação em relação á sociedade e á formação dos alunos. A gestão pode assumir a concepção “técnica- cientifica burocrática” ou então o modelo de “democrático- participativo”. No primeiro modelo as decisões são centralizadas em uma pessoa ou grupo de pessoas, busca-se a eficiência (resultados), as decisões são tomadas verticalmente, percebe-se uma acentuada divisão de trabalho, existe a valorização da hierarquia e enfatizam-se as relações de subordinação. Já a gestão democrática, tem em vista a busca de objetivos assumidos por tomadas de decisões coletivas e horizontais, valoriza-se relações inter pessoais, e a função do gestor é acompanhar e avaliar o trabalho visando alcançar a qualidade para todos. Para Saviani (1999), o processo educativo é a passagem da desigualdade à igualdade. Portanto, só é possível o processo educativo em seu conjunto como democrático sob a condição de se distinguir a democracia com possibilidade no ponto de partida e a democracia como realidade do nosso ponto de chegada. E para que esse modelo de gestão aconteça com sucesso é importante que a comunidade escolar esteja ciente de seu papel como colaboradora nas tomadas de decisões para que metas sejam alcançadas. Outro fator importante é que o gestor se perceba como um mediador de relações, conhecedor de seus parceiros e da realidade da sua escola como ressalta Fortunati, (2007, p 32.) ...Um dos desafios que quem tem o dever de administrar os recursos humanos e financeiros enfrenta é o de conhecer profundamente a realidade a ser contemplada”. Percebe-se ser necessária uma visão crítica do processo da administração escolar, a qual exige um conhecimento real e preciso da estrutura sócio-econômica calcada em um modelo de sociedade capitalista em que vivemos. A gestão escolar precisa ser entendida no âmbito da sociedade política comprometida com a própria transformação social, conforme Paro (1996). Neste 8 enfoque, a atividade gestora administrativa em sua concepção geral, precisa pensar em objetivos e atividades que atendam aos interesses das classes trabalhadoras, visando à transformação social e formação integral do ser humano, pois como propõe Paulo Freire (1983) a construção da escola cidadã, implica respectivamente, a construção de relações sociais efetivamente democráticas e igualitárias, ou seja, a luta pela cidadania que constrói a emancipação humana. 2.2. A Importância da Formação Inicial e Continuada do Gestor Ao se pensar em gestão democrática e sobre os instrumentos para que ela seja implantada plenamente, faz se necessário compreender o perfil e o papel do gestor educacional. Refletir sobre a formação do gestor escolar, nos sujeita observar como ocorre a preparação inicial do professor na graduação, uma vez que o gestor é na maioria das situações um professor. Percebe-se que a formação inicial nem sempre garante subsídios para que o docente desempenhe com autonomia e habilidades necessárias o processo de gerir uma instituição de ensino. Nessa perspectiva o aperfeiçoamento contínuo do gestor tornou-se um meio necessário para a melhoria da qualidade de ensino. gestores precisam buscar aprimorar-se É nesse sentido que os constantemente, aperfeiçoar seus conhecimentos de forma a garantir para comunidade escolar um ambiente de relações humanas rica em aprendizagem e qualidade. Segundo Ghedin (2005), a formação continuada é a garantia do desenvolvimento profissional permanente, ela se faz por meio dos estudos, da reflexão, da discussão e da confrotação de experiência de professores. A formação contínua está relacionada às atividades e estratégias de formação que podem acontecer em diferentes espaços. Essa capacitação geralmente é apresentada em dois modelos: o clássico ou tradicional ou o emancipador também conhecido como crítico reflexivo. Na concepção clássica existe a distinção entre os que pensam e os que executam essa visão esta ligada a ideia de treinamento, aperfeiçoamento e reciclagem. Já na perspectiva emancipadora valoriza-se a reflexão acerca da prática profissional e a troca de experiências é vista como um importante instrumento de 9 aprendizagem. A escola é entendida como um espaço de formação. O profissional docente é valorizado e não se enfatiza o modelo racional tecnológico. Através do processo reflexivo e da busca pela capacitação e formação contínua os gestores poderão alterar suas práticas que precisam ser sempre atualizadas. Sendo assim, os frutos decorrentes dessa formação, se atrelados a melhores condições de trabalho resultará, sem dúvidas, em profissionais que ocuparão de fato à posição de intelectuais orgânicos dentro das escolas, aqueles que pesquisam, refletem, discutem e compartilham saberes de forma crítica e reflexiva. Desempenhar o papel de gestor escolar visa compromisso, liderança, capacidade administrativa, e também ações norteadas por autonomia, responsabilidade e atitudes democráticas. Ferreira (2006) aponta que a gestão democrática, enquanto construção coletiva da organização da educação, da escola, da instituição, do ensino, da vida humana, faz-se, na prática, quando se tomam decisões sobre o projeto político pedagógico, sobre as finalidades e objetivos do planejamento dos cursos, das disciplinas, dos planos de estudos, do elenco disciplinar e os respectivos conteúdos, sobre as atividades dos professores e dos alunos necessárias para a sua consecução, sobre os ambientes de aprendizagem, recursos humanos, físicos e financeiros necessários, os tipos, modos e procedimentos de avaliação e o tempo para sua realização. Com tantas atribuições reforçam-se ainda mais a importância da qualificação do gestor educacional. Sem mudança pessoal e interior da cultura do gestor não podemos esperar diferenças na sua administração educacional. Por isso a formação continuada e a abertura da escola para que a comunidade escolar participe, pode ajudar a desconstruir a imagem de que uma gestão eficaz precisa ser autoritária e controladora. 