UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO IRACEMA GONÇALVES SITTA MEMORIAL DE FORMAÇÃO CAMPINAS 2005
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO IRACEMA GONÇALVES SITTA MEMORIAL DE FORMAÇÃO Memorial apresentado ao Curso de Pedagogia – Programa Especial de Formação de Professores em Exercício nos Municípios da Região Metropolitana de Campinas, da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas, como um dos pré­ requisitos para conclusão da Licenciatura de Pedagogia. CAMPINAS 2005
AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, por ter me dado coragem, forças e saúde para poder ver esse sonho realizado. Ao meu marido José Alfredo e meu filho Paulo e a minha mãe Terezinha pelo carinho, incentivo e por acreditarem que nunca é tarde para o saber. As minhas amigas e colegas de classe, Adriana, Edivana, Sylmara e Isabel Cristina, pelo companheirismo e por compartilhar do mesmo ideal. A Universidade que me proporcionou a aquisição de muitos saberes. Aos Professores e funcionários pela acolhida e generosidade.
SUMÁRIO 1. APRESENTAÇÃO.....................................................................................................07 2. TEMPOS PASSADOS SÓ VOLTAM ATRAVÉS DA MEMÓRIA........................08 2.1. EFETIVO EXERCÍCIO COMO EDUCADORA.............................................14 3. ENCONTRO COM OS SABERES NA UNIVERSIDADE......................................20 3.1. BREVE OLHAR SOBRE A INFÂNCIA PÓS NOVOS CONHECIMENTOS......................................................................................................29 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................42
É assim que a criança aprende, captando habilidades pelos dedos das mãos e dos pés para dentro de si. Absorvendo hábitos e atitudes dos que a rodeiam, empurrando e puxando o seu próprio mundo. Assim é que a criança aprende, mais por experiência do que por erro, mais por prazer do que pelo sofrimento, mais pela experiência do que pela sugestão e mais pela sugestão do que pela direção. E assim a criança prende pela afeição, pelo amor, pela paciência, pela compreensão, por pertencer, por fazer e por ser. Dia a dia, a criança passa a saber um pouco mais do que você pensa e entende. Aquilo que sonha e crê é, na verdade, o que essa criança se está tornando. Se você percebe confusa ou claramente, se pensa nebulosa ou agudamente, se acredita tola ou sabiamente, se sonha sonhos sem graça ou dourados, se você mente ou diz a verdade, é assim que a criança aprende. Frederick Molfeti, 1999
Dedico esse trabalho a todas as pessoas, que em um momento ou outro, estiveram presente neste meu caminhar e de uma maneira geral a todos que acreditam na Educação.
1 APRESENTAÇÃO Esse trabalho consiste em algumas reflexões sobre minha trajetória de vida , da minha prática como educadora, incluindo minhas expectativas, e inquietações, posso até dizer inconformidade sobre algumas situações no decorrer dos anos. O que veremos nesse trabalho é o transcorrer de uma vida dedicada ao magistério. São vinte anos de dedicação na área da Educação Infantil. No primeiro momento lanço um olhar através da memória para fazer uma retrospectiva de minha vida pessoal e escolar. A seguir faço um relato dos meus vinte anos de exercício como professora de pré­escola, evidenciando métodos diferenciados. Breve olhar sobre a infância pós novos conhecimentos, através de uma reflexão sobre o desenvolvimento cognitivo das crianças, como bem das teorias de Piaget, Vygostky , Wallon, alfabetização e valores éticos e morais. Por último minhas considerações finais. Espero que esse trabalho possa de alguma maneira contribuir para as gerações de novos professores.
1 2 TEMPOS PASSADOS NÃO VOLTAM, SÓ ATRAVÉS DA MEMÓRIA. Sou professora da Rede Municipal de Pedreira desde 1985, são vinte anos de efetivo exercício no magistério. Sempre senti muita necessidade de cursar uma faculdade, acredito que a prática tem que estar ligada à teoria, porém os anos foram passando e por um motivo ou outro, esse sonho sempre foi ficando em segundo plano. Em 2003 estava decidida a não adiar mais esse fazer, prestei vestibular na Faculdades Integradas de Amparo (FIA), onde resido e comecei a fazer o curso de Pedagogia, porém com dois meses de freqüência, fui informada do convênio da Prefeitura com a UNICAMP e sem saber se ia passar ou não desisti da faculdade, para concorrer a uma vaga nessa Universidade. A decisão foi extremamente fácil, pois buscava um ensino de qualidade, e sabia que a UNICAMP não traria um conhecimento “bancário”, mas sim um aprendizado diversificado e reflexivo. Não estou cursando a universidade só por causa do diploma, visto que estarei aposentada dentro de mais ou menos três anos, mas sim para um crescimento pessoal e profissional. Começo aqui minha trajetória de vida pessoal e escolar. Para um melhor posicionamento, tenho que voltar no tempo. Sou de uma família da roça, como era comum se falar nos anos 50. Nasci em uma fazenda, filha de colonos, contrariando todas as expectativas, forte e saudável. Meu pai, um ser incansável e belo. Só tinha as primeiras séries, escrevia com perfeição e beleza, minha mãe jovem com grandes sonhos.
2 Viemos para a cidade de Amparo quando eu tinha dois anos de idade , meus irmãos, com sete e cinco anos respectivamente. Fomos morar na casa de minha avó paterna, a qual vim ao mundo pelas suas próprias mãos. Chegamos à cidade com algumas economias, sonhos e muita esperança. Meu pai começou a trabalhar na caldeira de uma fiação e depois de quatro anos tínhamos nossa casa própria. A casa era linda, tinha do lado esquerdo uma parede imitando tijolinhos à vista, onde terminava com uma chaminé, dando a ilusão que lá existia uma lareira, o jardim de madres silvas na frente completava o encanto. No alpendre ficava eu, todos os dias à tardezinha esperando ele chegar, conversávamos por horas sobre a escola, me enchia de perguntas, queria saber tudo sobre o meu dia. Estava nessa época na 1ª série, estudava no Grupo Escolar de minha cidade, prédio imponente, fundado nos anos áureos do mercado cafeeiro. A escola era meu segundo lar, já tinha freqüentado o Jardim da Infância nesse mesmo colégio. Minha professora da 1ª série , era uma mulher elegante, com suas blusas branca de cambraia bordadas delicadamente à mão, suas saias impecáveis e seus sapatos de salto alto, dava­lhe um ar de asseio e tranqüilidade. O cabelo não tinha um fio fora do lugar. A sala de aula extremamente organizada. Gostava muito da aula de português, pois no canto da sala tinha um cavalete com dezenas de figuras grandes da vida cotidiana, tanto do campo como da cidade onde cada dia ela abria em uma página para que fizéssemos dissertações, redações ou inventássemos histórias sobre a figura. Porém nem tudo foram flores, depois de três anos, meu pai veio a falecer de mal súbito, deixando minha mãe com três filhos pequenos.
