Evento Sentinela e “ Root Cause Analysis” Sistema de Investigação até a raiz do problema Fernanda Fuscaldi Almeida [email protected] Evento Sentinela Ocorrência inesperada ou variação do processo envolvendo óbito ou lesão física ou psicológica sérias, ou o risco dos mesmos • Qualquer variação significativa do processo caracterizada por risco aumentado de resultado adverso sério deve ser objeto de investigação • Se a recorrência da mesma variação do processo puder ser associada a 50% de chance de resultado adverso sério, esta variação deve ser considerada como evento sentinela Evento Sentinela • Sua ocorrência requer atenção imediata. • É resultado de ações erradas: – medicamento administrado em dose inadequada – Cirurgia realizada em membro errado • ou de ausência de ação: – medicamento prescrito não administrado – morte fetal por demora na realização de cesárea Evento Sentinela • Sua ocorrência gera 2 desafios: – Compreender como e por que o evento ocorreu – Prevenir a ocorrência do mesmo evento ou evento similar no futuro Evento Sentinela • Embora o evento sentinela seja uma variação inesperada do processo, variação é inerente a todo processo • Para reduzir a variação, é necessário determinar a causa da mesma. – Causas comuns de variação – Causas especiais de variação Evento Sentinela • Causas comuns de variação – Inerente a todo processo, é consequência da forma como o processo foi desenhado – O processo que varia apenas devido a causas comuns é dito como ESTÁVEL Tempo de espera para o laudo da radiologia Grau de sobrecarga do serviço de radiologia Solicitação de RX entre 24:00 e 06:00 hs : menor número de profissionais Evento Sentinela • Causas especiais de variação – Circunstâncias ou eventos não usuais difíceis de serem antecipadas e que podem resultar em variação marcante • Cirurgia realizada no local errado • Malfuncionamento de equipamento – Frequentemente é resultado de causas comuns de variação • Cirurgia realizada no local errado – sistema de comunicação, preparo para cirurgia, discussão prévia do caso • Malfuncionamento de equipamento – atividades de manutenção preventiva Evento Sentinela • A causa direta ou proximal do evento sentinela pode ser um fator não controlável – Ex.: Óbito per-operatório devido a falta de energia elétrica e não funcionamento do gerador durante a cirurgia : fator não controlável pela equipe cirúrgica Erro • Desvio em relação ao que é direito ou correto, em relação a uma norma. • Pode ou não gerar um mal resultado ou um evento sentinela. Evento Sentinela • Classificação de acordo com 3 fatores críticos: – Processo • Ex.: erros de medicação, erros de diagnóstico, erros relacionados a equipamentos etc – Resultado • Óbito, ausência de sequela, sequela temporária, sequela permanente – Etiologia ou causalidade (causa raiz) • Ex.: deficiência no treinamento dos profissionais, procedimento inadequado de administração de medicamentos etc Root cause analysis • Análise de erros por abordagem retrospectiva • Prática comumente utilizada na investigação de grandes acidentes industriais • Fundamentada na psicologia industrial e reengenharia • Incorporada em 1997 pela Joint Commission on the Accreditation of Healthcare Organizations (JCAHO) na investigação de eventos sentinela nos hospitais acreditados Root cause analysis • Processo de identificação dos fatores causais básicos da variação de desempenho, incluindo a ocorrência ou a possibilidade de ocorrência de um evento sentinela. • Tipos de abordagem: – Reativa – Proativa (redefinição de processos considerando a antecipação de problemas ou falhas) Root cause analysis • Características: – Enfoca primariamente sistemas e processos, não o desempenho individual – Evolui de causas especiais em um processo clínico para causas comuns em processos organizacionais – Pesquisa profundamente o processo através de questionamentos repetidos (“por quê?”) até que nenhuma resposta lógica possa ser identificada – Identifica as alterações que devem ser feitas no sistema e processos para melhorar o nível de desempenho e reduzir o risco de ocorrência de um evento sentinela Root cause analysis Problema ou Evento inesperado Correção Sintomas Causa Proximal Recorrência do Problema ou Evento inesperado Causa Raiz Prevenção Root cause analysis • Definir o evento • Identificar as causas proximais – Erro humano; deficiência no processo; falha em equipamento; fatores ambientais • Identificar as causas subjacentes às causas proximais (causa raiz) – Avaliação das etapas do