2.3 A Participação da Comunidade Escolar na Construção da Gestão Democrática Promover educação pública de qualidade é o grande desafio a ser enfrentado e encarado por todos, e a escola como responsável por oferecer educação, precisa ser ciente de que seu papel primordial é ensinar e formar bem os alunos, para isso 10 necessita estabelecer metas possíveis de serem alcançadas sempre com o objetivo de desenvolver as competências e habilidades necessárias à formação integral do aluno para que ele se torne um sujeito atuante da sociedade. Libâneo, (2003, p. 300301) afirma que: “O objetivo primordial da escola é, portanto, o ensino e a aprendizagem dos alunos, tarefa a cargo da atividade docente. A organização escolar necessária é aquilo que melhor favorece o trabalho do professor, existindo uma interdependência entre os objetivos e as funções da escola e a organização e a gestão do trabalho escolar.” A escola precisa ser capaz de promover o acesso e a permanência de seus estudantes, mas essa permanência deve buscar ações que promovam o sucesso, e façam com que o aluno, sinta prazer em aprender e em fazer parte da instituição educacional. A função social da escola é educar para uma prática mais comprometida com o seu contexto, preparando o indivíduo para uma convivência harmoniosa consigo, com o outro e com o meio onde habita. Nesse sentido precisa envolver o discente neste processo, o que contribuirá para que a aprendizagem seja mais efetiva, ou seja, para cumprir sua tarefa a escola deve estar inserida ativamente no contexto onde está construída conhecendo bem o público o qual atende. A partir do momento em que a escola passou a ser disponível para todas as camadas sociais e a educação tornou- se direito subjetivo de todos, ela passa a ser vista como instrumento de ascensão social, no entanto para que a escola consiga atingir o objetivo de proporcionar condições às pessoas das classes menos favorecidas, é necessário que ela busque a eficiência e ofereça qualidade, para isso é preciso uma gestão qualificada e de ensino de professores comprometidos com a educação. Paro (1997, p. 87/88) ressalta que: Neste sentido, o provimento às amplas camadas que hoje buscam a escola pública de um ensino de boa qualidade deve ser um direito não dependente de justificações de ordem econômica, ideológica ou de qualquer outra espécie. Assim, a escola pública de boa qualidade é algo defensável e necessário aos seus usuários, primeiramente e acima de tudo não porque simplesmente vai prepará-los para o trabalho, ou para a universidade, contribuir para o desenvolvimento econômico ou diminuir a delinqüência social etc. 11 Uma das formas de garantir a participação coletiva na tomada de decisões da escola é a gestão democrática, que visa o gestor não como detentor do poder, mas como um organizador e mediador de relações. A participação de toda comunidade escolar (professores, funcionários, alunos, país e responsáveis), na construção e tomada de decisões faz com que a democracia chegue à escola. Tão importante para uma comunidade quanto ter uma escola é participar ativamente da tomada de decisões que ocorre dentro dela e, em contrapartida, acompanhar a vida escolar de suas crianças. Faz se necessário que a escola respeite a opinião de todos os envolvidos no processo educacional, Savianni (1982 in Oliveira, Souza e Bahia, 2009 p. 46) destaca a importância da prática da democracia. “a democracia tem de ser a perspectiva principal de uma escola; portanto só é possível considerar o processo educacional em seu conjunto, sob a condição de se distinguir a democracia como possibilidade no ponto de partida e a democracia como realidade, no ponto de chegada.” A ação de participar envolve estar junto, colaborar, e é papel do gestor promover essa participação de todo o grupo na colaboração com as ações promovidas dentro da escola e a construção coletiva do Projeto Pedagógico é um dos instrumentos indispensáveis para que a busca pela qualidade na educação seja de interesse todos os atores envolvidos no processo educativo, uma vez que diferente do passado quando o projeto era apenas como um documento burocrático, hoje o projeto pedagógico deve ser construído, conhecido e seguido por professores e gestores (a LDB traz em seu artigo 3º, inciso 1º “a participação dos profissionais da educação na elaboração do PPP da escola)” e a única forma disso acontecer é através do engajamento de todos os envolvidos com a realidade e funcionamento da instituição educacional. A participação da comunidade é necessária para que a escola conheça o que a população espera daquela determinada escola, isso pode ser feito a partir de reuniões, questionários , levantamentos enviados aos pais, abertura da escola para atividades nos fins de semana dentre outras maneiras . A partir desta concepção de construção mútua é que podemos superar a barreira entre o fazer e o pensar, pois toda a ação será pensada e realizada com a participação de todos envolvidos no processo. 