A RESILIÊNCIA DO BRASIL - POR THAIS HERÉDIA 28 de agosto de 2015 Escrito por: Thais Herédia Há exato um ano, em setembro de 2014, quando a crise econômica atual dava sinais de sua força, evoquei um mantra para exaltar a vocação do Brasil como nação e grande mercado: somos inevitáveis. Sob qualquer ângulo ou ponto de vista dos investidores, a sétima maior economia do mundo era, obrigatoriamente, vista como um parque de oportunidades. A dúvida naquele momento era sobre “preço” e prazo de realização de ganhos, dado os riscos já conhecidos. Doze meses depois, a noção percebida então sobre o quadro revelou-se modesta diante da extensão dos danos causados pela gestão aventureira e irresponsável liderada pelo governo no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff. O balanço entre preço, risco e prazo sofreu um revés agudo e estancou até mesmo a formação das expectativas sobre o Brasil. À crise dos fundamentos da economia, uniram-se a crise política, a crise jurídica, a crise institucional, a crise corporativa, a crise moral, a crise de confiança e, derradeiramente, a crise da “vocação” do Brasil. Diante desse quadro, é legítimo questionar se somos mesmo inevitáveis como destino de investimentos. Para reivindicar sua parte na grande carteira de capital que corre pelo mundo, precisaremos primeiro provar a força da nossa resiliência. Historicamente, com devidos pesos e medidas, o Brasil enfrentou crises gravíssimas e, algumas vezes capenga, outras fortalecido, o país foi capaz de avançar. O marco mais recente desta evolução foi o Plano Real em suas duas fases de fundação: o controle da inflação e, num segundo momento, o aperfeiçoamento da política econômica para sustentar a moeda forte – a implementação do tripé macroeconômico com adoção do sistema de metas para inflação, câmbio flutuante e geração de superávits primários nas contas públicas, aliados à Lei de Responsabilidade Fiscal. Quase 20 anos depois, mesmo com tantos avanços institucionais, estamos diante da grande falha deste processo: a falta de maturidade política e social para manter as conquistas e não permitir a dilapidação do Estado. Fomos com muita sede ao pote, nos lambuzamos com a primeira camada de melado que se formou no caldeirão brasileiro. O que não se perdeu nesse colapso de valores sociais foi a genialidade e competência de diversos segmentos do mundo dos negócios “made in Brasil” – característica que se fortaleceu ao longo dos anos e, mesmo diante das crises, sempre foi reconhecida. É aí que está a força da resiliência brasileira. E ela reside neste grande parque de oportunidades que nos acolhe. Enquanto o debate moral norteia a gestão do dia a dia de cada brasileiro, um sem número de empresas se apoia na criatividade consistente de seus gestores para atravessar mais uma etapa. www.elevenfinancial.com.br A resiliência brasileira também está sendo testada pela força dos debates que acontecem mundo a fora. Imigração, responsabilidade ambiental, nacionalismo, modelos de crescimento (vide China), proteção cambial, geração de empregos, competitividade – temas que vão determinar a nova “fisionomia” do mundo globalizado. O Brasil vai sair do outro lado desta jornada com um DNA restaurado ou renovado, sem com isso ter que abrir mão do gene de ser inevitável. www.elevenfinancial.com.br