Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa
Lato Sensu em Gestão Educacional
Trabalho de Conclusão de Curso
Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa
Programa de Pós-Graduação Lato Sensu
Especialização em Gestão Educacional
Trabalho de Conclusão de Curso
GESTÃO DEMOCRÁTICA NA ESCOLA PÚBLICA
GESTÃO DEMOCRÁTICA NA ESCOLA PÚBLICA
Autor: Liliam Luiza Soares Silva
Orientador:
Relcytam
LagoSilva
Caribé
Autora:MsC.
Liliam
Luiza Soares
Orientadora: MsC. Relcytam Lago Caribé
Brasília – DF
Brasília - DF
2011
2011
LILIAM LUIZA SOARES SILVA
GESTÃO DEMOCRÁTICA NA ESCOLA PÚBLICA
Artigo apresentado ao curso de Pósgraduação
lato
sensu
em
Gestão
Educacional da Universidade Católica de
Brasília, como requisito parcial para
obtenção do Título de Especialista em
Gestão Educacional.
Orientadora: MsC. Relcytam Lago Caribé
Brasília
2011
Artigo de autoria de Liliam Luiza Soares Silva, intitulado, “GESTÃO
DEMOCRÁTICA NA ESCOLA PÚBLICA”, apresentado como requisito parcial para
obtenção do grau de Especialista em Gestão Educacional da Universidade Católica
de Brasília, em (data a consultar), defendido e aprovado pela banca examinadora
abaixo assinada:
____________________________________________
Orientadora...................
________________________________________
Profa. MSc Neusa Fátima Maiochi
Brasília
2011
Dedico este artigo a Deus, minha família e principalmente aos profissionais da
educação que buscam fazer da escola um espaço de mudança e formação integral
do cidadão.
4
Gestão Democrática na Escola Pública
Liliam Luiza Soares Silva
Resumo:
O presente artigo busca examinar no âmbito escolar, os aspectos positivos e as
características do processo de implantação da gestão democrática de educação no
Brasil e, em especial no Distrito Federal. Como instrumentos técnicos para
investigação utilizaram-se a pesquisa bibliográfica, com o uso de fontes diversas
como artigos científicos e livros, a pesquisa documental, em que foram analisados
os documentos legais relevantes para a implantação deste tipo de gestão, e foi
realizado o estudo de caso de uma escola pública do Distrito Federal. O texto
aborda sobre a importância de uma gestão que possibilite a participação da
comunidade escolar nas tomadas de decisões e elaboração dos projetos da escola.
Enfatiza sobre a necessidade de o gestor assumir a postura de um mediador de
relações humanas, o estudo busca também mostrar que a formação continuada
(tanto do gestor quanto dos professores), à reflexão sobre a prática pedagógica e o
repensar das ações, são pontos essenciais para o bom andamento do trabalho
coletivo, pedagógico e principalmente na busca de uma educação de qualidade.
Palavras-chave : Gestão Educacional. Gestão Democrática. Participação. Gestor.
1. INTRODUÇÃO
A gestão da educação brasileira, no final dos anos setenta, apontava para a
criação de políticas de plano educacional que priorizassem os níveis educacionais
iniciais em regiões de concentração de pobreza, uma vez que apresentavam
continuam
apresentando
e
um crescimento populacional acelerado, garantindo
assim mão de obra qualificada e acessível.
É certo, que a educação brasileira é ainda caracterizada pela administração e
autoritarismo de uma hierarquia dominante que na maioria das vezes se encontra as
margens da realidade escolar e de seu funcionamento.
Segundo Gentili (1998), no início dos anos setenta com o declínio ditatorial
em países da América latina dentre eles o Brasil, uma série de medidas neoliberais
5
passam a ser implantadas o que caracteriza a hegemonia do neoliberalismo, não só
no campo político e econômico, como também no campo educacional. As ideias
neoliberais privilegiam uma qualidade total do ensino, onde o que importa é o
produto e a diminuição dos gastos. As regras de mercado são aplicadas dentro da
escola
estimulando
a
competitividade
o
individualismo
e
principalmente
desqualificando a educação como a responsável pela formação do ser humano, pois
sendo meritocrática o valor é atribuído apenas ao esforço do indivíduo.
Entretanto, em meio a esse contexto de investimento na educação em busca
de uma qualidade total de ensino, ganha força no início dos anos oitenta a ideia de
uma gestão democrática que visa à participação da comunidade escolar, tendo
autonomia para tomar decisões e interferir em suas realidades. Essa autonomia
pode ser decretada (transferência de competências) ou construída que é o resultado
do aprendizado político e da construção do cenário escolar por parte de todos os
sujeitos interessados.
É característica dessa gestão a participação efetiva, a começar pela
elaboração do projeto político pedagógico, construção do conselho escolar, grêmio
estudantil dentre outros. Vale ressaltar que o papel do gestor é o de possibilitar com
que a instituição seja transparente e democrática e o seu poder é descentralizado.
Em contraponto, a qualidade total creditada pelas propostas neoliberais, na
escola democrática busca-se a qualidade social, onde a meta é a formação integral
do indivíduo, respeitando sua cultura, capacidades cognitivas e sociais e
principalmente a diversidade.
Na intenção de apresentar a gestão democrática como um importante
instrumento de mudança e na busca de alcançar o objetivo de identificar as ações e
instrumentos necessários à implantação efetiva da gestão democrática na escola
pública, o artigo foi elaborado, a partir do estudo de caso de uma escola pública da
regional de Ceilândia/Distrito Federal e fundamentado por investigação bibliográfica.
O presente texto está dividido em sete pontos de análise: 1) Aspectos legais e
teóricos da gestão democrática 2) Concepções de gestão 3) A importância da
formação inicial e continuada do gestor 4) A participação da comunidade escolar na
construção da gestão democrática
5) O papel do professor (a) na implantação e
consolidação da gestão democrática 6) Estudo de caso de uma escola classe e 7)
Considerações finais.
6
O uso desses instrumentos possibilitou a esta pesquisadora confrontar suas
ideias com a observação, os dados entre si, e os obtidos com a pesquisa
bibliográfica e, principalmente, garantir a esse estudo o caráter científico e empírico.
2. ASPECTOS LEGAIS E TEÓRICOS DA GESTÃO DEMOCRÁTICA
O cenário mundial encontra-se na era da globalização e das novas
tecnologias. E a escola está inserida neste contexto, atuando frente á desafios, onde
se observa a necessidade de reconstrução do conhecimento, assim como de
mudança da postura do gestor escolar e é nesse sentido que a gestão democrática
vem colaborar para o sucesso das instituições de ensino frente a essa realidade.