processo relacionado ao evento • Coletar e avaliar dados relevantes relacionados às causas proximais e subjacentes • Estabelecer e implementar mudanças Investigando a raiz do problema • Organizar uma equipe para investigar o evento – Multidisciplinar (profissionais envolvidos nas diversas etapas do evento, com poder decisório, indivíduos críticos para implementação de mudanças) – Núcleo base – Disponibilidade de Recursos (estrutura e tempo) Investigando a raiz do problema • Estabelecer um cronograma de atividades • Identificar todas as causas possíveis e potenciais para o evento (“brainstorming”) • Localizar no fluxograma do processo ou sistema analisado as etapas em que as causas identificadas aparecem (Diagrama de causa-efeito) • Identificar as causas raiz ( Por quê?) Investigando a raiz do problema • Propor e realizar intervenções • Avaliar a necessidade de redesenhar o sistema, onde os processos estão inseridos, para eliminar as causas raiz • Medir o impacto das intervenções Investigando a raiz do problema • Definir o evento – Descrever a ocorrência de forma precisa e suscinta – Identificar as áreas/setores envolvidos Investigando a raiz do problema Utilização de ferramentas para análise: •Fluxogramas •Diagrama de Causa-Efeito •Gráfico de Pareto •FMECA etc • Identificação das causas proximais ( causas especiais de variação) Investigando a raiz do problema Identificação das causas subjacentes às causas proximais: •RH •Informação •Comunicação •Ambiente •Cultura institucional Desenvolvendo um Plano de Ação Planejar as intervenções considerando: •Quem é o responsável pela ação? •Quando as ações serão implementadas? (Cronograma) •Como será medida a efetividade das ações ? (Indicadores) Sangramento Per-operatório Sangramento Per-operatório Sangramento Per-operatório Protocolo para sangramento em cirurgia cardíaca Solução Cardioplégica s/ K+ Solução Cardioplégica s/ K+ "Root Cause Analysis" e Plano de Ação em Resposta a um Evento Sentinela Nível da Análise O que ocorreu? Evento Sentinela Questões Quais são os detalhes do evento? (Breve descrição) Achados Causa Raiz? Por que? Ação? S Base do problem a S1 N Treinam ento / rotina S2 N Treinam ento / rotina S Material pertinen te a obra S3 S Controle inadequ ado de Seg. Patrimo nial. S2 S Livre acesso ao local S2 Incêndio em mobiliário eletrocalhas e materiais combustíveis que estavam no local. Quando o evento ocorreu? Incêndio no Ambulatório B Por que isto ocorreu? --Quais são os fatores causais mais próximos? (causas especiais) O Processo ou atividade em que o evento ocorreu (Data, dia da semana, momento) 28/03/02, 5º Feira, 06:00h manhã Quais as áreas/serviços foram envolvidas? Salas/Consultórios. Quais são as etapas do processo? (Um diagrama de fluxo pode ser útil neste momento) Que etapas estavam envolvidas (ou contribuíram) para o evento? Fatores humanos Que fatores humanos foram relevantes para o resultado - Definição de rotinas para execução de obra; Etapas de controle de incêndio. Tapumes, sem tranca; (Falha) Não execução na função de fechar o tapume e vigilância do local. Fatores Como o desempenho do relacionados a equipamento afeta o equipamentos resultado? Não houve interferência de equipamentos no ocorrido. Fatores ambientais controláveis Que fatores afetam diretamente o resultado? - Disponibilidade no local de materiais combustíveis. (Mangueira de combate a incêndio, mobiliários e condutores elétricos) Fatores externos não controláveis. Eles estão realmente fora do controle da organização? Sim - O acesso de pessoas que pertencem ou não pertencem a Instituição. Outros Há algum outro fator que tenha influenciado diretamente este resultado? Sim. - Fator humano/ Diurna - Vigilância noturna vulnerável Que outras áreas ou serviços estão envolvidos? Engenharia Hospitalar, SESMT, RH, Portaria, Segurança Patrimonial. Atraso no programa de segurança. S2 S4 Ro o t Cau se An alysis (co n tin u ação ) Níve l de Análise P or que isto ocorre? R ecursos humanos Q ue sistemas e processos reforçam estes fatores? (causas comuns podem levar a causas especiais em processos dependentes) M anuseio de informação A mbiente D ireção C ultura institucional E stímulo à comunicação C omunicação clara das prioridades Fatores não controláveis Q uestões Q ual o grau de qualificação apropriado e de competência da equipe para suas responsabilidades? C omo a equipe se co mpara com os níveis ideais? Q uais são os planos para lidar com a contigência que tenderiam a redu zir o nível de equipe efetivo? Q