Males da educação e o papel do gestor
“Na medida em que o compromisso não pode ser um ato passivo, mas práxis –
ação e reflexão sobre a realidade – inserção nela, ele implica indubitavelmente um
conhecimento da realidade” (Paulo Freire)
Nunca se falou tanto em educação como nos dias de hoje. Como sempre
acontece, as pessoas mostram-se preocupadas com a conjuntura educacional, quando
tomam conhecimento pela mídia da violência que ocorre nos espaços escolares.
A escola permanece a mesma, segregada, com problemas de infra-estrutura
como falta de recursos físicos e materiais, de recursos humanos, ausência de formação
adequada a todos os educadores, impossibilitada de dar conta de situações de natureza
econômica, social e moral, invadida por agressões verbais e físicas que adentram seu
interior. Os problemas são apresentados de forma fragmentada, sem relação da escola
com a situação geral de degradação moral em que nos encontramos e, como se as
soluções
para
resolvê-los
só
dependessem
da
própria
escola.
Podemos observar que existe um único ponto de convergência entre todos os
interessados pela educação. Ricos ou pobres, governantes, sociedade civil, comunidade
local e escolar, são unânimes em considerar que a educação deve ser tratada como
prioridade
e
que
a
união
de
esforço
propicia
a
sua
transformação.
Transformar a escola não é uma tarefa fácil, pois implica definição de
pressupostos filosóficos acerca de que tipo de homem e de sociedade queremos
construir e qual o papel da escola em pleno século 21 e sua função em um mundo
complexo e globalizado.
Remeter todos os males da educação à figura do diretor, é uma atitude que, além
de equívoca, revela uma análise, se não simplista, política, pois encobre a
intencionalidade de aniquilar a sua importância como administrador e educador.
Alguém poderá questionar: hoje não se fala mais em gestor, enquanto um único
indivíduo; há uma inovação terminológica, um avanço em termos de gestão
democrática, temos uma equipe gestora na escola. Mas será que é mesmo este o
caminho? Parece, sim, tolo engano, pois nem sempre gestão democrática e participativa
depende do número de pessoas nela envolvidas.
Não vou entrar em detalhes acerca dos últimos episódios envolvendo diretores
de escola públicas, em Valinhos e em Campinas, pois não temos conhecimento
suficiente de suas realidades. Entretanto provoca-nos revolta e indignação
responsabilizar o diretor de escola. E a tão propalada equipe gestora? Por onde anda? E
o
Conselho
de
Escola
com
sua
autonomia
deliberativa,
como
fica?
O que ocorre é que, quando tudo está bem, todos se acham no direito de se
apropriarem dos bônus e louros. Ao tratar-se de falhas e de erros, os ônus, ninguém quer
assumir. Cabe ao diretor assumir qualquer tipo de falha.
No Sistema de Ensino , a equipe gestora é formada pelo diretor, vice–diretor e
orientador pedagógico. Na realidade, o que se pretende reconhecer, na teoria, mas que
não se reflete na prática, é atribuir a pessoas com funções específicas, o ato de gerir uma
escola.
Tais observações não implicam na impossibilidade de existir equipe gestora na
escola. Isso ocorrerá se, além do clima de confiança entre todos, forem equitativamente
distribuídos direitos e deveres. O ideal seria que a equipe gestora compreendesse o
conjunto da comunidade escolar a quem caberia a competência pela gestão geral da
escola, articulando os aspectos administrativos, financeiros e pedagógicos, mas no
cotidiano escolar cabe sempre ao diretor a gestão geral da escola e a responsabilidade
por tudo.
A
gestão
escolar,
numa
visão
democrática,
exige
envolvimento,
comprometimento e a participação das pessoas nas situações de prazer e de dor — de
todas as pessoas. Nas escolas e nos sistemas de ensino, a gestão democrática tem por
objetivo envolver todos os interessados na construção de propostas coletivas de
educação, ou seja, capacidade de descentralizar para colher resultados bons, bem como,
para compartilhar possíveis falhas.
A construção de uma equipe gestora pressupõe a existência de um clima de
confiança e de assunção de responsabilidades, de escolher e de inventar novas formas de
relações coletivas que atendam a interesses coletivos.
Diante do drama educacional em que nos encontramos, é imprescindível que se
faça a Avaliação Institucional (interna e externa) das escolas e de seus sistemas de
ensino, não com o objetivo de controle e punição como freqüentemente acontece, mas
com a intenção de buscar o aperfeiçoamento ou melhoria da escola ou do sistema.
Muito embora, a avaliação seja um tema complexo e profundo, ela precisa ser
desmistificada e enfrentada pelos educadores. Somente avaliando é que teremos
condições de refletir sobre a nossa prática e de iniciar um processo criativo de
autocrítica.
O grande desafio que temos pela frente é iniciar a reflexão sobre o real
significado de uma gestão escolar participativa. Temos que ter humildade e maturidade
intelectual para reconhecer que não se trata de apontar um único responsável. A questão
é estrutural, pois envolve vontade política de todos, governo, sociedade civil, gestores,
educadores, funcionários, pais e alunos, todos irmanados, apesar das diferenças e dos
conflitos, em torno de um único objetivo: promover uma educação de qualidade
Kênia Aparecida dos Santos
2º período Pedagogia
Heron de Carvalho
Professor Orientador
Rosangela Moura Cortez
Coordenadora do Curso
Download

Males da educação e o papel do gestor “Na medida em