As bases legais da Gestão Democrática remontam á Constituição Federal de
1988 que em seu artigo 206 garante a gestão democrática do ensino público, na
forma de lei. Também conferem a sua legitimidade a lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB) artigo 3º, a lei orgânica (art.222) e o Plano Nacional de
Educação (PNE).
Segundo Libâneo, Oliveira e Toschi (2003), o sistema de organização e de
gestão da escola é o conjunto de ações, recursos, meios e procedimentos que
propiciam as condições para alcançar esses objetivos. As instituições de ensino se
caracterizam como organizações, e nelas sobressai a interação entre as pessoas,
para a promoção da formação humana. De fato, a escola é um sistema de relações
humanas e sociais com fortes características interativas, que a diferenciam das
empresas convencionais e é nessa perspectiva que a gestão democrática vista
como a gestão da participação pode favorecer para o sucesso e garantia de uma
administração bem sucedida.
A participação é um dos instrumentos indispensáveis para assegurar a gestão
democrática, uma vez que possibilita o envolvimento de toda a comunidade escolar
no processo de tomada de decisões e no funcionamento da instituição. Ainda
conforme Libâneo, Oliveira e Toschi (2003), a participação proporciona melhor
conhecimento dos objetivos e das metas da escola, de sua estrutura organizacional,
de sua dinâmica e de suas relações com a comunidade, e ainda propicia um clima
de trabalho favorável a maior aproximação entre professores, alunos e pais.
7
2.1. Concepções de Gestão
Segundo Libâneo, Oliveira e Toschi (2003), gestão é a atividade pela qual são
mobilizados meios e procedimentos para atingir os objetivos da organização. Os
processos de gestão assumem diferentes modalidades, conforme a concepção que
se tenha das finalidades sociais e políticas da educação em relação á sociedade e á
formação dos alunos.
A gestão pode assumir a concepção “técnica- cientifica burocrática” ou então
o modelo de “democrático- participativo”. No primeiro modelo as decisões são
centralizadas em uma pessoa ou grupo de pessoas, busca-se a eficiência
(resultados), as decisões são tomadas verticalmente, percebe-se uma acentuada
divisão de trabalho, existe a valorização da hierarquia e enfatizam-se as relações de
subordinação.
Já a gestão democrática, tem em vista a busca de objetivos assumidos por
tomadas de decisões coletivas e horizontais, valoriza-se relações inter pessoais, e a
função do gestor é acompanhar e avaliar o trabalho visando alcançar a qualidade
para todos.
Para Saviani (1999), o processo educativo é a passagem da desigualdade à
igualdade. Portanto, só é possível o processo educativo em seu conjunto como
democrático sob a condição de se distinguir a democracia com possibilidade no
ponto de partida e a democracia como realidade do nosso ponto de chegada.
E para que esse modelo de gestão aconteça com sucesso é importante que a
comunidade escolar esteja ciente de seu papel como colaboradora nas tomadas de
decisões para que metas sejam alcançadas. Outro fator importante é que o gestor
se perceba como um mediador de relações, conhecedor de seus parceiros e da
realidade da sua escola como ressalta Fortunati, (2007, p 32.)
...Um dos desafios que quem tem o dever de administrar os recursos
humanos e financeiros enfrenta é o de conhecer profundamente a realidade a ser
contemplada”.
Percebe-se ser necessária uma visão crítica do processo da administração
escolar, a qual exige um conhecimento real e preciso da estrutura sócio-econômica
calcada em um modelo de sociedade capitalista em que vivemos.
A gestão escolar precisa ser entendida no âmbito da sociedade política
comprometida com a própria transformação social, conforme Paro (1996). Neste
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enfoque, a atividade gestora administrativa em sua concepção geral, precisa pensar
em objetivos e atividades que atendam aos interesses das classes trabalhadoras,
visando à transformação social e formação integral do ser humano, pois como
propõe Paulo Freire (1983) a construção da escola cidadã, implica respectivamente,
a construção de relações sociais efetivamente democráticas e igualitárias, ou seja, a
luta pela cidadania que constrói a emancipação humana.
2.2. A Importância da Formação Inicial e Continuada do Gestor
Ao se pensar em gestão democrática e sobre os instrumentos para que ela
seja implantada plenamente, faz se necessário compreender o perfil e o papel do
gestor educacional. Refletir sobre a formação do gestor escolar, nos sujeita
observar como ocorre a preparação inicial do professor na graduação, uma vez que
o gestor é na maioria das situações um professor.
Percebe-se que a formação inicial nem sempre garante subsídios para que o
docente desempenhe com autonomia e habilidades necessárias o processo de gerir
uma instituição de ensino.
Nessa perspectiva o aperfeiçoamento contínuo do gestor tornou-se um meio
necessário para a melhoria da qualidade de ensino.
gestores
precisam
buscar
aprimorar-se
É nesse sentido que os
constantemente,
aperfeiçoar
seus
conhecimentos de forma a garantir para comunidade escolar um ambiente de
relações humanas rica em aprendizagem e qualidade.
Segundo
Ghedin
(2005), a formação continuada
é a
garantia
do
desenvolvimento profissional permanente, ela se faz por meio dos estudos, da
reflexão, da discussão e da confrotação de experiência de professores.
A formação contínua está relacionada às atividades e estratégias de formação
que podem acontecer em diferentes espaços. Essa capacitação geralmente é
apresentada em dois modelos: o clássico ou tradicional ou o emancipador também
conhecido como crítico reflexivo.
Na concepção clássica existe a distinção entre os que pensam e os que
executam essa visão esta ligada a ideia de treinamento, aperfeiçoamento e
reciclagem. Já na perspectiva emancipadora valoriza-se a reflexão acerca da prática
profissional e a troca de experiências é vista como um importante instrumento de
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aprendizagem. A escola é entendida como um espaço de formação. O profissional
docente é valorizado e não se enfatiza o modelo racional tecnológico.
Através do processo reflexivo e da busca pela capacitação e formação
contínua os gestores poderão alterar suas práticas que precisam ser sempre
atualizadas. Sendo assim, os frutos decorrentes dessa formação, se atrelados a
melhores condições de trabalho resultará, sem dúvidas, em profissionais que
ocuparão de fato à posição de intelectuais orgânicos dentro das escolas, aqueles
que pesquisam, refletem, discutem e compartilham saberes de forma crítica e
reflexiva.
Desempenhar o papel de gestor escolar visa compromisso, liderança,
capacidade
administrativa,
e
também
ações
norteadas
por
autonomia,
responsabilidade e atitudes democráticas.
