TÍTULO: RESILIÊNCIA E VONTADE DE POTÊNCIA: O FUNDO DE FINANCIAMENTO ESTUDANTIL FIES E O RESGATE DA CIDADANIA CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS SUBÁREA: PEDAGOGIA INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO CAPITAL AUTOR(ES): THAIS ARAÚJO DE ALENCAR ORIENTADOR(ES): GUALBERTO LUIZ NUNES GOUVÊIA COLABORADOR(ES): CRISTIANE AZEVEDO DE SOUZA RESILIÊNCIA E VONTADE DE POTÊNCIA: O FUNDO DE FINANCIAMENTO ESTUDANTIL - FIES E O RESGATE DA CIDADANIA RESUMO O presente trabalho busca compreender o Fundo de Financiamento Estudantil – FIES, em seus aspectos mais amplos. É sabido que, em sua primeira fase, não era necessário participar do ENEM para se obter esse financiamento. Resulta que, a partir daí, estudantes que no transcorrer de suas vidas não haviam tido a possibilidade de estudar, conseguiram ingressar na faculdade. Muitos vislumbraram uma oportunidade de acertar as contas com o passado, indo além do diploma. Viam uma conquista de cidadania, um acréscimo de auto estima que ultrapassa a nomenclatura de formando. INTRODUÇÃO A excludente sociedade brasileira, fruto de um passado patrimonialista, tem historicamente negado aos mais pobres a oportunidade de ascensão social. Mais recentemente, com a implantação por parte do governo federal do Fundo de Financiamento Estudantil – FIES, parcela significativa de estudantes potenciais, antes excluídos, pôde ingressar em uma universidade. Esses alunos trazem suas subjetividades e suas esperanças. Sua visão de mundo, não poucas vezes, se choca com aquilo que encontram nos bancos universitários. Ao mesmo tempo, se sentem muito mais que estudantes, sentem-se cidadãos, recuperando uma dignidade perdida pelas condições impostas pela vida. Muito se tem falado atualmente sobre o fenômeno da resiliência, termo que vem da Física e diz respeito à propriedade pela qual a energia armazenada em um corpo deformado é devolvida quando cessa a tensão. No âmbito psicológico, resiliência é a capacidade de o indivíduo enfrentar e superar problemas e adversidades. É uma força interna que mantém no indivíduo a vontade de vencer, apesar de condições opostas, que podem ter várias causas: a culpa pelo considerado fracasso social, as vicissitudes enfrentadas pelos socialmente mais frágeis. Nietzsche nos fala da importância de desenvolver a vontade de potência inerente a todo ser humano. Entretanto, muitos insistem na “perspectiva de rãs”, enxergando tudo de baixo para cima. São aqueles tornados rebanho pelo sentimento do escravo. Esses não alcançam sua resiliência. A vontade de potência vem do amor fati que, para Nietzsche em A Gaia Ciência, é um dizer sim para a vida e suas dificuldades, enfrentar o destino, desafiando-o, não se resignar a ele. Ser aquele que diz sim para a vida, que consegue alçar voo, a bailar com o que a vida oferece em toda a sua plenitude. Aquele que faz de seu corpo um instrumento de batalha em busca da grande saúde que o torna mais forte. Essa não é uma tarefa fácil. É preciso, de acordo com Nietzche, fazer a transvaloração, mudar os valores arraigados que prendem ao sentimento de não vida. O período em que vivemos, técnico científico informacional no dizer de Milton Santos, comprime os tempos, os espaços, destrói os lugares com referências e identidades, muda-se o espaço do real e do imaginário a cada momento. Nesse contexto de hiper-realidade transmutada em simulacro, é ainda mais desafiador buscar a resiliência, o amor fati, a grande saúde que nos faz bailar para a vida. Os estudantes beneficiados pelo FIES e que estudam na UNIESP-UNICAPITAL (ou uma parcela significativa deles) têm histórico de vida que nos provoca a refletir sobre o alcance do mesmo. Esses alunos encontram muito mais do que um diploma, encontram um sentido em suas vidas que vai muito além da aquisição de uma profissão de reconhecimento público. Assim, pensamos que nossa grande questão é “Qual o significado e alcance da inserção de alunos na universidade por meio do FIES?”