3 Minha mãe começou a trabalhar em dois empregos para suprir as necessidades da casa e dos filhos, embora sem nenhuma instrução sempre colocou os nossos estudos como prioridade. Eu, menina dos olhos de meu pai, senti muito, perdi o ano na escola, estava desamparada e sozinha não consegui superar a tragédia. Lembro­me como se fosse hoje, sai ao entardecer e fui verificar o resultado do ano letivo na escola, olhei, chequei reprovada. Sai atordoada, e sozinha, já estava escuro e eu me perguntava, porque? Ninguém reparou em mim o ano todo, será que não dei nenhum sinal do que estava se passando. Onde estava o olhar da minha professora? Bom, a essa pergunta tentarei responder mais adiante. Remexendo minhas poesias, encontrei essa que me remeteu ao passado e diz muito do meu sentimento; CRIANÇA É VIDA “Brincando de carrinho ou de bola de gude Criança quer carinho, criança quer saúde. Chutando uma bola ou fazendo um amigo Criança quer escola, criança quer abrigo. Lendo um gibi ou girando um bambolê Criança quer sorrir, criança quer crescer. A gente quer, a gente quer,
4 A gente quer ser feliz!!! Criança é vida e a gente não se cansa De ser pra sempre uma criança. Na hora do cansaço ou na hora da preguiça Criança quer abraço, criança quer justiça. Sério ou engraçado, no frio ou no calor Criança quer cuidado, criança quer amor. Em qualquer lugar, criança quer o que? Criança quer sonhar, criança quer viver. A gente quer, a gente quer, A gente quer ser feliz!!! Criança é vida e a gente não se cansa De ser pra sempre uma criança. L.Macedo e F. Salem. Criança é vida Enfim, fui tocando a vida, com nove anos, as coisas em casa tornaram­se críticas e precisamos todos trabalhar fora. Meu primeiro emprego, babá, imagine eu com nove anos de idade babá de uma criança de cinco anos, depois empregada doméstica e já com dezesseis anos fui trabalhar em um escritório.
5 Os estudos sempre realizados comumente com o trabalho, até terminar o quarto ano primário no período diurno e depois para o noturno. Pensava sempre no meu sonho de ser professora, mas como? Estávamos em 1967, totalmente submersos no Regime Militar. O curso do magistério ainda era destinado à elite dominante, com cursos diurnos para filhas da classe média e alta. Sem qualquer alternativa acabei fazendo o colegial. Casei­me aos vinte e um anos. Há trinta anos atrás as mulheres geralmente não tinham empregos fora de casa, e meu marido achava que eu poderia só tomar conta de casa. Fiquei seis anos curtindo a vida, viajava muito. Mas, e aquela sensação de tarefa não cumprida, voltei a estudar, meu filho na época tinha seis meses de idade, e eu estava lá no banco escolar novamente. Comecei a cursar o magistério, era a realização de um sonho por tanto tempo adiado. Quando estava no terceiro ano de magistério engravidei novamente, mas perdi meu filho recém­nascido. Foi um baque, ainda não tinha superado a perda de meu pai. Fiquei por algum tempo muito abalada, mas recebi grande apoio de minhas professoras, elas foram me visitar e assim me obrigaram a retornar às aulas, chorei um ano inteiro, assim é a vida, ou não, pois perder um filho é um pedaço da gente que morre junto, como dizem só o tempo para esquecer, não, esquecer jamais, o tempo só nos dá o período exato para aceitar, entender algumas coisas e crescer, pois com o sofrimento crescemos interiormente e nos tornamos pessoas melhores, pois hoje agradeço a visita dessas mestras que souberam ter um olhar além da aluna, o ser humano, e me ajudar na retomada da minha vida. “A educação é um processo, portanto é o decorrer de um fenômeno ( a formação do homem) no tempo, ou seja, é um fato histórico. Porém, é
6 histórico em duplo sentido: primeiro de que representa a própria história individual: segundo, no sentido de que está vinculada à fase vivida pela comunidade em sua contínua evolução”. PINTO, Álvaro Vieira (1982, p.03) O meu caminhar através da vida dependeu logicamente do momento histórico em que a sociedade estava vivendo, somos fruto do momento histórico e esse interfere na nossa formação. Assim terminei o magistério em dezembro de 1984.
7 2.1 EFETIVO EXERCÍCIO COMO EDUCADORA “Feliz é aquele que transfere o que sabe, e aprende o que ensina” Cora Coralina Dias após da formatura, fiquei sabendo do concurso para Professores de Educação Básica no meu município e resolvi prestar o concurso. Meu marido não queria que eu trabalhasse fora, assim me inscrevi no concurso sem o seu conhecimento. Pensei, se passar depois conversamos. Passei em primeiro lugar e em fevereiro de 1985 já estava dentro de uma sala de aula, agora como professora de Educação Infantil. Trabalhava com o método tradicional, mas pra mim já era inquietante, no planejamento as professoras mais antigas tiravam os planejamentos dos anos anteriores, já até amarelados para serem copiados de “fio a pavio”. Aquilo me deixava angustiada, pois achava que a educação não era estática, os alunos não eram os mesmos, como aplicar todos os conteúdos sem uma reflexão sobre eles. Todo começo de ano, nas férias, por conta própria ia a muitas livrarias procurar atividades diferenciadas que pudessem ser incorporadas no planejamento. Fiquei trabalhando com esse método por exatos treze anos, até que do dia para a noite surgiu o PROEPE, são estudos decorrente das pesquisas de Emília Ferreiro e Ana Teberosky, sobre a teoria de Piaget. Segundo Goulart (1995) , para Piaget: “O conhecimento construído pelo homem é o resultado do seu esforço de compreender e dar significado ao mundo. Nessa tentativa de interação e compreensão do meio, o homem desenvolve equipamentos neurológicos herdados que facilitam o funcionamento intelectual. O organismo do homem é essencialmente seletivo por organizar os
8 alimentos que lhe podem ser úteis; esses elementos vão sendo adaptados, de acordo com as necessidades biológicas. À medida que o homem seleciona os alimentos e inicia a adaptação destes ao organismo, acontece a assimilação, ou seja, a estrutura biológica acomoda os alimentos para satisfazer as necessidades do corpo”. (GOULART, (1995)IESDE p. 100). Segundo Piaget, esse esquema de organização, assimilação feito pelo organismo poderiam ser aplicados com êxito no processo de aprendizagem, que se dá na estrutura cognitiva. Essa organização seletiva que a cognição realiza dá­se em um processo permanente de interação do homem com meio ambiente, através da compreensão da utilidade em que o homem se adapte ao mundo. “O processo de organização, adaptação e assimilação de um novo conhecimento depende de esquemas assimilativos como a repetição e a generalização” (GOULART,1995, IESDE ,p.41). As novas estruturas, e os novos conhecimentos se dão através das ações, das reflexões e das representações, ao serem repetidas em situações diferentes. Portanto, a repetição reforça os conhecimentos assimilados, ou preexistentes, tornando­os mais consistentes, o que facilita a aprendizagem e o desenvolvimento da inteligência. Para Piaget, a estrutura cognitiva vai construindo­se juntamente com à construção de novos conhecimentos, através da busca natural do homem de adaptar­se ao meio ambiente. Piaget vê o homem, não como uma figura passiva durante o processo de aprendizagem, mas sim como uma pessoa ativa, por entender o conhecimento como o resultado da interação homem­meio. A cada momento em nossa vida a interação social é um elemento definidor de nossas ações e de nossos comportamentos sociais. Piaget pensa o ser social como o indivíduo que se relaciona com os outros, seus semelhantes, de forma equilibrada.