Ferreira (2006) aponta que a gestão democrática, enquanto construção
coletiva da organização da educação, da escola, da instituição, do ensino, da vida
humana, faz-se, na prática, quando se tomam decisões sobre o projeto político
pedagógico, sobre as finalidades e objetivos do planejamento dos cursos, das
disciplinas, dos planos de estudos, do elenco disciplinar e os respectivos conteúdos,
sobre as atividades dos professores e dos alunos necessárias para a sua
consecução, sobre os ambientes de aprendizagem, recursos humanos, físicos e
financeiros necessários, os tipos, modos e procedimentos de avaliação e o tempo
para sua realização. Com tantas atribuições reforçam-se ainda mais a importância
da qualificação do gestor educacional.
Sem mudança pessoal e interior da cultura do gestor não podemos esperar
diferenças na sua administração educacional. Por isso a formação continuada e a
abertura da escola para que a comunidade escolar participe, pode ajudar a
desconstruir a imagem de que uma gestão eficaz precisa ser autoritária e
controladora.
2.3 A Participação da Comunidade Escolar na Construção da Gestão
Democrática
Promover educação pública de qualidade é o grande desafio a ser enfrentado
e encarado por todos, e a escola como responsável por oferecer educação, precisa
ser ciente de que seu papel primordial é ensinar e formar bem os alunos, para isso
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necessita estabelecer metas possíveis de serem alcançadas sempre com o objetivo
de desenvolver as competências e habilidades necessárias à formação integral do
aluno para que ele se torne um sujeito atuante da sociedade. Libâneo, (2003, p. 300301) afirma que:
“O objetivo primordial da escola é, portanto, o ensino e a
aprendizagem dos alunos, tarefa a cargo da atividade docente. A
organização escolar necessária é aquilo que melhor favorece o
trabalho do professor, existindo uma interdependência entre os
objetivos e as funções da escola e a organização e a gestão do
trabalho escolar.”
A escola precisa ser capaz de promover o acesso e a permanência de seus
estudantes, mas essa permanência deve buscar ações que promovam o sucesso, e
façam com que o aluno, sinta prazer em aprender e em fazer parte da instituição
educacional.
A função social da escola é educar para uma prática mais comprometida com
o seu contexto, preparando o indivíduo para uma convivência harmoniosa consigo,
com o outro e com o meio onde habita. Nesse sentido precisa envolver o discente
neste processo, o que contribuirá para que a aprendizagem seja mais efetiva, ou
seja, para cumprir sua tarefa a escola deve estar inserida ativamente no contexto
onde está construída conhecendo bem o público o qual atende.
A partir do momento em que a escola passou a ser disponível para todas as
camadas sociais e a educação tornou- se direito subjetivo de todos, ela passa a ser
vista como instrumento de ascensão social, no entanto para que a escola consiga
atingir o objetivo de proporcionar condições às pessoas das classes menos
favorecidas, é necessário que ela busque a eficiência e ofereça
qualidade,
para isso é preciso uma gestão qualificada
e de
ensino de
professores
comprometidos com a educação.
Paro (1997, p. 87/88) ressalta que:
Neste sentido, o provimento às amplas camadas que hoje
buscam a escola pública de um ensino de boa qualidade
deve ser um direito não dependente de justificações de
ordem econômica, ideológica ou de qualquer outra
espécie. Assim, a escola pública de boa qualidade é algo
defensável
e
necessário
aos
seus
usuários,
primeiramente e acima de tudo não porque simplesmente
vai prepará-los para o trabalho, ou para a universidade,
contribuir para o desenvolvimento econômico ou diminuir
a delinqüência social etc.
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Uma das formas de garantir a participação coletiva na tomada de decisões da
escola é a gestão democrática, que visa o gestor não como detentor do poder, mas
como um organizador e mediador de relações. A participação de toda comunidade
escolar (professores, funcionários, alunos, país e responsáveis), na construção e
tomada de decisões faz com que a democracia chegue à escola. Tão importante
para uma comunidade quanto ter uma escola é participar ativamente da tomada de
decisões que ocorre dentro dela e, em contrapartida, acompanhar a vida escolar de
suas crianças.
Faz se necessário que a escola respeite a opinião de todos os envolvidos no
processo educacional, Savianni (1982 in Oliveira, Souza e Bahia, 2009 p. 46)
destaca a importância da prática da democracia.
“a democracia tem de ser a perspectiva principal de uma escola;
portanto só é possível considerar o processo educacional em seu
conjunto, sob a condição de se distinguir a democracia como
possibilidade no ponto de partida e a democracia como realidade, no
ponto de chegada.”
A ação de participar envolve estar junto, colaborar, e é papel do gestor
promover essa participação de todo o grupo na colaboração com as ações
promovidas dentro da escola e a construção coletiva do Projeto Pedagógico é um
dos instrumentos indispensáveis para que a busca pela qualidade na educação seja
de interesse todos os atores envolvidos no processo educativo, uma vez que
diferente do passado
quando o projeto era
apenas como um documento
burocrático, hoje o projeto pedagógico deve ser construído, conhecido e seguido por
professores e gestores (a LDB traz em seu artigo 3º, inciso 1º “a participação dos
profissionais da educação na elaboração do PPP da escola)” e a única forma disso
acontecer é através do engajamento de todos os envolvidos com a realidade e
funcionamento da instituição educacional.
A participação da comunidade é necessária para que a escola conheça o que
a população espera daquela determinada escola, isso pode ser feito a partir de
reuniões, questionários , levantamentos enviados aos pais, abertura da escola para
atividades nos fins de semana dentre outras maneiras . A partir desta concepção de
construção mútua é que podemos superar a barreira entre o fazer e o pensar, pois
toda a ação será pensada e realizada com a participação de todos envolvidos no
processo.
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2.4. O Papel do Professor (a) na Implantação e Consolidação da Gestão
Democrática.
Partindo do princípio de que a gestão democrática não se faz somente com o
trabalho do gestor, surge a necessidade de perceber o professor como uma
importante peça na engrenagem do funcionamento escolar. Gadotti (1995, p.61)
deixa bem claro este aspecto:
A participação dos envolvidos no processo educacional
não acontecerá espontaneamente, deverá ser perseguida
e vivenciada, cotidianamente. Nela todos assumem as
responsabilidades, sem a separação entre o pensar e o
fazer o ato educativo, enfraquecendo, assim, o
individualismo, a desconfiança, a acomodação e
fortalecendo o compromisso, a construção coletiva, a
crítica e a autocrítica.
A partir dessa visão é essencial que o professor abandone a ideia de que sua
função é simplesmente a de ministrar aulas e comece a perceber que sua opinião e
participação se fazem indispensáveis para o sucesso da gestão escolar.