12 2.4. O Papel do Professor (a) na Implantação e Consolidação da Gestão Democrática. Partindo do princípio de que a gestão democrática não se faz somente com o trabalho do gestor, surge a necessidade de perceber o professor como uma importante peça na engrenagem do funcionamento escolar. Gadotti (1995, p.61) deixa bem claro este aspecto: A participação dos envolvidos no processo educacional não acontecerá espontaneamente, deverá ser perseguida e vivenciada, cotidianamente. Nela todos assumem as responsabilidades, sem a separação entre o pensar e o fazer o ato educativo, enfraquecendo, assim, o individualismo, a desconfiança, a acomodação e fortalecendo o compromisso, a construção coletiva, a crítica e a autocrítica. A partir dessa visão é essencial que o professor abandone a ideia de que sua função é simplesmente a de ministrar aulas e comece a perceber que sua opinião e participação se fazem indispensáveis para o sucesso da gestão escolar. A qualidade da educação se faz por meio de uma escola que visa a formação integral dos alunos e para isso torna-se essencial uma gestão qualificada e a participação de professores compromissados. E é papel do gestor estimular a sua equipe de trabalho e buscar a parceria dos docentes uma vez que os professores tem estabelecida uma maior relação de proximidade com os alunos e suas famílias o que fazem deles mediadores da relação entre comunidade escolar e equipe gestora. Segundo Libâneo, Oliveira e Toschi (2003) o exercício profissional do professor compreende ao menos três atribuições: a docência, a atuação na organização e na gestão da escola e a produção de conhecimento pedagógico. Vale salientar que as ações do docente em sala de aula precisam estar em consonância com as decisões da escola e por isso existe a necessidade de consenso acerca dos princípios e práticas estabelecidos por todos. Outro fator importante é que o docente tenha o pensamento crítico reflexivo e domine conhecimentos relacionados à gestão e organização da escola para que dessa maneira possa participar de forma crítica e eficiente nas reuniões pedagógicas, conselhos de classe dentre outras situações onde é essencial a sua participação e colaboração. A participação e compromisso do professor tornam- se de grande valia para que o gestor tenha uma equipe forte, que ao participar da elaboração dos projetos 13 da escola e das tomadas de decisões sinta-se responsável pelos frutos e vitórias alcançadas por ela. 3. METODOLOGIA Com a finalidade de conhecer melhor sobre a prática de gestão escolar, este artigo científico fundamentou-se na realização de estudo de caso, uma vez que, segundo Yin (2001) este instrumento consiste na busca de dados relevantes e convenientes obtidos por meio de experiência, da vivência. Enfim visa ter uma visão mais ampla do assunto estudado. Quanto aos objetivos, o levantamento de dados foi exploratório, como passo inicial, ao se investigar as informações bibliográficas sobre o tema escolhido. O procedimento adotado foi a pesquisa de campo, pois se tomou como base a observação dos fatos como, realmente, acontecem. Em função do objeto, os dados foram coletados com os questionários e com a observação direta. Para Salomon (2001), o fim principal da pesquisa bibliográfica é pôr o pesquisador em contato com tudo o que já se fez em torno do assunto a tratar. Lakatos (1992, p. 43) acrescenta: Trata-se de levantamento de toda bibliografia já publicada, em forma de livros, revistas, publicações avulsas e imprensa escrita. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo aquilo que foi escrito sobre determinado assunto, com o objetivo de permitir ao cientista o reforço paralelo na análise de suas pesquisas ou manipulação de suas informações. A bibliografia pertinente oferece meios para definir, resolver, não somente problemas já conhecidos, como também explorar novas áreas, onde os problemas ainda não se cristalizaram suficientemente. Acreditando em sua eficácia, foi utilizada a abordagem qualitativa, pois em relação a esse caráter de pesquisa qualitativa, Bogdan e Bikalen (apud Ludke e André, 1982) ressaltam que nessa perspectiva existe um contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo investigada, porque “o interesse do pesquisador ao estudar um determinado problema é verificar como ele se manifesta nas atividades, nos procedimentos e nas interações cotidianas.” Pressupõe se que a metodologia qualitativa possibilita ao pesquisador ter uma visão dos aspectos comportamentais e sociais dos sujeitos investigados, em conformidade com o seu contexto de vida, como elucida Oliveira (2001, p. 117): As pesquisas que se utilizam da abordagem qualitativa possuem a facilidade de poder descrever a complexidade de uma determinada hipótese ou problema, analisar a interação de certas variáveis, 14 compreender e classificar processos dinâmicos experimentados por grupos sociais, apresentar contribuições no processo de mudança, criação ou formação de opiniões de determinado grupo e permitir em maior grau de profundidade, a interpretação das particularidades dos comportamentos ou atitudes dos indivíduos. A investigação qualitativa leva o pesquisador a conhecer e a analisar, com detalhes, que causa a sua inquietação, uma vez que tem como característica a flexibilidade e, principalmente, a observação, o que proporciona um contato com o sujeito e com a sua realidade. Sobre isso, Bortoni-Ricardo (2006, p. 1-2) diz que “a pesquisa qualitativa procura entender, interpretar e explicar fenômenos sociais inseridos em um determinado contexto”. Outro processo de abordagem foi o quantitativo, visto a sistematização dos dados coletados terem sido processados em um percentual de amostragem. O sujeito da pesquisa surge na