9 Entretanto, segundo Taille (1992) “Piaget faz uma ponderação muito interessante sobre relação equilibrada a qual, segundo ele, somente pode existir entre pessoas que estejam no mesmo estágio de desenvolvimento”.(Taille,1992 , IESDE, p. 44). O equilíbrio a que Piaget se refere somente pode existir entre pessoas que estejam no mesmo nível de desenvolvimento, ou seja, “a maneira de ser social de um adolescente é uma, porque é capaz de participar de determinadas relações (...) e a maneira de ser social de uma criança de cinco anos é outra, justamente porque ainda não é capaz de participar de relações sociais que expressam e que demandam um equilíbrio de trocas intelectuais.( TAILLE,1992,pág.14). Portanto, dependendo do estágio em que a criança esteja, poderá falar­se de um grau maior ou menor de socialização. Segundo Piaget, a socialização possui vários graus. Começa do grau zero, quando a criança é recém­nascida, até o grau máximo, representado pelo conceito de personalidade. A personalidade significa, portanto, o momento de autonomia do indivíduo, quando ele já superou o egocentrismo, porque a criança desde pequena é extremamente egocêntrica, tudo e todos giram em sua volta, ela é o centro do mundo, esse egocentrismo vai se abrandando conforme consegue estabelecer uma relação, trocas intelectuais, recíproca com os outros. Segundo Piaget, o conhecimento deve ser visto como uma construção em constante processo. Isso pressupõe entender que a criança é capaz de criar, recriar e experimentar de forma autônoma, impulsionando seu próprio desenvolvimento. Nesse sentido, o ato de errar não pode ser visto como falha e sim, como um momento necessário da aprendizagem; a ausência do erro denuncia a ausência da experimentação e, consequentemente, a ausência da aprendizagem.
10 Piaget enfatiza a importância do trabalho coletivo no desenvolvimento da criança, podemos observar na sala através da interação com as outras crianças a aprendizagem acontecendo, o trabalho coletivo tem o papel de mediador das relações e de instigador da capacidade de participação, cooperação e respeito mútuo. O trabalho coletivo socializa, estabelece laços de afetividade e permite, à criança, perceber­se como parte de uma coletividade, superando se egocentrismo. No construtivismo piagetiano, o educador não é o detentor do saber, mas o facilitador do processo ensino aprendizagem. O aluno aprende e ensina ao mesmo tempo, é o agente ativo que constrói conhecimento. A relação professor­aluno deve ser de respeito mútuo e cooperação. Voltando a minha sala de aula, tivemos esse curso do PROEPE que durou um ano mais ou menos, depois de estudada toda a teoria, fomos obrigados a colocá­la em prática, refletindo então sobre a minha prática que usava até então, pude constatar, a partir de muitas reflexões que estava obsoleta, mas como garantir um ensino de qualidade se tudo que trabalhara durante tantos anos poderia ser jogada no lixo. Houve momentos de desespero. É claro que não se pode tomar uma teoria como verdade absoluta. O conhecimento é sempre relativo e uma teoria é sempre limitada. Mas o curso era muito recente, e nos foi jogado sem muitas discussões e reflexões. Quero dizer, sem reflexões nenhuma, pois não nos deram oportunidade de questionamento. Essa mudança me incomodou muito, não que eu me considere uma pessoa retrógrada, ligada ao passado, mas acredito que toda mudança substancial necessita de ser discutida, avaliada, reavaliada e necessita ter um tempo de amadurecimento.
11 Nenhum professor, por mais boa vontade que tenha, dorme tradicional e acorda construtivista. Já ouvimos muito dizer que em educação, ninguém vai lhe dar fórmulas mágicas para serem empregadas na sua prática, mas é no seu cotidiano, com os diferentes alunos, com os cursos de aperfeiçoamento e muitas reflexões que vamos abrindo nosso caminho diário. Como diz FREIRE, Paulo (1997) “ Ensinar não é transferir conhecimentos, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção “ FREIRE, Paulo (1997) in GADOTTI, 2000 p.45). Tínhamos que trabalhar de forma diversificada, sete cantos, cada canto (mesa) uma atividade diferente, era uma confusão, disseram que a criança tinha que se tornar “AUTÔNOMA”, mas nós entendemos que autônoma era fazer o que tinha vontade. A disciplina foi para o espaço, enfim foi um caos. “ A única educação eterna é esta : estar seguro o bastante de uma coisa para dizê­la a uma criança”. (GILBERT CHESTERTON) 1 Assim foram passando os anos e fomos com muita força de vontade nos adaptando ao novo conceito. Como disse anteriormente sentia muita necessidade de conhecer outros pensadores, pesquisadores e chegou o dia da inscrição para a prova do vestibular. Fiquei muito insegura pois a tanto tempo não estudava de fato, e a expectativa era muito grande. Naquele dia de Julho, amanheceu cinzento e frio, o frio exterior não era maior que o frio que sentia no estômago. Estava extremamente nervosa, pois jogara todas as minhas fichas nesse empreendimento. 1 www.persocom.com.br/simao/frasesmaravilhosas.htm
12 A Prefeitura nos concedeu o transporte, por isso tivemos a oportunidade de vir todas juntas, falávamos muito devido ao grau de ansiedade. Entrei na sala, ninguém conhecido, peguei a prova, meu Deus! Perguntas sobre Ensino Fundamental, práticas em sala de aula, nunca dei aula no ensino fundamental. Foi me dando uma dor de cabeça estarrecedora, um branco, não conseguia pensar. Calma, leia com atenção, use o bom senso, pense no que já estudou, consegui me acalmar. Enfim chegou o primeiro dia de aula, fomos recepcionados pelos professores doutores da UNICAMP no Centro de Convenções, quanta honra, senti­me imensamente feliz, pois o sonho havia se concretizado.
13 3 ENCONTRO COM OS SABERES NA UNIVERSIDADE Então escrever É o modo de quem tem a palavra como isca: a palavra pescando o que não é palavra. Quando essa não palavra morde a isca, alguma coisa se escreveu. Uma vez que se pescou a entrelinha, podia­se com alívio jogar a palavra fora. Mas aí cessa a analogia: A não palavra, ao morder a isca, incorporou­a. O que salva então é ler “distraidamente”. Clarice Lispector Como sempre trabalhei com Educação Infantil, não tinha muito conhecimento à respeito da alfabetização, o que pudemos aprofundar nas aulas de Teoria Pedagógica e Produção em Português. Nestas aulas pudemos refletir a respeito da alfabetização, do letramento e principalmente do uso social da escrita. “Alfabetizar e alfabetização são conceitos que, por serem socialmente construídos, mudam historicamente. Alfabetização já foi sinônimo de conjunto de habilidades técnicas” (Cook­Gumperz,1991,p.56). Essa visão retrata os fundamentos de um modelo tradicional de educação que se baseia no papel dominante do professor como transmissor de conhecimentos (o que ensina) e informações, acreditando­se que a aprendizagem se dá pela memorização de modelos fornecidos. Nessa concepção, a alfabetização é entendida apenas como um processo que se desenvolve em nível individual, desvinculada de seus usos sociais: um processo em que a linguagem escrita é considerada o espelho da linguagem oral,
14 pelo qual o aluno deve aprender a representar fonemas em grafemas (escrever) e grafemas em fonemas (ler). Nessa expectativa, decifração e a dominação do código (processo mecânico) são entendidas como os aspectos centrais do processo, acarretando como conseqüência a ênfase na preocupação com o erro ortográfico e a descontextualização da própria atividade de leitura e escrita. A mudança ocorrida nos últimos anos, em relação à definição do que seria um indivíduo alfabetizado, trouxe, segundo Soares, (apud Leite, 2001, p.75­76) a necessidade de um novo conceito de alfabetização, pois...{ } “dos indivíduos já se requer não apenas que dominem a tecnologia do ler e do escrever, mas também que saibam fazer uso dela, incorporando­a a seu viver, transformando assim seu “estado” ou “condição”, como conseqüência do domínio desta tecnologia” . É inconcebível aceitar que uma criança passe oito anos de sua vida dentro de uma escola e saia de lá sendo um analfabeto funcional, até aprende a decifrar códigos, mas não é capaz de utilizar da leitura e da escrita como instrumento de inserção social e do desenvolvimento da cidadania. Sabe­se que o grau de repetência nas series iniciais estão diretamente ligados à dificuldade que a escola tem de ensinar a ler e a escrever. Desde a década de oitenta, o ensino da Língua Portuguesa na escola tem sido muito discutida devido a necessidade de melhorar a qualidade de Educação no país. Essas evidências de fracasso escolar apontam a necessidade de reestruturação do ensino da Língua Portuguesa, com o objetivo de encontrar formas de garantir de fato a aprendizagem da leitura e da escrita e de garantir o uso eficaz da linguagem.