A qualidade da educação se faz por meio de uma escola que visa a formação
integral dos alunos e para isso torna-se essencial uma gestão qualificada e a
participação de professores compromissados. E é papel do gestor estimular a sua
equipe de trabalho e buscar a parceria dos docentes uma vez que os professores
tem estabelecida uma maior relação de proximidade com os alunos e suas famílias
o que fazem deles mediadores
da relação entre comunidade escolar e equipe
gestora.
Segundo Libâneo, Oliveira e Toschi (2003) o exercício profissional do
professor compreende ao menos três atribuições: a docência, a atuação na
organização e na gestão da escola e a produção de conhecimento pedagógico. Vale
salientar que as ações do docente em sala de aula precisam estar em consonância
com as decisões da escola e por isso existe a necessidade de consenso acerca dos
princípios e práticas estabelecidos por todos.
Outro fator importante é que o docente tenha o pensamento crítico reflexivo e
domine conhecimentos relacionados à gestão e organização da escola para que
dessa maneira possa participar de forma crítica e eficiente nas reuniões
pedagógicas, conselhos de classe dentre outras situações onde é essencial a sua
participação e colaboração.
A participação e compromisso do professor tornam- se de grande valia para
que o gestor tenha uma equipe forte, que ao participar da elaboração dos projetos
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da escola e das tomadas de decisões sinta-se responsável pelos frutos e vitórias
alcançadas por ela.
3. METODOLOGIA
Com a finalidade de conhecer melhor sobre a prática de gestão escolar, este
artigo científico fundamentou-se na realização de estudo de caso, uma vez que,
segundo Yin (2001) este instrumento consiste na busca de dados relevantes e
convenientes obtidos por meio de experiência, da vivência. Enfim visa ter uma visão
mais ampla do assunto estudado.
Quanto aos objetivos, o levantamento de dados foi exploratório, como passo
inicial, ao se investigar as informações bibliográficas sobre o tema escolhido. O
procedimento adotado foi a pesquisa de campo, pois se tomou como base a
observação dos fatos como, realmente, acontecem. Em função do objeto, os dados
foram coletados com os questionários e com a observação direta.
Para Salomon (2001), o fim principal da pesquisa bibliográfica é pôr o
pesquisador em contato com tudo o que já se fez em torno do assunto a tratar.
Lakatos (1992, p. 43) acrescenta:
Trata-se de levantamento de toda bibliografia já publicada, em forma
de livros, revistas, publicações avulsas e imprensa escrita. Sua
finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo aquilo
que foi escrito sobre determinado assunto, com o objetivo de permitir
ao cientista o reforço paralelo na análise de suas pesquisas ou
manipulação de suas informações. A bibliografia pertinente oferece
meios para definir, resolver, não somente problemas já conhecidos,
como também explorar novas áreas, onde os problemas ainda não
se cristalizaram suficientemente.
Acreditando em sua eficácia, foi utilizada a abordagem qualitativa, pois em
relação a esse caráter de pesquisa qualitativa, Bogdan e Bikalen (apud Ludke e
André, 1982) ressaltam que nessa perspectiva existe um contato direto e prolongado
do pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo investigada, porque “o
interesse do pesquisador ao estudar um determinado problema é verificar como ele
se manifesta nas atividades, nos procedimentos e nas interações cotidianas.”
Pressupõe se que a metodologia qualitativa possibilita ao pesquisador ter
uma visão dos aspectos comportamentais e sociais dos sujeitos investigados, em
conformidade com o seu contexto de vida, como elucida Oliveira (2001, p. 117):
As pesquisas que se utilizam da abordagem qualitativa possuem a
facilidade de poder descrever a complexidade de uma determinada
hipótese ou problema, analisar a interação de certas variáveis,
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compreender e classificar processos dinâmicos experimentados
por grupos sociais, apresentar contribuições no processo de
mudança, criação ou formação de opiniões de determinado grupo e
permitir em maior grau de profundidade, a interpretação das
particularidades dos comportamentos ou atitudes dos indivíduos.
A investigação qualitativa leva o pesquisador a conhecer e a analisar, com
detalhes, que causa a sua inquietação, uma vez que tem como característica a
flexibilidade e, principalmente, a observação, o que proporciona um contato com o
sujeito e com a sua realidade. Sobre isso, Bortoni-Ricardo (2006, p. 1-2) diz que “a
pesquisa qualitativa procura entender, interpretar e explicar fenômenos sociais
inseridos em um determinado contexto”. Outro processo de abordagem foi o
quantitativo, visto a sistematização dos dados coletados terem sido processados em
um percentual de amostragem.
O sujeito da pesquisa surge na proporção em que se consideram os objetivos
deste trabalho: Tanto pais de alunos, funcionários, professores e equipe gestora de
uma mesma escola pública responderam questões voltadas para o modelo
de
gestão implantado na instituição.
A coleta de dados é de suma importância na elaboração da pesquisa
cientifica, pois é nesta fase que o pesquisador obtém as informações necessárias
para o sucesso de seu estudo. Um dos instrumentos utilizados, nesta investigação,
foi a observação que, segundo Rudio (apud RAMPAZZO, 2001, p. 104) “[...] é um
dos meios mais freqüentes usados pelo ser humano para conhecer e compreender
pessoas,coisas,
acontecimentos
e
situações”.
Foram
aplicados,
também,
questionários com perguntas sucintas e objetivas, uma vez que o ambiente escolar é
imprevisível e requer maior praticidade, objetividade. De acordo com Gil (2002, p.
116) “o questionário consiste basicamente os objetivos específicos da pesquisa em
itens bens reduzidos”, o que garante ao investigador respostas mais rápidas e
seguras aos seus questionamentos.
3.1.
Caracterização da Escola
A história da Escola Classe 02, que está localizada entre as quadras 19 e 21
da Ceilândia Sul, confundem-se com a história da comunidade em que está inserida.
Criada no ano de 1971 foi denominada como Escola Classe 32 de Ceilândia e
tinha como objetivo principal, atender a comunidade transferida do Núcleo
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Bandeirante, onde muitas das famílias eram compostas dos “candangos”, que
constituíram suas famílias na capital.
A clientela atendida é basicamente formada por famílias de baixa e média
renda, que demonstra um potencial muito grande para o trabalho comunitário e
solidário. Essa mesma comunidade vê na escola um ponto de apoio para auxiliar na
educação de seus filhos e para o atendimento de suas necessidades e expectativas
sociais.
A escola possui uma excelente localização, estando próxima do centro de
Ceilândia. Porém, existem pontos fortes de violência nas proximidades o que em
determinadas situações, como por exemplo, na realização de uma atividade no
período noturno requer maior atenção e cuidado.