proporção em que se consideram os objetivos deste trabalho: Tanto pais de alunos, funcionários, professores e equipe gestora de uma mesma escola pública responderam questões voltadas para o modelo de gestão implantado na instituição. A coleta de dados é de suma importância na elaboração da pesquisa cientifica, pois é nesta fase que o pesquisador obtém as informações necessárias para o sucesso de seu estudo. Um dos instrumentos utilizados, nesta investigação, foi a observação que, segundo Rudio (apud RAMPAZZO, 2001, p. 104) “[...] é um dos meios mais freqüentes usados pelo ser humano para conhecer e compreender pessoas,coisas, acontecimentos e situações”. Foram aplicados, também, questionários com perguntas sucintas e objetivas, uma vez que o ambiente escolar é imprevisível e requer maior praticidade, objetividade. De acordo com Gil (2002, p. 116) “o questionário consiste basicamente os objetivos específicos da pesquisa em itens bens reduzidos”, o que garante ao investigador respostas mais rápidas e seguras aos seus questionamentos. 3.1. Caracterização da Escola A história da Escola Classe 02, que está localizada entre as quadras 19 e 21 da Ceilândia Sul, confundem-se com a história da comunidade em que está inserida. Criada no ano de 1971 foi denominada como Escola Classe 32 de Ceilândia e tinha como objetivo principal, atender a comunidade transferida do Núcleo 15 Bandeirante, onde muitas das famílias eram compostas dos “candangos”, que constituíram suas famílias na capital. A clientela atendida é basicamente formada por famílias de baixa e média renda, que demonstra um potencial muito grande para o trabalho comunitário e solidário. Essa mesma comunidade vê na escola um ponto de apoio para auxiliar na educação de seus filhos e para o atendimento de suas necessidades e expectativas sociais. A escola possui uma excelente localização, estando próxima do centro de Ceilândia. Porém, existem pontos fortes de violência nas proximidades o que em determinadas situações, como por exemplo, na realização de uma atividade no período noturno requer maior atenção e cuidado. Atualmente a escola atende a Educação Infantil (4 e 5 anos), Ensino Fundamental de 9 anos (1º ao 5º ano), com 630 alunos matriculados, de acordo com as normas do Sistema de Ensino do Distrito Federal. Quanto aos recursos financeiros a instituição conta com as seguintes verbas: PDDE - FNDE – Programa do Fundo Nacional de Desenvolvimento à Educação; PDAF – Programa de Descentralização Administrativo Financeiro; PDE - Escola – Programa de Desenvolvimento de Educação. A utilização destes recursos depende da indicação e aprovação de todos os segmentos, sobretudo na aquisição de materiais pedagógicos utilizados pelos professores, dentro e fora de sala de aula, tendo como principal prioridade a melhoria ao atendimento de nossos alunos. Após a utilização destes recursos, são realizadas as prestações de contas para a comunidade escolar e instâncias competentes. É bom ressaltar que a escola além de desenvolver projetos voltados para aprendizagem geral de seus alunos procura também promover atividades voltadas para as famílias, tais como: Projeto Africanidade, Projeto Chocolate Literário, Projeto Vem Brincar Comigo, Recreio Literário, Projeto Meio Ambiente, Escola de pais, Bateria Nota Show, Projeto de karatê, Educação Integral, eventos que ressaltem a cultura brasileira e outros, na expectativa de melhorar os índices de aprendizagem nesta Unidade de Ensino. 16 Ao final do artigo, ver anexo contendo a distribuição de turmas em 2011, a estrutura física e organização do corpo docente e técnico-administrativo da instituição. 3.2 Procedimentos de Construção e Análise de Dados Buscando fundamentar e comprovar as afirmações feitas até o momento sobre gestão democrática, foi realizado um estudo de caso, norteado por questionamentos e objetivos levantados durante a realização deste trabalho de conclusão de curso. Serão apresentados os instrumentos utilizados neste estudo e importância que tiveram nesta construção. Todo o estudo foi feito a partir de bibliografia voltada ao tema e com a análise do ponto de vista de pais, professores e gestora de uma determinada escola. Todos os entrevistados responderam inicialmente a um questionário escrito. No caso dos pais/mães e responsáveis de alunos, este questionário possuía apenas perguntas objetivas, já no caso do gestor e dos professores foram acrescentadas algumas questões subjetivas. Os participantes foram abordados através de conversa informal em que foi relatada a necessidade de sua colaboração para trabalho de conclusão de curso de especialização. Tanto os pais quanto as professoras abordadas se mostraram receptivos ao trabalho proposto e aceitaram responder as questões. O questionário aos pais traz perguntas simples com 08 perguntas e uma média de três alternativas de respostas, o questionário as professoras traz 04 questões objetivas e 4 questões subjetivas . Já o questionário aplicado ao gestor era composto por 2 questões objetivas e 4 subjetivas . Os procedimentos utilizados neste trabalho tonam-se uma leitura do que foi dito pelos entrevistados com o intuito de conhecer os reflexos da gestão sobre as atividades cotidianas da escola. 4. RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS Professores As primeiras perguntas do questionário foram elaboradas com o objetivo de analisar se o grau de instrução, e o tempo de atuação na mesma escola influenciam 17 a visão que os docentes têm sobre o processo de gestão da instituição. Dos 9 entrevistados, 5 têm pós graduação e 4 têm somente nível superior. Dois professores atuam na escola a menos de 1 ano , 2 estão na escola a mais de 5 anos e uma professora respondeu ter de 1 a 5 anos na escola. Quando perguntados sobre que características a gestão da escola apresenta os resultados foram os seguintes: Percebe-se que a opinião dos professores é dividida, porém o caráter de autoritarismo não foi mencionado por nenhum docente. Também foram questionados sobre a sua participação na gestão da escola e mais uma vez, com a análise dos dados nota-se que a equipe não tem opiniões homogêneas sobre o trabalho da equipe gestora, há uma certa instabilidade com relação a participação no processo de gestão da escola. 18 Os professores que responderam “sim e ás vezes” foram unanimes ao relatar que a participação acontece nos momentos de reunião coletiva onde discutem sobre os projetos que serão realizados, opinam e participam na tomada de decisões. Os docentes também foram perguntados sobre a importância do trabalho coletivo e concordaram que quando se trabalha em grupo existe uma troca de conhecimentos, a condição de que nenhum segmento sinta-se carregado e também a interação de todos como parte indispensável na instituição. Ainda apontaram o espaço escolar como um ambiente de formação e rico em troca de experiências. Libâneo, Oliveira e Toschi, 2003, p.375, analisam esta questão: “... Atualmente o desenvolvimento profissional não se restringe mais ao mero treinamento. A ideia é que a própria escola é lugar de formação profissional, por ser, sobretudo nela, no contexto de trabalho, que os professores e demais funcionários podem reconstruir suas práticas, o que resulta em mudanças pessoais e profissionais.” Uma das características da gestão democrática é a participação dos professores na elaboração do Projeto Político Pedagógico- P.P.P quando questionados sobre a este aspecto, 05 profissionais responderam que nunca participaram da elaboração de um P.P.P nem nessa e em nenhuma outra escola e 4 disseram já ter participado inclusive nessa escola onde em encontros pedagógicos deram sugestões , debateram pontos polêmicos e reformularam objetivos dos projetos passados . Ferreira apud Padilha (2006) destaca que quem planeja é o mesmo que faz, ou seja, o planejamento precisa ser feito por aqueles que executarão a ação, reforçando mais uma vez o compartilhamento da ação de planejar. Esse planejamento evita a improvisação e possibilita á gestão da escola ter um feedback da situação escolar e se necessário pode levar ao reformulação de práticas . Sobre o caráter de transformador do planejamento Gadotti destaca: Todo projeto propõe rupturas com o presente e promessas pra o futuro. Projetar significa tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se, atravessar um período de estabilidade e buscar uma nova estabilidade em função de cada projeto contém de ter estado melhor do que o presente. Um projeto educativo pode ser tomado como promessa frente a determinadas rupturas. As promessas tornam visíveis os campos de ação possível, comprometendo seus atores e autores (1994, p.579) E por fim os professores foram perguntados se o modelo de gestão adotado por sua escola é democrático. 19 Um dos docentes respondeu que a escola caminha para a gestão democrática, mas que ainda falta uma maior participação da comunidade. Os professores que não percebem a gestão como democrática não justificaram suas opiniões. Percebe-se que a equipe dessa escola encontra-se dividida com relação o trabalho realizado pela equipe gestora, no entanto fica em evidencia que conhecem o modelo de gestão democrática e que a instituição mesmo que não em totalidade já adquiriu algumas de suas características. Pais e Responsáveis As primeiras perguntas foram feitas com a finalidade de familiarizar os pais com o estudo. Foram aplicados 8 questionários que contribuíram para proporcionar as respostas de algumas indagações. A maior parte, dos pais entrevistados declararam ter apenas um filho na escola e somente 1 declarou ter 2 filhos matriculados na mesma instituição . Quando abordados sobre a participação nas atividades oferecidas pela escola percebe-se que os pais têm a preocupação de acompanhar a vida escolar dos filhos conforme mostra o gráfico. 20 Os entrevistados também foram indagados a responder sobre a postura assumida pela gestão quando solicitada por eles para resolver algum problema e conforme respostas na sua totalidade, declararam que tem liberdade para procurar a direção da escola e que ela sempre resolve as situações de conflito apresentadas . As famílias também responderam de maneira unanime que sempre são informados sobre as atividades da escola, seja por meio de bilhetes ou nas orientações realizadas pela equipe gestora no momento da entrada dos alunos. Quando questionados sobre a participação nas reuniões propostas pela escola, nota-se que alguns pais responderam que não participam, diferenciando da abordagem referente as atividades e festividades onde nenhum pai ou responsável declarou não participar. Vale lembrar que quando perguntados sobre a qualidade das reuniões 2 envolvidos apontaram como ótimas , 5 definiram como boas e um entrevistado que assumiu não participar não optou por marcar nenhuma alternativa sendo coerente a sua resposta anterior. 