15 O aluno precisa construir um conhecimento conceitual: ele precisa compreender não só o que a escrita representa, mas também de que forma ela representa graficamente a linguagem. Ser um usuário competente da escrita é cada vez mais condição para a efetiva participação social, pois é por meio dela que o aluno se comunica, tem acesso à informação, expressa e defende pontos de vista, partilha ou constrói visões do mundo, produz conhecimento. O Papel principal da escola não é só ensinar a ler e escrever, é muito mais que isso, é tornar o individuo letrado, considerando sempre os diferentes níveis de conhecimento prévio. É disponibilizar ao aluno garantias que ele possa exercer sua cidadania com uma visão muito mais crítica e reflexiva da sociedade. No nosso cotidiano escolar já podemos ver alguns desses trabalhos na prática, pois na minha escola trabalha­se com o PROFA (Programa de Formação de Professores Alfabetizadores), o aluno constrói seu conhecimento sobre a escrita através de hipóteses por ele elaborada. “A linguagem é o primeiro contato do ser humano com o mundo. Desde o seu nascimento, a criança é rodeada por um mundo de idéias; no princípio, representado por sons , gestos, imagens com as quais a criança vai se inteirando, reconhecendo, assimilando as impressões do mundo que a circunda. Desde que nascem, são construtoras do conhecimento”. (FERREIRO,2000,p.188) A criança está em contado com a linguagem desde que nasce, esse é o primeiro passo para a escrita, pois ela já faz o uso social da linguagem e da escrita, pois ela vive socialmente e tem oportunidade de estar constantemente em contacto com a escrita, na rua, em casa, no supermercado , nos meios de comunicações . Quando entra no espaço escolar, a criança já traz uma vivência, o importante na escola é não desconsiderar essa vivência social da escrita, e é o que acontece com o ensino tradicional, onde ela vê as palavras totalmente descontextualizadas através
16 de frases, do tipo “O BEBÊ BABOU”. Essas frases não fazem nenhum sentido para a criança. A criança deve se alfabetizar usando as técnicas de alfabetização dentro de um contexto que lhe faça sentido, para poder ter ciência, por que aprender e para que aprender a ler e escrever. “O modelo tradicional tem sido duramente criticado desde os anos 60, quando os países desenvolvidos detectaram a condição do analfabetismo funcional em parcelas significativas das suas respectivas populações: aquela pessoa que passa pela escola durante anos, tem contato com o código escrito, mas, depois que sai, não se utiliza da leitura e escrita como instrumento de inserção social e desenvolvimento da cidadania”. (LEITE, Sergio Antonio da silva, pág.2­ano 2001) Concordo quase que totalmente com esse parágrafo, pois acredito que a criança nos anos 60 era extremamente submissa, as salas de aulas ficavam em verdadeiro silêncio, a criança não tinha autonomia, tinha medo de perguntar qualquer coisa ao professor, mas em contra partida acredito que fomos do 08 ao 80 em algumas décadas. Hoje o que vemos no nosso cotidiano na maioria das vezes são crianças heterônomas, que confundimos muitas vezes com autônomas. São crianças sem limites, sem interesse pelo aprendizado. Os pais transferindo toda a responsabilidade da educação para a escola. Os professores sem saber como agir, pois têm tantas questões além sala para resolver que não conseguem desenvolver os trabalhos a que são pagos. Os professores deveriam ter como objetivo maior, o de formar cidadãos críticos, pois quanto mais criticamente se aprende, mais se constrói o conhecimento. Nesse caso o professor deve ser um mediador, crítico, problematizador, observador, tendo sempre a preocupação de observar, respeitar as diferenças individuais, as contradições, a cultura e a realidade de cada aluno. Seria oportuno já que estamos no assunto refletir um pouco a respeito da avaliação. Salvo algumas exceções o que vemos em nossas escolas são as avaliações punitivas. Isso acontece porque ainda estamos ligados nas avaliações
17 através de conceitos. Como pudemos ver nas aulas de Avaliação, das quais concordo plenamente, essas avaliações deveriam ser diagnósticas, pois o professor deveria se valer dessas avaliações para refletir sobre sua prática, como o aluno está incorporando o conhecimento? Onde posso ajustar os conteúdos para um melhor entendimento do aluno? Tudo isso acontece porque nós, professores, ainda somos vítimas das mirabolantes idéias saídas de gabinetes através de técnicos ou políticos que nada tem a ver com sala de aula. Como por exemplo: as progressões continuadas, onde a criança não consegue se alfabetizar no primeiro ano e passa para a segunda série, e para a terceira sem conseguir assimilar conteúdos, acredito que seja angustiante para ela ver a lousa cheia e não conseguir decifrar nada, quando chega na quarta série, aí pode reprovar, então a criança precisa ser alfabetizada, o tempo dela já passou. Por isso que vemos tantos problemas de indisciplinas nas salas de aulas, onde crianças com problemas de aprendizagem não se interessam pelas aulas, nas aulas não existe nenhum atrativo para elas. Ou pior ainda, por tecnocratas que querem adequar sistemas de outros países desenvolvidos aqui no nosso país sem levar em conta que a cultura é outra, as pessoas não são as mesmas, a realidade social e econômica são completamente distanciadas. Também pude aprofundar meus conhecimentos na aula de Pensamento Filosófico e Educação, esta matéria me interessou muito, pois venho questionando o papel da educação no que se refere à valores essências na vida de todo ser humano. “Se os valores estão na base de todas as nossas ações, é inevitável reconhecer sua importância para a práxis educativa. De maneira genérica, a moral é o conjunto de regras de conduta adotadas pelos indivíduos de um grupo social e tem a finalidade de organizar as relações interpessoais segundo os valores do bem e do mal.