Atualmente a escola atende a Educação Infantil (4 e 5 anos), Ensino
Fundamental de 9 anos (1º ao 5º ano), com 630 alunos matriculados, de acordo com
as normas do Sistema de Ensino do Distrito Federal.
Quanto aos recursos financeiros a instituição conta com as seguintes verbas:
PDDE - FNDE – Programa do Fundo Nacional de Desenvolvimento à
Educação;
PDAF – Programa de Descentralização Administrativo Financeiro;
PDE - Escola – Programa de Desenvolvimento de Educação.
A utilização destes recursos depende da indicação e aprovação de todos os
segmentos, sobretudo na aquisição de materiais pedagógicos utilizados pelos
professores, dentro e fora de sala de aula, tendo como principal prioridade a
melhoria ao atendimento de nossos alunos. Após a utilização destes recursos, são
realizadas as prestações de contas para a comunidade escolar e instâncias
competentes.
É bom ressaltar que a escola além de desenvolver projetos voltados para
aprendizagem geral de seus alunos procura também promover atividades voltadas
para as famílias, tais como: Projeto Africanidade, Projeto Chocolate Literário, Projeto
Vem Brincar Comigo, Recreio Literário, Projeto Meio Ambiente, Escola de pais,
Bateria Nota Show, Projeto de karatê, Educação Integral, eventos que ressaltem a
cultura brasileira e outros, na expectativa de melhorar os índices de aprendizagem
nesta Unidade de Ensino.
16
Ao final do artigo, ver anexo contendo a distribuição de turmas em 2011, a
estrutura física e organização do corpo docente e técnico-administrativo da
instituição.
3.2 Procedimentos de Construção e Análise de Dados
Buscando fundamentar e comprovar as afirmações feitas até o momento
sobre gestão democrática, foi realizado um estudo de caso, norteado por
questionamentos e objetivos levantados durante a realização deste trabalho de
conclusão de curso.
Serão apresentados os instrumentos utilizados neste estudo e importância
que tiveram nesta construção. Todo o estudo foi feito a partir de bibliografia voltada
ao tema e com a análise do ponto de vista de pais, professores e gestora de uma
determinada escola.
Todos os entrevistados responderam inicialmente a um questionário escrito.
No caso dos pais/mães e responsáveis de alunos, este questionário possuía apenas
perguntas objetivas, já no caso do gestor e dos professores foram acrescentadas
algumas questões subjetivas.
Os participantes foram abordados através de conversa informal em que foi
relatada a necessidade de sua colaboração para trabalho de conclusão de curso de
especialização. Tanto os pais quanto as professoras abordadas se mostraram
receptivos ao trabalho proposto e aceitaram responder as questões.
O questionário aos pais traz perguntas simples com 08 perguntas e uma
média de três alternativas de respostas, o questionário as professoras traz 04
questões objetivas e 4 questões subjetivas . Já o questionário aplicado ao gestor
era composto por 2 questões objetivas e 4 subjetivas .
Os procedimentos utilizados neste trabalho tonam-se uma leitura do que foi
dito pelos entrevistados com o intuito de conhecer os reflexos da gestão sobre as
atividades cotidianas da escola.
4. RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS
Professores
As primeiras perguntas do questionário foram elaboradas com o objetivo de
analisar se o grau de instrução, e o tempo de atuação na mesma escola influenciam
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a visão que os docentes têm sobre o processo de gestão da instituição. Dos 9
entrevistados, 5 têm pós graduação e
4 têm somente nível superior. Dois
professores atuam na escola a menos de 1 ano , 2 estão na escola a mais de 5
anos e uma professora respondeu ter de 1 a 5 anos na escola.
Quando perguntados sobre que características a gestão da escola apresenta
os resultados foram os seguintes:
Percebe-se que a opinião dos professores é dividida, porém o caráter de
autoritarismo
não
foi
mencionado
por
nenhum
docente.
Também
foram
questionados sobre a sua participação na gestão da escola e mais uma vez, com a
análise dos dados nota-se que a equipe não tem opiniões homogêneas sobre o
trabalho da equipe gestora, há uma certa instabilidade com relação a participação
no processo de gestão da escola.
18
Os professores que responderam “sim e ás vezes” foram unanimes ao relatar
que a participação acontece nos momentos de reunião coletiva onde discutem sobre
os projetos que serão realizados, opinam e participam na tomada de decisões.
Os docentes também foram perguntados sobre a importância do trabalho
coletivo e concordaram que quando se trabalha em grupo existe uma troca de
conhecimentos, a condição de que nenhum segmento sinta-se carregado e também
a interação de todos como parte indispensável na instituição. Ainda apontaram o
espaço escolar como um ambiente de formação e rico em troca de experiências.
Libâneo, Oliveira e Toschi, 2003, p.375, analisam esta questão:
“... Atualmente o desenvolvimento profissional não se restringe mais
ao mero treinamento. A ideia é que a própria escola é lugar de
formação profissional, por ser, sobretudo nela, no contexto de
trabalho, que os professores e demais funcionários podem
reconstruir suas práticas, o que resulta em mudanças pessoais e
profissionais.”
Uma das características da gestão democrática é a participação dos
professores na elaboração do Projeto Político Pedagógico- P.P.P quando
questionados sobre a este aspecto, 05 profissionais responderam que nunca
participaram da elaboração de um P.P.P nem nessa e em nenhuma outra escola e
4 disseram já ter participado inclusive nessa escola onde em encontros pedagógicos
deram sugestões , debateram pontos polêmicos e reformularam objetivos dos
projetos passados .
Ferreira apud Padilha (2006) destaca que quem planeja é o mesmo que faz,
ou seja, o planejamento precisa ser feito por aqueles que executarão a ação,
reforçando mais uma vez o compartilhamento da ação de planejar. Esse
planejamento evita a improvisação e possibilita á gestão da escola ter um feedback
da situação escolar e se necessário pode levar ao reformulação de práticas .
Sobre o caráter de transformador do planejamento Gadotti destaca:
Todo projeto propõe rupturas com o presente e promessas pra
o futuro. Projetar significa tentar quebrar um estado confortável
para arriscar-se, atravessar um período de estabilidade e
buscar uma nova estabilidade em função de cada projeto
contém de ter estado melhor do que o presente. Um projeto
educativo pode ser tomado como promessa frente a
determinadas rupturas. As promessas tornam visíveis os
campos de ação possível, comprometendo seus atores e
autores (1994, p.579)
E por fim os professores foram perguntados se o modelo de gestão adotado
por sua escola é democrático.