ual o grau de desempenho da equipe no processo referenciado? C omo orientações e treinamentos e m serviços te m sido imple mentadas? Q ual o grau de disponibilidade das informações quando há necessidade das mes mas? S ão completas? P recisas? S /ambiguidades Q ual o grau de adequação da comunicação ente participantes? Q ual o grau de adequação do ambiente físico para e xecução apropriada dos processos? Q ue sistemas são utilizadas para identificar riscos ambientais? Q uais as respostas a situações de emergência e modo de falha tem sido planejadas e testadas? Q ual o grau de contribuição da cultura institucional para identificação e redução de riscos? Q uais são as barreiras para comunicação dos fatores de risco? E m que grau a prevenção de eventos adversos é informada com alta prioridade? C o mo? O que pode ser feito para proteger contra os efeitos destes fatores não controláveis? Achados As equipes não e xistia m Ca usa ra iz? Po r q uê? A ção ? N T reiname nto não concluído S5 N T reiname nto não concluído S5 N - S5 N Situação emergenci al S5 N Interrom. a pedidoda diretoria S5 N - S5 N - S6 N - S5 N - S7 N - S5 N - S5 N - S8 N - S5 S Vide ação nº02 S2 B rigada de incêndio, falta de treinamento para pessoal envolvido. C ontrato de terceirizado para e xecução de obra de maior porte. Fogo foi debelado por pessoal próprio antes da chegada do C orpo de B ombeiros levando em consideração ser u m incêndio de pequenas proporções.. T reinamento deficiente. N ão amparado pelo R H D eterminar siste ma de treina mento; M anter histórico de todo ocorrido. Ine xistente / R otina escrita para obra e m anda mento / S iste ma não for mal. E screver para resguardar. Incêndio (controle mensal) equipa mentos de acordo co m N or ma. P P R A (P rogra ma de P revenção de R iscos A mbientais); P C M AT (P rograma de C ontrole do M eio A mbiente de T rabalho) grande porte; Análise P reliminar de R isco para causas menores. E stender a todos os funcionários e não só os participantes de determinados treinamentos (B rigada de Incêndio); S imulados de situação real de incêndio. E xiste m sinais de boa vontade, mas ainda deficiente. C ultura e processo institucional não adequados. C omunicação visual deficiente/ parte financeira atrapalha planos. N ão há prioridade de implantar (eventos adversos). M anutenção preventiva/corretiva. R igorosa segurança institucional T renamento de pessoal. Plan o d e Ação em resp o sta a u m Even to Sen tin ela Estratégia para redução de risco Para cada um dos achados ide ntificados na a ná lise, indiq ue a ação pla neja da, data esperada para imple me ntação e med ida de efetividad e associada O U... Ação 1: Definição de rotinas de exec uç ão de obras; Estabelecer cronogra ma físico de exec ução de obra. M edida: Crono grama de obras. Ação 2: Vigilâ ncia em todas as depend ê ncias do Hosp ital. M edida: Imple me nto de segura nça patrimo nia l. Se, após considerar cada um dos achad os, a decisão for por não imp lem e ntar um a estratégia de redução de Ação 3: risco, indic ar a razão para não agir no Co ntrole de materiais por parte dos almoxarifados. mom e nto Certifique-se de que as med idas selecio nadas fornecerão dados q ue permitam a a valiação da efetividade da ação. M edidas de Efetividade Ação 4: Envolvime nto de todos os setores do Hospital na questão de segura nça. Ação 5: Co nsidere a necessida de de teste piloto ou Estruturar e capacitar grupo de Brigada de Incê ndio. pla nejame nto para dese nvolvim e nto da ação. Interve nçõ es para reduzir riscos deve m ser aplicad os em todas as áreas pertinentes, Ação 6: não ape nas ond e o eve nto ocorreu. Envolver o trabalho dos me mbros cip istas, brigadistas e da comunidade Identifiq ue as áreas passíveis de hosp italar em geral com efetivida de. imp lem e ntação de interve nções. M edida: Evitar que materia is comb ustíveis estejam em loc ais sem co ntrole. M edida: Realização de reuniões diárias sobre a pauta de segura nça. M edida: Co ntinuar im pla ntação da Brigada de incê ndio. Efetuar sim ulação de incê nd io com ava liaçã o de resultado. Verificar nú mero de funcio nários treinados M edida: Apresentação de relatórios sobre cond ições de risco. Ação 7: Determinaçã o de todos os setores que apresenta m riscos e tentativa de eliminá-los. M edida: Cobra nça rigorosa dos programas. (PPRA, PCM AT, A nálise prelim inar de risco). Ação 8: Padronização dos sistem as vis uais no Hosp ital. M edida: Imple me ntação de um sistema de com unic ação vis ua l eficie nte.