18 Cada sociedade estimula alguns comportamentos, por considerá­los adequados, e sujeita outros a sanções de diversos tipos, desde um olhar de reprovação ou a indignação. Ora, o homem não nasce moral, torna­se moral. Nesse sentido, é importante o papel desenvolvido pela educação, não mediante “aulas de moral”, mas por meio do processo mesmo da educação, enquanto a consideramos uma interação entre seres sociais; aprende­se a moral pelo convívio humano. O educador Reboul diz que “ todo professor é professor de moral, ainda que o ignore” . Por isso é bom que o professor reconheça o importante papel que desempenha na formação dos jovens. Dessa forma, quanto mais intencional for sua atuação, melhores serão os resultados. Além disso esse processo de conscientização de valores fará a ligação entre a escola e a vida: educamos para que se formem pessoas do “bem viver”. A partir de critérios morais, “bem viver” significa agir virtuosamente, agir segundo princípios”. ARANHA, Maria Lúcia de Arruda, (Educação e vida p. 115.) A sociedade é composta por homens, que convive com outros homens e, portanto, cabe­lhes pensar e responder a seguinte pergunta: “Como devo agir perante aos outros?” Trata­se de uma pergunta fácil de ser formulada, mas difícil de ser respondida. Ora, esta é a questão central da Moral e da Ética. Moral e ética, as vezes, são palavras empregadas como sinônimos: conjunto de princípios ou padrões de conduta. Ética também pode significar Filosofia da Moral, portanto, um pensamento reflexivo sobre valores e as normas que regem as condutas humanas. Em outro sentido, ainda, pode referir­se a uma distinção entre princípios que dão rumo ao pensar sem, de antemão, prescrever formas precisas de condutas (ética) e regras precisas e fechadas (moral). Devemos ter o objetivo de propor atividades que levem os nossos alunos a pensar sobre sua conduta e a dos outros a partir de princípios, e não de receitas prontas. Parte­se do pressuposto que é preciso possuir critérios, valores e, mais ainda estabelecer relações e hierarquias entre esses valores para nortear as ações da sociedade. Situações dilemáticas da vida colocam claramente essa necessidade. Seria um erro pensar que, desde sempre, os homens têm as mesmas respostas para
19 questões desse tipo. Com o passar do tempo, as sociedades mudam e também mudam os homens que as compõem. Na Idade Média, por exemplo, a existência de escravos era perfeitamente legítima: as pessoas não eram consideradas iguais entre si, e o fato de umas não terem liberdade era considerado normal. Outro exemplo: até pouco tempo atrás, as mulheres eram consideradas seres inferiores aos homens, e, portanto não merecedoras de direitos iguais. As mulheres no Brasil só puderam exercer sua cidadania através do voto no início do século XX. Na Idade Média, a tortura era considerada uma prática legítima, hoje tal prática indigna as pessoas e é considerada imoral. Portanto a moralidade humana deve ser enfocada no contexto histórico e social a qual está inserida. Por conseqüência, um currículo escolar sobre ética pede uma reflexão sobre a sociedade contemporânea na qual está inserida a escola; no caso, o Brasil do século XXI. Ética trata de princípios e não de mandamentos. Supõe que o homem deva ser justo. Porém como ser justo? Ou como agir de forma a garantir o bem de todos? Não há resposta pré­definida.É preciso, portanto, ter claro que não existem normas acabadas, regras definitivamente consagradas. A ética é um eterno pensar, refletir, construir. E a escola deve educar seus alunos para que possam tomar parte dessa construção, serem livres e autônomos para pensarem e julgarem. As pessoas não nascem boas ou ruins; é a sociedade, quer queira, quer não, que educa moralmente seus membros, embora a família, os meios de comunicação e o convívio com outras pessoas tenham influência marcante no comportamento da criança. Não se pode pensar que a escola garanta total sucesso no seu trabalho de formação, na verdade seu poder é limitado, todavia, tal diagnóstico não justifica a deserção. Mesmo com limitações a escola participa da formação moral de seus
20 alunos. Valores e regras são transmitidos por nós professores, pelo convívio social entre as crianças . Essas questões devem ser objeto de reflexão da escola como um todo, não de poucos professores que se preocupam isoladamente. Antigamente a estrutura familiar eram mais padronizadas, talvez isso contribuísse para que os alunos seguissem uma norma de conduta dita como “normal”, com a revolução feminista, as mães saindo para o mercado de trabalho , a sociedade se viu obrigada a dar suporte na criação dos filhos, isso se deu com a abertura de muitas creches e pré­escolas. O papel de educar os filhos foi transferido para as escolas, mas a escola, também em crise não soube decifrar o que era educar, pois estávamos nesse momento passando por uma grande mudança na psicologia infantil, os psicólogos diziam que a criança necessitava de liberdade, se os pais estabelecessem limites para os filhos, eles ficariam com traumas, e nessa expectativa os pais foram afrouxando na educação, e na transmissão de valores essências, as crianças deveriam crescer autônomas. Confundiu­se tudo, autonomia não é sinônimo de má educação e falta de valores, a criança precisa desses limites, pois é um ser em desenvolvimento, ela tem necessidade de limites para se sentir segura. Infelizmente a escola entrou na mesma onda, deixando a transmissão dos valores de lado e se preocupando só com a transmissão de conteúdos. “EDUCAI AS CRIANÇAS PARA QUE NÃO SEJA NECESSÁRIO PUNIR OS ADULTOS” PITÁGORAS, FILÓSOFO GREGO. 1 Como podemos constatar a verdade nunca é absoluta, ela tem os dois lados, depende do ângulo que ela é olhada. Assim essa poesia de Carlos Drummond de Andrade reflete bem esse pensamento. 1 www.persocom.com.br/simao/frasesmaravilhosas.htm
21 A verdade A porta da verdade estava aberta, Mas só deixava passar Meia pessoa de cada vez Assim não era possível atingir toda a verdade Porque a meia pessoa que entrava Só trazia o perfil da meia verdade E a segunda metade Voltava igualmente com o mesmo perfil. E os meios perfis não coincidiam. Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta. Chegaram ao lugar luminoso Onde a verdade esplendia seus fogos. Era dividida em metades Diferentes uma da outra Chegou­se a discutir qual a metade mais bela Nenhuma das duas era totalmente bela. E carecia optar. Cada um optou conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia. (Carlos Drummond de Andrade) 1 1 http://consc.vilabol.uol.com.br/averdade.htm
22 3.1 BREVE OLHAR SOBRE A INFÂNCIA PÓS NOVOS CONHECIMENTOS Como já havia escrito, devido a linha metodológica a qual trabalhamos em nosso município, Pedreira, estudamos largamente Piaget, mas sentia necessidade de novos conhecimentos, diversificar , conhecer um pouco mais sobre os pensamentos sobre educação de Vygotsky, Wallon, para comparar suas teorias e assim ter uma visão mais ampliada de suas linhas de pesquisa. Vimos esses pensadores nas aulas de Psicologia, onde poderemos aqui constatar algumas das contribuições teóricas de Vygotsky, segundo, ele: “o homem possui natureza social, visto que nasce em um ambiente carregado de valores culturais. Nesse sentido, a convivência social é fundamental para transformar o homem de ser biológico em um ser humano social . A criança nasce apenas com funções psicológicas elementares, a partir do aprendizado da cultura, estas funções transformam­se em funções psicológicas superiores” (VYGOTSKY, 1991, IESDE p.49 ). Essa evolução é feita pela mediação das pessoas que interagem com as crianças, e é essa intermediação que dá, ao conhecimento, um significado social e histórico.
O homem constrói seu conhecimento e seu desenvolvimento mental de forma individualizada. A cultura historicamente produzida são interiorizadas pelo homem de forma individual. A língua, a cultura, a linguagem fazem parte de seu cotidiano, com a sua realidade. Nesse processo de construção social e histórica do homem, a linguagem tem dupla importância na construção do saber. É a linguagem que faz a intermediação na relação entre os homens, “a linguagem simplifica e generaliza a experiência, ordenando os fatos do mundo real em conceitos cujo significado é compartilhado pelos homens, enquanto coletividade, utilizam a mesma língua” (OLIVEIRA,1992 p.27).
23 É com a linguagem que a criança faz seus primeiros contatos com a sociedade, é o momento que ela pode ser ouvida, pode interagir com outras crianças , e assim começa seu desenvolvimento intelectual. Como se sabe para Vygotsky, existem três momentos importantes da aprendizagem da criança: a zona de desenvolvimento potencial, que é tudo que a criança ainda não domina mas que se espera que ela seja capaz de realizar; a zona de desenvolvimento real: que é tudo o que a criança já é capaz de realizar sozinha; a zona de desenvolvimento proximal que é tudo que a criança somente realiza com o apoio de outras pessoas. É na zona de desenvolvimento proximal que a “interferência de outros indivíduos é mais transformadora. Isso porque os conhecimentos já consolidados não necessitam de interferência externa . Isso significa que o ponto de partida do ensino­aprendizagem deve ser o desenvolvimento real da criança e, como ponto de chegada, os conhecimentos que elas trazem consigo, mas ainda não desabrocharam. Ou seja, a escola tem o papel de fazer a criança avançar em sua compreensão do mundo levando em consideração o seu desenvolvimento já consolidado e tendo como etapas posteriores, os conhecimentos ainda não alcançadas. O professor nesse processo deve servir como o objeto estimulador da zona de desenvolvimento proximal, fazendo com que a criança avance em seus conhecimentos. Para Vygotsky; o erro faz parte do processo de ensino­aprendizagem e o professor tem um papel importante nesse processo., é importante que o aluno perceba a necessidade de melhorar e de dedicar­se mais aos conhecimentos que ainda não domina. Nesse sentido o trabalho em grupo, pode ser um bom momento para a interação social, para amadurecer as idéias e avançar nos conhecimentos.