19
Um dos docentes respondeu que a escola caminha para a gestão
democrática, mas que ainda falta uma maior participação da comunidade. Os
professores que não percebem a gestão como democrática não justificaram suas
opiniões.
Percebe-se que a equipe dessa escola encontra-se dividida com relação o
trabalho realizado pela equipe gestora, no entanto fica em evidencia que conhecem
o modelo de gestão democrática e que a instituição mesmo que não em totalidade já
adquiriu algumas de suas características.
Pais e Responsáveis
As primeiras perguntas foram feitas com a finalidade de familiarizar os pais
com o estudo. Foram aplicados 8 questionários que contribuíram para proporcionar
as respostas de algumas indagações. A maior parte, dos pais entrevistados
declararam ter apenas um filho na escola e somente 1 declarou ter 2 filhos
matriculados na mesma instituição .
Quando abordados sobre a participação nas atividades oferecidas pela escola
percebe-se que os pais têm a preocupação de acompanhar a vida escolar dos filhos
conforme mostra o gráfico.
20
Os entrevistados também foram indagados a responder sobre a postura
assumida pela gestão quando solicitada por eles para resolver algum problema e
conforme
respostas
na sua
totalidade, declararam que
tem liberdade para
procurar a direção da escola e que ela sempre resolve as situações de conflito
apresentadas . As famílias também responderam de maneira unanime que sempre
são informados sobre as atividades da escola, seja por meio de bilhetes ou nas
orientações realizadas pela equipe gestora no momento da entrada dos alunos.
Quando questionados sobre a participação nas reuniões propostas pela
escola, nota-se que alguns pais responderam que não participam, diferenciando da
abordagem referente as atividades e festividades onde nenhum pai ou responsável
declarou não participar. Vale lembrar que quando perguntados sobre a qualidade
das reuniões 2 envolvidos apontaram como ótimas , 5 definiram como boas e um
entrevistado que assumiu não participar não optou por marcar nenhuma alternativa
sendo coerente a sua resposta anterior.
21
Para finalizar, os pais e responsáveis foram perguntados sobre em que
situação eles acreditam que devem ir á escola. Sete relataram que quando
perceberem que o filho(a) não vai bem na escola e apenas 1 optou pela alternativa
de ir a escola somente quando for chamado. Vale ressaltar que uma das alternativas
apresentadas dava aos pais a opção de declarar que nunca devem ir , pois
atrapalham o trabalho da escola.
Observa se que os pais da comunidade utilizada com estudo de caso, estão
satisfeitos com a gestão da escola e nota-se também que na sua grande maioria
eles tem acompanhado a vida escolar de seus filhos e de certa forma a escola
parece estar dando abertura para que isso aconteça uma vez que, os pais deixam
explicito nas respostas, ter uma certa liberdade para procurar a equipe gestora
quando for necessário.
O texto do artigo 205 da Constituição federal prescreve o seguinte: “A
educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho”. Nesse sentido faz se de essencial importância que a escola abra suas
portas para as famílias e que as famílias por sua vez vejam na escola uma parceira
indispensável na educação e formação de seus filhos.
22
Gestor Educacional
Como ponto relevante nesse estudo, foi de suma importância conhecer as
opiniões e questionamentos do gestor escolar onde o estudo de caso foi realizado.
Ao ser solicitado sua colaboração para responder um questionário a gestora se
mostrou bem receptiva e disponível o que facilitou a aplicação desse instrumento.
Foram elaboradas 2 questões objetivas e 4 subjetivas com a finalidade de conhecer
melhor sobre o trabalho e função do gestor educacional.
A gestora declarou ter como nível de instrução pós graduação e que está na
direção dessa instituição num período que corresponde pelo menos de 1 a 5 anos.
Quando perguntada sobre o que ela entendia por gestão democrática, a
mesma definiu este modelo como gestão compartilhada ,onde todos os segmentos
da escola participam ativamente para o bem da mesma.
Em consonância com a resposta da gestora, no ano 2007, foi assinada no
Distrito Federal a lei 4036 (de 25 de outubro de 2007) que traz o nome de “gestão
compartilhada” ao processo de escolha de diretores. Esta lei está baseada no artigo
206, VI, da Constituição Federal que estabelece a gestão democrática no ensino
público, na forma da lei .
Outro questionamento feito a entrevistada foi sobre a participação coletiva na
sua gestão e sobre isso relatou que procura agir sempre conforme a decisão e
participação do grupo e de toda comunidade escolar.
É essencial que o gestor participe ativamente da vida de sua escola sendo um
mediador de relações e impulsionador de novas ideias e práticas educacionais, pois,
de acordo com Libâneo ,Oliveira e Toschi:
“[...] o diretor coordena, mobiliza,motiva, lidera, delega aos membros
da equipe escolar, conforme suas atribuições específicas, as
responsabilidades decorrentes das decisões, acompanham o
desenvolvimento das ações, presta contas e submete à avaliação da
equipe o desenvolvimento das decisões tomadas coletivamente.”
(2003, p. 335):
Uma das questões proposta esta relacionada às dificuldades encontradas no
exercício do cargo de gestor e como resposta a gestora deixou explicito que
questões pessoais e a falta de ética de alguns profissionais podem ser visto como
entraves no trabalho da gestão.
E, por fim, foi perguntado como a gestora acredita que a sua gestão tem
colaborado para o crescimento da sua escola e a mesma afirma que o fato dela ser
23
professora há muitos anos e de conhecer a comunidade escolar tem norteado o seu
agir e prática. Nota-se que a gestora conhece bem o modelo de gestão democrática
e de acordo com suas respostas procura realizá-lo na instituição.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A elaboração deste artigo se propôs a compreender sobre a importância da
implantação da gestão democrática na escola pública e perceber sobre as
contribuições que esse modelo de gestão pode promover na busca pela qualidade
da educação.
Foi de grande valia verificar que as conclusões obtidas na pesquisa
bibliográfica estão em consonância com os resultados da análise do estudo de caso,
apesar de ter sido observado que mesmo dentro de uma mesma instituição onde
todos vêem a participação de toda comunidade escolar e o trabalho coletivo como
essenciais, ainda assim a falta de ética e em alguns casos o comodismo de alguns
envolvidos se fazem entraves para o sucesso e eficiência da escola.
Ficou evidente que não é tarefa fácil para o gestor promover a formação de
grupos colaborativos, no entanto com a pesquisa bibliográfica e estudo de caso ,
ficou claro que o gestor que descentraliza seu poder, que tem abertura para o
diálogo e valoriza a participação de todos, acaba por conseguir conquistar a
confiança de bons aliados para sua gestão. E para isso é importante que o gestor
exerça uma liderança dinâmica capaz de acolher os anseios e objetivos de todos e
de saber articulá-los de forma coerente.