. OBJETIVOS - Investigar o impacto do Fundo de Financiamento Estudantil como um instrumento de construção da cidadania. - Discutir o entendimento de diversos autores sobre o papel dos direitos humanos e da cidadania no período técno-científico informacional. - Analisar o impacto de políticas públicas positivas, como o Fundo de Financiamento Estudantil, no resgate de uma cidadania que vai além da aquisição de um diploma. - Discorrer sobre a vontade de potencia que habilita o indivíduo a se tornar resiliente. METODOLOGIA Esta pesquisa começa de maneira teórica, analisando os autores que a embasarão. Acreditamos que este embasamento é necessário para a compreensão da realidade que pretendemos analisar. Tem também um momento de empirismo. Será na pesquisa com alunos que identificaremos os casos de resiliência, vontade de potência. Este momento da pesquisa será levado a efeito com entrevistas qualitativas empreendidas pelos alunos de iniciação científica. DESENVOLVIMENTO Entendemos que o conceito de resiliência tem sido tratado, não raras vezes, de maneira a instrumentalizar o que se chama de “autoajuda”. Diante das dificuldades que a vida oferece, muitas alternativas são buscadas visando a oferecer respostas aos enormes desafios que se colocam no cotidiano. Pretendemos, com os autores escolhidos para este trabalho, dar um significado mais abrangente para o termo. Para isso, iremos recorrer a autores como Nietzsch, Milton Santos, Bauman, Boaventura, entre outros. Em Bauman, nos interessa principalmente os desencontros por ele analisados em Amor Líquido, em que ele analisa as fragilidades dos vínculos humanos e como essa ausência provoca insegurança nos indivíduos. Os laços afetivos, segundo esse autor, são frouxos e provocam a desarticulação das identidades objetivas e subjetivas. O período em que essas desarticulações acontecem é nomeado por Milton Santos por período técnico científico informacional. É um momento caracterizado pela aceleração como se fosse um período culminante da história em que forças explodem para criarem o novo, talvez, a transvaloração de que nos fala Nietzsche. Para Milton Santos, vivemos um período marcado pelos signos que tomam o lugar das coisas verdadeiras. Aqui, seu pensamento encontra o de Jean Baudrillard que considera esses signos como simulacros, ocultando o real e o embaralhando. Por sua vez, Boaventura de Sousa Santos entende este momento como um embate entre forças globalizantes e cosmopolitas. De um lado, está o mercado tentando impor seus valores absolutos sobre todo o mundo, de outro, aqueles que lutam pelo direito à diferença, o direito de permanecer com suas culturas e suas identidades. Nietzsche é quem, em nosso entendimento, nos oferece uma alternativa metodológica de compreensão da resiliência, não como autoajuda, mas como uma explosão de vida, uma vida que baila movida pela transvaloração, pela audácia de abandonar o olhar escravo para ser senhor de seu próprio destino, fazendo a vida pulsar em toda a sua potência. RESULTADOS PRELIMINARES - Alunos resilientes são aqueles que possuem o amor fati, a vontade de potência. - Polícas públicas positivas, contribuem para a cidadania, garantem os direitos humanos e despertam a resiliência. - O FIES é uma Política Pública positiva que possibilita o resgate de identidades. FONTES CONSULTADAS ANDERSON, Benedict. Comunidades Imaginadas – Reflesões sobre a Origem e a Expansão do Nacionalismo, Lisboa, Portugal, Ed. 70, 2012. BAUDRILLARD, Jean. Simulacros e Simulação, Lisboa, Portugal, Ed. Antropos, 1991. BAUMAN, Zygmunt. O Amor Líquido – Sobre a Fragilidade dos Laços Humanos, Rio de Janeiro, Ed. Zahar, 2004. BECKER, Ernest. A Negação da Morte, Rio de Janeiro, Ed. Record, 2007. GALLARDO, Helio. Teoria Crítica – Matriz e Possibilidade de Direitos Humanos, São Paulo, Ed. UNESP, 2014. MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. A Ideologia Alemã, São Paulo, Ed. Boitempo, 1998. NIETZSCH, Friedrich.A Gaia Ciência São Paulo, Cia. das Letras, 2012. RANK, Otto. El Mito del nacimento del héroe. Barcelona, Espanha, Ed. Paidos, 1991. SANTOS, Milton. Técnica Espaço Tempo – Globalização e meio técnico-científico informacional, São Paulo, Hucite, 1994.