24 Outro aspecto fundamental para Vygotsky é o brinquedo. Para ele, as brincadeiras de “faz de conta” criam zonas de desenvolvimento proximal, à medida que colocam a criança em situações de repetição de valores e imitação de papéis e regras sociais. Observamos em nossa sala de pré­escola cotidianamente, pois temos um canto de “faz de conta” na sala onde existe uma caixa cheia de roupas, chapéus , fantasias, sapatos, etc..., as crianças se transpondo dentro desses materiais podem experimentar vários papéis, fazendo assim com que possa ter uma gama de possibilidades que estimulem seu desenvolvimento e a própria interação social. Segundo Vygotsky, aprendizagem da escrita inicia antes do período escolar, visto que seu desenvolvimento está intimamente ligado aos estímulos recebidos pela criança desde cedo. A criança é um ser social desde que nasce, ela não é colocada numa redoma, longe de qualquer contato social. Portanto, a criança precisa ser levada a compreender que o signo da escrita não possui significado, é apenas uma representação do mundo real. A importância da cultura, da linguagem e das relações na teoria de Vygotsky fornece a base para uma educação na qual o homem seja visto na sua totalidade: na multiplicidade de suas ralações com os outros; na sua especificidade cultural; na sua dimensão histórica, ou seja, em processo de construção e reconstrução permanente. As contribuições de Wallon para a educação, são através de sua teoria: o organismo é a condição primeira do pensamento, visto que toda função psíquica supõe um componente orgânico e que o objeto da ação mental do ambiente em que esta inserido. Dessa forma, o sujeito é determinado fisiológica e socialmente, ou seja, é resultado tanto das disposições internas quanto das situações exteriores.
25 Wallon procurou entender a pessoa completa, integrada ao meio em que esta imersa, com os seus aspectos afetivos, cognitivos e motores integrados. Seus estudos sobre a origem da pessoa na sua totalidade, enquanto ser biológico, afetivo, social e intelectual, ele os chamou de psicogênese. Em seus estudos sobre o desenvolvimento humano, considera o sujeito como “geneticamente social”. Para esse autor, o desenvolvimento inicia­se na relação do organismo do bebe recém­ nascido com o meio humano. A partir das reações das pessoas aos seus reflexos e movimentos impulsivos, a criança passa a atuar no ambiente humano, desenvolvendo aquilo que Wallon denomina motricidade expressiva ou dimensão afetiva do movimento. É a ação que move e que regula o aparecimento e o desenvolvimento das funções mentais, ou seja, o movimento espontâneo transforma­se em gesto que, ao ser realizado intencionalmente, reverte­se em significado. Antes do aparecimento da fala, Wallon atribui grande importância à motricidade: para ele, a imitação revela as origens do ato mental; o gesto precede a palavra – fatos esses que ele chama de característica cultural. A linguagem é indispensável ao progresso do pensamento: a linguagem exprime o pensamento e, ao mesmo tempo, estrutura o pensamento. A pessoa deve ser vista como parte integrante do meio em que está inserida. O processo de socialização dá­se pelo contato com o outro e, também, pelo contato com a produção do outro (texto, pintura, música, etc). Por isso, afirma, a cultura geral aproxima os homens, pois permite a identificação de uns com os outros. Para Wallon, a dimensão afetiva ocupa lugar central, tanto do ponto de vista da construção da pessoa quanto ao conhecimento. A emoção é a exteriorização da afetividade: é um fato fisiológico que se expressa no humor e nos atos e, ao mesmo tempo, é um comportamento social na sua função de adaptação do ser humano ao
26 seu meio. A emoção, antes da linguagem, é o meio utilizado pelo recém­nascido para estabelecer uma relação com o mundo externo. Os movimentos de expressão evoluem de fisiológicos a afetivos, em que a emoção cede terreno aos sentimentos e, depois, às atividades intelectuais. Por isso, a criança precisa ser entendida em seu contexto, e seu desenvolvimento como resultado de sua interação com esse meio: o desenvolvimento é histórico, dialético, portanto, é também descontínuo. Como podemos constatar as teorias de Piaget, Vygotsky e Wallon não são antagônicas e nem se contrapõem, ao contrário elas se completam umas com as outras, pois para o desenvolvimento da criança é extremamente importante observar esses três aspectos, as estruturas cognitivas mentais (Piaget), o ser como um individuo social fruto do seu meio (Vygotsky) e a afetividade nas relações entre pessoas ( Wallon). Estarei a seguir dissertando algumas considerações a respeito da história e surgimento da Educação Infantil. “A concepção histórico­social se expressa em inúmeras tendências. O que importa destacar, apesar das diferenças entre elas, é a preocupação com o processo (nada é estático), com a contradição ( não há linearidade no desenvolvimento, que resulta do embate e do conflito) e com o caráter social do engendramento humano (o ser do homem se faz permeado pelas relações humanas e por isso se expressa de formas diferentes ao longo da história). ARANHA,p.115 Sobre a área em que atuo, obtive grande esclarecimento através das aulas de Políticas Educacionais e Educação de 0 a 6 anos. A professora de Políticas Educacionais nos propôs um trabalho em grupo, um artigo, o tema seria escolhido pelos integrantes do grupo dentre alguns temas propostos. Nosso grupo escolheu Educação Infantil, mas o que abordar sobre Educação Infantil, um tema tão vasto e para nós de grande interesse. Depois de muita conversa resolvemos que íamos enfocar a trajetória histórica da Educação Infantil,
27 começamos a pesquisar, internet, a biblioteca da Faculdade de Educação, revistas, artigos, teses, etc... Conseguimos levantar muita coisa a respeito do tema. O primeiro fato que nos deixou chocadas, foi o olhar da sociedade em relação a criança, o conceito de criança como uma classificação específica de seres humanos que requerem um tratamento especial, diferente daquele aplicado ao adulto, ainda não havia sido desenvolvido na Idade Média. A duração da infância era reduzida a seu período mais frágil, enquanto criança, ainda não conseguia bastar­ se; a criança então, mal adquiria algum desembaraço físico, era logo misturada aos adultos, e partilhava de seus trabalhos e jogos. De criancinha pequena se transformava imediatamente em homem jovem, sem passar pelas etapas da juventude. A transmissão de valores e dos conhecimentos, e de modo mais geral , a socialização da criança , não eram portanto nem asseguradas, nem controladas pelas famílias. A criança se afastava logo de seus pais, e pode se dizer que durante séculos a educação foi garantida pela aprendizagem, graças à convivência da criança ou do jovem com os adultos, A criança aprendia as coisas que deveria saber ajudando os adultos a fazê­las. Essa família antiga tinha por missão , a conservação dos bens, a prática comum de um ofício, a ajuda mútua cotidiana num mundo um casal solitário não podiam sobreviver, e ainda casos de crise, a proteção da honra e das vidas. A família nesse período não tinha função afetiva. Com essa falta de afetividade, as famílias muito grandes, com muitos filhos, com o sistema de saúde extremamente precário, muitos filhos morriam logo que nasciam, e eram substituídos por outros filhos sem nenhum sentimento de pesar, era considerada a morte como um fato natural da vida. Vale aqui abrir um parêntese para comentar a respeito dos Jardins de Infância e as Escolas Maternais de São Paulo, no início da República.