Foi possível perceber com a análise das respostas dos questionários , que o
grau de instrução e o tempo de atuação de cada professor pouco influencia na sua
concepção sobre o modelo de gestão e que o momentos de reuniões coletivas, de
fato são percebidos como o único período onde acontece uma gestão democrática.
Outro aspecto importante a ser ressaltado é a formação continuada tanto do
gestor quanto dos professores uma vez que ficou evidente que esse tipo de
formação proporciona a ambos profissionais reverem suas práticas e reformulá-las
quando necessário.
É essencial no âmbito da gestão democrática que haja um processo de
formação continuada no ambiente de trabalho e que todos os envolvidos neste
processo participem ativamente discutindo ações que sejam capazes de promover a
24
educação pública de qualidade. É preciso que todos participem ativamente desta
construção, tanto na tomada de decisões, como em sua execução e avaliando estas
ações e, a partir daí, reformular ou modificar o que for preciso. Sobre isso Libâneo,
Oliveira e Toschi explicitam que:
“O desenvolvimento profissional, como eixo da formação docente,
precisa articular-se, ao mesmo tempo, com o desenvolvimento
pessoal e com o desenvolvimento organizacional. O desenvolvimento
pessoal diz respeito aos investimentos pessoais dos professores em
seu próprio processo de formação, por meio do trabalho críticoreflexivo sobre sua práxis e da reconstrução de sua identidade
pessoal, resultando nos saberes da experiência. A articulação
desses três níveis de formação docente ressalta a importância das
decisões que ocorrem no âmbito da escola...” ( 2003, p.375)
A gestão democrática faz se necessária para a formação de uma sociedade
que necessita e busca sair da relação de subordinação e passividade diante de um
grupo de minorias que visam à escola apenas como formadora de massa de
manobra e mão de obra qualificada. Uma escola que promova a inserção de sua
comunidade a sua prática cotidiana garante a possibilidade de contar com parceiros
realmente preocupados com o seu sucesso e crescimento.
Ao analisar e confrontar os dados obtidos durante o estudo de caso percebese que uma gestão que aparentemente abre a escola para a comunidade e onde o
gestor se mostra aberto ao diálogo não necessariamente pode ser considerada
como uma gestão democrática, já que a participação e interação entre todos,
necessita da orientação e do empenho do gestor em mediar o trabalho do seu grupo
em busca de objetivos comuns que levem ao crescimento da instituição e
principalmente a formação integral de seus alunos.
O período de realização do artigo foi enriquecido por descobertas, reflexões e
discussões, que permitiram não só um aprimoramento intelectual, como mudanças
pessoais que aumenta ainda mais a certeza de que só é possível uma
transformação social por meio da educação e de profissionais comprometidos que
não vejam a escola pública como fadada ao fracasso, mas sim como a única
esperança que muitos têm de conquistarem seus sonhos e mudarem de vida. Escola
pública e de qualidade é responsabilidade de todos que trabalham e acreditam na
educação.
25
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMARAL, Marco Antonio. Formação do gestor escolar: da inicial à continuada.
Disponível em http://www.artigonal.com/ensino-superior-artigos/formacao-do-gestorescolar-da-inicial-a-continuada-884718.html . Acesso em 10 de outubro de 2011.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Texto constitucional
promulgado em 5 de outubro de 1988 ,com as alterações adotadas pelas Emendas
Constitucionais nº.s 1/92 a 39/202 e pelas Emendas Constitucionais de Revisão nº.s
1 a 6/94. Brasília: Senado Federal Subsecretaria de Edições Técnicas, 2003.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: Lei 9394, de 1996 que
estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília: Câmara dos
Deputados, Coordenação de Publicações, 2001.
BRASIL. Lei Orgânica do Distrito Federal. Promulgada em 08 de Junho de 1993.
BORTONI-RICARDO, Stella Maris. Pesquisa qualitativa e a prática do professor.
Projeto de formação continuada para professoras do Ensino Médio, área de
Língua Portuguesa e Literatura. Brasília: CEAD, 2006.
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e possibilidades. In. FERREIRA, N. S. C.; AGUIAR, M. A. da S. (orgs.). Gestão da
educação: impasses, perspectivas e compromissos. São Paulo: Cortez, 2006.
FORTUNATI, José. Gestão da Educação Pública: Caminhos e Desafio. Porto
Alegre: Artmed, 2007.
FREIRE, Paulo. Educação e mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983
GADOTTI, Moacir. Concepção Dialética da Educação. São Paulo. Cortez, 1995.
GADOTTI, Moacir. ”Pressupostos do Projeto Pedagógico”. In MEC, Anais da
Conferência Nacional da Educação para Todos. Brasília, 1994.
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GHEDIN, E. A reflexão sobre a prática cotidiana – caminho para a formação
contínua e para o fortalecimento da escola enquanto espaço coletivo.
Disponível em: http://tvbrasil.org.br/fotos/salto/series/150934FormacaoCProf.pdf.
Acesso em: 16 de Outubro de 2011.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Procedimentos básicos,
pesquisas bibliográficas. São Paulo: Atlas, 1992.
26
LUDKE, Menga; ANDRÉ, Marli. E.D.A. Pesquisa em educação: Abordagens
qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.
LIBÂNEO, J. C, OLIVEIRA, J. F. S. Educação Escolar: políticas, estrutura e
organização. São Paulo. Cortez, 2003.
OLIVEIRA, M. A. M. (org.) Gestão Educacional. Rio de Janeiro. Vozes, 2009.
OLIVEIRA, Silvio Luiz de. Tratado de metodologia científica: Projetos de pesquisa,
questionários, TGI, TCC, monografias, dissertações e teses. São Paulo: Pioneira
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PADILHA. Paulo Roberto. Planejamento dialógico: como construir o projeto político
pedagógico da escola - São Paulo: Cortez; Instituto Paulo Freire, 2001.
PARO ,Vitor Henrique. Administração escolar: introdução crítica. 9º ed. SP:
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PARO, Vitor Henrique. Gestão democrática da escola pública. SP: Ática, 1997.
RAMPAZZO, Lino. Metodologia científica: para alunos de graduação e pósgraduação. São José dos Campos, 2001.
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SAVIANE, Demerval. Escola e Democracia. São Paulo, Ed. Campinas-SP 1999.
YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2º ed. Porto Alegre: Bokman,
2001.