21 Para finalizar, os pais e responsáveis foram perguntados sobre em que situação eles acreditam que devem ir á escola. Sete relataram que quando perceberem que o filho(a) não vai bem na escola e apenas 1 optou pela alternativa de ir a escola somente quando for chamado. Vale ressaltar que uma das alternativas apresentadas dava aos pais a opção de declarar que nunca devem ir , pois atrapalham o trabalho da escola. Observa se que os pais da comunidade utilizada com estudo de caso, estão satisfeitos com a gestão da escola e nota-se também que na sua grande maioria eles tem acompanhado a vida escolar de seus filhos e de certa forma a escola parece estar dando abertura para que isso aconteça uma vez que, os pais deixam explicito nas respostas, ter uma certa liberdade para procurar a equipe gestora quando for necessário. O texto do artigo 205 da Constituição federal prescreve o seguinte: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Nesse sentido faz se de essencial importância que a escola abra suas portas para as famílias e que as famílias por sua vez vejam na escola uma parceira indispensável na educação e formação de seus filhos. 22 Gestor Educacional Como ponto relevante nesse estudo, foi de suma importância conhecer as opiniões e questionamentos do gestor escolar onde o estudo de caso foi realizado. Ao ser solicitado sua colaboração para responder um questionário a gestora se mostrou bem receptiva e disponível o que facilitou a aplicação desse instrumento. Foram elaboradas 2 questões objetivas e 4 subjetivas com a finalidade de conhecer melhor sobre o trabalho e função do gestor educacional. A gestora declarou ter como nível de instrução pós graduação e que está na direção dessa instituição num período que corresponde pelo menos de 1 a 5 anos. Quando perguntada sobre o que ela entendia por gestão democrática, a mesma definiu este modelo como gestão compartilhada ,onde todos os segmentos da escola participam ativamente para o bem da mesma. Em consonância com a resposta da gestora, no ano 2007, foi assinada no Distrito Federal a lei 4036 (de 25 de outubro de 2007) que traz o nome de “gestão compartilhada” ao processo de escolha de diretores. Esta lei está baseada no artigo 206, VI, da Constituição Federal que estabelece a gestão democrática no ensino público, na forma da lei . Outro questionamento feito a entrevistada foi sobre a participação coletiva na sua gestão e sobre isso relatou que procura agir sempre conforme a decisão e participação do grupo e de toda comunidade escolar. É essencial que o gestor participe ativamente da vida de sua escola sendo um mediador de relações e impulsionador de novas ideias e práticas educacionais, pois, de acordo com Libâneo ,Oliveira e Toschi: “[...] o diretor coordena, mobiliza,motiva, lidera, delega aos membros da equipe escolar, conforme suas atribuições específicas, as responsabilidades decorrentes das decisões, acompanham o desenvolvimento das ações, presta contas e submete à avaliação da equipe o desenvolvimento das decisões tomadas coletivamente.” (2003, p. 335): Uma das questões proposta esta relacionada às dificuldades encontradas no exercício do cargo de gestor e como resposta a gestora deixou explicito que questões pessoais e a falta de ética de alguns profissionais podem ser visto como entraves no trabalho da gestão. E, por fim, foi perguntado como a gestora acredita que a sua gestão tem colaborado para o crescimento da sua escola e a mesma afirma que o fato dela ser 23 professora há muitos anos e de conhecer a comunidade escolar tem norteado o seu agir e prática. Nota-se que a gestora conhece bem o modelo de gestão democrática e de acordo com suas respostas procura realizá-lo na instituição. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A elaboração deste artigo se propôs a compreender sobre a importância da implantação da gestão democrática na escola pública e perceber sobre as contribuições que esse modelo de gestão pode promover na busca pela qualidade da educação. Foi de grande valia verificar que as conclusões obtidas na pesquisa bibliográfica estão em consonância com os resultados da análise do estudo de caso, apesar de ter sido observado que mesmo dentro de uma mesma instituição onde todos vêem a participação de toda comunidade escolar e o trabalho coletivo como essenciais, ainda assim a falta de ética e em alguns casos o comodismo de alguns envolvidos se fazem entraves para o sucesso e eficiência da escola. Ficou evidente que não é tarefa fácil para o gestor promover a formação de grupos colaborativos, no entanto com a pesquisa bibliográfica e estudo de caso , ficou claro que o gestor que descentraliza seu poder, que tem abertura para o diálogo e valoriza a participação de todos, acaba por conseguir conquistar a confiança de bons aliados para sua gestão. E para isso é importante que o gestor exerça uma liderança dinâmica capaz de acolher os anseios e objetivos de todos e de saber articulá-los de forma coerente. Foi possível perceber com a análise das respostas dos questionários , que o grau de instrução e o tempo de atuação de cada professor pouco influencia na sua concepção sobre o modelo de gestão e que o momentos de reuniões coletivas, de fato são percebidos como o único período onde acontece uma gestão democrática. Outro aspecto importante a ser ressaltado é a formação continuada tanto do gestor quanto dos professores uma vez que ficou evidente que esse tipo de formação proporciona a ambos profissionais reverem suas práticas e reformulá-las quando necessário. É essencial no âmbito da gestão democrática que haja um processo de formação continuada no ambiente de trabalho e que todos os envolvidos neste processo participem ativamente discutindo ações que sejam capazes de promover a 24 educação pública de qualidade. É preciso que todos