28 “Desde a instalação do primeiro jardim da infância no Brasil, em 1875, discute­se a importância dessa modalidade escolar para o público infantil. Porém, o desconhecimento dos objetivos da pré­escola e, consequentemente, de sua função educativa, levou diversos políticos e educadores a associar todas as instituições infantis à casas assistenciais de cunho religioso. Assim para o senador Junqueira, em 1979, o jardim de infância não passava de uma “instituição de caridade para meninos desvalidos . Da mesma forma, durante a Exposição Pedagógica ocorrida em 1883, no Rio de Janeiro, Alberto Brandão argumentava ser o “jardim de infância uma instituição sem utilidade para o Brasil onde a mulher só tinha a função de cuidar dos filhos”. Outro especialista presente nesse evento considerava qualquer instituição infantil uma imitação inconsciente de país industrializado, “objeto de luxo” para um país onde a mulher só concorria como “fator de produção de filhos e não de renda” e, ainda, assinalava a inconveniência de se tirar a criança muito cedo do regaço materno (Kishimoto, 1986,p.53­7). “Esse pensamento não era generalizado, pois Souza Bandeira e Rui Barbosa, concebiam que essas instituições representavam estabelecimentos com orientação educativa, distinguindo­se das casas assistenciais”(Kishimoto, 1988,p.58). A instituição infantil designada como jardim de infância ou Kindergarten foi criada por Frederico Guilherme Froebel, em 28 de julho de 1840, em Bad Blankengurg, na Alemanha, como estabelecimento tipicamente educativo. Ao escolher esse nome para sua escola, Froebel utilizou de uma metáfora do crescimento da planta. Assim, designou à jardineira, a professora de educação infantil, e aos esforços conjuntos da escola e família, a tarefa de propiciar o desenvolvimento intelectual, emocional, físico, social e moral da criança, principalmente pelo uso de jogos, à semelhança de um jardineiro que cuida carinhosamente de suas plantas. No Brasil, coube também à iniciativa particular a instalação dos primeiros jardins de infância. No Rio de Janeiro, Menezes Vieira criou, em 1875, a primeira unidade no país, para atender à elite carioca. Dois anos depois, protestantes radicados em São Paulo inauguraram o Kindergarten na famosa Escola Americana, hoje Colégio Mackenzie. Ainda na rede privada, os imigrantes contribuíram com diversas escolas infantis, de tendência froebeliana, no início da República. Provenientes de vários países desenvolvidos que já haviam incorporado até o jardim
29 de infância em seu sistema de ensino, os imigrantes ressentiam­se do baixo nível de educação no Brasil. A valorização da educação de seus filhos levou­os a organizar diversos tipos de escolas. Tem­se notícia, por exemplo, do estabelecimento como a Escola Alessandro Manzoni (1900) e o Collegio Convitto Dio e Pátria (1898) que ofereciam o jardim froebelizano, em língua italiana, para os rebentos dos imigrantes. ( Kishimoto, 1988) Com a implantação da República em 1890, surgia o ideal de que, por meio de reformas educativas se alcançaria um novo padrão de desenvolvimento no país. Assim Prudente de Morais, quando governador de São Paulo, recomendou ao jornalista e educador Rangel Pestana a reforma da Escola Normal da Capital. Com esse projeto já aparecia o Kindergarten para crianças de 04 a 07 anos de idade. Posteriormente, nos anos 20, estimulados pela facilitação concedidas pela legislação, industriais, religiosos, damas da sociedade iniciam a introdução das escolas maternais junto a centros fabris e vilas operárias, para atender exclusivamente a filhos de operários. Ao governo estadual competiam as despesas com professores, funcionários, material pedagógico e mobiliário escolar, enquanto que os custos relativos à construção de edifícios , alimentação etc. ficavam por conta dos mantenedores. O que podemos observar é que passados mais de cem anos da implantação da República, ainda as pré­escolas não estão incorporadas ao Ensino Fundamental, não sendo um ensino obrigatório. Talvez por falta de vontade política ou por forças maiores isso ainda não aconteceu em nosso país. Sendo os recursos para as pré­ escolas de responsabilidade das prefeituras, sem qualquer apoio do governo Estadual e Federal.
30 Assim, a infância é uma criação da sociedade sujeita a mudar sempre que surgem transformações sociais mais amplas. O apogeu da infância tradicional durou aproximadamente de 1850 a 1950. Durante esse período, a visão da sociedade sobre o mundo infantil mudou, protegidas dos perigos do mundo adulto, as crianças foram retiradas das fábricas e colocadas em escolas. À medida que o protótipo da família moderna se desenvolveu no final do século XIX, o comportamento apropriado dos pais para com os filhos se consolidou em torno de noções de carinho e responsabilidade do adulto para com o bem­estar das crianças. Emergindo nesta era da criança protegida, a psicologia infantil moderna foi inadvertidamente estruturada . Grandes psicólogos infantis, de Erik Erikson a Arnold Gesell e Jean Piaget, pensavam que o desenvolvimento da criança era moldado por forças biológicas. O brilhantismo de Piaget foi embaçado por sua abordagem científica, não­histórica e socialmente fora do contexto. Considerando os estágios de desenvolvimento biológico da criança como fixos e imutáveis, professores, psicólogos, pais, assistentes sociais e a comunidade em geral viam e julgavam a criança através de uma classificação de desenvolvimento fictícia. As crianças que não “atingiam o padrão” seriam relegadas ao grupo de baixa expectativa e desempenho. As que “alcançavam a meta” descobririam que seu privilégio econômico e racial seria confundido com capacidade. Vivendo num período histórico de grande mudança e revolução social, observadores críticos estão apenas começando a perceber a mudança na condição social e cultural em relação a essa visão da infância. Quando a infância começou a mudar, nos anos 50, quase que a maioria das crianças viviam em lares onde os pais biológicos eram casados um com o outro. Antes do final dos anos 80 somente uma pequena parte das crianças viviam com seus pais biológicos.