27
APÊNDICE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
DIRETORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO EDUCACIONAL
QUESTIONÁRIO PARA O GESTOR (A)
Sou aluna do curso de especialização em Gestão Educacional e solicito
sua colaboração para responder um questionário sobre “Gestão Democrática
na escola pública”. Não é necessária a sua identificação. Informo que haverá o
anonimato dos participantes da pesquisa e da escola. Os dados coletados
serão tratados de forma sigilosa e utilizados exclusivamente para o estudo de
caso e fundamentação do meu trabalho. Desde já agradeço a atenção
dispensada.
01) Grau de escolaridade:
Magistério
Curso Superior
Pós-graduação
Mestrado
02) Quanto tempo você está na gestão desta escola?
menos de um ano
de um a cinco anos
acima de cinco anos
acima de dez anos
03) O que você entende por gestão democrática?
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______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
04) Você acredita que a sua gestão oportuniza a participação coletiva
na administração da escola? De que forma?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
05) Quais as dificuldades encontradas no exercício do cargo de
gestora?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
06) Como você acredita que a sua gestão tem colaborado para a o
crescimento de sua escola?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Muito obrigada pela colaboração!
29
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
DIRETORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO EDUCACIONAL
QUESTIONÁRIO PARA PROFESSORES
Sou aluna do curso de especialização em Gestão Educacional e solicito sua
colaboração para responder um questionário sobre “Gestão Democrática na escola
pública ”.Não é necessária a sua identificação .Informo que haverá o anonimato dos
participantes da pesquisa e da escola.Os dados coletados serão tratados de forma
sigilosa e utilizados exclusivamente para o estudo de caso e fundamentação do meu
trabalho. Desde já agradeço a atenção dispensada.
01) Grau de escolaridade:
Magistério
Curso Superior
Pós-graduação
Mestrado
02) A quanto tempo você leciona nesta escola?
menos de um ano
de um a cinco anos
acima de cinco anos
acima de dez anos
03) Você acha que a direção da escola é:
Participativa
Centralizadora
Ótima
Autoritária
Boa
Razoável
04) Você participa da gestão da escola?
(
) Sim
( )
Às vezes
(
) Não
05) Se participa ,de que maneira? Se não participa gostaria de participar?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
30
06) Você acha que o trabalho coletivo é importante numa escola? Por quê?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
07) Você participou da elaboração do Projeto político pedagógico da sua
escola? Ou de alguma outra escola?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
08) Você considera a gestão da sua escola como democrática ?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Muito obrigada pela colaboração!
31
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
DIRETORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO EDUCACIONAL
QUESTIONÁRIO PARA OS PAIS
Sou aluna do curso de especialização em Gestão Educacional e solicito sua
colaboração para responder um questionário sobre “Gestão Democrática na escola
pública ”.Não é necessária a sua identificação .Informo que haverá o anonimato dos
participantes da pesquisa e da escola.Os dados coletados serão tratados de forma
sigilosa e utilizados exclusivamente para o estudo de caso e fundamentação do meu
trabalho. Desde já agradeço a atenção dispensada.
01) Quantos filhos você tem na escola?
( ) um
( )
(
) três
(
) mais
dois
( ) quatro
02) Você participa das atividades oferecidas pela escola?
( )
Sim
( ) Às vezes
( ) Não
03) Você tem liberdade de procurar a direção para resolver problemas
relacionados à escola?
(
) Sim
( )
Às vezes
(
) Não
04) Quando você conversa com a direção o seu problema:
(
) sempre é resolvido;
(
) às vezes é resolvido;
(
)
nunca é resolvido.
05) A escola mantém você informado (a) através de bilhetes ou do seu filho (a)
quanto às reuniões e festividades que nela acontecem?
(
) Sempre
(
)
Às vezes
(
) Nunca
06) Você participa das reuniões propostas pela escola?
(
)
Sim
(
)
Às vezes
(
)
Não
32
07) Se participa o que você acha das reuniões?
(
) Ótimas
(
) Boas
(
) Ruins
08) Você acha que os pais devem ir à escola
(
) somente quando forem chamados;
(
) quando perceberem que o filho(a) não vai bem na escola;
(
) nunca devem ir, pois atrapalham o trabalho da escola.
Muito obrigada pela colaboração!
ANEXO
Distribuição de turmas 2011
04 (quatro) turmas de Educação Infantil
03 (três) turmas do 1º ano do Ensino Fundamental de 9 anos;
04 (quatro) turmas do 2° ano do Ensino Fundamental de 9 anos;
05 (cinco) turmas do 3° ano do Ensino Fundamental de 9 anos;
04 (quatro) turmas do 4° ano do Ensino Fundamental de 9 anos;
04 (quatro) turmas do 5º ano. do Ensino Fundamental de 9 anos;
A escola Classe 02 de Ceilândia, quanto à estrutura física, é formada:
Bloco A:
Sala dos professores
Mecanografia
05 (cinco) salas de aula
Bloco B:
33
Sala de Vídeo
Laboratório de Informática (desativado)
05 (cinco) salas de aula
Bloco C:
Depósito de gêneros alimentícios
Almoxarifado
Sala de recursos
Sala de apoio
03 (três) salas de aula
Sala da Equipe Pedagógica
Sala de Orientação Educacional
Bloco D:
Secretaria
Direção / Assistência
Biblioteca
Banheiros de funcionários (masculino e feminino)
Cantina
Pátio
Banheiros para alunos (masculino e feminino)
Além dos blocos, a escola ainda possui um galpão destinado a Educação Integral.
Quanto aos recursos de áudio, vídeo e informática, a escola dispõe dos seguintes
materiais:
Laboratório de informática com 20 computadores (desativado)
03 (três) televisores
01 aparelho de DVD
01 Vídeo cassete
01 Data Show
34
Horário de regência:
Turno matutino: 07:30 às 12:30
Turno vespertino 13:00 às 18:00
Horário de coordenação:
Turno matutino: 08:00 às 11:00
Turno vespertino 13:45h às 16:45h
O corpo docente e técnico-administrativo é composto por:
Direção:
Diretora
Vice-diretora
Supervisora Pedagógica
Supervisor administrativo
Secretaria:
Chefe de secretaria
02 (duas) Auxiliares de secretaria
Coordenação:
02 (duas) coordenadoras
Professores regentes:
25 (vinte cinco) Professores
Auxiliares de educação:
04 (quatro) auxiliares de conservação e limpeza
02 (duas) merendeiras
02 (duas) agentes de portaria
Mecanografia:
02 (duas) auxiliares readaptadas
35
Apoio na biblioteca e outras atividades:
02 (duas) professoras readaptadas.
Auxiliar de sala:
01 (um) monitor.
Download

Liliam Luiza Soares Silva - Universidade Católica de Brasília