participem ativamente desta construção, tanto na tomada de decisões, como em sua execução e avaliando estas ações e, a partir daí, reformular ou modificar o que for preciso. Sobre isso Libâneo, Oliveira e Toschi explicitam que: “O desenvolvimento profissional, como eixo da formação docente, precisa articular-se, ao mesmo tempo, com o desenvolvimento pessoal e com o desenvolvimento organizacional. O desenvolvimento pessoal diz respeito aos investimentos pessoais dos professores em seu próprio processo de formação, por meio do trabalho críticoreflexivo sobre sua práxis e da reconstrução de sua identidade pessoal, resultando nos saberes da experiência. A articulação desses três níveis de formação docente ressalta a importância das decisões que ocorrem no âmbito da escola...” ( 2003, p.375) A gestão democrática faz se necessária para a formação de uma sociedade que necessita e busca sair da relação de subordinação e passividade diante de um grupo de minorias que visam à escola apenas como formadora de massa de manobra e mão de obra qualificada. Uma escola que promova a inserção de sua comunidade a sua prática cotidiana garante a possibilidade de contar com parceiros realmente preocupados com o seu sucesso e crescimento. Ao analisar e confrontar os dados obtidos durante o estudo de caso percebese que uma gestão que aparentemente abre a escola para a comunidade e onde o gestor se mostra aberto ao diálogo não necessariamente pode ser considerada como uma gestão democrática, já que a participação e interação entre todos, necessita da orientação e do empenho do gestor em mediar o trabalho do seu grupo em busca de objetivos comuns que levem ao crescimento da instituição e principalmente a formação integral de seus alunos. O período de realização do artigo foi enriquecido por descobertas, reflexões e discussões, que permitiram não só um aprimoramento intelectual, como mudanças pessoais que aumenta ainda mais a certeza de que só é possível uma transformação social por meio da educação e de profissionais comprometidos que não vejam a escola pública como fadada ao fracasso, mas sim como a única esperança que muitos têm de conquistarem seus sonhos e mudarem de vida. Escola pública e de qualidade é responsabilidade de todos que trabalham e acreditam na educação. 25 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARAL, Marco Antonio. Formação do gestor escolar: da inicial à continuada. Disponível em http://www.artigonal.com/ensino-superior-artigos/formacao-do-gestorescolar-da-inicial-a-continuada-884718.html . Acesso em 10 de outubro de 2011. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Texto constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988 ,com as alterações adotadas pelas Emendas Constitucionais nº.s 1/92 a 39/202 e pelas Emendas Constitucionais de Revisão nº.s 1 a 6/94. Brasília: Senado Federal Subsecretaria de Edições Técnicas, 2003. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: Lei 9394, de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 2001. BRASIL. Lei Orgânica do Distrito Federal. Promulgada em 08 de Junho de 1993. BORTONI-RICARDO, Stella Maris. Pesquisa qualitativa e a prática do professor. Projeto de formação continuada para professoras do Ensino Médio, área de Língua Portuguesa e Literatura. Brasília: CEAD, 2006. FERREIRA, N.S.C. Gestão democrática da educação: ressignificando conceitos e possibilidades. In. FERREIRA, N. S. C.; AGUIAR, M. A. da S. (orgs.). Gestão da educação: impasses, perspectivas e compromissos. São Paulo: Cortez, 2006. FORTUNATI, José. Gestão da Educação Pública: Caminhos e Desafio. Porto Alegre: Artmed, 2007. FREIRE, Paulo. Educação e mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983 GADOTTI, Moacir. Concepção Dialética da Educação. São Paulo. Cortez, 1995. GADOTTI, Moacir. ”Pressupostos do Projeto Pedagógico”. In MEC, Anais da Conferência Nacional da Educação para Todos. Brasília, 1994. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002 GHEDIN, E. A reflexão sobre a prática cotidiana – caminho para a formação contínua e para o fortalecimento da escola enquanto espaço coletivo. Disponível em: http://tvbrasil.org.br/fotos/salto/series/150934FormacaoCProf.pdf. Acesso em: 16 de Outubro de 2011. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Procedimentos básicos, pesquisas bibliográficas. São Paulo: Atlas, 1992. 26 LUDKE, Menga; ANDRÉ, Marli. E.D.A. Pesquisa em educação: Abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. LIBÂNEO, J. C, OLIVEIRA, J. F. S. Educação Escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo. Cortez, 2003. OLIVEIRA, M. A. M. (org.) Gestão Educacional. Rio de Janeiro. Vozes, 2009. OLIVEIRA, Silvio Luiz de. Tratado de metodologia científica: Projetos de pesquisa, questionários, TGI, TCC, monografias, dissertações e teses. São Paulo: Pioneira Thonson, 2001. PADILHA. Paulo Roberto. Planejamento dialógico: como construir o projeto político pedagógico da escola - São Paulo: Cortez; Instituto Paulo Freire, 2001. PARO ,Vitor Henrique. Administração escolar: introdução crítica. 9º ed. SP: Cortez, 2000. PARO, Vitor Henrique. 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Desde já agradeço a atenção dispensada. 01) Grau de escolaridade: Magistério Curso Superior Pós-graduação Mestrado 02) Quanto tempo você está na gestão desta escola? menos de um ano de um a cinco anos acima de cinco anos acima de dez anos 03) O que você entende por gestão democrática? 