31 A mudança na realidade econômica, associada ao acesso das crianças a informação sobre o mundo adulto, transformou drasticamente a infância. Textos recentes falam em perda da infância, crianças crescendo muito rápido, e terror das crianças no isolamento dos lares e comunidades fragmentadas. O isolamento aqui mencionado envolve separação no sentido de ausência dos pais quanto de inexistência do espírito comunitário. Dada a alta incidência de divórcio e com a saída das mães para o trabalho fora de casa, podemos observar uma geração de esquecidos em casa . São crianças que através do isolamento se sentem impotentes, desesperançados e entediados. Como pode crianças que tem tudo a mão estarem tão alienados. A cultura popular via TV promete aos nossos filhos uma família com valores, dos pais presentes, mas ela tem que se conformar com lares isolados e alienados. “Com a mídia impulsionando a proliferação infinita dos significados, a fronteira entre a infância e o mundo adulto se desvanece, com crianças e adultos negociando os mesmos escapismos e enfrentamentos com os mesmos impedimentos à formação de pensamentos. As crianças estão agindo como adultos e os adultos estão agindo como crianças. (Aronowitz e Girox, 1991; Best e Kellner, 1991). Como uma mídia dominadora da consciência e completamente explícita, a TV média iguala a um – adulto de sessenta anos de idade a crianças de oito – com os mesmos dados. Como as crianças pós­modernas ganham conhecimento irrestrito sobre coisas primariamente mantidas em segredo para os não adultos, a mística dos adultos como honoráveis guardadores dos segredos do mundo começam a se desintegrar. A criança começa a tomar parte do mundo adulto, sem ter nenhum subsídio para que possa de maneira saudável digerir essas informações. Não há nada fácil a respeito da nova infância. Aliás, muitos adolescentes e jovens adultos põem para fora o estresse e a fadiga originados na infância. Se alguém assume responsabilidades do meio adulto desde a idade de sete anos,
32 manifestações físicas e psicológicas de estresse durante a adolescência não surpreenderiam ninguém. Os pais dentro de seus individualismos, consciente ou inconscientemente não percebem que as crianças são seres dependentes de seus cuidados e atenção. O profissional da educação frente a situação atual do Ensino Público deve possuir responsabilidades sociais, ter em mãos variados instrumentos teóricos da interpretação da realidade, para que a prática pedagógica, seja respaldada no conhecimento e na consciência crítica. O professor atua cotidianamente no seio de situações humanas complexas, muitas vezes inusitadas, que lhe exigem desenvolver múltiplas habilidades e competências de gerenciamento. Numa sala de aula aquilo que chamamos de variáveis, têm nomes e estão encarnados em pessoas concretas que possuem também as suas expectativas, os seus sonhos , as suas problemáticas sociais e existenciais. Seu campo de atuação é pleno de dinamismo, mudanças, heterogeneidade. Por isso, suas opções metodológicas não devem ser estáveis e precisam criar­se e recriar­se.
33 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS O professor precisa lançar de vários olhares para a realidade, se reconhecendo nelas, interpretando­as e ainda mais interferindo de acordo com seus objetivos educacionais. O avanço pessoal do professor está no aprofundamento dos seus estudos, na passagem pela Universidade, tive oportunidade de olhar minha prática e repensar­lha de maneira mais crítica. Aprofundando meu conhecimento, me fez crescer mais profissionalmente, e na minha vida pessoal, interiorizar esses conhecimentos me faz uma pessoa melhor e assim poder passar esses conhecimentos para o trabalho com mais segurança e responsabilidade. Sair da mesmice da sala de aula, me deu um olhar mais abrangente referente aos alunos, escola, direção e comunidade. Não acredito que só a educação possa mudar a sociedade economicamente, mas acredito que a educação possa intervir na consciência intelectual de uma sociedade, se pensarmos em uma escola voltada para a comunidade, dando voz a ela, preparando­a para uma visão mais crítica, usando para isso vídeos, palestras, trazer os pais para dentro da escola de modo consciente, estaremos de um modo ou de outro ajudando nessa visão crítica. “Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho e na ação­reflexão”. (Paulo Freire). 1 Como disse anteriormente, estou à uns três anos para a aposentadoria, mas isso não significa que esteja em fim de carreira, pois prestei outro concurso para professor na minha rede, e estou esperando ser chamada, para começar tudo de novo. A Universidade me ajudou muito nesse aspecto de ter confiança e coragem para o recomeço, acredito agora já estar preparada para alçar novos vôos. Agora, já me sinto preparada para uma coordenação ou até mesmo uma gestão escolar. DE TUDO FICAM TRÊS COISAS A CERTEZA DE QUE ESTAMOS SEMPRE COMEÇANDO... A CERTEZA DE QUE PRECISAMOS CONTINUAR... A CERTEZA DE SERMOS INTERROMPIDOS ANTES DE TERMINAR... 1 www.consiencia.net/citaçoes/ef/freire.html
34 PORTANTO, DEVEMOS: FAZER DA INTERRUPÇÃO UM CAMINHO NOVO... DA QUEDA, UM PASSO DE DANÇA... DO MEDO, UMA ESCADA... DO SONHO, UMA PONTE... DA PROCURA, UM ECONTRO... Fernando Pessoa (mimio)
35 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARANHA, Maria Lúcia de Arruda – Filosofia da Educação – 2ª edição – Ed. Moderna. ARIÉS, Philippe – (1981) – História Social da Criança e da Família – Zahar Editores. CAD. PESQ., SÃO PAULO (64) . 57­60, FEV. 1988­ Os Jardins de Infância e as Escolas Maternais de São Paulo no Início da República. COOK GUMPERZ ( 1991) ­–IESDE ­ Teorias da Aprendizagem – in – Aulas elaboradas por : Almir Sandro Rodrigues, Ana Tereza Reis da Silva , Josiane Domingas Bertoja Pariz e Natalina Triches – 2002. FERREIRO ( 2000) –IESDE ­ Teorias da Aprendizagem – in – Aulas elaboradas por : Almir Sandro Rodrigues, Ana Tereza Reis da Silva , Josiane Domingas Bertoja Pariz e Natalina Triches – 2002. FREIRE, PAULO –IESDE ­ Teorias da Aprendizagem – in – Aulas elaboradas por : Almir Sandro Rodrigues, Ana Tereza Reis da Silva , Josiane Domingas Bertoja Pariz e Natalina Triches – 2002. FREIRE, Paulo (1997) – Pedagogia Da Autonomia – in GADOTT, 2000, p. 45 GOULART (1995) –IESDE ­ Teorias da Aprendizagem – in – Aulas elaboradas por : Almir Sandro Rodrigues, Ana Tereza Reis da Silva , Josiane Domingas Bertoja Pariz e Natalina Triches – 2002. p.100 KISHIMOTO (1988) ­ CAD. PESQ., SÃO PAULO (64) . 57­60, FEV. 1988. LAROCA, Priscila 1996,1999,2000 – Problematizando os contínuos desafios da Psicologia docente. OLIVEIRA ( 1992) – CAD. PESQ., SÃO PAULO (64) . 57­60, FEV. 1988. PIAGET ( 19670) ­ IESDE – Teorias da Aprendizagem – in ­Aulas elaboradas por: Almir Sandro Rodrigues, Ana Tereza Reis da Silva , Josiane Domingas Bertoja Pariz e Natalina Triches – 2002. PINTO, A.V. Sete Lições sobre Educação de Adultos – São Paulo (1992) in IESDE – Teorias da Aprendizagem – in ­Aulas elaboradas por: Almir Sandro Rodrigues, Ana Tereza Reis da Silva , Josiane Domingas Bertoja Pariz e Natalina Triches – 2002. SOARES – apud LEITE, Sergio, 2001, p. 75, 76. STEINBERG,Shirley R. e KINCHELLOE, Joe L. Cultura Infantil –A construção corporativa da infância – ( 2001 ) Tradução de George Eduardo Japiassú Bricio – Ed. Civilização Brasileira (2001). TAILLE ( 1992) ­–IESDE ­ Teorias da Aprendizagem – in – Aulas elaboradas por : Almir Sandro Rodrigues, Ana Tereza Reis da Silva , Josiane Domingas Bertoja Pariz e Natalina Triches – 2002. VYGOTSKY(1991) –IESDE – Teorias da Aprendizagem – in –Aulas elaboradas por : Almir Sandro Rodrigues, Ana Tereza Reis da Silva , Josiane Domingas Bertoja Pariz e Natalina Triches – 2002. WALLON ( 1975 ) –IESDE ­ Teorias da Aprendizagem – in – Aulas elaboradas por : Almir Sandro Rodrigues, Ana Tereza Reis da Silva , Josiane Domingas Bertoja Pariz e Natalina Triches – 2002. www.consciencia.net/citações ­ acessado em 22/03/2005. www.persocom.com.br/simao/frasesmaravilhosas ­ acessado em 22/03/2005.
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