28 ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 04) Você acredita que a sua gestão oportuniza a participação coletiva na administração da escola? De que forma? _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 05) Quais as dificuldades encontradas no exercício do cargo de gestora? _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 06) Como você acredita que a sua gestão tem colaborado para a o crescimento de sua escola? _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ Muito obrigada pela colaboração! 29 PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DIRETORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO EDUCACIONAL QUESTIONÁRIO PARA PROFESSORES Sou aluna do curso de especialização em Gestão Educacional e solicito sua colaboração para responder um questionário sobre “Gestão Democrática na escola pública ”.Não é necessária a sua identificação .Informo que haverá o anonimato dos participantes da pesquisa e da escola.Os dados coletados serão tratados de forma sigilosa e utilizados exclusivamente para o estudo de caso e fundamentação do meu trabalho. Desde já agradeço a atenção dispensada. 01) Grau de escolaridade: Magistério Curso Superior Pós-graduação Mestrado 02) A quanto tempo você leciona nesta escola? menos de um ano de um a cinco anos acima de cinco anos acima de dez anos 03) Você acha que a direção da escola é: Participativa Centralizadora Ótima Autoritária Boa Razoável 04) Você participa da gestão da escola? ( ) Sim ( ) Às vezes ( ) Não 05) Se participa ,de que maneira? Se não participa gostaria de participar? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 30 06) Você acha que o trabalho coletivo é importante numa escola? Por quê? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 07) Você participou da elaboração do Projeto político pedagógico da sua escola? Ou de alguma outra escola? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 08) Você considera a gestão da sua escola como democrática ? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Muito obrigada pela colaboração! 31 PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DIRETORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO EDUCACIONAL QUESTIONÁRIO PARA OS PAIS Sou aluna do curso de especialização em Gestão Educacional e solicito sua colaboração para responder um questionário sobre “Gestão Democrática na escola pública ”.Não é necessária a sua identificação .Informo que haverá o anonimato dos participantes da pesquisa e da escola.Os dados coletados serão tratados de forma sigilosa e utilizados exclusivamente para o estudo de caso e fundamentação do meu trabalho. Desde já agradeço a atenção dispensada. 01) Quantos filhos você tem na escola? ( ) um ( ) ( ) três ( ) mais dois ( ) quatro 02) Você participa das atividades oferecidas pela escola? ( ) Sim ( ) Às vezes ( ) Não 03) Você tem liberdade de procurar a direção para resolver problemas relacionados à escola? ( ) Sim ( ) Às vezes ( ) Não 04) Quando você conversa com a direção o seu problema: ( ) sempre é resolvido; ( ) às vezes é resolvido; ( ) nunca é resolvido. 05) A escola mantém você informado (a) através de bilhetes ou do seu filho (a) quanto às reuniões e festividades que nela acontecem? ( ) Sempre ( ) Às vezes ( ) Nunca 06) Você participa das reuniões propostas pela escola? ( ) Sim ( ) Às vezes ( ) Não 32 07) Se participa o que você acha das reuniões? ( ) Ótimas ( ) Boas ( ) Ruins 08) Você acha que os pais devem ir à escola ( ) somente quando forem chamados; ( ) quando perceberem que o filho(a) não vai bem na escola; ( ) nunca devem ir, pois atrapalham o trabalho da escola. Muito obrigada pela colaboração! ANEXO Distribuição de turmas 2011 04 (quatro) turmas de Educação Infantil 03 (três) turmas do 1º ano do Ensino Fundamental de 9 anos; 04 (quatro) turmas do 2° ano do Ensino Fundamental de 9 anos; 05 (cinco) turmas do 3° ano do Ensino Fundamental de 9 anos; 04 (quatro) turmas do 4° ano do Ensino Fundamental de 9 anos; 04 (quatro) turmas do 5º ano. do Ensino Fundamental de 9 anos; A escola Classe 02 de Ceilândia, quanto à estrutura física, é formada: Bloco A: Sala dos professores Mecanografia 05 (cinco) salas de aula Bloco B: 33 Sala de Vídeo Laboratório de Informática (desativado) 05 (cinco) salas de aula Bloco C: Depósito de gêneros alimentícios Almoxarifado Sala de recursos Sala de apoio 03 (três) salas de aula Sala da Equipe Pedagógica Sala de Orientação Educacional Bloco D: Secretaria Direção / Assistência Biblioteca Banheiros de funcionários (masculino e feminino) Cantina Pátio Banheiros para alunos (masculino e feminino) Além dos blocos, a escola ainda possui um galpão destinado a Educação Integral. Quanto aos recursos de áudio, vídeo e informática, a escola dispõe dos seguintes materiais: Laboratório de informática com 20 computadores (desativado) 03 (três) televisores 01 aparelho de DVD 01 Vídeo cassete 01 Data Show 34 Horário de regência: Turno matutino: 07:30 às 12:30 Turno vespertino 13:00 às 18:00 Horário de coordenação: Turno matutino: 08:00 às 11:00 Turno vespertino 13:45h às 16:45h O corpo docente e técnico-administrativo é composto por: Direção: Diretora Vice-diretora Supervisora Pedagógica Supervisor administrativo Secretaria: Chefe de secretaria 02 (duas) Auxiliares de secretaria Coordenação: 02 (duas) coordenadoras Professores regentes: 25 (vinte cinco) Professores Auxiliares de educação: 04 (quatro) auxiliares de conservação e limpeza 02 (duas) merendeiras 02 (duas) agentes de portaria Mecanografia: 02 (duas) auxiliares readaptadas 35 Apoio na biblioteca e outras atividades: 02 (duas) professoras readaptadas. Auxiliar de sala: 01 (um) monitor.